Janela da Corte
RAUL DE XANGÔ
xango.jpg
Pelo
nome de cartório, pouca gente o conhece.
Quer ver só? Você saberia que
o verdadeiro nome de Raul de Xangô é
Raul Lenício Trindade de Araújo?
Pois é, isso faz parte da arte mágica
de um homem que é muito mais do que
um bruxo. É um Mago! E um mago muito
bem informado, sempre em dia com a política,
contemporâneo de seu tempo e muito requisitado
por brasileiros e estrangeiros. Nascido no
Rio Grande do Norte, Raul de Xangô mantém
um templo de candomblé no Núcleo
Bandeirante e uma aldeia onde cultua Diana,
a Caçadora, num ritual pagão.
É compositor, músico, poeta
e escreveu três livros: “1994
– O Ano do Cão” , “Ori
Axé – Cabeça Feita” e
“Tarô, o Baralho dos Deuses”.
Dono da loja “Ajala”, na 114 Norte,
onde vende artesanato e produtos místicos,
Raul de Xangô, esse candango com 30
anos de Brasília, é acima de
tudo um sábio: “No jogo se perde
mais do que se ganha, porque vencer, definitivamente,
é encerrar o jogo”. Agosto é
um mês ótimo para Raul de Xangô
abrir a JANELA DA CORTE e falar do jogo da
vida, da Capital e de seus personagens.
1 – Duas coisas que
mais o incomodam em Brasília.
Primeiro, a improvisação profissional
que existe em quase todas as áreas.
São os falsos ou medíocres ditos
profissionais. Os que nada são, mas
que inventam ser conhecedores ou habilitados
para determinado ofício, causando transtornos
e prejuízos invariáveis. Em
Brasília tem muita gente que pertence
ao clube do “faz-de-conta”.
Segundo, a pobreza e o arremedo cultural/artístico/recreativo
que perdura e cada vez mais se congestiona
na cidade pela carência de incentivos
privados e públicos. Ainda pela limitação
da própria criatividade dos que, por
algumas razões, são acolhidos
ou apadrinhados pelo poder. Não há
dinheiro e nem liberdade para o vôo
das verdadeiras cabeças que sabem imaginar,
gerar, fazer certo.
2 – Duas coisas que
mais o incomodam no Governo Cristovam.
Uma: ele quer governar, quando já deveria
estar governando desde o dia de sua posse.
Outra: pela sua formação intelectual
e pelo poder adquirido pelo voto, além
de administrar bem (o que ainda não
aconteceu) ele poderia estar, também,
liderando e ensinando os seus aliados políticos.
Iluminando a face de uma antiga e obstinada
oposição que tanto sonhou galgar
o cume do poder. Hoje ocorre o contrário:
quando os seus aliados voltarem a ser oposição
(se não acontecer o milagre das mudanças)
terão uma face obscura diante dos olhos
do povo.
3 – De 1 a 10, qual
será a intensidade do brilho que os
astros prometem para cada um deles em 1998?
(Obs. Essa resposta foi a que levou mais tempo
de Raul de Xangô, pois ele fez questão
de estudar meticulosamente os astros, tarôs
e dados para respondê-la)
Fernando Henrique – 5
Cristovam Buarque – 5
Arlete Sampaio – 5
Geraldo Magela – 4
Chico Vigilante – 3
Joaquim Roriz – 8
Luiz Estêvão – 6
José Roberto Arruda – 8
Wigberto Tartuce – 5
Paulo Octávio – 6
Sérgio Koffes – 4
Valmir Campelo – 5
Osório Adriano – 5
4 – Um recado para o
governador Cristovam Buarque.
Governador: o tempo praticamente não
existe. É uma passarela. Quem existe
é o homem. Até o final de seu
mandato é possível realizar
o ponderável, não importa o
percurso já ultrapassado. Forme uma
equipe de profissionais capazes, experimentados
e politicamente audazes. E apenas os fiscalize.
O melhor governo é o que não
governa, não é assim? É
impossível acreditar em partidos. Eles
são divididos, fragmentados. Acredite
no destino que o fez Governador de Brasília.
5 – Quais foram o pior
e o melhor Governador de Brasília?
