Janela da Corte

AUGUSTO GUIMARÃES FILHO

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Augusto
Guimarães Filho, 85 anos, foi braço
direito de Lúcio Costa para todos os
trabalhos de urbanismo, desde 1940. Os pioneiros
de Brasília o conhecem e admiram. Os
técnicos do governo, engenheiros e
arquitetos também o conhecem e admiram.
Mas a nova geração, a grande
parte da população do Distrito
Federal, talvez, não tenha nem ouvido
falar em Augusto Guimarães Filho. Mas
quem, afinal, é o dr. Augusto Guimarães?
Eu o conheci pelo próprio Lúcio
Costa. Foi em 1996, quando entrevistei o nosso
urbanista maior. O único nome que o
criador de Brasília falou, espontaneamente,
e fez questão de homenagear foi o de
Augusto Guimarães Filho. Sabem por
quê? Porque o engenheiro Augusto Guimarães
foi seu fiel e verdadeiro anjo da guarda.
E muito especialmente durante a construção
de Brasília.

Augusto Guimarães Filho foi chefe da
Divisão de Urbanismo da Novacap, por
indicação de Lúcio Costa.
Foi ele quem desenvolveu o Plano Piloto, definiu
para que lado Brasília ficaria em relação
à nascente do sol e bateu o martelo
da Estaca Zero, a famosa cruz formada pelos
Eixos Monumental e Rodoviário, ponto
de partida dos trabalhos para construção
de Brasília. E nesse trabalho ele ficou
até 1968. Ele tem dois filhos: o economista
Eduardo Augusto Guimarães e o engenheiro
Luis Fernando Guimarães.

Lúcio Costa foi seu grande mestre.
Trabalhando com ele, aprendeu o ofício
de arquiteto. Participou de muitos projetos
de Lúcio Costa, inclusive o do Parque
Guinle, um conjunto de três prédios
residenciais, no Rio, tombado pelo IPHAN.
Brasília acaba de fazer 42 anos e ainda
hoje Augusto Guimarães Filho lembra
a beleza, o significado e a força do
projeto que nasceu do gesto primário
de quem assinala o lugar ou dele toma posse:
o sinal da Cruz formado pelos dois eixos.
Reclama pela não construção
de Galerias de Pedestres junto ao Metrô
e pela não conclusão da plataforma
de concreto no Setor Bancário Sul,
"uma obra que não sei até
quanto vai ficar inacabada".

"Não há como esquecer a
primeira e grande lição que
recebi de Juscelino Kubitschek" lembra
ele: "Guimarães, faça o
melhor. Faça sempre o melhor".


De vez em quando, Augusto Guimarães
Filho vem a Brasília, pois continua
ativo nos seus 85 anos. "Acompanho a
História de hoje e estou lendo a História
dos séculos passados no que diz respeito
à mudança da Capital. E estou
escrevendo alguma coisa sobre a saga da construção
de Brasília", diz. Como ele continua
atento ao recado de JK, com certeza, deve
estar escrevendo o melhor.

1 – Qual o argumento
mais burro que o senhor ouviu contra a construção
de Brasília?


Muitos afirmavam que Brasília seria
uma cidade natimorta ou, pelo menos, uma pequena
cidade habitada por desterrados. Por duas
razões: primeiro porque o Planalto
Central era inóspito, perdido no tempo
e no espaço; e, segundo, porque ninguém
queria abandonar as oportunidades oferecidas
pelas cidades existentes para lançar-se
à aventura de viver num lugar longínquo.
Eles não adivinhavam que os problemas
da nova capital estariam exatamente no oposto.
Ao invés dos 500 mil habitantes, número
já impossível para eles, hoje
a população passou dos 2 milhões,
atestando o vigor da região.

2 – Qual a grande lembrança
dos tempos da construção?


Guardo a lembrança do orgulho e da
alegria de estar participando da tarefa de
erguer uma cidade. E que cidade! Sempre tive
a clara noção do privilégio
que me foi dado por Lúcio Costa. Não
posso deixar de me referir à emoção
de ver as colunas do Palácio da Alvorada
surgindo do chão poeirento. Ver a terraplanagem
da Praça dos 3 Poderes, depois de ter
desenhado cada uma de suas curvas de nível.
Desenhado dentro das condições
que tínhamos naquela época.

