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PLANETA TERRA OU UM PÁLIDO PONTO AZUL

“Retrato de família”: 34 anos do ‘Pálido Ponto Azul’ – a icônica foto da NASA que mudou a forma como vemos a Terra.

 

Lá se vão mais de 34 anos. Eis uma foto e um fato que deveriam ser mais conhecidos, mais estudados e muito mais compartilhados entre os 8 bilhões de seres humanos que habitam o Planeta Terra. A foto mostrou o Planeta Terra menor do que um pixel, no meio de um raio solar, captado pela lente da sonda Voyager 1, antes de se perder no espaço. E o fato está na reflexão feita pelo escritor Carl Sagan no seu livro denominada Retrato de Família – “Pálido Ponto Azul” – em inglês “Pale Blue Dot”. Vamos aos fatos e à foto.

 

A Terra é o terceiro planeta mais próximo do Sol, o mais denso e o quinto maior dos oito planetas do Sistema Solar. É também o maior dos quatro planetas telúricos. É por vezes designada como Mundo ou Planeta Azul onde vivem, hoje, mais de 8 bilhões de seres humanos.

Foi nesse universo que, em 14 de fevereiro de 1990, a sonda espacial Voyager 1, que tinha completado sua missão principal e já estava deixando o Sistema Solar conseguiu a foto icônica. Foi a pedido do escritor e astrônomo Carl Sagan que a NASA deu um comando histórico.

Por controle do Centro Espacial, nos Estados Unidos, a Voyager 1 recebeu comandos para virar sua câmera e, antes que desaparecesse da imensidão do universo, tirasse todas as fotografias possíveis. Foi o último contato.

A uma distância de 6 BILHÕES de quilômetros da Terra, a Voyager 1 cumpriu uma missão divina: colocou os humanos no seu devido lugar. Por quê?

Sim, porque mostrou o Planeta Terra menor do que UM PIXEL, no meio de um raio solar captado pela lente da sonda antes de se perder no espaço.

 

A FOTO E O FATO – Preste bem atenção na seta. Ela mostra o Planeta Terra no espaço sideral. Um pixel na imensidão azul. A icônica foto da NASA mudou a forma como os humanos veem a Terra. E o fato está na reflexão feita pelo escritor Carl Sagan no seu livro denominada Retrato de Família – “Pálido Ponto Azul”. É incrível pensar que nesse pixel vivem agora 8 bilhões de pessoas e trilhões de outros seres vivos. E extraordinário, por esse pontinho de luz já se passaram muitas dinastias de reis, rainhas, imperadores e ditadores. Muitas nações foram divididas e anexadas. Muitas guerras, bombas atômicas e tragédias foram e ainda são produzidas pelos seus próprios habitantes, os humanos. Em nome de quê? Em nome de religiões, de ideologias, de ganância, de demarcação de fronteiras, de ouro e de prata. É absurdamente surreal.

 

PRESTAÇÃO DE CONTAS

Dizer que o livro é fascinante, empolgante ou arrebatador é pouco. O livro é, simplesmente, um misto de revolta e perplexidade. E a foto nos leva a uma divagação ou prestação de contas ou mesmo a uma autorreflexão: por este pixel, por esse pontinho de luz que é o Planeta Terra já se passaram muitas dinastias de reis, rainhas e imperadores. Muitas nações foram divididas e anexadas. Muitas guerras, bombas atômicas e tragédias produzidas pelos seus próprios habitantes, os humanos, se repetiram. Houve destruições, mortes e mais mortes em nome de quê? Em nome de religiões, de ideologias, de ganância, de demarcação de fronteiras, de ouro e de prata.

Ao ver a insignificância da Terra, qual seria a insignificância de quem a habita? Será que este grão de areia é tão forte assim que não pode ser destruído até pelos seus próprios habitantes?

 

AS FOTOS DA VOYAGER 1

As 60 fotos que a Voyager 1 enviou de volta ao Centro Espacial da NASA mostram o Sol e seis dos principais planetas — Vênus, Terra, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Mercúrio e Marte, além de Plutão, não aparecem por várias razões. O Planeta Vermelho, por exemplo, não podia ser distinguido em meio aos raios de sol que refletiam dentro do sistema óptico da câmera.

