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Descobridores do Brasil
Silvestre Gorgulho Sempre gosto de dizer que o Brasil foi descoberto muitas vezes. Pelos aventureiros das Entradas e Bandeirantes, por Auguste de Saint-Hilaire, por Peter Lund, por Jean-Baptiste Debret, por Langsdorff, pelo Marechal Rondon, pelos Irmãos Villas Boas, por Henrique Halfeld, por Arne Sucksdorff, por tantos outros e, até, por Pedro Álvares Cabral e seu escriba Pero Vaz de Caminha. Mas, ninguém “descobriu” mais o Brasil do que botânico Carl Friedrich von Martius [1794-1868] e seu companheiro de aventura, o zoólogo Johan Baptist von Spix [1782 – 1826]. Não é à toa que a viagem exploratória e a obra de von Martius – Flora Brasiliensis – tiveram o financiamento de três países: Bavária, pelo Rei Ludovico I; Áustria, pelo Imperador Ferdinando I; e o Brasil, por D. Pedro II. É uma obra magistral. Para concluí-la, houve a necessidade de se montar uma equipe de 65 cientistas, coordenada por August Wilhelm Gichler e Ignaz Urban. Ainda assim, a obra levou uns 90 anos para ficar pronta. E olha que von Martius esteve no Brasil aos 26 anos e morreu em 1868, aos 74 anos. Essa expedição científica – que no fundo era o sonho de 10 entre 10 botânicos do mundo inteiro – acabou por ocupar o resto da vida dele e de Spix. Agora Flora Brasiliensis está disponível, em alta resolução, na web. Os desenhos poderão ser consultados pelo nome científico de cada espécie, pelo volume ou pelas páginas da obra impressa. (http://florabrasiliensis.cria.org.br) Dia 13 de março completaram 180 anos de sua morte. Sua lápide tinha a seguinte inscrição: “Aqui estão os restos mortais do mais sagaz, honrado e respeitável dos homens, Dr. Johann Von Spix – Cavaleiro da Ordem do Mérito Civil, membro da Academia Real das Ciências”. Tinha! Infelizmente os Bombardeios durante a Segunda Guerra destruíram tudo. Mas o que nenhuma bomba destruiu foram seus estudos e, sobretudo, sua última mensagem deixada há 200 anos. “É hora de cessar a destruição das florestas brasileiras decorrente de excessivo desmatamento para a construção de casas, a instalação de fábricas de açúcar e a escavação de minas de ouro”. summary Discoverers of Brazil I always say that Brazil was discovered many times. By the adventurers called Entradas and Bandeirantes, by Auguste de Saint-Hilaire, by Peter Lund, by Jean-Baptiste Debret, by Marechal Rondon, by Villas Boas, by Henrique Halfeld, by Arne Sucksdorff, by many others and also by Pedro Álvares Cabral and his scribe Pero Vaz de Caminha. But nobody ‘discovered’ Brazil more than the botanist Carl Friedrich von Martius [1794-1868] and his fellow adventurer, the zoologist Johan Baptist von Spix [1782 – 1826]. The exploratory trip and the work of von Martius – Flora Brasiliensis – were financed by three countries: Bavaria, by King Ludovico I; Austria, by Emperor Ferdinand I; and Brazil, by King Don Pedro II. It is a masterpiece. The scientific expedition – which was the dream of all botanists around the world – kept him busy for the rest of his life and Spix’s life too. Today there are only a few complete volumes of his work in Brazil. Besides the one in the National Library, there is a collection of his work in the Natural History Museum and Botanic Gardens of Belo Horizonte and another in José Midlin’s Library. And that is why the digitalization of the entire work of von Martius, coordinated by Fapesp, is so important. Now, Flora Braziliensis is available in high resolution format on the Internet. It is possible to search the etchings by the scientific name of each species, by the volume, or by the pages of the printed work. ( http://florabrasiliensis.cria.org.br ) Spix, unlike von Martius, died early, at age 44. Nevertheless, his production was enormous. During his life, after several scientific trips around Europe, he wrote many books and with Martius, accomplished every scientist’s dream: the scientific expedition to the exotic Brazilian land. He died on March 13th, 180 years ago. His tombstone had the following inscription: “Here lies the body of the most intelligent, honest and respectable man, Dr. Johann Von Spix – Knight of the Order of Civil Merit, member of the Royal Academy of Sciences”. His tombstone had this inscription, but it doesn’t anymore! Unfortunately, bombings in the World War II destroyed it. But no bomb destroyed his studies and above all, his last message, left almost 200 years ago. “It is time to stop the destruction of the Brazilian forests for the construction of houses and factories to produce sugar, and digging for gold.” And at that time, we were not talking yet about dams, soybean, cattle breeding, biopiracy and illegal commerce of mahogany. Dear friends, the destruction of the forest if very old. And their end is closer. SG |





Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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