Gente do Meio
Carlos Alberto Ribiero de Xavier
Natureza, economia e cultura
Silvestre Gorgulho
Naquela fazenda de Curralinho, tão distante, no tempo e no espaço, o homem era um dos elementos da natureza, da criação. Hoje, sob o pomposo nome de “desenvolvimento auto-sustentado” se buscam modelos daquilo que, ali, era o universo quotidiano daquela gente. Gente parte pedra, parte planta, parte bicho: parte Deus, pois nele o espírito se agigantava, conduzindo seus humanos sonhos em direção a iluminados conceitos de liberdade, de igualdade. Houvera aquele animoso alferes cujo sangue tingira as páginas da história do Brasil. Perseguiam-se, desde então, os que assinavam Xavier, forçando-os a abominar seu próprio nome, anatematizado pela opressiva Coroa Portuguesa. Aqueles Xavieres de Casa Branca, no isolamento de sua fazenda, não se intimidaram com a propalada condenação de cinco gerações de toda a parentela. Não renunciaram ao nome, tornado agora ainda mais honroso.
Embora distanciados da sociedade, os Xavieres nada tinham de incultos. Ouro Preto, a primeira urbis, integrava o meio rural, apesar das distâncias e das montanhas. Não havia esse abandono tão grande da gente do campo, que se verifica, ainda em nossos dias, provocando a sempre crescente diáspora para as cidades. Ao se esgotarem as fartas reservas do ouro, as famílias nobres se retiravam para os campos, levando toda a sofisticada herança cultural acumulada na cidade. Refugiadas, agora em paragens longínquas, suas vidas não se limitavam às condições rurais. Antes, se abriam para uma cultura interior extremamente rica.
Intimamente integrados à natureza e à história, com a segurança de quem pisa sua própria terra, sabiam como utilizá-la sem degradá-la. O patrimônio se preservava graças ao respeito a seus valores históricos, culturais e naturais. O conceito de economia e ecologia não de dissociavam.
O legado material se transmitia de forma conjunta com uma educação refinada que não excluía uma natural delicadeza, que fazia com que, por exemplo, um fazendeiro comunicasse com bastante antecedência aos vizinhos que as águas do rio abaixo, de uso comum, estariam turvadas em tal dia, porque o gado iria atravessá-las. O uso equilibrado do patrimônio natural disponível, incluía a manutenção espontânea de reservas, proteção de nascentes, pesquisa de jazidas, consórcio para criação intensiva e engorda de gado em pastos comuns e exploração da melhor vocação dos terrenos. Desconhecia-se a monocultura, pois já se fazia consórcio de culturas, sucessão de plantios, variação de espécies, intercalando épocas de descanso para a terra.
Talvez essa origem explique a sólida e eclética formação de Carlos Alberto Ribeiro De Xavier, economista, ecólogo, pioneiro da Educação Ambiental no Brasil ao introduzi-la no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, do qual foi o mais jovem diretor; profundamente ligado à História e ao patrimônio histórico, à natureza e ao meio antrópico. Seu currículo ora o situa em altos cargos nos ministérios do Meio Ambiente, da Cultura, da Educação, ou no Conselho Nacional do Meio Ambiente, ora o conduz a importantes missões oficiais, como, neste momento, a Comissão Nacional para Comemoração do 5º Centenário do Descobrimento do Brasil e a Comissão Bilateral Executiva para as Comemorações do 5º Centenário da Viagem de Pedro Álvares Cabral.
No Ministério da Cultura foi Secretário de Intercâmbio e Cooperação Internacional, Secretário de Planejamento, Responsável pela área do Direito Autoral, do Cinema e do Audiovisual, Chefe de Gabinete do Ministro e, no momento mais difícil para a área cultural, durante o governo Collor, foi-lhe confiada a responsabilidade pelo Patrimônio Cultural do Brasil, exatamente quando todos os órgãos vinculados ao Ministério da Cultura haviam sido extintos e uma ação popular, movida por expoentes da intelectualidade nacional cobravam do presidente da República a volta do status quo ante. Nessa extraordinária condição, presidiu o Conselho Consultivo do Patrimônio e não ficou só na obrigatória rotina de deliberar sobre processos de tombamento ou contratar obras de restauração, encaminhou ao Senado Federal projeto de lei para o retorno do Iplan, por decisão unânime do Conselho.
Entre as mais diferentes missões oficiais, hei-lo representando o Brasil em encontros internacionais: fazendo conferências no Japão sobre patrimônio genético e sobre migração de plantas; em Portugal negociando a vinda de acervos de obras de arte para o Brasil; em Washington, falando sobre Tiradentes na Biblioteca do Congresso Americano ou participando de Conferência sobre Saúde; em Cuba, falando sobre os Libertadores das Américas; no Chile, representando o Brasil em reunião de Ministros da Educação ou participando de Seminário Mundial sobre Desenvolvimento Social.
