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Marquinhos Xukuru o Cacique de Pesqueira
A posse do novo índio-prefeito foi uma festa. Como uma festa foi também a comemoração pela eleição do índio Marquinhos Xukuru, eleito prefeito de Pesqueira, no Vale do Ipojuca, no agreste de Pernambuco.

Marcos Xukuru (Republicanos) foi eleito prefeito em Pesqueira, Pernambuco.
Há 20 anos o cacique Marquinhos Xukuru, 42, lidera a nação indígena formada por cerca de 10,5 mil pessoas distribuídas em 24 aldeias, no sertão de Pernambuco. Experiente na luta pela garantia de direitos de seu povo, notabilizou-se dentro e fora do Brasil por suas ações políticas que extrapolam os limites do território sagrado herdado dos antepassados.
Agora, depois de acumular vitórias que permitiram entre outras conquistas a recuperação da terra para seus concidadãos indígenas, Marquinhos Xukuru assumiu e ganhou uma nova frente de luta: as eleições 2020. Estreante em corridas eleitorais, o cacique se tornou o primeiro indígena prefeito no estado.
Filiado ao partido Republicanos, da base do presidente Jair Bolsonaro, Marquinhos Xukuru teve apoio de uma coligação formada por PL, PTB e PT e contou com o apoio de quadros importantes da esquerda brasileira.
“Foi quase um ano pensando na possibilidade de disputar essas eleições e a decisão veio após ouvir meu povo e também várias pessoas de Pesqueira. Agora queremos levar esse trabalho de excelência, que desenvolvemos com os indígenas, para toda cidade, com uma gestão participativa”, afirmou o cacique depois de eleito.
Com 51,60% dos votos, o cacique venceu a atual prefeita, que concorria à reeleição, Maria José (DEM). Ela conquistou 45,48% dos votos.
QUEBRANDO PRECONCEITOS
Habitantes da Serra do Ororubá, os Xukurus são um grupo indígena, ramificação dos Tarairiús. Autodenominam-se Xukuru do Ororubá para distinguir-se do povo Xukuru-Cariri de Alagoas. A palavra Xucuru do Ororubá, significa o respeito do índio com a natureza, onde Uru é um pássaro que há na mata sagrada e Ubá é uma árvore sagrada.
Pesqueira, no Agreste de Pernambuco, tem 68 mil habitantes, dos quais mais de 20 mil são índios Xucurus, que moram tanto na zona urbana como nas 24 aldeias localizadas na zona rural. O cacique Marcos Luidson de Araújo ou Marquinhos Xucuru, é filho do Cacique Chicão, assassinado em maio de 1998 por causa de perseguição e problemas relacionados à posse de terras.
“Eu assumi a liderança muito jovem, tinha apenas 21 anos, logo após o assassinato do meu pai. De lá para cá me dediquei ao projeto de vida do povo Xucuru, dando uma estabilidade na minha liderança e um reconhecimento até internacional na defesa dos direitos humanos”, destacou prefeito eleito.
O professor e índio da tribo Xukuru David Araújo avalia a eleição do cacique como positiva para a tribo. “É importante para mostrar a capacidade que o indígena tem e quebrar com esses preconceitos, esses paradigmas, que a sociedade não indígena acha do índio. Há muito preconceito em relação aos indígenas e dessa forma a gente mostra que também tem capacidade de gerir esses espaços”, destacou.
ELEIÇÃO SUB JUDICE
A eleição foi parar na Justiça. Apesar da vitória, a homologação do resultado foi para o Tribunal Regional Eleitoral. Antes, o Cacique Marcos teve a candidatura indeferida pelo TRE-PE, por ter sido condenado em um processo por crime contra o patrimônio privado.
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Em Brasília, mulheres indígenas celebram diversidade cultural e marcham por lutas comuns
Na III Marcha Nacional das Mulheres Indígenas, representantes de todos os biomas do Brasil celebram sua diversidade, denunciam violência de gênero e dizem não ao Marco Temporal.

