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Museu Guimarães Rosa

Cordisburgo: Museu Casa Guimarães Rosa abriga acervo da vida e obra do escritor

 

SERTÃO ROSEANO

 

“Quando escrevo, repito o que já vivi antes.

E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.

Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo

vivendo no Rio São Francisco (…) porque

amo os grandes rios, pois são profundos

como a alma de um homem”.  Guimarães Rosa

 

Era uma segunda-feira, 3 de novembro. Cheguei a Cordisburgo no início da tarde. Queria fazer uma nova visita à Gruta de Maquiné. Estava fechada devido à pandemia do novo Coronavírus. Depois, tinha o interesse de conhecer, detalhadamente, o Museu Casa Guimarães Rosa. Preocupado, achei que não era dessa vez que mergulharia no mundo roseano. Mas tive o privilégio de ser o primeiro visitante do Museu Guimarães Rosa pós-pandemia. Fui recebido pelo Coordenador do Museu, Ronaldo Alves de Oliveira, que foi logo dizendo:

– Acabamos de abrir o Museu e você é o primeiro visitante pós-pandemia.

Com tempo e disposição, pude fazer uma viagem tranquila pelo sertão das Minas Gerais. E comprovei, mais uma vez, o que escreveu Guimarães Rosa: “O SERTÃO É DO TAMANHO DO MUNDO”.

 

Em 19 de novembro de 1967 falece João Guimarães Rosa, que teve uma vida dedicada à medicina, diplomacia e literatura. Guimarães Rosa renovou o romance brasileiro. Em 6 de agosto de 1963, Guimarães Rosa foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, sendo empossado só em 16 de novembro de 1967. Foi o terceiro ocupante da Cadeira 2, na sucessão de João Neves da Fontoura e recebido pelo acadêmico Affonso Arinos de Mello Franco. Três dias depois da posse na ABL, em 19 de novembro, Guimarães Rosa tem um infarto e morre no Rio de Janeiro.

A última mensagem de João Guimarães Rosa veio de seu memorável discurso pronunciado, em 1967, ao assumir sua Cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras. A morte de Guimarães Rosa três dias depois da posse pareceu a muita gente um presságio. Outros afirmam ser apenas coincidência. O fato é que o autor de “Grande Sertão: Veredas” deixou para a literatura nacional um legado de emoções, em causos, história e cultura regional.

 

CASA GUIMARÃES ROSA

O MUSEU CASA GUIMARÃES ROSA fica na casa onde o diplomata, escritor e médico nasceu e viveu seus primeiros nove anos de sua vida. O imóvel característico e bem situado em frente à estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, está na rua Padre João com a Travessa Guimarães Rosa, na cidade mineira de Cordisburgo-MG. Era a residência da família. Tinha uma venda que atendia vaqueiros da região e era mantida por seu pai Florduardo, mais conhecido pelo “seu Fulô”. A vendinha de “seu Fulô” funcionou até 1923. Depois teve outros donos. Em 1971, o governo de Minas comprou o imóvel e transferiu-o para o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. Em 1982, o museu passou por restaurações e adaptações arquitetônicas para receber a exposição ROSA DOS TEMPOS, ROSA DOS VENTOS.

 

Segundo o coordenador do Museu, Ronaldo Alves de Oliveira, o museu tem dois fatos que originam seu surgimento. O primeiro deles foi o inesperado falecimento do escritor, em 1967. O segundo foi a criação do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, em setembro de 1971, que materializava o sonho preservacionista que vigorava na época. A Casa apresenta varanda lateral, cunhais de madeira pintada, paredes de adobe, cobertura em duas águas (tipicidade do telhado), vãos internos em linhas retas e acabamento singelo. Conserva planta e arquitetura originais, concebido como centro de referência da vida e da obra do escritor mineiro e como núcleo de informações, estudos, pesquisa e lazer.

 

IMAGENS DO MUSEU GUIMARÃES ROSA

Inaugurado em março de 1974, o museu tem dois fatos que originam seu surgimento. O primeiro deles foi o inesperado falecimento do escritor, em 1967. O segundo foi a criação do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, em setembro de 1971, que materializava o sonho preservacionista que vigorava na época.

