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O DIA DO PANTANAL
Quando o ambientalista Francisco Anselmo Barros [Francelmo] deu sua vida pela vida do Pantanal

FRANCELMO: “Já que não temos voto para salvar o Pantanal, vamos dar a vida para salvá-lo.”
Dia 12 de novembro é o Dia do Pantanal. Tem explicação. Em 2005, o Pantanal perdia seu maior protetor: o ambientalista Francisco Anselmo de Barros, conhecido como Francelmo. Em ato de coragem, o ambientalista ateou fogo ao próprio corpo como forma de protesto durante um movimento contra a implantação de usinas de álcool e açúcar no planalto da Bacia do Alto Paraguai. Em 2008 foi aprovada a moção que cria o dia 12 de novembro como o Dia do Pantanal pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) em homenagem a Francelmo.
SÃO FRANCELMO! ROGAI POR NÓS!
Presidente da Fundação para Conservação da Natureza de Mato Grosso do Sul (Fuconams) e coordenador do Fórum em Defesa do Pantanal, Francelmo participava da manifestação contra a instalação de usinas de álcool na BAP, organizada pela Ecoa – Ecologia e Ação, com apoio de artistas e músicos. Quase no fim das apresentações, ele dirigiu-se a uma Kombi, onde pegou dois colchões e os colocou em formato de cruz. Em seguida, despejou dois galões pequenos de gasolina nos colchões, sentou-se e ateou fogo no próprio corpo. Segundo testemunhas que participavam do ato, ninguém fez nada para impedir porque todos achavam que ele estava preparando uma encenação como parte do protesto.
UMA LUTA PELA VALORIZAÇÃO DAS ÁRVORES ACUADAS PELO OUTDOOR
No Dia da Árvore, de 2003, Francelmo usou de muita ironia contra o então prefeito de Campo Grande e saiu em defesa das árvores “pois incrivelmente as administrações públicas cortam as árvores para favorecer as placas de propaganda”.
Francisco Anselmo Barros fundou uma das primeiras ONGs brasileiras. Jornalista e editor, Anselmo ocupou cargos no Conselho Municipal de Controle Ambiental, foi membro da Associação Brasileira dos Jornalistas de Turismo, da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, diretor executivo da Editora Saber Ltda, diretor executivo da Associação de Fomento e Apoio às Artes e a Cultura em Geral. Era, ainda, filiado ao Fórum Brasileiro de ONGs, à Associação Brasileira de ONGs e participante de inúmeras entidades nacionais e internacionais.
A CARTA DE FRANCELMO
O ambientalista deixou uma carta justificando seu ato. Nela, faz um desabafo sobre a questão ambiental, especialmente sobre a construção de um canal de navegação no rio Paraguai e a construção das usinas. Concluiu sua carta dizendo: “Já que não temos voto para salvar o Pantanal, vamos dar a vida para salvá-lo.”
CARTA DE FRANCELMO FALA DO PANTANAL
E DA TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO
Francelmo deixou várias cartas. A mais importante, foi para seus companheiros ambientalistas. Ele fala dos maus políticos, marca sua posição contra a transposição do rio São Francisco antes da revitalização, denuncia o contrabando de sementes transgênicas e diz da impassividade do governo sobre as queimadas na Amazônia.
Campo Grande-MS, novembro de 2005
MEUS QUERIDOS PARES:
“Nós fomos os pioneiros no Brasil, na questão do meio ambiente. Hoje somos passados para trás pelos interesses de maus políticos, maus empresários e os PhD’s de aluguel.
Em termos de Brasil, estamos vendo o barco afundar e ninguém diz nada.
São transgênicos entrando de contrabando pelo sul e o governo apoiando, são as queimadas na Amazônia e o governo impassível. É gente com terra do tamanho de um estado e é gente sem-terra. É transposição do Rio São Francisco no lugar de revitalização.
No Pantanal querem fazer do rio Paraguai um canal de navegação com portos para grandes embarcações e grandes comboios. É pólo siderúrgico e pólo gás-químico. Agora querem fazer usinas de álcool no rio Paraguai.
Um terço dos deputados a favor, um terço contra e um terço sem saber o que é. Já que não temos voto para salvar o Pantanal vamos dar a vida para salvá-lo”.
Francisco Anselmo Gomes de Barros

Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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