No passado os governantes no DF eram favorecidos
por concessões de verbas mais amplas
e não tinham oposições
políticas organizadas (Câmara
Distrital) e contavam com o apoio do Governo
Federal. Isso dificulta a resposta. Mas, José
Aparecido de Oliveira e Joaquim Roriz foram
os mais destacados. Aparecido no âmbito
cultural e Roriz em sua relação
com o povo. Quanto ao pior, se Cristovam não
transmutar o “chumbo” em “ouro”
corre o risco dessa qualificação.
6 – Dois nomes que sabem
fazer Brasília ser respeitada lá
fora?
Joaquim Cruz e Cássia Eller.
7 – Quem acerta mais:
os videntes ou a meteorologia?
Esse jogo dá empate: zero a zero.
8 – Os bruxos cuidam
mais dos homens do Poder ou do povo?
Circunstancialmente, dos homens do Poder.
O povo não tem acesso aos magos, porque
sonha ou se ilude com a magia do Poder.
9 – Quem mais procura
os bruxos: os políticos, os empresários
ou as mulheres?
Sem diferenciação de classes
ou categorias. Depende da necessidade interior
de cada pessoa.
10 – Brasília
é a capital do misticismo ou da mistificação?
Do misticismo como essência cósmica/ancestral,
na busca interior desse reencontro mágico
para trilhar o Terceiro Milênio – A
Nova Era. E, também, da mistificação.
Dos falsos profetas da política e do
poder generalizado que usurpam e violentam
os direitos do Homem e da Terra.
11 – Qual o pecado capital
de Brasília?
É ter a missão-provação-cármica
de sediar o caldeirão político
nacional, onde ainda há muitos “sopradores”
e poucos alquimistas, obscurecendo injustamente
lá fora a imagem bela e cristalina
de Brasília – sonho profético
de Dom Bosco, Cidade Esperança e do
renascimento humano: Brasil Ano 2000.
12 – Em que Estado nasceu
o próximo governador de Brasília?
Tanto pode ter nascido em Minas quanto em
Goiás.
Janela da Corte
ARLETE SAMPAIO

Por nascimento, ela é baiana de Itajiba;
Por educação secundária,
ela é mineira de Belo Horizonte; Pela
universidade e pela política, ela é
brasiliense da gema. Arlete Sampaio, vice-governadora
do DF, médica-sanitarista, uma das
fundadoras da CUT-DF, com profunda militância
sindical, mora em Brasília há
26 anos. Duas coisas me chamaram atenção
na conversa com a vice-governadora e no acompanhamento
diário que faço do Governo petista.
Primeiro: Arlete veio da ala mais radical
do partido, uma trotskista de carteirinha,
e hoje é o equilíbrio do partido
e do Governo Cristóvam. Segundo: neste
caleidoscópio de críticas a
membros do governo petista, neste emaranhado
de brigas e disputas, a vice-governadora –
queiram ou não – é inatacável.
Da linha trotskista de ontem ela virou o ponto
de unidade de hoje. É por isso que
vale a pena saber um pouco mais desta mulher
que, no difícil cargo de vice, é
– por assim dizer – uma unanimidade de seriedade
e coerência. Uma médica que está
sempre pronta a colocar mercúrio-cromo
nas feridas abertas por companheiros do partido
e do governo. Arlete Sampaio abriu a Janela
da Corte deste domingo e mostrou que tanto
a baianice como a mineirice ficaram lá
para trás. Agora a vice é uma
candanga legítima que não está
disposta a entregar, de graça, o espaço
e o respeito que conquistou.
1 – O que mais a incomoda
na política?
A predominância dos projetos individuais
sobre os projetos coletivos.
2 – Ser governo lhe
agrada?
Sim, no sentido de poder realizar os nossos
ideais.
3 – Em três anos
de governo do PT, no difícil papel
de vice-governadora, quais foram os três
momentos mais gratificantes?
A participação nas plenárias
do Orçamento Participativo. As inaugurações
de obras que mudam para melhor a qualidade
de vida da população. A visualização
do crescimento da consciência-cidadã,
como no programa Paz no Trânsito.
4 – E quais foram os
três momentos mais amargos?
As injustas críticas feitas ao GDF,
principalmente no primeiro ano. As incompreensões
mútuas entre o GDF e o Movimento Sindical.