 

O MANTO DO VAQUEIRO

O Manto do Vaqueiro é a representação do sertão mineiro, uma homenagem aos vaqueiros – personagens importantes da História do Brasil. É também uma possível leitura da literatura de João Guimarães Rosa. O Manto foi bordado por aproximadamente 200 pessoas. A capa partiu da cidade de São Paulo e viajou pelas cidades de Cordisburgo, Andrequicé, Três Marias e Morro da Garça. O Manto significa uma experiência coletiva de tecer e compartilhar a criação de uma obra bordada por muitas mãos a partir de muitos causos e histórias.

 

O MANTO DO VAQUEIRO

 

ENTRA-SE NO CONTO –  Cartaz colocado na entrada do Museu Guimarães Rosa escrito pelo então Secretário da Cultura de Minas Gerais, Ângelo Oswaldo de Araújo Santos.

 

O Museu Guimarães Rosa reúne grande acervo de fotos, coleção com as ilustres gravatas-borboleta, aproximadamente 700 documentos textuais, toda a obra literária, originais manuscritos ou datilografados, a exemplo de Tutaméia (última obra publicada), matrizes de xilogravuras usadas em volumes como Corpo de Baile (1956), espada, bainha e diploma da Academia Brasileira de Letras, máquina de escrever, rascunhos de trabalhos e outros objetos pessoais.

 

 

 

Em 3 de novembro, uma segunda-feira, cheguei a Cordisburgo para visitar pela terceira vez a Gruta de Maquiné e conhecer o Museu Casa Guimarães Rosa. Um sonho antigo. Devido à pandemia do novo Coronavírus, a Gruta de Maquiné ainda estava fechada. Mas tive o privilégio de ser o primeiro visitante do Museu Guimarães Rosa pós-pandemia. Fui recebido pelo Coordenador do Museu, Ronaldo Alves de Oliveira, que foi logo dizendo:

– Acabamos de abrir o Museu e você é o primeiro visitante pós-pandemia.

Com tempo e disposição, pude fazer uma viagem tranquila pelo sertão de Minas Gerais. E pude comprovar o que escreveu Guimarães Rosa: “O SERTÃO É DO TAMANHO DO MUNDO”.

 

 

CORPO DE BAILE – Correções de próprio punho de Guimarães Rosa no texto datilografado.

 

 

 

 

 

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VENTO DA ARTE NOS CORREDORES DA ENGENHARIA

Lá se vão 9 anos. Março de 2014.

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No dia 19 de março, quando o Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civil do DF completava 50 anos, um vendaval de Arte, Musica, Pintura adentrou a casa de engenheiros, arquitetos e empresários e escancarou suas portas e janelas para a Cultura.
Para que o vento da arte inundasse todos seus corredores e salões, o então presidente Júlio Peres conclamou o vice Jorge Salomão e toda diretoria para provar que Viver bem é viver com arte. E sempre sob as asas da Cultura, convocou o artista mineiro Carlos Bracher para criar um painel de 17 metros sobre vida e obra de JK e a construção de Brasília. Uma epopeia.
Diretores, funcionários, escolas e amigos ouviram e sentiram Bracher soprar o vento da Arte durante um mês na criação do Painel “DAS LETRAS ÀS ESTRELAS”. O mundo da engenharia, da lógica e dos números se transformou em poesia.
Uma transformação para sempre. Um divisor de águas nos 50 anos do Sinduscon.
O presidente Julio Peres no discurso que comemorou o Cinquentenário da entidade e a inauguração do painel foi didático e profético:
“A arte de Carlos Bracher traz para o este colégio de lideranças empreendedoras, a mensagem de Juscelino Kubitschek como apelo à solidariedade fraterna e à comunhão de esforços. Bracher é nosso intérprete emocionado das tangentes e das curvas de Oscar Niemeyer e Lucio Costa. Nos lances perfomáticos de seu ímpeto criador, Bracher provocou um espetáculo de emoções nas crianças, professores, convidados, jornalistas e em nossos funcionários.
Seus gestos e suas pinceladas de tintas vivas plantaram sementes de amor à arte. As colheitas já começaram.”
Aliás, as colheitas foram muitas nesses nove anos e serão ainda mais e melhor na vida do Sinduscon. O centenário da entidade está a caminho…
Sou feliz por ter ajudado nessa TRAVESSIA.
SG
Fotos: Carlos Bracher apresenta o projeto do Painel. Primeiro em Ouro Preto e depois visita as obras em Brasília.
Na foto: Evaristo Oliveira (de saudosa Memória) Jorge Salomão, Bracher, Julio Peres, Tadeu Filippelli e Silvestre Gorgulho
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METÁFORAS… AH! ESSAS METÁFORAS!