3 – Brasília
é hoje Patrimônio da Humanidade.
E tudo isso se deve a uma santíssima
trindade: JK, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.
Uma frase para cada um.


Preferiria que a referência fosse aos
3 Mosqueteiros, por que todos sabem que eram
4 e, assim, poderia incluir Israel Pinheiro.
Brasília não seria o que é,
nem teria sido feita ao tempo que foi, sem
a sua corajosa e firme direção.
Um grande chefe. Sobre JK não direi
uma frase, apenas repetirei o que ouvi dele,
quando o procurei, certa vez, para lhe pedir
uma orientação: "Guimarães,
faça o melhor. Faça sempre o
melhor".

Lúcio Costa e Niemeyer. Em lugar de
duas frases, duas datas: 1936, Lúcio
Costa é convidado para fazer o projeto
do edifício sede do então Ministério
da Educação e Saúde Pública,
no Rio. Aceita o convite, estende-o a um pequeno
grupo de arquitetos, dentre os quais, Oscar
Niemeyer. Foi o marco inicial da Arquitetura
Brasileira Contemporânea. Decorridos
21 anos, 1957, Lúcio Costa e Oscar
Niemeyer, novamente juntos, fazem o projeto
não de um prédio, mas de uma
cidade inteira. Brasília, consagração
do movimento renovador da arquitetura mundial.

4 – O que Brasília
tem que nenhuma outra cidade do mundo tem?


Dentre as várias características,
destaco uma, não só pelo seu
valor próprio, como também por
sabê-la ameaçada, no momento.
Refiro-me às Superquadras e ao agenciamento
delas ao longo do Eixo Rodoviário.
Talvez seja essa a maior contribuição
de Lúcio Costa ao urbanismo contemporâneo.
Não estou fazendo comparação
com os demais elementos da cidade. Os outros
elementos são específicos de
uma capital, enquanto a Superquadra é
uma solução válida para
qualquer cidade. É uma proposta de
morar bem.

5 – Brasília
está feita. Tem quem goste, a maioria,
e tem quem não goste. 42 anos depois,há
algo a ser refeito? Tem algo a mudar?


Faria algumas correções dos
desvios de rota, acontecidos ao longo da existência
da Capital, tendo como carta de navegação
o Relatório do Plano Piloto. Durante
meu trabalho, adquiri o bom hábito
de consultá-lo sempre.

Há algum tempo tive a prova de sua
atualidade. Juntamente com Maria Elisa Costa
e Sérgio Porto, ao examinarmos o traçado
do Metrô na área residencial
de Brasília, percebemos o conflito
com a implantação urbana e propusemos
o traçado que veio a ser adotado. Nesta
compatibilização, o novo meio
de transporte foi largamente beneficiado.
Basta dizer que as duas linhas foram reduzidas
a uma única e que o difícil
acesso dos trens à estação
central passou a ser feito sem as dificuldades
técnicas que estavam enfrentando. Bastou
confirmar o Eixo Rodoviário como tronco
principal do transporte urbano.

6 – E foram feitas
novas propostas?


Olha, o Plano Piloto oferece possibilidades
que devem ser exploradas e não podem
ser negligenciadas. Com base nele, fizemos
sim algumas propostas.

Para a área central: entregamos ao
GDF um estudo abrangente a partir do estado
em que se encontra a área. Para o Eixo
Rodoviário: ao propor o novo traçado
do Metrô, propusemos passagens de pedestre,
galerias de pedestres, compatíveis
com o tombamento de Brasília, junto
às estações do Metrô,
ao longo do Eixo. Elas ligam os lados Leste
e Oeste da área residencial. São
passagens seguras, cuja necessidade antecede
à construção do Metrô,
mas que, com ele, passou a ser absolutamente
indispensáveis. Não se pode
conceber uma estação de Metrô,
com travessia em nível de uma via expressa,
de tráfego de alta velocidade, como
é o Eixão. Espero que as passagens
de pedestre, com suas lojas e comodidades
urbanas, sejam inauguradas junto com o Metrô.
Agora um dado importante: acresce, ainda,
que as passagens de pedestres viriam ao encontro
de um anseio de expansão do comércio
local, sem comprometer áreas que não
têm vocação para esta
atividade.

