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Pelé Eterno, a história que faltou
A verdadeira origem do nome Pelé
Silvestre Gorgulho
Uma foto inédita do time do Vasco da Gama, de São Lourenço. Vale a pena conferir os nomes dos jogadores do Vasquinho: Dunga, Pessoa, o goleiro Bilé (que deu origem ao apelido de Pelé), Nozinho, Santoro (árbitro), Cotti, Maximiano e Antônio Moreira. Agachados: Zé da Bola, Carlito, Dondinho (pai do Pelé), Didi, Geraldão e Macuco.
Uma foto histórica do pai de Pelé, o Dondinho(João Ramos do Nascimento), quando jogava no Atlético de Três Corações. A foto me foi enviada por Isa Musa de Noronha, filha de Júlio Viotti de Noronha, companheiro de Dondinho. Logo depois, Dondinho deixou o Atlético para jogar no Vasquinho de São Lourenço.
Se o apelido de família de Edson Arantes do Nascimento era Dico, de onde veio o apelido de Pelé? É essa história que vou contar agora.
Vi o filme Pelé Eterno. Gostei e muito. Acompanhei, como torcedor, a vida profissional de Pelé desde 1958, na Copa do Mundo da Suécia. Ao vivo, vi o Pelé jogar apenas duas vezes. Ambas no Mineirão, em Belo Horizonte. Pela tevê vi muitas vezes. Mas a maioria, mesmo, escutei os jogos do Pelé, no Santos ou na Seleção Brasileira, pelo rádio. A grande vantagem do filme de Aníbal Massaíni é que não precisa ser torcedor e nem entender muito de futebol para gostar de Pelé Eterno. Basta gostar de ser brasileiro, de esporte ou de arte. Pelé Eterno é um bom título e tem uma boa pesquisa. Apenas faltou dar mais detalhes de um dos fatos mais importantes: de onde vem o nome Pelé, afinal de contas o apelido de família do Edson Arantes do Nascimento era Dico. Entre inusitado e único, Pelé virou apelido, nome, sobrenome, substantivo e adjetivo. Talvez, junto com Amazônia seja o nome brasileiro mais conhecido no mundo. Amazônia e Pelé são nossas maiores referências. E é justamente por isso que vou dar esse testemunho.
Afinal, como nasceu o nome Pelé? Pois vamos aos fatos. Anos 40. Mais precisamente 1944. Por incrível que pareça – escuto essa história desde criança, mas nunca percebi a importância dela. Aliás, não é bem assim. Por duas vezes passei essa pauta para algumas tevês, todos gostaram, mas nunca fizeram a matéria. E antes que todos os testemunhos da história acabem desaparecendo, resolvi resgatar o que sempre ouvi dentro de minha casa, de meu pai Miguel Archanjo Gorgulho, 87 anos, que até hoje mora na minha terra natal, em São Lourenço, no Sul de Minas.
Meu pai é bom de conversa. Quem o conhece sabe que ele é um ótimo contador de histórias. É o que mais conhece história da família. De vez em quando aparece alguém lá em casa para saber melhor como aconteceu um fato, o que foi feito de fulano de tal. Sempre é ele que dá notícias. E sempre que tinha uma visita e o assunto se debandava para o futebol, lembro-me bem de meu pai saindo com aquele história:
– E você sabe onde o Pelé nasceu?
– Olha, “seu” Miguel, o Pelé nasceu em Três Corações…
– Não! O Pelé nasceu em São Lourenço…
– Isso não é possível. O Pelé não nasceu aqui…
– Nasceu sim e eu vou te provar. Quem nasceu em Três Corações foi o Edson – Arantes do Nascimento. O Pelé nasceu aqui em São Lourenço.
E lá vinha o “seu” Miguel com essa história que vou contar agora.