As críticas amargas feitas por companheiros
que participaram do Governo.
5 – Há algum
desconforto em ser vice?
Vice, como se diz, é vice. Há
um certo desconforto por nem sempre poder
imprimir um estilo próprio de trabalho.
6 – O Lula não
queria sair candidato à Presidência.
E saiu. A senhora não gostaria de ser
novamente vice. Vai ser?
Tudo depende da discussão que estamos
fazendo no âmbito interno do PT e depois
com os Partidos da Frente. Se for necessário,
repito a dose.
7 – Como médica-sanitarista,
a saúde pública brasileira tem
jeito?
Claro que tem. Depende apenas de vontade política
e de profundo compromisso com o povo.
8 – Onde a senhora mais
se realizou: coordenando os programas de saúde
pública do DF, na direção
no PT-DF ou no cargo de vice-governadora?
Pela amplitude das ações das
quais tenho participado é, sem dúvida,
mais gratificante ser vice-governadora.
9 – Como vice-governadora
a senhora coordena as Administrações
Regionais e órgãos do GDF; implantou
o Programa Integrado de Combate ao Uso e Abuso
de Drogas no DF; coordena o Orçamento
Participativo; e coordena as bancadas petistas
na Câmara Distrital e Federal. Governar
é mais fácil do que se pensava?
Primeiro, uma correção: não
coordeno as bancadas. Quem coordena é
o Governador. E, neste ano, o melhor trabalho
realizado foi no planejamento político-financeiro
do governo e na coordenação
na área de habitação.
Agora vamos à resposta: é sempre
fácil fazer qualquer coisa, quando
fazemos com boas intenções,
com clareza do que queremos e com firmeza
de posições.
10 – Se o Governo petista
começasse hoje e fazendo um replay
do que passou: qual o principal erro que a
senhora tentaria evitar?
Cometemos alguns erros. Talvez o maior tenha
sido em não divulgar, com dados e fatos,
a situação caótica em
que encontramos o Distrito Federal.
11 – Sinceramente, qual
o grande mérito do Governo Cristóvam
Buarque?
Ser democrático, popular e honesto.
12 – Delfin Neto disse
que Lula será mais uma vez sparring
eleitoral. Isso tem sentido?
Claro que não. Ele sabe bem das incertezas
do momento político brasileiro e sabe
que Lula tem boas chances eleitorais e pode
bem nocautear FHC.
13 – Como a senhora
vê a saída de Luiza Erundina
e Vitor Buaiz do PT: Uma Questão de
acomodação. Já
foram tarde. O PT tem regra para ser cumprida.
Grande perda. Estavam no ninho errado.
Embora seja uma perda, o PT tem regras para
serem cumpridas.
14 – Dê o nome
de três brasileiros vivos que a senhora
mais admira.
Luiz Inácio Lula da Silva, pela inteligência
excepcional; Chico Buarque de Holanda, pela
sensibilidade quase feminina; e Fernanda Montenegro,
que aliás é minha xará,
por seu talento.
15 – Qual destas três
máximas está mais próxima
da verdade:
· Exatamente no momento em que você
pensa que vai conseguir juntar duas extremidades,
alguém as muda de lugar.
· Nunca ande por caminhos já
traçados. No máximo eles vão
levar a lugares onde outros já estiveram.
· Atrás de um grande homem tem
sempre uma grande mulher.
Nenhuma delas faz minha cabeça.
16 – O PT tem que mudar
para crescer ou tem que crescer para mudar
ou tem que continuar como está?
Nenhuma das formulações expressam
as necessidades do PT, mas poderia admitir
que “tem que crescer para mudar”,
na medida em que crescendo expressaria melhor
o sentimento da nossa população.
17 – O Partido aceitará
contribuição da iniciativa privada
para a próxima campanha eleitoral?
No último encontro, o partido decidiu
aprovar as contribuições de
Pessoas Jurídicas, mas dentro da mais
absoluta transparência.
Janela da Corte
PAULO CASTELO BRANCO

PAULO CASTELO BRANCO é um advogado brasiliense, com jeito “boa praça” dos cariocas e nascido em Parnaíba, Piauí.
