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PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS
ICMBio: queimas prescritas e outras ações que integram o Manejo Integrado do Fogo já estão em curso nas unidades de conservação.

Queima prescrita na Chapada dos Veadeiros
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) já iniciou as atividades de prevenção a incêndios nas unidades de conservação. As ações fazem parte do Manejo Integrado do Fogo (MIF), a principal estratégia adotada pelo ICMBio para prevenir e diminuir os impactos negativos causados por incêndios na época da seca.
O Manejo Integrado do Fogo é uma estratégia adotada por países como Portugal, Estados Unidos e Austrália e que se baseia em três pilares: a ecologia do fogo (como o fogo reage com o ambiente, pesquisa e monitoramento), socioeconômicos (quem usa e por qual motivo) e exclusão do fogo (combate propriamente dito).
Uma das ações realizadas é a queima prescrita, que consiste em usar o fogo em uma determinada parcela. A ideia é diminuir o combustível acumulado (como o material orgânico depositado sob o solo) para que, na época da seca, ele não alimente ainda mais as chamas. Este tipo de queima não causa poluição atmosférica e nem prejudica o solo e os animais.
REBROTA DE ESPÉCIES NATIVAS
Em janeiro, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, iniciou suas ações de prevenção. Por lá, o fogo é usado para favorecer a rebrota de espécies nativas, assim como permite o manejo de espécies exóticas como parte do processo de restauração ecológica do Cerrado. Ao todo, serão 8000 hectares previstos para manejo que devem ser executados até abril.
Além das queimas, a unidade pretende implementar 15 km de aceiros, que é uma faixa sem vegetação que serve como proteção a uma determinada área e ainda pode ser usada como linha de defesa durante o combate.
Outra unidade de conservação que iniciou suas atividades de prevenção foi o Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais. Por lá, as ações iniciaram ainda em janeiro e prosseguiram durante os meses de fevereiro e março. A UC mineira planejou um manejo de 14,8 mil hectares, uma expansão de 2,3 mil hectares em relação ao ano passado. Diferente de outras unidades, a janela de “queima” (como é conhecido o período no qual as queimas prescritas são realizadas) do Parque Nacional da Serra da Canastra ocorre durante o período de chuvas, com alta umidade, por possuir uma grande continuidade horizontal da vegetação e falta de barreiras que contenham o fogo.
FOGO CONTRA FOGO
Nas próximas semanas, unidades como Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso; Parque Nacional das Emas, em Goiás; Floresta Nacional de Brasília e Parque Nacional de Brasília devem iniciar as atividades preventivas ainda neste mês.
O fogo pode ser um grande aliado para prevenir incêndios, desde que ocorra num período pré-estabelecido, geralmente antes da seca. Esta é a época na qual o fogo tem ignição natural (como raios), sendo um elemento crucial para a renovação de pasto e influenciando na floração e reprodução de plantas e animais.
Neste tipo de queima, após avaliação de velocidade do vento, relevo e vegetação (realizadas no escritório por imagens de satélite e em campo, por meio de instrumentos de mensuração), é estabelecido o local de queima. Então, um brigadista percorre o perímetro com uma ferramenta chamada pinga fogo e espera a propagação das chamas dentro da área esperada. A brigada sempre fica a postos em caso de eventualidades.
Ao contrário do incêndio florestal, o fogo controlado tem a fumaça branca (indicativo que não foi consumido todo o material orgânico da planta, o que a leva à morte) e o substrato proveniente da queima é preto (ao invés de cinza).

Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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