Marcha das Mulheres Indígenas de 2023, em Brasília — Foto: Amanda Magnani
O som de cantos e dos maracás ecoa de todos os lados do acampamento à medida que grupos de mulheres dos mais diferentes cantos do Brasil se aproximam da tenda principal na concentração para a III Marcha Nacional de Mulheres Indígenas. São 8h00 e o sol seco de Brasília parece realçar as cores dos mais variados trajes tradicionais.
A marcha, que foi do Complexo Cultural da Funarte, onde estavam acampadas, até o Congresso, a cerca de 5km de distância, reuniu mais de 5 mil mulheres. Ela aconteceu no último dia de um evento que, ao longo de três dias, foi marcado por celebrações e denúncias.
Sob o tema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”, indígenas de diferentes partes do Brasil tiveram a oportunidade de dar voz às demandas específicas vividas pelos povos de seus biomas.
Para o povo Kiriri, da Caatinga, a cerca de 300 km de Salvador, um dos maiores problemas é a seca e a consequente falta de segurança alimentar. “Nossa região é muito seca, e as mudanças climáticas aumentam o impacto na insegurança alimentar”, diz Fabiana Kiriri.
Ela conta que o trabalho coletivo na comunidade e a reserva de alimentos vêm como uma forma de tentar contornar o problema. Mas uma colheita suficiente depende de muitos elementos, que vão da quantidade de chuvas à presença de pragas.
“O que realmente precisamos é de um olhar especial do governo, que proponha projetos para ajudar as comunidades a terem autonomia”, defende.
Já para o povo Kaingang do Pampa, no Rio Grande do Sul, as demandas passam principalmente pelos enfrentamentos com o agronegócio e pelos arrendamentos de áreas dentro das terras indígenas, que acabam levando monoculturas e agrotóxicos para dentro a terra.
“Nós precisamos dar visibilidade às nossas lutas e sensibilizar a nossa comunidade, para que possamos encontrar estratégias para atender as demandas dos nossos territórios”, diz Priscila Gore Emílio, psicóloga do povo Kaingang.
Enquanto isso, em Santa Catarina, os Xokleng são protagonistas no debate sobre o Marco Temporal. “Nossa região foi tradicionalmente ocupada pelos povos indígenas e o nosso território já foi muito maior. Hoje, vivemos em uma área muito reduzida, mas continuamos vivendo muitas tensões e conflitos”, diz Txulunh Gakran.
Contudo, embora povos dos diferentes biomas tenham suas demandas específicas, são muitas as lutas comuns às mulheres indígenas do Brasil como um todo. Grande parte delas gira ao redor da garantia do direito ao território e ao fim da violência de gênero.



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Castanheira-da-amazônia mostra eficiência na recuperação de solos degradados
Os estudos estão sendo realizados em cultivos de castanheiras implantados em áreas que antes eram pastagens degradadas no estado do Amazonas

Pesquisas da Embrapa em plantios de castanheira-da-amazônia (Bertholletia excelsa) indicam que a espécie é eficiente para a recuperação de solos degradados em áreas nas quais a floresta foi retirada. Trata-se de um resultado bastante promissor para a recomposição florestal desse bioma, onde existem atualmente mais de 5 milhões de hectares de solos que precisam ser restaurados. Outra vantagem observada é que as castanheiras são capazes de produzir por mais de 40 anos com pouco ou quase nenhum aporte de nutrientes. Além de contribuir para a preservação, esses cultivos podem ajudar a gerar renda e emprego para os povos da floresta, com a geração de serviços ambientais.
Os estudos estão sendo realizados em cultivos de castanheiras implantados em áreas que antes eram pastagens degradadas no estado do Amazonas. “A capacidade de crescimento demonstrada pela castanheira comprova que ela tem uma estratégia fisiológica totalmente adaptada a esses tipos de solos”, afirma o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) Roberval Lima, que realiza estudos silviculturais com essa espécie.
O embasamento para uso da castanheira na recuperação de áreas degradadas ganha ainda mais força com estudos sobre emissão de gases a partir do solo, processo também chamado de respiração do solo, e que consiste em um conjunto de fenômenos bioquímicos, envolvendo temperatura, umidade, nutrientes e níveis de oxigênio, influenciados por fatores naturais e ações humanas. As pesquisas compararam a capacidade de respiração do solo e a emissão de gases em diferentes ecossistemas, conforme os modos de uso da terra no bioma.
Uma das conclusões é que os plantios de castanheiras apresentam níveis de melhoria na qualidade do solo que mostram tendência de recuperação das características químicas, físicas e presença de microrganismos.
Segundo o pesquisador, os solos em plantios de castanheiras apresentam qualidade 50% superior à de áreas de pastagem degradadas. Foram realizados estudos comparando o fluxo de gases a partir do solo em ecossistema de floresta natural, em pós-floresta (após a corte da floresta) e em cultivos como os plantios de castanheira. “Os resultados apontam que, sob os plantios de castanheiras, o solo está se recuperando com uma tendência massiva próxima a de uma floresta natural”, destaca.
Foto acima: Siglia Souza
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Síglia Souza (MTb 66/AM)
Embrapa Amazônia Ocidental
Contatos para a imprensa
amazonia-ocidental.imprensa@embrapa.br
Telefone: (92) 3303-7852
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