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Relembre a história dos blocos de Carnaval em Brasília

Você sabia que um dos bloquinhos pioneiros do DF veio de uma maratona de bares? Conheça outras curiosidades sobre os tradicionais grupos carnavalescos da cidade

 

Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader

 

O ano de 1961 é reconhecido oficialmente como a data o da primeira comemoração carnavalesca de Brasília com o apoio do governo, a Folia do Momo. Mas, antes disso, há registros históricos que mostram festas de Carnaval de caráter popular significativas na Cidade Livre, especificamente na Travessa Dom Bosco.

Agência Brasília transporta você ao passado, lembrando o surgimento dos primeiros blocos da capital, em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que utiliza a sigla em inglês de throwback thursday (em tradução livre, quinta-feira de retrocesso) para relembrar fatos marcantes da nossa cidade.

Onde há gente, há Carnaval

Quem estava em Brasília durante os primeiros carnavais aproveitava para matar a saudade das cidades de origem | Fotos: Divulgação/ Arquivo Público do DF

Desde o período da formação de Brasília, entre 1958 e 1960, as festas de Carnaval eram realizadas nas localidades que ainda estavam em construção. Registros históricos com relatos orais de pioneiros da cidade narram a realização de animados eventos nos salões dos acampamentos e no Brasília Palace Hotel.

Outros locais também eram refúgios carnavalescos, como a Travessa Dom Bosco e as boates da Cidade Livre, atual Núcleo Bandeirante. Até mesmo o Teatro Nacional, então em construção, serviu como palco para as celebrações momescas. Ademais, trabalhadores entusiasmados compartilham experiências organizando participações festivas em Luziânia e Planaltina.

“Nós podemos considerar que o Carnaval surge juntamente com as pessoas que vêm para Brasília; é uma história que está profundamente ligada às migrações, imigrações vindas de todos os lugares do Brasil”Cristiane de Assis Portela, professora da UnB

“Nós podemos considerar que o Carnaval surge juntamente com as pessoas que vêm para Brasília é um uma história que está profundamente ligada às migrações, imigrações vindas de todos os lugares do Brasil”, afirma a professora Cristiane de Assis Portela, do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora do projeto Outras Brasílias: ensino de história do DF a partir de fontes documentais.

Bailes

A tradição dos bailes de Carnaval ganhou força após a inauguração da nova capital, em 1960. A então prefeitura passou a promover a festa de Momo no Baile da Cidade, realizado no Hotel Nacional a partir de 1962. No mesmo ano, surgem as primeiras escolas de samba, com Unidos do Cruzeiro (hoje conhecida como Aruc), Brasil Moreno e outras.

Em 1967 surge o primeiro bloco de rua, um bloco de frevo conhecido como Vassourinhas de Brasília, que reverencia a cultura pernambucana. Anos depois, em 1978, veio o Pacotão, iniciando uma cultura marcada pelas típicas manifestações populares carnavalescas.

Pernambuco foi inspiração para blocos brasilienses

Pacotão, Baratona e Baratinha

Fundado por um grupo de jornalistas, o Pacotão é o bloco mais antigo da capital. O a pernambucano Luiz Lima, 85 anos, foi um dos precursores desse e de outros bloquinhos famosos do DF. Quando ele tinha 20 anos, veio a Brasília para trabalhar na construção civil, ajudando a erguer a cidade. Mas Luiz ficava indo e voltando para a cidade natal dele, pois sempre que chegava a época das festas, batia aquela saudade.

Alguns anos após a inauguração da cidade, Luiz decidiu que iria ficar na capital durante o Carnaval. “Já que não ia para Pernambuco, decidi trazer o frevo até o DF. Pensei na época: vou fazer um bloco tipo Pernambuco”, comenta. Ao lado de alguns colegas, ele foi um dos fundadores do Clube da Imprensa, no Setor de Clubes Esportivos Norte – destino final dos primeiros blocos de Brasília.

“Eu não fiz por mim, fiz para a população de Brasília. O Carnaval é uma coisa muito alegre, é para fazer todo mundo feliz como eu sou”Luiz Lima, fundador de blocos como o Pacotão

O Pacotão foi criado como uma forma de satirizar a ditadura militar, o próprio nome sendo uma referência a um pacote de medidas que alterava as regras das eleições, conhecido como Pacote de Abril, criado em 1977 pelo então presidente da República, general Ernesto Geisel. O bloco saiu da concentração, na Entrequadra 302/303 Norte, e seguiu pela contramão da Avenida W3, em direção à 504 Sul, reunindo cerca de mil pessoas.

