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É tempo de solidariedade
Fim de ano é tempo de balanço. Ano Novo é tempo de esperança. Vive bem quem sabe ser solidário
Silvestre Gorgulho
O viver ensina uma verdade que a cada dia se torna mais real: doar tempo e doar conhecimento é muito mais difícil do que doar uma cesta básica. Doar trabalho e doar solidariedade é muito mais nobre e eficaz do que doar dinheiro. Evidente que doar dinheiro, doar cesta básica ou, mesmo, doar uma esmola num sinal de trânsito é muito mais fácil. Mas, no fundo, pode até significar uma ação mais para se livrar de um problema imediato e deixar a consciência menos pesada do que verdadeiramente um ato de solidariedade.
Ser voluntário vai além do ato de doar. Ser voluntário é se interessar, compartilhar e participar. Por isso, doar trabalho, doar conhecimento e doar tempo tem muito mais força e pode transformar muito mais rápido uma realidade negativa na busca de um mundo melhor.
E a vida vai mostrando que as pessoas boas de coração estão descobrindo que seus talentos podem ser potencializados em favor de outros menos favorecidos ou mesmo em favor da natureza.
Toda solidariedade tem um alcance tão vasto, tem um espectro tão amplo e é de tanta grandiosidade que os resultados são multiplicados em várias direções: para quem pratica, para quem recebe e para quem presencia ou assiste. Vai e volta com a força de um bumerangue.
Felizmente, os exemplos de solidariedade no Brasil se multiplicam. Tanto em relação às pessoas como em relação à natureza. Acho, apenas, que a mídia não os acolhe e não os divulga com a força, sabedoria e com a sensibilidade necessárias. Digo sabedoria porque divulgação não é simplesmente informar ou colocar os nomes dos trabalhos voluntários nos jornais e na tevê. Mas é ter sensibilidade para saber divulgar sem personalizar, saber contar a história promovendo mais os fatos sem a preocupação de fazer ídolos e heróis. O trabalho voluntário não anda bem com a propaganda, com o proselitismo ou com a autopromoção. É uma bandeira de humildade e de modéstia. São exemplos que ajudam a contagiar parentes, amigos, colegas de trabalho e a sociedade em geral.
A solidariedade é uma prece silenciosa que ajuda a vida de quem a recebe e ilumina o coração de quem a pratica.
Dicas de como ajudar
1 – Ser voluntário é atuar em benefício da coletividade, em prol da qualidade de vida. É doar tempo, conhecimento, trabalho para ajudar a transformar uma realidade negativa para construir uma sociedade melhor.
2 – O trabalho voluntário independe de envolvimento com qualquer tipo de organização, religião ou política. Evidente que os efeitos do trabalho voluntário podem ser potencializados quando é resultado da articulação entre várias pessoas.
3 – O trabalho voluntário não requer propaganda, proselitismos ou auto-promoção. É uma bandeira que o próprio exemplo ajuda contagiar parentes, amigos e colegas de trabalho.
4 – Muitas vezes, pequenas ações podem ser feitas de casa e não dependem de disponibilidade de tempo ou dinheiro. Por exemplo: separe produtos reciclados (papel, metal) ou brinquedos, roupas e doe para alguma instituição de caridade.
5 – Descubra como seus talentos podem ser potencializados em favor de outros. Muitas ONGs e instituições sérias não são carentes só de dinheiro, mas também de palestras, marketing, gerência administrativa, etc.
6 – Ser voluntário não significa assumir o papel do poder público. Mais do que amenizar situações de carência, seu papel de ver encarado como um avanço na garantia de igualdade de oportunidades. Livros doados podem melhorar o potencial de uma biblioteca, seus ensinamentos podem aumentar a probalidade de um jovem carente a ingressar em uma escola ou universidade.
7 – Nunca se esquive de realizar atividades simples. Toda atividade bem feita, honesta e positiva tem capacidade de mudar a comunidade e o mundo.
8 – Deixe sempre a solidariedade falar mais alto. Tenha muita tolerância com os menos favorecidos financeira e intelectualmente. Uma boa ação no trânsito, por exemplo, pode melhorar o seu dia e de muitas outras pessoas.
9 – O acompanhamento do trabalho de autoridades e as cobranças de quem tem o dever de exercer o poder público – seja do executivo, legislativo ou judiciário – também são atos de cidadania e solidariedade.
10 – Nunca deixe de fazer por só poder fazer muito pouco.
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Em Brasília, mulheres indígenas celebram diversidade cultural e marcham por lutas comuns
Na III Marcha Nacional das Mulheres Indígenas, representantes de todos os biomas do Brasil celebram sua diversidade, denunciam violência de gênero e dizem não ao Marco Temporal.

