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Jose Aparecido de Oliveira
A maquina de fazer amigos
Esta é a última foto do ex-governador do DF José Aparecido de Oliveira feita por sua filha Maria Cecília, no seu apartamento da rua Caraça, em Belo Horizonte, em setembro deste ano, pouco antes de ser novamente internado para o que seria a última cirurgia. Na foto, Silvestre Gorgulho, Maria Leonor Gonçalves Aparecido de Oliveira, Elenora Santa Rosa (Secretária de Cultura de MG) e o embaixador.
Nunca se fez tanto, em tão pouco tempo,
para se honrar a dignidade cultural, cívica e social de Brasília. José
Aparecido de Oliveira deixou o Ministério da Cultura no dia 5 de maio de 1985,
para assumir no dia 9 de maio o Governo do Distrito Federal. É bom lembrar, o
Governo de Brasília foi o único cargo de primeiro escalão que o presidente
eleito Tancredo Neves não havia preenchido. E foi o primeiro cargo de primeiro
escalão da livre escolha do presidente José Sarney. Zé Aparecido foi governador
por apenas dois anos, tempo para ousar, romper privilégios e revolucionar na
gestão da Capital da Esperança.
Vivi intensamente o governo Aparecido,
como amigo e Secretário de Comunicação. Volto agora no governo José Roberto
Arruda, como Secretário de Cultura, e vejo que há uma linha de ligação entre os
dois períodos. Parece que a ousadia na gestão pública pulou de 1988, quando
Aparecido deixou o governo, para 2007, com a entrada de seu ex-secretário de
Serviços Públicos como governador.
Zé Aparecido era perfeccionista
contumaz. Quantas vezes o vi irritado diante do ritmo paralisante da máquina
burocrática, que adia a reimplantação de soluções efetivas já adotadas. Foi um
governador que mergulhou firme nos problemas estruturais de Brasília. Iniciou
de forma definitiva a despoluição do Lago Paranoá, construiu Samambaia e fez
uma guerra sem fim contra o retalhamento do solo federativo. Iniciou os estudos
para a construção do Metrô.
Com a moral de um governante de mãos
limpas, pode convocar a iniciativa privada para construção de monumentos
públicos. Estão todos aí: o Panteão da Pátria, o Teatro Amador, o Espaço Oscar
Niemeyer, o Espaço Lúcio Costa, a Casa do Cantador (na Ceilândia), o Museu da
Memória dos Povos Indígenas, etc. Eu disse convocou e não contratou.
A verdade é que Zé Aparecido permitiu
que a miragem do Terceiro Milênio batesse à porta do Palácio do Buriti. Deu
asas a Brasília para alçar um vôo generoso sobre sua própria comunidade. Sobre
o Brasil e o mundo.
É muita coisa para recordar. Foi ele
quem presidiu as primeiras eleições de Brasília. Foi ele quem abriu as cidades
satélites, então de costas para o Plano Piloto, para as celebridades
brasileiras como Fernanda Montenegro, Milton Nascimento, Fafá de Belém, Chico
Buarque, Sérgio Ricardo. O Teatro Bolshoi adentrou o Brasil, pela primeira vez,
por Brasília. Foi no seu governo que houve a primeira apresentação pública da
Sinfonia da Alvorada com o próprio Tom Jobim.
Muitas são as lembranças, mas uma não dá
para esquecer: foi Aparecido que trouxe de volta os artistas construtores.
Oscar Niemeyer trabalhava numa sala ao lado do seu gabinete. Lúcio Costa trouxe
uma colaboração fundamental: o projeto “Brasília Revisitada”. Burle Marx voltou
com um novo olhar sobre a vegetação do Cerrado, concebendo novos santuários.