7 – Como o senhor vê
as invasões do Comércio nas
Entrequadras?


Numa cidade planejada, os espaços vazios,
quando não tem um fim claramente determinado,
tem a finalidade de permanecerem como estão.
E é desta maneira que se compõe
o quadro urbano. Não estão esperando
que alguém lhes confira outra finalidade.
Se aberto um precedente, será difícil
conter a invasão das áreas não
construídas. Nunca é demais
lembrar que Brasília está tombada
e o tombamento contempla a permanência
das áreas como foram planejadas.

8 – Como o senhor vê
a proibição do Senado de se
fazer festas a em frente ao Congresso?


Aplaudo a atitude do Senado. Brasília,
Capital da República e Monumento da
Humanidade, tem espaços simbólicos
que devem apresentar-se, sempre, a qualquer
momento, com dignidade, com compostura. Aliás,
a observância desta condição
deve estar convenientemente regulamentada
e sujeita à fiscalização
de um órgão público específico.
Isto porque pode ocorrer que o ocupante do
Monumento não possua a sensibilidade
ou a autoridade do Senado. Quando falo em
Monumento, incluo o seu entorno, que dele
faz parte, e merece os mesmos cuidados.

9 – Mais do que nunca
o brasiliense se divide em cabeça,
tronco e rodas. E hoje vivendo um engarrafamento
infernal. Dá para repensar o trânsito
de Brasília?


O brasiliense composto de cabeça, tronco
e roda continua sendo uma minoria. A maioria
é composta de cabeça, tronco
e pernas, visto que precisa delas em vários
momentos de sua vida. Eles são irremediavelmente
pedestres. Entendo ser necessário repensar
o trânsito, repensando o Sistema Viário,
como constituído por dois sub-sistemas
complementares, o Sistema de Tráfego
de Veículos e o Sistema Viário
de Pedestres. Talvez devesse falar em três
sub-sistemas, acrescentando o Sistema de Estacionamento.
Pensados em conjunto é possível
minimizar os conflitos.

10 – Uma curiosidade:
como se marcou o ponto inicial de construção.
A estaca zero, a cruz?


Brasília foi concebida com dois eixos:
o Rodoviário e o Monumental. Hoje,
na era do computador, seria fácil fazer
o projeto da cidade, com suas retas, curvas
e cotas altimétricas. Mas há
42 anos, foi tudo feito na ponta do lápis.
Mas garanto que o computador não daria
maior precisão aos elementos do projeto.
A Estaca Zero resultou de um exame cuidadoso
e demorado nas plantas disponíveis
de maneira a permitir o traçado com
menor impacto na topografia do Plano.

11 – Dê o nome
dos cinco brasileiros que o senhor mais admira.


Não é fácil. Mas qualquer
que seja a lista que eu fizer, começará
sempre pelo nome de Lúcio Costa.

12 – Fale um pouco
das coisas que o senhor anda pesquisando e
escrevendo?


Estou relendo a memória descritiva
que é o Relatório do Plano do
doutor Lúcio Costa. Em cada releitura
fico encantado com a descrição.
Não tem uma só palavra sobrando.
Não tem nenhuma palavra de graça.
Cada sinal, cada letra do doutor Lúcio
na memória descritiva tem seu significado,
tem o seu valor. É a sabedoria do mestre.
Gosto de lembrar que um texto ou um livro
vão bem quando começam bem.
E o Plano do doutor Lúcio começou
antológicamente bem. Veja que fantástico:
– Nasceu do gesto primário de quem
assinala o lugar ou dele toma posse: dois
eixos cruzando-se em ângulo reto, ou
seja, o próprio sinal da Cruz. Brasília
e sua descrição não podiam
começar melhor!