“Corria os anos de 1944 e 45. Havia um goleiro que fez história aqui na região. O nome dele era Bilé. Aliás, há pouco tempo eu vi no Globo Esporte uma matéria sobre goleiros e citava o Bilé (José Lino da Conceição Faustino) como um dos maiores goleiros da época. Um goleiro que todo mundo queria imitar. Quando deu a matéria no Globo Esporte ainda chamei meu filho João Vitor e disse para ele: – Olha só, a Globo errou! A reportagem disse que Bilé nasceu em São Lourenço. Não foi. Bilé jogou em São Lourenço, mas nasceu em Dom Viçoso [O município de D. Viçoso fica a 20 km de São Lourenço]. O irmão dele é o Basílio que mora até hoje nos Pintos Negreiros, um distrito do município de Maria da Fé, também no Sul de Minas”.
O que o “seu” Miguel Gorgulho vai contar agora é a maior jogada do Bilé. E pouca gente sabe:
“Nessa época, em 1944/45, juntamos alguns empresários aqui de São Lourenço e com total apoio dos cassinos resolvemos criar um time de futebol. Criamos um time chamado Vasco da Gama. Fomos atrás de um campo para treinar e acabamos conseguindo uma área ao lado do Hotel Brasil, onde está hoje o Parque das Águas II. Campo pronto, time formado, o Vasquinho – como era carinhosamente chamado – começou a ganhar e a fazer um sucesso tremendo!”
“Para formar o Vasquinho, nós pegamos alguns jogadores daqui de São Lourenço como o goleiro Bilé, o Pessoa e uns outros. Para reforçar o time fomos buscar em Três Corações, perto daqui, outros bons jogadores. Um deles era soldado do Batalhão. Na época era também ferroviário. Acho que trabalhava na Rede. Jogava muita bola. O nome dele era Dondinho(João Ramos do Nascimento), que na época ele estava morando em Lorena.Contratamos outros bons jogadores, como o Zé da Bola e o Gradim.
O Dondinho era um monstro, desequilibrava qualquer partida. Ele veio morar em São Lourenço com dona Celeste. Aliás, foi aqui em São Lourenço que nasceu uma filha de Dondinho [Maria Lúcia]. Dondinho e dona Celeste tinha um menino, chamado Edson, que tinha o apelido de Dico. Devia ter uns 4 ou 5 anos. O garotinho ficava na beira do campo e sempre queria brincar de goleiro. E dizia logo que era o Bilé, o goleiro celebridade. Mas, como grande parte das crianças na sua idade, o filho do Dondinho trocava o B pelo P. Então ele dizia: chuta aí para o Plé. Ele dizia assim mesmo Plé. E como o pai dele era muito respeitado e o melhor do time, todos nós queríamos muito agradar o garoto para deixar o pai feliz. E fazia a maior farra com ele. Só que tinha um detalhe: como ele não conseguia falar Bilé, só dizia Plé, a criançada pegava no pé dele. Fazia questão de chamá-lo de Plé. Ele não gostava. Fazia pirraça, chorava. Eu me lembro bem dele com o nariz escorrendo e chorando, quando as pessoas teimavam em chamar o garoto de Plé. Ele queria ser chamado era de Bilé.
Acontece que como o Dondinho, também o Zé da Bola, o Gradim acabavam trazendo suas famílias, filhos, sobrinhos e amigos para ver o Vasquinho jogar aqui em São Lourenço. Era fácil vir de Três Corações. Só 100 km e trem direto. Pegava o trem lá e saltava aqui. E o negócio de chamar o garotinho de Plé foi ficando sério. O interessante é que o apelido dele na família era Dico. Mas quanto mais o menino achava ruim com o novo apelido, tanto mais a criançada pegava no pé dele. Começou no campo do Vasquinho, depois era na rua, depois era no trem de volta e depois era lá na casa dele em Três Corações.
O Vasquinho durou mais alguns anos e acabou. Nesta mesma época, a Rede Ferroviária transferiu o Dondinho para Bauru e pelas dificuldades de comunicação na época, acabamos perdendo totalmente o contato tanto com o Dondinho como com seu filho Edson Arantes do Nascimento. Só depois, em 1957 e 58 é que voltamos a ouvir falar no filho do Dondinho. Não mais como Plé, mas como o consagrado Pelé.
Mas aí já é uma outra história…”





Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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