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Sou fascinado com uma bela metáfora. Até mesmo porque não há poesia sem metáfora. Clarice Lispector é a rainha das metáforas. Maravilhosa! Esta figura de linguagem é uma poderosa forma de comunicação. É como a luz do sol: bate n’alma e fica.
Incrível, mas uma das mais belas metáforas que já li é de um naturalista e geógrafo alemão chamado Alexander Von Humbolt, fundador da moderna geografia física e autor do conceito de meio ambiente geográfico. [As características da fauna e da flora de uma região estão intimamente relacionadas com a latitude, relevo e clima]
Olha a metáfora que Humbolt usou para expressar seu encantamento pelo espetáculo dos vagalumes numa várzea em terras brasileiras.
“OS VAGALUMES FAZEM CRER QUE, DURANTE UMA NOITE NOS TRÓPICOS, A ABÓBODA CELESTE ABATEU-SE SOBRE O PRADOS”.
Para continuar no mote dos vagalumes ou pirilampos tem a música do Jessé “Solidão de Amigos” com a seguinte estrofe:
Quando a cachoeira desce nos barrancos
Faz a várzea inteira se encolher de espanto
Lenha na fogueira, luz de pirilampos
Cinzas de saudades voam pelos campos.
Lindo demais! É a arte de vagalumear.
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A LUA CHEIA DE MARÇO FAZ DUAS HOMENAGENS ÁS MULHERES E AO TIÃO NERY PELOS 91 ANOS

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Vou confessar. Sou como o Sebastião Nery: gosto de viajar mais por palavras do que por avião, ônibus ou carro.
Mas viajar de trem, gosto também. Sabe por quê? Simples, porque a vida é uma viagem de trem. Embarca aqui, desembarca ali. Conhece um aqui, fica amigo de outro ali. Perde um tempão aqui, mas ganha uma surpresa imensa acolá.
E nesse trem de sobe e desce, entra e sai, dorme e acorda a gente vai curtindo Manuel Bandeira com seu
“Café com pão, café com pão, café com pão… Virge Maria que foi isso maquinista?”
Este 8 de março é lua cheia para duas homenagens. Às MULHERES e ao jornalista Sebastião Nery, que completa hoje 91 anos.
Em 1976, eu organizei a festa dos 44 anos do Nery aqui em Brasília, com um churrasco. Meu Deus, e o tempo passa. Depois fiz a sua festa de 50 anos e muitos outros aniversários passamos juntos.
Quando Nery fez 80 anos, a festa foi no restaurante Forneria (hoje Rancho Português) lá na Lagoa-RJ. Junto com meu irmão João Vitor fizemos a cachaça TIÃO NERY – 80 graus. Um sucesso!
Voltando ao trem da vida, vale lembrar Villa Lobos com seu Trenzinho Caipira:
“Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade e noite a girar
Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra
Vai pela serra
Vai pelo mar”.
O trem é assim mesmo: vai pela serra, vai por aldeias, matas, pontilhões, corações e atravessa a vida.
Hoje, dia 8, o NERY faz 91 anos. E o trem vai chegando na Estação da Saudade para a gente embarcar em mais uma viagem de aniversário. O Nery na Barra da Tijuca, agora sem a Bia, e eu aqui em Brasília.
Trem difícil é passar aniversário longe dos amigos de fé.
ABRAÇO DE

PARABÉNS

, MEU AMIGO!

O trem é assim mesmo: vai pela serra, vai por aldeias, matas, pontilhões, corações e atravessa a vida.
Hoje, dia 8, o NERY faz 91 anos. E o trem vai chegando na Estação da Saudade para a gente embarcar em mais uma viagem de aniversário. O Nery na Barra da Tijuca, agora sem a Bia, e eu aqui em Brasília.
Trem difícil é passar aniversário longe dos amigos de fé.
ABRAÇO DE

PARABÉNS

MEU AMIGO!

FOTOS:
1) Nery e eu esperando o trem… que já vem, que já vem…
2) A Cachaça que comemorou os 80 do Nery
3) O Nery e a charge do MENSALÃO, quando contou num artigo bombástico como começou o Mensalão do governo PT.
4) NERY, testemunha ocular do Mensalão.
5) Nery no Seminário, estudando muito porque queria ser ‘O BISPO DE ROMA”.
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