Três anos depois, chegou a vez do bloco Baratona, uma brincadeira com uma maratona de bares. Os foliões iam de bar em bar, começando em um barzinho localizado no começo da Asa Norte. Segundo recorda Luiz, a inspiração veio de uma festa que ocorria em 31 de dezembro, quando, após uma maratona de bares, quem estivesse com o maior teor alcoólico vencia.

A folia candanga hoje atrai gente de todas as idades

O jornalista descreve que os bloquinhos de rua saíam do bar puxados por um carrinho, que na verdade era uma caminhonete adaptada, carregando os “bêbados notáveis de Brasília”, conforme ele se refere à turma. “Eles ficavam na carroceria com cerveja e uísque, animando o pessoal. Era uma farra”, lembra.

Junto do Baratona, foi pensado um Carnaval em que as crianças pudessem ter um espaço para se divertir com a família. Assim nasceu o Baratinha, que distribuía refrigerante, sorvete e outras guloseimas para a população por meio dos patrocínios conseguidos pelos líderes dos blocos. O Baratinha existe há mais de 40 anos, e em mais de 30 edições foi realizado no Parque da Cidade.

Ao falar sobre o porquê de toda a mobilização para trazer o Carnaval para Brasília, Luiz ressalta: “Eu não fiz por mim, fiz para a população de Brasília. O Carnaval é uma coisa muito alegre, é para fazer todo mundo feliz como eu sou”.

Galinho de Brasília

“Brasília é um verdadeiro caldeirão cultural, e a energia do Carnaval pernambucano mexe com as pessoas”Romildo Carvalho, presidente do Galinho de Brasília

Luiz Lima também foi um dos fundadores do Galinho de Brasília. Com 31 anos de história, o bloco apareceu em 1992, também pela ideia de um grupo de família e amigos que não pôde viajar para a terra natal no Nordeste e queria pular Carnaval.

O Galinho é inspirado no Galo da Madrugada, um tradicional bloco carnavalesco do Recife considerado o maior do mundo. No seu início, os foliões se instalavam no comércio das quadras 206 e 204 Sul.

De acordo com o presidente do Galinho de Brasília, Romildo de Carvalho Junior, as pessoas que vinham de fora para a construção de Brasília matavam a saudade de suas terras na Feira dos Estados, antes de o Carnaval se formar oficialmente no DF.

“Brasília é um verdadeiro caldeirão cultural, e a energia do Carnaval pernambucano mexe com as pessoas. Desde que eu tinha 12 anos, eu era fascinado. Viemos para agregar a cultura brasiliense. Então trouxemos frevo, passo e música. A função está sendo cumprida, o folião precisa de conforto e infraestrutura. O Galinho sempre deu um Carnaval tranquilo, é um bloco família. E nós representamos a cultura brasileira”, detalha o presidente.

Liga dos Blocos

A Liga dos Blocos se organizou em 1994, juntando os oito blocos existentes da cidade

Impulsionado pelos grandes Pacotão e Galinho, outros blocos compõem a história do Carnaval da capital federal, como os conhecidos Suvaco da Asa, Raparigueiros, Baratinha, Baratona, entre outros.

De acordo com o presidente da Liga dos Blocos, Paulo Henrique Nadiceo, a liga se organizou em 1994, juntando os oito blocos existentes da cidade. O objetivo era organizar o Carnaval em uma instituição, com os blocos tradicionais, como por exemplo o bloco Portadores da Alegria – voltado para pessoas com deficiência (PcDs).

“A importância da liga é dar uma continuidade da cultura popular brasileira. A nova geração é muito entretida com a parte digital, muitos saem para olhar o mundo só no Carnaval. Tem jovens hoje que nunca viram um maracatu, brincantes, artistas com perna de pau, ou mesmo tiveram contato com o frevo. O legado da liga é não deixar isso morrer nunca”, destaca Nadiceo.

 

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Paineiras pintam as paisagens do Distrito Federal de rosa

Nativas do Brasil, as árvores estão presentes em diversas regiões da capital. Só no Plano Piloto, são mais de 3,5 mil exemplares, que fazem a alegria de quem busca uma bela foto

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Por Catarina Loiola, da Agência Brasília | Edição: Ígor Silveira

 

Milhares de árvores colorem o dia a dia da população do Distrito Federal durante o ano inteiro. Os cambuís aparecem logo no começo do ano, pintando ruas e avenidas com tons de amarelo. Em junho, chegam os ipês, cartões-postais de Brasília que rendem inúmeros posts nas redes sociais. Antes, em fevereiro, começam a despontar as tonalidades cor-de-rosa das paineiras – cada árvore escolhe o momento em que deseja enfeitar os cenários brasilienses, fazendo com que a beleza da espécie perdure no quadradinho por todo mês de abril.