O britânico Garry Hunt, que fez parte da equipe de imagens da Voyager, diz que a foto é mais relevante hoje do que nunca.

“Toda vez que dou uma palestra sobre clima e questiono o que alguém está fazendo agora em prol de uma mudança, mostro esta imagem, porque fica claro que a Terra é um pontinho isolado. Esse pequeno ponto azul é o único lugar em que podemos viver, e estamos estragando isso”, disse ele ao programa Today, da BBC Radio 4.

Carolyn Porco fez uma nova versão da foto icônica com a sonda Cassini em 2013, ao direcionar sua câmera para a Terra e registrar novamente o pálido ponto azul com os anéis de Saturno em primeiro plano.

 

TERRA E LUA – Em 19 de julho de 2013, a sonda espacial Cassini da NASA capturou imagens da Terra e da Lua vistas da órbita ao redor de Saturno, a 900 milhões de milhas de distância. Aqui está uma composição colorida feita de três dessas imagens adquiridas em filtros vermelho, verde e azul. (Foto: Nasa JPL Jason Major)

 

 

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A VOLTA DE JEAN DE LÉRY PARA A FRANÇA

O naturalista que entrou de gaiato no navio, veio para o Rio de Janeiro e deixou um relato precioso do Brasil de 1557. Sua volta para a França coincidiu com o fim da colônia francesa no Brasil.

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Naturalistas Viajantes – JEAN DE LÉRY (Parte 16)

 

 “Uma vez em terra, caminhei ao longo da Avenida Rio Branco, 

onde uma vez existiram as aldeias tupinambás; 

no meu bolso havia aquele breviário do antropólogo, Jean de Léry. 

Ele chegou ao Rio 378 anos antes, quase no mesmo dia”.

Claude Lévi-Strauss em ‘Tristes Trópicos’, ao chegar ao Rio de Janeiro em 1934. 

 

 

A volta de Jean de Léry para a França também marca o fim da colônia francesa no Brasil. Após a expulsão dos franceses da Guanabara, os padres jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega teriam instigado o Governador-Geral Mem de Sá a prender Jacques Le Balleur, e a condená-lo à morte por professar “heresias protestantes”.  Quanto à viagem de volta, Jean de Léry conta em detalhes como, por milagre, se salvou de uma grande tempestade em alto mar.

 

Lévi-Strauss assim se refere a Léry: “A leitura de Léry me ajuda a escapar de meu século, a retomar contato com o que eu chamaria de ‘sobre-realidade’, não aquele de que falam os surrealistas, mas uma realidade ainda mais real do que aquela que testemunhei. Léry viu coisas que não têm preço, porque era a primeira vez que eram vistas e porque foi a mais de quatrocentos anos”.

 

 

O FIM DA COLÔNIA FRANCESA NO BRASIL

Após a expulsão dos franceses da Guanabara, os padres jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega teriam instigado o Governador-Geral Mem de Sá a prender Jacques Le Balleur, e a condená-lo à morte por professar “heresias protestantes”.  O jornalista e historiador paranaense José Francisco da Rocha Pombo (1857-1933), em sua ‘História do Brasil’ publicada em 1935, recupera parte da história dos religiosos franceses: “Jacques Le Balleur foi poupado, pois era ferreiro. Isto praticamente marcou o fim da colônia francesa, e encerrou a tragédia da Guanabara”.

Em nota de rodapé, explica: “Após conseguir viver escondido, Jacques Le Balleur foi preso pelos portugueses nas cercanias de Bertioga. Ele foi enviado para Salvador, na Bahia, que era a sede do governo colonial, onde foi julgado pelo crime de “invasão” e “heresia”, isso em 1559. Em abril de 1567, foi queimado, sendo auxiliar do carrasco José de Anchieta, para consternação dos católicos”.