Marcha das Mulheres Indígenas de 2023, em Brasília — Foto: Amanda Magnani
O som de cantos e dos maracás ecoa de todos os lados do acampamento à medida que grupos de mulheres dos mais diferentes cantos do Brasil se aproximam da tenda principal na concentração para a III Marcha Nacional de Mulheres Indígenas. São 8h00 e o sol seco de Brasília parece realçar as cores dos mais variados trajes tradicionais.
A marcha, que foi do Complexo Cultural da Funarte, onde estavam acampadas, até o Congresso, a cerca de 5km de distância, reuniu mais de 5 mil mulheres. Ela aconteceu no último dia de um evento que, ao longo de três dias, foi marcado por celebrações e denúncias.
Sob o tema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”, indígenas de diferentes partes do Brasil tiveram a oportunidade de dar voz às demandas específicas vividas pelos povos de seus biomas.
Para o povo Kiriri, da Caatinga, a cerca de 300 km de Salvador, um dos maiores problemas é a seca e a consequente falta de segurança alimentar. “Nossa região é muito seca, e as mudanças climáticas aumentam o impacto na insegurança alimentar”, diz Fabiana Kiriri.
Ela conta que o trabalho coletivo na comunidade e a reserva de alimentos vêm como uma forma de tentar contornar o problema. Mas uma colheita suficiente depende de muitos elementos, que vão da quantidade de chuvas à presença de pragas.
“O que realmente precisamos é de um olhar especial do governo, que proponha projetos para ajudar as comunidades a terem autonomia”, defende.
Já para o povo Kaingang do Pampa, no Rio Grande do Sul, as demandas passam principalmente pelos enfrentamentos com o agronegócio e pelos arrendamentos de áreas dentro das terras indígenas, que acabam levando monoculturas e agrotóxicos para dentro a terra.
“Nós precisamos dar visibilidade às nossas lutas e sensibilizar a nossa comunidade, para que possamos encontrar estratégias para atender as demandas dos nossos territórios”, diz Priscila Gore Emílio, psicóloga do povo Kaingang.
Enquanto isso, em Santa Catarina, os Xokleng são protagonistas no debate sobre o Marco Temporal. “Nossa região foi tradicionalmente ocupada pelos povos indígenas e o nosso território já foi muito maior. Hoje, vivemos em uma área muito reduzida, mas continuamos vivendo muitas tensões e conflitos”, diz Txulunh Gakran.
Contudo, embora povos dos diferentes biomas tenham suas demandas específicas, são muitas as lutas comuns às mulheres indígenas do Brasil como um todo. Grande parte delas gira ao redor da garantia do direito ao território e ao fim da violência de gênero.



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Castanheira-da-amazônia mostra eficiência na recuperação de solos degradados
Os estudos estão sendo realizados em cultivos de castanheiras implantados em áreas que antes eram pastagens degradadas no estado do Amazonas

Pesquisas da Embrapa em plantios de castanheira-da-amazônia (Bertholletia excelsa) indicam que a espécie é eficiente para a recuperação de solos degradados em áreas nas quais a floresta foi retirada. Trata-se de um resultado bastante promissor para a recomposição florestal desse bioma, onde existem atualmente mais de 5 milhões de hectares de solos que precisam ser restaurados. Outra vantagem observada é que as castanheiras são capazes de produzir por mais de 40 anos com pouco ou quase nenhum aporte de nutrientes. Além de contribuir para a preservação, esses cultivos podem ajudar a gerar renda e emprego para os povos da floresta, com a geração de serviços ambientais.
Os estudos estão sendo realizados em cultivos de castanheiras implantados em áreas que antes eram pastagens degradadas no estado do Amazonas. “A capacidade de crescimento demonstrada pela castanheira comprova que ela tem uma estratégia fisiológica totalmente adaptada a esses tipos de solos”, afirma o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) Roberval Lima, que realiza estudos silviculturais com essa espécie.
O embasamento para uso da castanheira na recuperação de áreas degradadas ganha ainda mais força com estudos sobre emissão de gases a partir do solo, processo também chamado de respiração do solo, e que consiste em um conjunto de fenômenos bioquímicos, envolvendo temperatura, umidade, nutrientes e níveis de oxigênio, influenciados por fatores naturais e ações humanas. As pesquisas compararam a capacidade de respiração do solo e a emissão de gases em diferentes ecossistemas, conforme os modos de uso da terra no bioma.
Uma das conclusões é que os plantios de castanheiras apresentam níveis de melhoria na qualidade do solo que mostram tendência de recuperação das características químicas, físicas e presença de microrganismos.
Segundo o pesquisador, os solos em plantios de castanheiras apresentam qualidade 50% superior à de áreas de pastagem degradadas. Foram realizados estudos comparando o fluxo de gases a partir do solo em ecossistema de floresta natural, em pós-floresta (após a corte da floresta) e em cultivos como os plantios de castanheira. “Os resultados apontam que, sob os plantios de castanheiras, o solo está se recuperando com uma tendência massiva próxima a de uma floresta natural”, destaca.
Foto acima: Siglia Souza
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Síglia Souza (MTb 66/AM)
Embrapa Amazônia Ocidental
Contatos para a imprensa
amazonia-ocidental.imprensa@embrapa.br
Telefone: (92) 3303-7852
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