Gente do Meio
Graziela Maciel Barroso, primeira dama da botânica
Silvestre Gorgulho
Sua genialidade a transformou na Primeira Dama da Botânica do Brasil
Ela é lenda e legenda na história da Botânica brasileira. Mais: ela é cantada em prosa e verso como a primeira dama da Botânica do Brasil. Seu nome batizou plantas, identificou herbários e sinalizou pontos no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Tal qual sua conterrânea Luiza Brunet, musa e símbolo maior da beleza feminina, Graziela Maciel Barroso é a própria flor. Professora e pesquisadora, Graziela está imortalizada em várias espécies novas, entre elas, um arbusto ornamental com uma linda flor rosada, que se chama, em sua homenagem, Stiftia Graziela.
Nascida em Corumbá. Mato Grosso do Sul, Graziela conheceu desde cedo a rica flora do Centro-Oeste brasileiro, como as propriedades do guaraná, de uso comum na região. Mudando-se para o Rio, muito cedo se casou com o agrônomo Liberato Joaquim Barroso, um entusiasta da Botânica. Ela o acompanhava em muitas viagens, tomando contato mais próximo com a Sistemática. Mas sua preocupação principal era a família, só depois que os filhos cresceram é que ela pôde dedicar-se e ver aumentar cada vez mais o seu interesse no assunto. O Dr. Barroso era muito vigoroso e dentre os seus colegas agrônomos que freqüentavam as aulas, destacava-se Graziela. Mais tarde, ela continuou seus estudos, entrou para a universidade (UERJ), aprendeu latim e alemão. Fez concurso público do DASP em 1946, para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde começou como herborizadora. Trabalhou com o Dr. Kulmann e o Dr. Brade, dois expoentes à época, e ajudou alunos e estagiários de Medicina, Farmácia e Agronomia, que freqüentavam o Jardim. Fez doutorado na Unicamp, obtendo o título com louvor, e foi homenageada por muitos outros centros de pesquisa.
Forte, amiga, corajosa, persistente, pioneira, solidária, dedicada, amorosa, doutora, valente, semeadora de ideais, muitos seriam os adjetivos que lhe caem bem, mas nenhum traduziria toda a riqueza da personalidade marcante de Graziela Maciel Barroso. Títulos, prêmios, condecorações, homenagens, todas as pompas e honras que lhe ofereciam não a tiravam de sua humildade. A Primeira Dama da Botânica do Brasil, como foi chamada pelo botânico do IBGE, Tarcísio S. Filgueiras, sempre se apresenta com extrema simplicidade, leva uma vida modesta, está sempre disposta, pronta a ajudar, a descobrir vocações. Quando um diretor mais obscuro do Jardim Botânico do Rio entendeu, para espanto geral, que ela devia ir para casa, ao completar 70 anos, outro diretor lhe sucedeu e foi buscar a professora Graziela de volta, desfazendo a equivocada decisão. Bolsista do CNPq desde a década de 50, hoje tem seu laboratório em casa, em Pedra de Guaratiba-RJ, para onde acorrem os seus pupilos.
Fundou escolas, dirigiu projetos importantes, foi professora na UnB em 1966, solidarizando-se com os estudantes em uma época que a polícia invadia o campus e acabou presa junto com os manifestantes. Trabalhou no CNPq, no IBGE, colaborou com quase todas as instituições de pesquisas botânicas do país, desmitificou a botânica e a taxinomia (que dá nomes aos tipos de espécies novas). Roberto Burle Marx abria mão de qualquer compromisso se o assunto fosse Graziela. Tinha uma admiração enorme por seu trabalho científico, aliada à afeição que lhe caracterizava. Um dia, em reunião no Jardim Botânico do Rio, Marcelo Ipanema, que discursava em sua homenagem, chegou a dizer que todos nós devíamos reverências à “santa Graziela”. E, quem tem o privilégio de conhecê-la ou conviver com ela, sabe que não há exagero e nada é gratuito. Além dos muitos artigos técnicos publicados em revistas especializadas, Graziela escreveu “Sistemática de Angiospermas do Brasil”, em três volumes (0, 84,86). Escreveu, também, “A Morfologia dos Frutos e Sementes de Dicotiledôneas Brasileiras Aplicada à Sistemática”, a ser lançado pela Universidade de Viçosa.
Por seu trabalho e dedicação, por sua contribuição à ciência e aos homens, por sua capacidade de buscar na pesquisa os recursos para o desenvolvimento econômico do país, e por exemplo às novas gerações, Graziela Maciel Barroso é Gente do Meio e recebe, por justiça, a homenagem da equipe da Folha do Meio Ambiente.
Gente do Meio
ADEUS, ORLANDO BRITO



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