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Prêmios Ambientais
Até o Prêmio Nobel merece reparo
Silvestre Gorgulho
Existem milhares de premiações no mundo: prêmios de governos, prêmios de empresas, prêmios de organizações não governamentais, prêmios de academias de arte, de cinema, de entidades religiosas, prêmios esportivos e até prêmios para jogos de azar. Existem prêmios para valorizar iniciativas pioneiras, revolucionárias e humanitárias, como existem também prêmios que são mais jogadas de marketing, que servem mais de trampolim para se conseguir espaços na mídia ou para satisfazer egos de governantes ou empresários. Tal qual as medalhas, existem prêmios e prêmios. Como a vaidade é um ativo sempre em alta no mercado, as premiações podem dar visibilidade e notoriedade para premiados e também para premiadores. As injunções negativas e positivas são inerentes a toda atividade humana e não é por isso que se vai desvalorizar as muitas premiações que existem por aí.
Pelo contrário. Dentro da regra do bom senso, temos que saber diferenciá-las, valorizá-las, respeitá-las e até incentivá-las. Como jurado, pela quarta vez consecutiva, do Prêmio von Martius, da Câmara de Comércio Brasil e Alemanha, posso garantir que não é fácil administrar um prêmio e nem escolher um premiado. Como não é fácil administrar ou manejar um castigo. Se há responsabilidade e coerência, ambas decisões são tomadas no fio da navalha.
Evidente que há prêmios sujeitos a mil formas de manipulação de interesse político, ideológico ou empresarial. Por exemplo, entre os mais de 300 prêmios pela paz que existem no mundo, um deles é destaque por ser o mais importante e de dimensão mundial: o Prêmio Nobel da Paz, que foi dado esse ano à ambientalista do Quênia, Wangari Maathai.
Veja, amigo leitor, mesmo um prêmio que tem tanta unanimidade e que é tão criterioso, também merece reparo. Não quero discutir se todos os que ganharam o Nobel da Paz fizeram por donde. Acho que todos fizeram muito por merecê-lo. Mas eu acho que houve uma omissão: em 103 anos de Nobel da Paz, o homem que no século passado encarnou como ninguém a realidade da não-violência, que fez de sua liderança um exercício de paz, não o ganhou. Por que o Comitê Nobel Norueguês não concedeu essa honraria a Mahatma Gandhi, principal personalidade da independência da Índia? Para mim, um mistério. Mesmo que esse fato não diminua o valor do Prêmio Nobel, ele ajuda na seguinte observação: um prêmio – qualquer que seja – sempre vai servir de incentivo, de recompensa e vai influenciar positivamente outras pessoas. Mas o prêmio maior, mesmo, é entender que cada dia bem vivido e que cada final de dia de consciência tranqüila valem mais do que muitas honrarias. E se, por acaso, elas ainda vierem, ótimo. Virão por acréscimo. Na verdade, ninguém precisa ser o melhor. Basta fazer bem aquilo que faz.

Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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