O Jardim Botânico de Brasília nasceu,
também, de sua força vanguardista, ao convocar o Príncipe herdeiro Pedro Carlos
de Orleans e Bragança para fazer o projeto e implantá-lo. É muita coisa para
lembrar. Mas como jornalista, quero reverenciar a memória do ex-governador,
ex-embaixador e ex-ministro José Aparecido com a primeira frase que ele me
disse quando adentrei seu apartamento, ao lado de Cantídia Soares, e ele me
disse: “Silvestre, o presidente Sarney me convidou para ser o governador de
Brasília. Duas coisas: quero você como meu secretário de Comunicação e me faça,
urgente, um relatório sucinto e honesto sobre o Caso Mário Eugênio. Crime
misterioso não terá lugar mais em Brasília”. Fiz o relatório. Mário Eugênio
havia sido assassinado em 11 de novembro de 1984. No dia 27 de julho, portanto,
dois meses e pouco após assumir o governo, o Governo dava uma nota oficial
elucidando o caso. A determinação do governador, a transparência de suas ações
e a volta da democracia fizeram valer a verdade e a justiça sobre um dos mais
bárbaros crimes de Brasília.
Zé Aparecido era uma máquina de fazer
amigos. Era o “José de Todos os Amigos” como diz o livro que José Eduardo
Barbosa fez por ocasião de seu aniversário, se não me engano em 17 de fevereiro
de 1972. Melhor definindo, pedindo licença ao Ziraldo: “Zé Aparecido era um
cheque ao portador”.
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Dia do Turismo, 27 de setembro: Brasília, uma cidade de encanto e diversidade
De janeiro a julho deste ano 3.112.597 visitaram a capital do país, entre transportes aero nacional, internacional, rodoviário e CAT

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Brasília, a capital do Brasil, é um destino que oferece uma rica combinação de beleza, sabor e entretenimento para seus habitantes e visitantes em todas as estações do ano. De janeiro a julho deste ano, o Distrito Federal recebeu um total de 3.112.597 pessoas por meio de diversos meios de transporte, incluindo aéreo nacional, internacional, rodoviário e o Centro de Atendimento ao Turista (CAT). Em 2022, esse número alcançou 5.420.142 turistas. Desde sua inauguração em 1960, Brasília se destaca pela arquitetura moderna e icônica projetada por Oscar Niemeyer.
Entre os principais pontos turísticos visitados ao longo dos anos, destacam-se a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, o Memorial JK, o Pontão do Lago Sul, a Ponte Juscelino Kubitschek, o Museu Nacional da República, o Congresso Nacional, o Parque da Cidade Sarah Kubitschek, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o Santuário São João Bosco, o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada, a Praça dos Três Poderes, o Estádio Mané Garrincha, o Museu do Catetinho, o Jardim Zoológico de Brasília, o Parque Nacional de Brasília – Água Mineral, a Torre de TV, o Planetário de Brasília e o Museu do Catetinho. A Fundação Jardim Zoológico de Brasília, considerada um patrimônio cultural, recebeu sozinha 335.839 visitantes até julho deste ano, enquanto em 2022 recebeu 922.547 pessoas.
O Estádio Mané Garrincha, sob a gestão da Arena BRB, não apenas hospeda jogos de futebol, mas também shows e outras atrações. Em 2023, cerca de 1 milhão de pessoas já passaram pelo Complexo, enquanto no ano anterior foram 1,5 milhão de visitantes.
O Congresso Nacional recebeu 61.246 convidados de janeiro a setembro deste ano, em comparação com 64.330 em 2022. O CCBB Brasília atraiu mais de 1 milhão de visitantes desde o ano passado. O Parque Nacional de Brasília – Água Mineral registrou 198.485 visitantes em 2023. O Museu do Catetinho recebeu 25.772 visitantes este ano, enquanto no ano passado foram 29.244.
Esses números demonstram a atratividade de Brasília como um destino turístico repleto de pontos de interesse e encanto. Ronaldo Martins, coordenador do Programa de Visitação Institucional e de Relacionamento com a Comunidade, destaca que o Palácio do Congresso Nacional é um dos locais mais visitados de Brasília, atraindo turistas de todo o Brasil e do exterior.
Wilson Nobre, superintendente de Educação e Uso Público do Zoológico, enfatiza a importância dos zoológicos como destinos turísticos que encantam visitantes de todo o mundo, proporcionando uma oportunidade única de interagir com animais selvagens majestosos e explorar seus habitats.
Richard Dubois, presidente da Arena BRB, destaca que mais de um milhão de pessoas passaram pelo complexo da Arena em 2023, impulsionando diversos setores da capital, incluindo a rede hoteleira, o turismo e eventos corporativos.