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Janela da Corte

ARLETE SAMPAIO

Publicado

em

Artele

Por nascimento, ela é baiana de Itajiba;
Por educação secundária,
ela é mineira de Belo Horizonte; Pela
universidade e pela política, ela é
brasiliense da gema. Arlete Sampaio, vice-governadora
do DF, médica-sanitarista, uma das
fundadoras da CUT-DF, com profunda militância
sindical, mora em Brasília há
26 anos. Duas coisas me chamaram atenção
na conversa com a vice-governadora e no acompanhamento
diário que faço do Governo petista.
Primeiro: Arlete veio da ala mais radical
do partido, uma trotskista de carteirinha,
e hoje é o equilíbrio do partido
e do Governo Cristóvam. Segundo: neste
caleidoscópio de críticas a
membros do governo petista, neste emaranhado
de brigas e disputas, a vice-governadora –
queiram ou não – é inatacável.
Da linha trotskista de ontem ela virou o ponto
de unidade de hoje. É por isso que
vale a pena saber um pouco mais desta mulher
que, no difícil cargo de vice, é
– por assim dizer – uma unanimidade de seriedade
e coerência. Uma médica que está
sempre pronta a colocar mercúrio-cromo
nas feridas abertas por companheiros do partido
e do governo. Arlete Sampaio abriu a Janela
da Corte deste domingo e mostrou que tanto
a baianice como a mineirice ficaram lá
para trás. Agora a vice é uma
candanga legítima que não está
disposta a entregar, de graça, o espaço
e o respeito que conquistou.

1 – O que mais a incomoda
na política?

A predominância dos projetos individuais
sobre os projetos coletivos.

2 – Ser governo lhe
agrada?

Sim, no sentido de poder realizar os nossos
ideais.

3 – Em três anos
de governo do PT, no difícil papel
de vice-governadora, quais foram os três
momentos mais gratificantes?

A participação nas plenárias
do Orçamento Participativo. As inaugurações
de obras que mudam para melhor a qualidade
de vida da população. A visualização
do crescimento da consciência-cidadã,
como no programa Paz no Trânsito.

4 – E quais foram os
três momentos mais amargos?

As injustas críticas feitas ao GDF,
principalmente no primeiro ano. As incompreensões
mútuas entre o GDF e o Movimento Sindical.
As críticas amargas feitas por companheiros
que participaram do Governo.

5 – Há algum
desconforto em ser vice?

Vice, como se diz, é vice. Há
um certo desconforto por nem sempre poder
imprimir um estilo próprio de trabalho.

6 – O Lula não
queria sair candidato à Presidência.
E saiu. A senhora não gostaria de ser
novamente vice. Vai ser?

Tudo depende da discussão que estamos
fazendo no âmbito interno do PT e depois
com os Partidos da Frente. Se for necessário,
repito a dose.

7 – Como médica-sanitarista,
a saúde pública brasileira tem
jeito?

Claro que tem. Depende apenas de vontade política
e de profundo compromisso com o povo.

8 – Onde a senhora mais
se realizou: coordenando os programas de saúde
pública do DF, na direção
no PT-DF ou no cargo de vice-governadora?

Pela amplitude das ações das
quais tenho participado é, sem dúvida,
mais gratificante ser vice-governadora.

9 – Como vice-governadora
a senhora coordena as Administrações
Regionais e órgãos do GDF; implantou
o Programa Integrado de Combate ao Uso e Abuso
de Drogas no DF; coordena o Orçamento
Participativo; e coordena as bancadas petistas
na Câmara Distrital e Federal. Governar
é mais fácil do que se pensava?

Primeiro, uma correção: não
coordeno as bancadas. Quem coordena é
o Governador. E, neste ano, o melhor trabalho
realizado foi no planejamento político-financeiro
do governo e na coordenação
na área de habitação.
Agora vamos à resposta: é sempre
fácil fazer qualquer coisa, quando
fazemos com boas intenções,
com clareza do que queremos e com firmeza
de posições.