Lutando por causas quase sempre desprezadas ou difíceis, defendendo direitos de minorias, dos indígenas ou da criança e do adolescente. Ocupa postos como o da Comissão do Tricentenário de Zumbi dos Palmares, ou, mais recentemente, do Grupo de Trabalho para Valorização da População Negra.
Carlos Alberto Ribeiro De Xavier colocou em prática uma visão pioneira de defesa do meio ambiente. Seu trabalho integra os conceitos de meio ambiente, de cultura e de educação, transcendendo as posturas compartimentadas que não logram uma visão holística do mundo. Justamente porque para ele nunca houve antagonismo entre o homem, a vida e a terra, Carlos Xavier é Gente do Meio e recebe, com toda justiça a homenagem da equipe da Folha do Meio Ambiente.
Gente do Meio
Liderança Sustentável na Era Digital: Perfis Inspiradores de Cristal Muniz, Marcela Rodrigues e Fe Cortez
Explorando as Jornadas Pessoais e Impactos Globais das Maiores Influenciadoras de Sustentabilidade Online

Nos dias atuais, em que a conscientização ambiental se tornou uma prioridade para a humanidade, a presença de influenciadores desempenha um papel crucial na disseminação de práticas e estilos de vida sustentáveis. Entre esses líderes de opinião, três figuras se destacam de maneira excepcional por seu compromisso inabalável com a sustentabilidade: Cristal Muniz, Marcela Rodrigues e Fe Cortez. Em uma entrevista exclusiva concedida à revista Quem, no âmbito do projeto “Um Só Planeta”, essas influenciadoras compartilharam suas histórias pessoais e revelaram como se interessaram pelo tema e o aplicam em seu dia a dia.
Cristal Muniz: A Defensora Apaixonada da Vida Verde
Cristal Muniz, uma defensora apaixonada da vida verde e fundadora do movimento “Vida Sustentável para Todos”, revelou à Quem como sua infância no interior a despertou para a importância da preservação ambiental. “Crescer em um ambiente rural me ensinou a valorizar os recursos naturais e a entender a interdependência entre o homem e a natureza”, compartilhou Cristal. Sua jornada para se tornar uma influenciadora de sustentabilidade começou com pequenos passos em direção a uma vida mais ecoconsciente. Por meio de suas plataformas de mídia social, ela inspira milhões de seguidores a adotar práticas diárias que promovam um estilo de vida sustentável, desde o consumo consciente até a reciclagem e o apoio a iniciativas locais de preservação ambiental.
Marcela Rodrigues: A Visionária das Cidades Verdes do Futuro
Marcela Rodrigues, uma visionária no campo da urbanização sustentável e cofundadora da ONG “Cidades Verdes do Futuro”, revelou em sua entrevista como sua formação em arquitetura a impulsionou a explorar soluções criativas para tornar as cidades mais amigas do meio ambiente. “A arquitetura oferece uma oportunidade ímpar de repensar a maneira como construímos nossas comunidades, considerando os impactos ambientais a longo prazo”, compartilhou Marcela. Sua missão é promover a criação de espaços urbanos que sejam ecologicamente responsáveis, energeticamente eficientes e socialmente inclusivos. Por meio de campanhas educacionais e projetos de reurbanização, ela espera catalisar uma mudança positiva nas cidades do mundo todo, abrindo caminho para um futuro mais sustentável.
Fe Cortez: A Defensora Incansável da Moda Ética e Sustentável
Fe Cortez, uma defensora incansável da moda ética e sustentável e criadora da plataforma “Moda Consciente”, revelou como sua paixão pela moda a levou a questionar as práticas insustentáveis da indústria. “A moda tem um impacto enorme no meio ambiente e nas comunidades produtoras em todo o mundo. Precisamos repensar radicalmente a maneira como consumimos e produzimos roupas”, afirmou Fe. Ela usa sua plataforma online para educar os consumidores sobre as práticas de produção sustentável e promover marcas que priorizam a transparência e a ética em toda a cadeia de suprimentos. Seu objetivo é criar uma consciência coletiva em torno da importância de optar por opções de moda responsáveis, que não comprometam o bem-estar humano e ambiental.
Essas três influenciadoras exemplares, Cristal Muniz, Marcela Rodrigues e Fe Cortez, estão moldando o cenário da sustentabilidade digital e inspirando uma nova geração de defensores do meio ambiente. Seus esforços coletivos são um lembrete poderoso de que a preservação do nosso planeta é responsabilidade de todos, e cada ação individual pode contribuir para um futuro mais sustentável e próspero para as gerações vindouras.
Gente do Meio
ADEUS, ORLANDO BRITO



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