 

A VIAGEM DE VOLTA E SALVOS POR MILAGRE

“Prosseguindo na narração dos extremos perigos de que Deus nos livrou no mar, durante o nosso regresso, contarei um deles, proveniente de uma disputa surgida entre o nosso contramestre e o nosso piloto, em virtude da qual, por despeito, nenhum deles desempenhou desde então os deveres do cargo. A 26 de março, fazendo o piloto o seu quarto, conservou abertas todas as velas sem perceber a aproximação de um furacão que se preparava e que desabou com tal ímpeto que adernou o navio a ponto de mergulharem os cestos de gávea e a ponta dos mastros no mar, atirando à água cabos, gaiolas e todos os objetos que não estavam bem amarrados, pouco faltando para que virássemos completamente. Todavia, cortadas com rapidez as enxárcias e escotas da vela grande, aprumou-se o navio pouco a pouco. Pode-se dizer que só por um milagre nos salvamos, mas nem por isso concordaram os causadores do mal em reconciliar-se, não obstante os rogos de todos; muito ao contrário, apenas passado o perigo engalfinharam-se e com tal fúria se bateram que julgamos se matassem na luta.

 

‘ESTAMOS PERDIDOS, ESTAMOS PERDIDOS’

Por outro perigo passamos dias depois. Estando o mar calmo, pensaram o carpinteiro e outros marinheiros em aliviar-nos do trabalho de bombear, procurando tapar melhor as fendas por onde entrava a água. Aconteceu que mexendo em um deles para consertá-lo, despregou-se uma peça de madeira de quase um pé quadrado e a água entrou com tal abundância e rapidez que forçou os marinheiros a subirem para o convés abandonando o carpinteiro. E sem sequer contar-nos o fato, berravam: ‘Estamos perdidos, estamos perdidos’.

Diante disso, o capitão, o mestre e o piloto trataram de pôr ao mar a toda a pressa o escaler, mandando também lançar à água os toldos do navio, grande quantidade de pau-brasil e outras mercadorias num valor total de mil francos, decididos a abandonar a embarcação e a salvar-se no bote. Mas temendo o piloto que o grande número de pessoas que tentavam embarcar tornasse a carga excessiva, saltou do bote com um cutelo na mão, ameaçando romper os braços do primeiro que tentasse entrar.

Vendo-nos assim desamparados à mercê das ondas, lembramo-nos do primeiro naufrágio de que Deus nos livrara e, resolvidos a lutar pela vida, empregamos todas as nossas forças em bombear a água a fim de que o navio não afundasse; e tanto trabalhamos que o conseguimos. Nem todos, porém se mostraram corajosos. Os marinheiros, em sua maioria, estavam desatinados e tão temerosos se mostravam da morte que já não se importavam com coisa alguma a não ser em beber à farta. Estou certo de que os rabelesianos, escarnecedores e desprezadores de Deus, que em terra tagarelam sentados à mesa e comentam com motejos os naufrágios e perigos em que se encontram muitas vezes os navegantes, teriam seus gracejos mudados em pavor se nesta situação se encontrassem. E creio também que muitos leitores desta narrativa e dos perigos por que passamos dirão com o provérbio: ‘Muito melhor é plantar couves ou ouvir discorrer do mar e dos selvagens do que tentar tais aventuras’. (…)

O nosso carpinteiro, rapaz animoso, não abandonara o porão como os marinheiros, mas enfiara o seu capote de marujo no buraco, comprimindo-o com os pés para quebrar o impulso da água, a qual, como depois nos disse, por várias vezes o desalojou, tal a sua impetuosidade. Assim nessa posição gritou ele quanto pôde para que os de cima, do convés, lhe levassem roupas, redes de algodão e outras coisas com que pudesse deter o jorro d’água enquanto consertava a peça. Graças a esse esforço fomos salvos”.

 

PÓLVORA E FOGO

“Como temíamos encontrar piratas nessas paragens, ao sair desse mar de ervas não só assestamos quatro ou cinco peças de artilharia que havia no navio, mas ainda preparamos as necessárias munições para nos defendermos oportunamente. Entretanto, com isso novo perigo tivemos que vencer. Quando o nosso artilheiro secava a pólvora em uma panela de ferro, esqueceu-a ao fogo até tornar-se incandescente e a pólvora se inflamou, correndo a chama de uma à outra extremidade do navio, de forma que inutilizou velas e massame e por pouco não incendiou o breu de que o navio estava untado, queimando-nos todos em pelo mar. Aliás, um grumete e dois marujos foram tão maltratados pelo fogo que um deles morreu poucos dias depois. Por minha parte, se não tivesse rapidamente levado ao rosto o boné de bordo, ter-me-ia queimado seriamente; escapei chamuscando apenas a ponta das orelhas e os cabelos”.

