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A Hora e Vez do Rio Pinheiros
As promessas foram muitas mas os resultados deixam a desejar

João Doria: “Pelo Novo Rio Pinheiros, queremos trocar, até 2022, o lixo por peixes”.
Dentre as promessas jamais cumpridas pelos candidatos e governantes de São Paulo, uma das mais populares e recorrentes e a da limpeza dos Rios Pinheiros/Tietê – a maioria promete, mas nenhum jamais de fato a realizou. E com João Dória não seria diferente: o atual governador de São Paulo afirmou que pretende não só despoluir o rio Pinheiros, como marcou data: o fará até dezembro de 2022. Como se não bastasse, o político do PSDB ainda afirmou que irá privatizar o prédio da Usina da Traição para transformá-lo em uma espécie de “Puerto Madeiro” paulista, com áreas de lazer e alimentação à beira do rio para o lazer da população e turistas.
A promessa foi feita no ano passado e, segundo o governador João Doria, o prazo foi estabelecido em parceria com órgãos Sabesp, Emae, Daee, Cetesb e a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente. Além de limpar o rio e sua margem, o governador afirmou que até dezembro de 2022 as duas estações de energia elétrica à beira do Pinheiros serão removidas e a fiação enterrada. Segundo o governador, os recursos para a realização dessa antiga promessa tucana virão do estado e também do setor privado, pela concessão de áreas de transporte turístico de passageiros pelo rio. Os dois primeiros contratos assinados pelo governo, através da Sabesp, pelo projeto, foram assinados em dezembro no valor de R$ 2,5 bilhões de investimento.
Doria: “A despoluição do rio Pinheiros vai beneficiar diretamente cerca de 3,3 milhões de pessoas e Serão 532 mil imóveis ligados à rede coletora de esgoto”.
O governador João Doria explicou que a despoluição do Novo Rio Pinheiros vai beneficiar diretamente cerca de 3,3 milhões de pessoas que moram em locais abrangidos pela bacia do rio, muitas em regiões carentes do Estado. “Serão 532 mil imóveis ligados à rede coletora de esgoto. Trata-se do maior programa de saneamento do País, com foco na saúde pública e resgate da dignidade. Até dezembro de 2022 teremos o Rio Pinheiros limpo e despoluído”, garantiu.
A Usina da Traição será incorporada para uma área de lazer com restaurantes, bares à semelhança de Puerto Madeiro, em Buenos Aires.
DESPOLUIÇÃO DO TIETÊ
O modelo de aproveitamento da Usina da Traição – que passará a se chamar Usina São Paulo depois de privatizada – vem da região de Puerto Madeiro, em Buenos Aires, onde, à beira do Rio da Prata, o antigo porto foi transformado em área com restaurantes, bares e até um cassino em um barco.
O governo do estado ainda confirmou que, ainda que mais demorada, a despoluição do Tietê também está a caminho – e acontecerá em 8 anos, começando por Guarulhos e Mogi das Cruzes. Sobre o fato dessas mesmas promessas serem feitas há décadas por governos anteriores – a absoluta maioria ligada ao seu partido -, Doria disse que não iria criar qualquer “juízo sobre seus antecessores”, mas que ele cumprirá sua palavra.





Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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