É autor de “Brasília 2.030”, um ensaio que mostra o caminho de destruição que Brasília vai percorrer até que alcance o momento da ressurreição. Está preparando seu segundo livro: “A Morte de JK”, pela Editora Diadorim, do Rio, onde, numa mistura de realidade e ficção, dá uma visão ampla à respeito dos mistérios que envolvem a morte de Juscelino, numa trama baseada no exame do processo que apurou a possível eliminação de JK em atentado. Casado com Vera, pai de quatro filhos, tem dois netos, PCB leva a vida advogando, escrevendo artigos e, como presidente da Comissão de Ética da OAB-DF, procurando defender os interesses dos cidadãos e de Brasília. Quando o assunto é o Distrito Federal – seus políticos e seus problemas – a conversa com Paulo Castelo Branco não tem fim e suas posições, sempre corretas, são defendidas com o rigor dos honestos. Para falar sobre Brasília, os brasilienses, pena de morte, Governo e a justiça brasileira, Paulo Castelo Branco abre hoje a “Janela da Corte” e, data vênia, não deixa de reclamar dos governantes que ainda não perceberam que dirigem uma obra de arte, que por si só bastaria para transformar o turismo da Capital na nossa grande indústria.
1 – Duas coisas que mais o incomodam em Brasília.
Primeiro a falta de interesse na preservação do Plano Piloto e, segundo, a sobra de interesse de alguns em explorar de todas as formas a nossa Capital.
2 – De 1 a 10, dê sua nota para essas personalidades:
Fernando Henrique – 7, como o prof. Gianotti que o conhece há 45 anos Cristovam Buarque – 5, pela Bolsa Escola, que esgotou a imaginação do PT Itamar Franco – 10, por ter assumido o Governo num momento crítico, de forma democrática e encaminhado a restruturação econômica com implantação
do Real e fazendo FHC seu sucessor.
Lula – 5, pelo passado de lutas.
Paulo Maluf – 5, pelas lutas do futuro, se tiver.
Senador Lauro Campos – 4, pelo brilhantismo da escolha de seu suplente.
Senador Arruda – 6, pelo seu desempenho político.
Senador Valmir Campelo – 5, por sua quase eleição para governador.
Joaquim Roriz – 7, por sua visão social aplicada inadequadamente no DF.
Arlete Sampaio – 4, por ser vice.
Luiz Estevão – 6, por seu desempenho político.
Wigberto Tartuce – 4, por suas composições.
Chico Vigilante – 3, por ser um dos Chicos.
3 – Como morador da Península dos Ministros: a ciclovia do Lago Sul veio para o bem ou para o mal.
Para o bem. O acesso às margens do Lago está consolidado e não se discute.
4 – Três nomes que sabem honrar o nome de Brasília?
O arquiteto Carlos Magalhães, o ex-governador José Aparecido de Oliveira e Ernesto Silva.
5 – A OAB tem, entre outras finalidades, o dever de defender a Constituição. Na próxima eleição da OAB, as chapas também não deveriam ter 20% de mulheres advogadas como nas eleições para cargos eletivos?
Sim. A participação das mulheres é crescente e, no futuro, espero que seja garantido os 20% para os homens.
6 – Caiu a qualidade de vida de Brasília. É resultado de um nivelamento por baixo ou uma tendência do País?
É resultado de uma política que busca tornar Brasília uma cidade como as outras. Brasília é Patrimônio da Humanidade e sua qualidade de vida está diretamente ligada à preservação do Plano Piloto.
7 – Bolsa Escola, Projeto Orla e DF Verde. O PT está sabendo administrar Brasília?
Não! Só se salva a Bolsa Escola.
O Projeto Orla é sonho e o DF Verde amarelou..
8 – Você fechou com a Editora Diadorim, do Rio, um livro sobre a morte de JK, que será lançado agora em março. Como “Brasília 2.030”, esse livro será mais ficção ou pretende provar, pela ciência de Deus e dos homens, quem eliminou Juscelino?
O livro é realidade e ficção.
No Brasília 2.030, a ficção está em transformação para a realidade. No “Morte de JK”, o real, como dizia Golbery, “ainda deverá demorar um pouco”.
9 – Sem autonomia econômica, sede dos 3 Poderes e do Corpo Diplomático, é correto que Brasília tenha autonomia política?