 

 

PRÓXIMA EDIÇÃO 376 – JULHO DE 2025 – PARTE 17.

 TRÁGICA VOLTA – O erro do piloto em calcular a posição do navio “fez com que em fins de abril já estivéssemos inteiramente desfalcados de todos os víveres; já varríamos o paiol, cubículo caiado e gessado onde se guarda a bolacha nos navios, mas encontrávamos mais vermes e excrementos de ratos do que migalhas de pão. Quando havia, repartíamos às colheradas esse farelo e com ele fazíamos uma papa preta e amarga como fuligem. Os que ainda tinham bugios e

papagaios, a que ensinavam a falar, comeram-nos. E vindo a faltar por completo os víveres, em princípio de maio, dois marinheiros morreram de hidrofobia da fome, sendo sepultados no mar como de praxe”.

 

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NIÈDE GUIDON, UMA GUERREIRA DO SERTÃO NORDESTINO

E a vida segue seu ciclo. Estava me preparando para ir ao Campo da Esperança para me despedir do amigo Fausto Salim, quando recebo a notícia da passagem de outra amiga: Niède Guidon.

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Aos 92 anos, a arqueóloga Niède Guidon morreu na madrugada desta quarta-feira.
O Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI) apesar seus milhares de ano tem um divisor de águas: Niède Guidon. Antes e Depois de Niède Guidon.
IMPORTANTE: a última entrevista concedida por Niède Guidon foi dada à Folha do Meio Ambiente, em agosto do ano passado. Fiz várias entrevistas com Niède, mas quando conversei com ela em agosto de 2024, senti que era a última vez. Ela já queria fazer uma prestação de contas.
No final desta nota, está o link da entrevista.
Niède é reconhecida internacionalmente pelo seu trabalho científico. Foi sua luta e sua dedicação que gerou a criação do Parque Nacional da Serra da Capivara. A verdade é que Niéde, (completou 92 anos em 12 de março) tinha um ideal: proteger, pesquisar e fazer do Parque Nacional da Serra da Capivara, uma região pobre em economia, mas muito rica em História e Cultura. E transformar a região em um grande centro de estudos e de turismo no coração do Piauí. E ela conseguiu. Foram 54 anos para Niéde mudar o perfil econômico da área com investimentos educação, em cultura e turismo.
NIÈDE GUIDON DEIXOU UM LEGADO IMENSO PARA O BRASIL E PARA A HUMANIDADE.
As fotos são de André Pessoa.
Link para ler a última entrevista de Niède Guidon, dada para a Folha do Meio Ambiente:
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ADEUS FAUSTO SALIM, AMIGO E GUERREIRO

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Acaba de falecer meu amigo FAUSTO SALIM, um dos mais importantes editores de Brasília, foi dono da Gráfica Brasiliana, e deixa um acervo de livros publicados sobre o Distrito Federal, sobre Educação e sobre política.
Um dos livros mais importantes por ele editado e bancado foi MINHA MALA, MEU DESTINO, contando a vida do fotógrafo pioneiro Mário Fontenelle.
Fausto Salim foi um guerreiro. Tratava de um câncer e acabou falecendo vítima de um desastre de carro, perto de Arinos, indo para sua Pasárgada: URUCUIA.
Saudades desse garoto indócil, sonhador e amigo dos amigos.
Deus o tenha.
FAUSTO SALIM – De Inhumas para Brasília, seguindo os passos do mestre e seu pai,Jorge Salim, Fausto Salim dirigiu a Gráfica Brasiliana e depois a Gráfica Charbel.
VELÓRIO: Quarta-feira, 4 de junho, Campo da Esperança, de 13 hs às 15 horas.
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