10 – Se o Governo petista
começasse hoje e fazendo um replay
do que passou: qual o principal erro que a
senhora tentaria evitar?

Cometemos alguns erros. Talvez o maior tenha
sido em não divulgar, com dados e fatos,
a situação caótica em
que encontramos o Distrito Federal.

11 – Sinceramente, qual
o grande mérito do Governo Cristóvam
Buarque?

Ser democrático, popular e honesto.

12 – Delfin Neto disse
que Lula será mais uma vez sparring
eleitoral. Isso tem sentido?

Claro que não. Ele sabe bem das incertezas
do momento político brasileiro e sabe
que Lula tem boas chances eleitorais e pode
bem nocautear FHC.

13 – Como a senhora
vê a saída de Luiza Erundina
e Vitor Buaiz do PT: Uma Questão de
acomodação.

foram tarde. O PT tem regra para ser cumprida.
Grande perda. Estavam no ninho errado.
Embora seja uma perda, o PT tem regras para
serem cumpridas.

14 – Dê o nome
de três brasileiros vivos que a senhora
mais admira.

Luiz Inácio Lula da Silva, pela inteligência
excepcional; Chico Buarque de Holanda, pela
sensibilidade quase feminina; e Fernanda Montenegro,
que aliás é minha xará,
por seu talento.

15 – Qual destas três
máximas está mais próxima
da verdade:

· Exatamente no momento em que você
pensa que vai conseguir juntar duas extremidades,
alguém as muda de lugar.
· Nunca ande por caminhos já
traçados. No máximo eles vão
levar a lugares onde outros já estiveram.
· Atrás de um grande homem tem
sempre uma grande mulher.
Nenhuma delas faz minha cabeça.

16 – O PT tem que mudar
para crescer ou tem que crescer para mudar
ou tem que continuar como está?

Nenhuma das formulações expressam
as necessidades do PT, mas poderia admitir
que “tem que crescer para mudar”,
na medida em que crescendo expressaria melhor
o sentimento da nossa população.

17 – O Partido aceitará
contribuição da iniciativa privada
para a próxima campanha eleitoral?

No último encontro, o partido decidiu
aprovar as contribuições de
Pessoas Jurídicas, mas dentro da mais
absoluta transparência.

21/12/1997
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Janela da Corte

LOURIVAL NOVAES DANTAS

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Publicado

em

Lourival
Novaes Dantas chegou a Brasília na
década de 60 e não perdeu tempo:
em 68, fundava a Editora Gráfica Vera
Cruz e, em 72, fundou a Editora Gráfica
Ipiranga, transformando-a em uma das maiores
do ramo no Centro-Oeste. Mas suas preocupações
iam além dos negócios, pois
Lourival esteve sempre preocupado em lutar
peIo movimento sindical patronal, do qual
é um dos fundadores, em Brasília.
Além de ter sido presidente do Sindigraf
(Indústrias Gráficas) e do Conselho
Diretor da Abigraf, Lourival Dantas respondeu
durante seis os pela vice-presidência
da Federação das Indústrias
de Brasília – Fibra,

da qual é presidente hoje. Abrindo
a JANELA DA CORTE, neste domingo, Lourival
fala da política de incentivo do DF,
do Imposto Simplificado, de Reeleição,
da Feira do Paraguai, onde, também,
não nega, já foi fazer suas
comprinhas.

1 – Duas coisas
que mais o incomoda Brasília?


Os assentamentos irregulares e o desemprego.

2 – Brasília
será sempre uma cidade administrativa,
prestadora de serviço ou tem futuro
industrial também?


Sem perder suas características de
Centro Administrativo do País, Brasília
só poderá resolver o desemprego
com uma industrialização planejada
e consciente.

3 – Dê duas
estratégias para o correto desenvolvimento
industrial de Brasília.


A primeira estratégia é o Plano
de Desenvolvimento Industrial apresentado
há pouco pelo governador Cristovam
e que teve uma parceria efetiva da Fibra.
A segunda é a responsável implantação
deste Plano.

4– A Fibra é
a entidade de classe mais forte e no DF. Mas
a Fibra não vem perdendo espaço
para outras entidades que estão sabendo
usar melhor o marketing?