No final da Ditadura todos achávamos que a autonomia política era fundamental.
Hoje sou a favor da diminuição do DF de acordo com o projeto de emenda constitucional do senador Francisco Escórcio.
10 – A Justiça é a mesma para os pobres e para os ricos?
A lei é para pobres e ricos. A distribuição da Justiça nem sempre satisfaz a todos.
11 – A pena de morte é uma solução para o aumento da criminalidade ou uma reparação aos parentes das vítimas?
A pena de morte não é solução para nada. É a lei mais estúpida em qualquer país e coloca no mesmo nível a sociedade e o criminoso. Devemos exigir o cumprimento total das penas para os crimes hediondos e buscar a aplicação de penas alternativas cumuladas com elevadas sanções pecuniárias.
12 – A OAB se mete em tudo, o advogado pode exercer quase todas as profissões, hoje até para abrir uma firma se precisa de advogado. Esse é o País dos advogados?
A OAB é a entidade representativa dos advogados, legitimada constitucionalmente para assegurar o respeito à lei e aos direitos dos cidadãos, sendo essencial à administração da Justiça.
O país não é somente dos advogados, é de todos os diplomados, principalmente, da grande maioria não diplomada.
13 – Qual o pecado capital de Brasília?
Ser pequena demais para se sustentar economicamente e grande demais para ser mantida pela União, em prejuízo de outras unidades da Federação.
Janela da Corte
“PACOTÃO”

Ele é muito mais estranho do que a vitória
de Antônio Carlos Magalhães no
Senado. Mais misterioso do que o veto do governador
Cristóvam Buarque à Fazenda
Santa Prisca. Muito mais esquisito do que
o Secretário de Turismo, Rodrigo Enrollemberg.
Mais temeroso do que o próprio Michel
Temer. E muitíssimo mais arredio a
entrevistas do que o deputado José
Genoíno. Todos os anos, no Carnaval,
um estranho, inusitado, misterioso e arredio
personagem aparece fugaz nas crônicas
de jornais, tevês e rádios de
Brasília. Jornalistas do mundo inteiro
fazem de tudo para conseguir dele um único
depoimento, uma única frase que seja.
E nada. Para os repórteres mais novos,
isso pode até valer uma promoção.
Para os experientes, quem sabe, um Prêmio
Esso. Quem for de Carnaval, já matou
a charada. Estamos falando, é claro,
de Charles Pretto, o ditador perpétuo
e vitalício da “Sociedade Armorial
Patafísica Rusticana – O Pacotão”,
o mais famoso e irreverente Bloco Carnavalesco
de Brasília, melhor dizendo, do Brasil.
O Pacotão comemora, este ano, 20 anos
de Carnaval, sempre na contramão da
avenida e da história, consolando os
fracos e reprimidos e aterrorizando os poderosos
de plantão…sejam eles os carrancudos
generais da falecida ditadura militar, príncipes
de carteirinha da sociologia ou os barbudos,
carecas e barrigudos petistas dos governos
democráticos e populares.
Recém chegado de Miami, onde deixou
seu cunhado vistoriando a reforma de seu barraco
em West Palm Beach, Charles Pretto concordou
em falar. Depois de mil subterfúgios,
concedeu essa entrevista inédita. Primeira
e única, garante ele. Evoluindo na
boquinha da garrafa, com revelações
destampadas sobre o poder, o PT, o FHC, o
prazer e, é claro, sobre Brasília
e o Pacotão, Charles Pretto não
está nem um pouquinho preocupado em
segurar o tcham. Abre a Janela da Corte deste
domingo de Carnaval e coloca seu tcham de
fora. Um horror!
1) O que o incomoda
mais:
Em Brasília: as gambiarras do Governo
do PT e o Principado do Palácio da
Alvorada.
No Governo do PT: a liderança do senador
José Roberto Arruda.
Na ARUC: a concorrência que fazem ao
meu Bloco
No Carnaval: o de sempre, a falta de quorum
do Congresso.
2) Qual foi a melhor
marcha do Pacotão?