Cada paineira adulta chega até 30 metros de altura, sendo que o tronco pode alcançar de 80 a 120 cm de diâmetro | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília

A barriguda, como a paineira é conhecida popularmente, está espalhada pelas regiões administrativas. Apenas no Plano Piloto, há mais de 3,5 mil exemplares. Quem passa pela Octogonal, pode observá-las na altura da passarela, bem como no Eixinho Sul, Eixão Norte, Epia, L4 Sul e Setor Militar Urbano. A árvore também está presente em outros estados, como Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná.

O plantio e a manutenção das árvores, incluindo o desenvolvimento das mudas, são responsabilidades da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Anualmente, são plantadas 100 mil novas mudas de diversas espécies. “As paineiras são ideais para áreas verdes, porque a raiz é bem agressiva e precisa de espaço para crescer. Escolhemos áreas permeáveis e sem calçada, para que as raízes tomem o espaço necessário”, explica o arquiteto paisagista da Novacap, José Humberto Viana.

Nativa do Brasil, a espécie é chamada cientificamente de Chorisia speciosa e pertence à família Bombacaceae. Devido às características de sua vegetação, as paineiras são consideradas caducifólias. Após a floração, há a maturação dos frutos, que são pequenas cápsulas de cor parda que guardam as sementes da planta. Em seguida, vem a queda da folhagem, geralmente no período de seca brasiliense, entre agosto e setembro.

O plantio e a manutenção das árvores, incluindo o desenvolvimento das mudas, são responsabilidades da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap)

As sementes são envoltas na paina, um conjunto de fibras finas de cor branca que são expostas com a queda da folhagem. Para quem vê de longe, a sensação é que as painas criam áreas cobertas de neve ou algodão. Antigamente, esse material era usado para confecção de sacos e bolsas, além do enchimento de colchões e travesseiros.

Segundo Viana, cada paineira chega até 30 metros de altura, sendo que o tronco pode alcançar de 80 a 120 cm de diâmetro. O tempo de desenvolvimento completo varia de 15 a 20 anos. “São árvores de grande porte e que costumam ser confundidas com ipês. O tronco é mais grosso do que o de outras espécies, com uma parte arredondada semelhante a uma barriga”, comenta. “As árvores florescem em momentos diferentes. Pode acontecer de algumas terem flores no final de dezembro ou janeiro, mas o comum mesmo é a partir de fevereiro”, explica.

Saiba mais

A Novacap é responsável pelo plantio e manutenção das árvores no Distrito Federal. Portanto, o plantio feito pela população deve ser orientado por equipes técnicas do órgão para evitar prejuízos estruturais e até acidentes. O serviço pode ser solicitado pela Ouvidoria-Geral, por meio do telefone 162 ou pelo site.

Destruir, danificar, lesar ou maltratar plantas em endereços públicos ou privados é crime previsto em lei. A pena é de detenção de três meses a um ano ou multa. As duas penas também podem ser aplicadas cumulativamente. Para denunciar atos de vandalismo ou furtos, basta ligar para a Ouvidoria da Novacap, no telefone 3403-2626, ou para a Polícia Civil, pelo número 197.

 

 