A Fibra não esteve e nem está
preocupada em perder ou ganhar espaço.
A nossa atuação, com eficiência,
os objetivos que nos propusemos atingir.

5– As representações
políticas do DF – Câmara Distrital
e Congresso Nacional – estão sempre
divididas entre duas categorias: os sindicalistas
e os empresários. Isso significa mais
corporativismo ou mais dinheiro nas campanhas?


Nem uma coisa nem outra! Isso significa apenas
que esta havendo uma maior conscientização
do setor produtivo da população.
É perfeitamente natural, e até
desejável, que esses segmentos busquem,
através da política, as soluções
para os problemas.

6 – E o Imposto
Simplificado para pequenas e médias
empresas lançado por FHC. Se estados
e Municípios não aderirem tem
perigo de não funcionar?


Esse imposto é de tal importância
para a permanência e manutenção
da “saúde” financeira das
micro e pequenas empresas, que, creio eu,
dificilmente um Estado do poderá não
aderir ao programa.

7 – A implantação
do Projeto do Imposto Simples vai, como se
diz, diminuir a sonegação e
aumentar a arrecadação?


Empresário nunca teve a intenção
de sonegar imposto. Se alguns o fazem é
por total impossibilidade de cumprir a legislação,
que todo mundo sabe, é caótica
e conflitante. Com o imposto simplificado,
todos podarão pagar e aí é
aquela história, todos pagando, paga-se
menos.

😯 presidente da CNI
já confessou que foi comprar na Feira
do Paraguai. E o presidente da Fibra já
foi?


Já.

9 – O fim da Feira do
Paraguai vai trazer desemprego, como alega
o GDF?


A solução a ser encontrada passará,
necessariamente, pela formalização
da Feira. Proibir seu funcionamento é
uma solução simplista.

10 – Então a
Fibra é a favor da Feira do Paraguai?


Não. Sou a favor de e que se encontre
uma solução. O próprio
Estado deve ajudar esses feirantes a sair
da economia informal.

11 – A Fibra é
uma entidade sempre alinhada com o Governo.
Isso é bom para a classe empresarial?


Em muitas ocasiões a Fibra tem ido
contra as soluções encontradas
pelo GDF. Mas estamos trabalhando juntas.
Governo e empresários buscam soluções
que melhor atendam a comunidade.

12 – A classe
sindical patronal é tímida,
fisiologista, tem muito corporativismo intra-diretoria
e é culpada pelos associados porque
os dirigentes na maioria das vezes procura
seus próprios interesses. Isso é
pragmatismo sindical?


Não concordo com a premissa da pergunta.

13 – O que as entidades
sindicais tem feito para enfrentar a globalização
da economia?


Trabalhado intensamente em busca da qualidade
e de maior produtividade. Precisamos –
e trabalhamos com o Governo para isto –
minimizar o chamado Custo Brasil, carga tributaria
que inviabiliza qualquer intenção
de concorrência internacional.

14 – Um nome que
sabe fazer Brasília ser respeitada
?


A dobradinha Aloysio Campos da Paz e o Hospital
Sarah Kubitschek

15 – O tema hoje
é reeleição. Você
é a favor da Reeleição
de FHC?


Sou a favor. Esse é um projeto mais
econômico do que político, pois
está em jogo a estabilidade da moeda.

16 – Todo mundo
sabe que o processo de sucessão na
Fibra já foi deflagrado. Você
é candidato à reeleição?


Tudo tem seu tempo. Ainda é cedo para
saber.

1 7 – Qual o pecado
capital de Brasília?


Exercer o fascínio de que, vindo para
cá, se arruma emprego fácil,
se arruma lote e se vive bem.