A Secretaria de Turismo do DF trabalha em parceria com representantes do setor para desenvolver ações e projetos que coloquem Brasília no centro do turismo. Entre essas iniciativas estão o desenvolvimento da Lei do Turismo, a regulamentação do espaço para o Motorhome, a implementação do calendário de eventos e o retorno do festival Festa dos Estados. A cidade também está destacando novas tendências do turismo local, como o Enoturismo, o Turismo Rural, o Turismo de Aventura e o Ecoturismo.
Cristiano Araújo, secretário de Turismo, enfatiza a transformação de Brasília em uma cidade vibrante, com diversas opções para atender às expectativas de seus visitantes, desde sua cena gastronômica até a oferta de atividades de lazer e entretenimento.
Neste Dia do Turismo, 27 de setembro, e durante todo o ano, Brasília oferece inúmeras oportunidades para conhecer ou revisitar seus pontos turísticos. Até mesmo os moradores locais, como o professor Anderson José e a secretária Keyla Freitas, encontram motivos para explorar a cidade, seja pelos museus que contam a história da capital ou pelos parques que proporcionam momentos de paz e beleza. Brasília é verdadeiramente um tesouro a ser explorado.
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Em Brasília, mulheres indígenas celebram diversidade cultural e marcham por lutas comuns
Na III Marcha Nacional das Mulheres Indígenas, representantes de todos os biomas do Brasil celebram sua diversidade, denunciam violência de gênero e dizem não ao Marco Temporal.

Marcha das Mulheres Indígenas de 2023, em Brasília — Foto: Amanda Magnani
O som de cantos e dos maracás ecoa de todos os lados do acampamento à medida que grupos de mulheres dos mais diferentes cantos do Brasil se aproximam da tenda principal na concentração para a III Marcha Nacional de Mulheres Indígenas. São 8h00 e o sol seco de Brasília parece realçar as cores dos mais variados trajes tradicionais.
A marcha, que foi do Complexo Cultural da Funarte, onde estavam acampadas, até o Congresso, a cerca de 5km de distância, reuniu mais de 5 mil mulheres. Ela aconteceu no último dia de um evento que, ao longo de três dias, foi marcado por celebrações e denúncias.
Sob o tema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”, indígenas de diferentes partes do Brasil tiveram a oportunidade de dar voz às demandas específicas vividas pelos povos de seus biomas.
Para o povo Kiriri, da Caatinga, a cerca de 300 km de Salvador, um dos maiores problemas é a seca e a consequente falta de segurança alimentar. “Nossa região é muito seca, e as mudanças climáticas aumentam o impacto na insegurança alimentar”, diz Fabiana Kiriri.
Ela conta que o trabalho coletivo na comunidade e a reserva de alimentos vêm como uma forma de tentar contornar o problema. Mas uma colheita suficiente depende de muitos elementos, que vão da quantidade de chuvas à presença de pragas.
“O que realmente precisamos é de um olhar especial do governo, que proponha projetos para ajudar as comunidades a terem autonomia”, defende.
Já para o povo Kaingang do Pampa, no Rio Grande do Sul, as demandas passam principalmente pelos enfrentamentos com o agronegócio e pelos arrendamentos de áreas dentro das terras indígenas, que acabam levando monoculturas e agrotóxicos para dentro a terra.
“Nós precisamos dar visibilidade às nossas lutas e sensibilizar a nossa comunidade, para que possamos encontrar estratégias para atender as demandas dos nossos territórios”, diz Priscila Gore Emílio, psicóloga do povo Kaingang.
Enquanto isso, em Santa Catarina, os Xokleng são protagonistas no debate sobre o Marco Temporal. “Nossa região foi tradicionalmente ocupada pelos povos indígenas e o nosso território já foi muito maior. Hoje, vivemos em uma área muito reduzida, mas continuamos vivendo muitas tensões e conflitos”, diz Txulunh Gakran.
Contudo, embora povos dos diferentes biomas tenham suas demandas específicas, são muitas as lutas comuns às mulheres indígenas do Brasil como um todo. Grande parte delas gira ao redor da garantia do direito ao território e ao fim da violência de gênero.



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