Sem dúvida nenhuma, o Aiatolá,
de 1979. Aliás, ela não foi
apenas a melhor. Foi a única. Até
hoje o povo só sabe cantar “Ga-gá,
ga-gá, Geisel/ Você nos atolou
/E o Figueiredo também vai atolar/
Aiatolá, Aiatolá, venha nos
salvar / Que esse governo já ficou
gagá/ Ga-gá, ga-gá, Geisel…”
3) Três carnavalescos
de Brasília que sabem acontecer na
Sapucaí?
Antigamente era o Haroldo Meira, que foi Administrador
de Brasília, não gostava do
Carnaval da cidade e fugia na véspera
para desfilar na Mangueira. Hoje é
o Moa, que vai desfilar na ARUC no domingo,
pega um avião depois do desfile e na
segunda-feira desfila na Portela. Pena que
ele não queira mais saber do Pacotão.
O terceiro maior carnavalesco parece que este
ano vai dar o cano: Itamar Franco, o rei da
Sapucaí, porta-estandarte do Fusca
e topete de honra do Grêmio Recreativo
Unidos do Pão-de-Queijo.
4) A reeleição
foi um “pacotão”?
Ixe! Não passou de um “pacotinho”.
O príncipe Fernando II ainda tem muito
que aprender comigo. Pra que reeleição,
professor? Por que ele não faz como
eu, que sempre me declarei ditador perpétuo
e vitalício do meu Bloco? É
verdade que eu não tinha o Serjão
pra atrapalhar, nem o Maluf pra ajudar…
Tem nada não, um dia ele aprende. Se
o Toninho Perdura não lhe der a receita,
é só me procurar. Afinal de
contas, depois de quarta-feira, eu entro no
PLV (Plano de Licença Voluntária),
e vou gastar minha grana em Miami, num barraco
com privada de ouro que eu aluguei ao lado
da mansão do outro Fernando, o Primeiro.
Terei muito tempo livre.
5) Cristovão
rima com Estevão? Isso dá samba
ou atravessa na avenida?
Dá um sambão rasgado, com direito
a socos e caneladas. Dinheiro pra gravar o
CD não vai faltar. É só
pedir pra Odebrecht ou sacar a fundo perdido
nas sobras da “Operação
Uruguai”. Dá também frevo,
maracatu, salsa, merengue, bolero e samba-canção.
Quem sabe o mestre Jamelão não
topa gravar? O risco é que, com tanta
baixaria, vão acabar reinventando a
“dança da bundinha”…
6) E o que você
faz quando o Pacotão está de
recesso?
Bem, não consegui arrancar do “Duque
de Águas Claras”- Grão-Senhor
do Governo Democrático e Popular do
DF – um DAS compatível com as minhas
qualidades de estadista. Assim, não
me resta outra alternativa senão apelar
ao “Barão da Santa Prisca”
para conseguir uma boquinha como prefeito
biônico da “OKlândia”,
a nova cidade que vai nascer ali, desinteressadamente.
OK, deputado?
7) É verdade
que este ano você vai distribuir frango,
a âncora do Real, na concentração
do Pacotão?
Injustiça. Será frango com iogurte,
a mais nova receita do cardápio do
chef Malan. Será minha contribuição
para a estabilidade da moeda. Assim, quem
sabe, acabam com os estoques de frango e iogurte,
que ninguém agüenta mais, e eles
resolvem baixar o quilo do filé mignon
e o preço do passe do Ronaldinho.
8) O que você
acha do Joãozinho Trinta ter trocado
o Carnaval do Rio pelo de Brasília?
Uma questão de oportunidade. Pelo visto
ele descolou alguma boquinha com o “Duque
de Águas Claras”. O perigo é
ele aprender a fazer Carnaval com o pessoal
da ARUC, enlouquecer de vez e querer comprar
a Mocidade Independente do Gama. Ou então
ter um filho com a Marilena Chauí e
se candidatar a Secretário de Cultura
do Governo Democrático e Popular. Já
pensou!
9) Qual a virtude capital
do Pacotão?
Não ter capital. Infelizmente…Se
tivesse, quem sabe, meu cunhado poderia terminar
o meu barraco em West Palm Beach!
10) Qual o pecado capital
de Brasília?
Ter um pacotão em cada Palácio
e uns pacotinhos em cada gabinete. Infelizmente…
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