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Janela da Corte

OLIVEIRA BASTOS

Publicado

em

 

Brasília no topo dos destinos – Agência Brasília

Foto: Divulgação/Setur

 

 

Evandro de OLIVEIRA BASTOS nasceu no Pará,  colonizado por franceses, e talvez por essa herança cultural tenha sido o maior crítico literário brasileiro, antes de ser o diretor de jornais importantes de todo o País, inclusive este Jornal de Brasília. Fundou uma enorme escola de Jornalismo, sem cadeiras e sem diplomas. Descobriu, por exemplo, o incrível poeta maranhense da virada do século, Sousândrade, e o revelou aos irmãos Augusto e Haroldo de Campos. Foi secretário de Oswald de Andrade, Augusto Frederico Schmidt, Anísio Teixeira e Roberto Campos. Conviveu com Governos e Presidentes e está preparando suas memórias num livro sobre Imprensa e o Poder. Aliás, um livro muito esperado por quem a mira a pena ferina de um dos textos mais brilhantes do País. Hoje é a vez de Oliveira Bastos debruçar-se sobre a Janela da Corte.

1 – Duas coisas que mais o incomodam em Brasília.

Em primeiro lugar o clima de secura, acompanhada de frio e ventos. Incrível como a meteorologia e os veículos de comunicação ainda associam “tempo bom” à ausência de chuvas… Outra coisa detestável, pelo ridículo, é a caricatura em que se transformam muitas pessoas que perderam o poder e necessitam mostrar que ainda possuem alguma importância, como se o poder fosse a melhor, ou talvez a única característica de suas personalidades. Drumond dizia: “Como são tristes as coisas (quando) consideradas sem ênfase”.

2 – Duas coisas que mais o incomodam no Governo Cristovam.

Primeiro, não ser Governo. Depois pensarem que o governo é do Cristovam.

3 -Quem precisa cair no Real?

A sociedade brasileira que está custando a entender que um Presidente como Fernando Henrique não acontece em todas eleições.

4 – Para quem vai a Medalha de Ouro e a Medalha de Lata no Governo de Brasília, na equipe de FHC, no Congresso e na Imprensa?

Pensar coisas tão sérias em termos de medalhinhas é ridículo. Depois, corre-se sempre o risco da síndrome de Zagalo que consiste em destinar medalhas de ouro a quem nunca mereceu a de lata.

5 – Um recado para o governador Cristovam Buarque.

Mestre: faça uma reforminha agrária no DF, começando pelas “posses” improdutivas e pelos arrendamentos não cumpridos. Tem muito chão bom de palanque…

6 – Quais foram o pior e o melhor Governador de Brasília?

Brasília sempre foi bem administrada e por dois motivos: sempre teve recursos e sempre foi muito vigiada e até perseguida pela opinião pública nacional. Mas o Roriz, realmente, mudou o metabolismo da cidade, tirando-a da fantasia (“Capital da Esperança”) e fincando-a de vez na pobre realidade de Goiás. Foi o maior de todos os governadores, mas dizem que quer voltar, o que seria um erro trágico. Sua campanha, com os bandidos que ele deixou órfãos, não seria eleitoral mas criminal.

7 – Dois nomes que sabem fazer Brasília ser respeitada lá fora? 

Kássia Éller e Joaquim Cruz.

8 – Quem daria um bom governador de Brasília?

O Cristovam.

9 – Quem jamais deveria governar Brasília?

Quem quer muito ser governador. A escolha deveria sempre recair em alguém que não queira. Não é assim que são escolhidos os Papas? Talvez, por eleger os que não querem ser Papa, a Igreja tem 2.000 anos e seus Chefes são infalíveis.

10 – Qual o pecado capital de Brasília?

Não ter estrutura para estimular os pecados veniais, ligados ao ócio com dignidade.

11 – O brasileiro quer revolução ou quer espetáculo?

O velho Rivarol disse que o povo não se interessa por revoluções, mas pelo seu espetáculo. Os Sem Terra parecem confirmar isso. Brasília, como cidade, é uma revolução que precisa de espetáculos. Tudo aqui, com exceção da cidade e do pôr-do-sol, é medíocre. Como a cidade é monumental, a vida transcorre nesse limite perigoso entre o tédio e o deslumbramento. É preciso fazer a cidade chegar ao povo. Até hoje o Lago Paranoá é uma miragem para a maioria dos brasilienses. Pode?!

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