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Bendita Cera de Carnauba
Carlos Alberto dos Santos, físico e professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS. Foi Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UNILA – Universidade Federal da Integração Latino-Americana.

Mais importante do que evitar a dispersão dos materiais é o fato de que essas cápsulas aumentam o fator de proteção solar quando comparado com aquele do óxido de titânio isolado. Ainda não se sabe a que se deve esse fenômeno. Pode ser que isso tenha a ver com a composição química da cera de carnaúba.
De tempos em tempos a cera de carnaúba, que só existe no Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, nos apronta uma surpresinha. Aparentemente, a primeira aplicação em tecnologia de ponta da cera de carnaúba se deu em 1890, quando Charles Sumner Tainter (1) a usou para preparar a superfície de um cilindro de gravação fonográfica.
Depois disso, o momento de glória seguinte foi no início dos anos 1940, quando Joaquim da Costa Ribeiro (2) utilizou uma mistura de cera de carnaúba, cera de abelha e outras resinas naturais para fabricar um material dielétrico do tipo eletreto. Com este material ele descobriu o efeito termodielétrico, que hoje é conhecido como efeito Costa Ribeiro.
Atualmente, são inúmeras as aplicações industriais da cera de carnaúba. Em algumas dessas aplicações, ela é utilizada pela mesma razão que motivou o uso nos filtros solares: a de ser a mais resistente entre as ceras naturais. Por exemplo, os compostos aromáticos são geralmente caros, delicados e voláteis. Uma forma de preservá-los é por meio do encapsulamento com cera de carnaúba.
As propriedades que fazem da cera um material apropriado para uso em cobertura e encapsulamento, são usadas pela natureza para proteger e dar vida à carnaubeira.
As frutas cítricas perdem peso por causa da transpiração. Isso pode ser minimizado cobrindo o fruto com uma fina camada de cera de carnaúba. Diversos produtos da indústria alimentar são conservados por meio desse tipo de cobertura. E, obviamente, cera de carnaúba é largamente utilizada na composição de inúmeros produtos lubrificantes, fios dentais, cobertura de balas comestíveis, entre outros.
Finalmente, uma observação nada surpreendente, mas interessante. As propriedades que fazem da cera um material apropriado para uso em cobertura e encapsulamento, são usadas pela natureza para proteger e dar vida à carnaubeira. Como a árvore cresce na árida região nordestina, ela tem que utilizar, com a maior eficiência possível, a água dos poucos dias chuvosos.
Para evitar que a água acumulada em seu caule e nas suas folhas se evapore em consequência da tórrida insolação, a natureza providencia que a cera se espalhe por todas as partes, formando esta camada protetora – para a qual o homem encontrou tantos outros propósitos.
(1) Charles Sumner Tainter – Nasceu em Watertown, Massachusetts, 25 de abril de 1854. Faleceu em San Diego, 20 de abril de 1940. Engenheiro, industrial e inventor de instrumentos científicos. Colaborou com Grahan Bell e inventou o primeiro gravador de voz, o gramofone.
(2) Joaquim da Costa Ribeiro (1906-1960) Engenheiro civil, mecânico e eletricista pela Escola Nacional de Engenharia. Joaquim da Costa Ribeiro se tornou docente da recém-fundada Universidade do Brasil (atual UFRJ). A primeira publicação de Costa Ribeiro tem o título: “Sobre a eletrização da cera de carnaúba na ausência de campo elétrico exterior”. Ganhou o Prêmio Einstein e ele próprio virou prêmio: Prêmio Joaquim da Costa Ribeiro, outorgado pela Sociedade Brasileira de Física.

Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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