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ILHA DA MADEIRA

FIUNCHAL É UMA BELA PORTUGAL

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Oscar Niemeyer sempre dizia: A RETA É UMA CURVA QUE NÃO SONHA. Pois chegamos hoje na Ilha da Madeira sonhando muito. O navio veio serpenteando pelo arquipélago de Cabo Verde, das Ilhas Canárias e agora Funchal.
E ao visitar a Madeira, minha primeira preocupação era visitar o complexo arquitetônico de cassino+hotel+parque que brotou das pranchetas de Oscar Niemeyer. EM CURVAS… para muito sonhar. Um dos pontos mais belos de Funchal. O complexo pertence ao grupo Pestana.
Hoje, 25 de abril, o Arthur faz 9 anos. Feriado no meu coração. E é a data da Revolução dos Cravos. Feriado em Portugal. Queria atender um pedido de meu neto TUTU e levar uma camisa de Cristiano Ronaldo pra ele. Fomos ao museu do craque madeirense. Fechado.
– Hoje é feriado, senhor!
– Três grandes navios no Porto, a 500 metros do museu e está fechado?
– Sim! Não entendi.
Com certeza tem tanto dinheiro que abre quando quer. Comprei camisas e calção em um shopping de souvenir.
Evidente que fui conhecer a Rua Gorgulho, onde defronte tem a Ilha Gorgulho e um hotel com o mesmo nome. Nosso guia se surpreendeu, porque o hotel mudou de nome e agora chama ALEGRA.
Uma verdade: a Ilha da Madeira, considerada o melhor destino insular da Europa, é para ficar uma semana. Um dia se vê muito, mas se curte pouco. Há muitas outras coisas para ver como:
& – Aqui o verde é tão excepcional que parte da vegetação nativa, conhecida como Floresta Laurissilva, foi declarada em 1999 Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO.
& – A Ponta de São Lourenço, extremo leste da Madeira, é uma a Reserva Natural “de uma dramática paisagem”, como eles dizem.
& – Outra paisagem alucinante é a combinação da Vereda do Pico do Areeiro com a Vereda do Pico Ruivo, em um caminho que liga os dois picos mais altos da Madeira.
& – A Ilha tem praias maravilhosas e piscinas naturais (Moniz). Funchal tem um casario lindo, praças aconchegantes e restaurantes de primeira grandeza. Cidade bordada a mão.
& – Terminamos nosso dia com os famosos “Carreiros do Monte”. Sobe-se um alto monte de teleférico ou de táxi e desce em carrinhos deslizantes por 2 km de ladeira. Lembra até os carrinhos de rolimãs. Uma diversão! Dizem eles: “Um dos trajetos mais fixes ( fantásticos) do mundo”.
A Ilha da Madeira merece replay com mais vagar. Até mesmo para procurar algum parente Gorgulho perdido nesse jardim português d’alem mar.
Fotos: Carreiros do Monte
Projeto do Complexo Hotel e Cassino, de Oscar Niemeyer. No saguão, há uma exposição com desenhos em homenagem ao arquiteto brasileiro.
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SANTA CRUZ DE TENERIFE: QUANTA BELEZA, ARTE E CIVILIDADE

(Parte 5)

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Deixando o navio para visitar a cidade, me chamou logo a atenção um desfile, em pedestais, das maiores personalidade que já visitaram Tenerife. Deve ter uns 80 totens com fotos e pequena descrição de cada um. Lá estão Charles Darwin, Churchill, escritores, reis e rainhas. (Uma boa ideia para fazer em duas cidades que amo: São Lourenço-MG e Brasilia)
Duas personalidades me fizeram lembrar da “Folha do Meio Ambiente”: Marianne North e Alexander Von Humboldt.
Marianne porque morou vários anos no Rio de Janeiro e abriu uma grande série que fizemos no jornal chamada “NATURALISTAS VIAJANTES”.
Von Humbolt, fundador da moderna geografia física e autor do conceito de meio ambiente geográfico, fez uma das mais belas metáforas que já li quando visitou o Brasil e viu uma vereda coberta de vagalumes:
“OS VAGALUMES FAZEM CRER QUE, DURANTE UMA NOITE NOS TRÓPICOS, A ABÓBODA CELESTE ABATEU-SE SOBRE OS PRADOS”.
TENERIFE, PAISAGEM E CULTURA
Não foi à toa que o jornal “The Garden” escolheu Tenerife um dos melhores lugares do mundo para se viver.
Também não foi à toa que chegar ontem, dia 22, no Porto de Tenerife, havia 5 grandes transatlânticos, inclusive o da National Geographic, com turistas do mundo inteiro. Tanto a cidade de Santa Cruz de Tenerife, como a ilha são um convite às compras e passeios.
# O arquipélago das CANÁRIAS são formadas por 7 ilhas. Tenerife e Las Palmas são as principais cidades. Amanhã visitaremos outra ilha e Las Palmas.
# Tenerife se destaca por sua arquitetura contemporânea e diversificada. O auditório de Tenerife é singular e chama logo a atenção.
# A Praça da Espanha é o coração da cidade com um lago, fonte, rodeada de monumentos e esculturas gigantes. Espetacular!
# A rua central é só para pedestres. Um desfile de gente, de lojas de grife e cafés. Um charme!
# E se pode visitar o Parque Nacional do Teide, Patrimônio da UNESCO, onde tem um vulcão ativo de paisagem alucinante. No caderno de notas de Cristóvão Colombo (1492) aparece uma referência ao Teide em erupção.
É a segunda vez que visito Tenerife. Prometi a mim mesmo que vou voltar.
Fotos
1) Mapa do arquipélago
2 e 3) Toten com Marianne North e Von Humboldt
4) “Desfile” dos totens
5) filme da chegada do navio Norwegian Star
6) A cidade de Tenerife vista do navio
7) o vulcão Teide
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Reportagens

SRTV Sul, Quadra 701, Bloco A, Sala 719
Edifício Centro Empresarial Brasília
Brasília/DF
rodrigogorgulho@hotmail.com
(61) 98442-1010