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Ararinhas-azuis são reintroduzidas na natureza após vinte anos
Primeiro grupo é composto por oito aves e foi solto em Curaçá (BA)

– Foto: ACTP
Oúltimo sábado (11) foi um dia histórico para a biodiversidade brasileira: a volta de uma espécie declarada extinta há mais de duas décadas. Oito exemplares de ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) foram soltos na natureza e voaram pela primeira vez pelos céus de Curaçá, município baiano de pouco mais de 30 mil habitantes e que é o ambiente natural das aves.
A reintrodução deste primeiro grupo, de oito aves (cinco fêmeas e três machos), cumpriu um dos objetivos previstos no Plano de Ação Nacional (PAN) Ararinha-azul, coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave/ICMBio). Em seu segundo ciclo, o PAN traça estratégias de conservação da ave, que inclui objetivos como o aumento populacional por meio da reprodução dos espécimes em cativeiro, repatriação de aves que estavam no exterior; a criação de unidades de conservação dedicadas a proteger o hábitat da ararinha-azul e a soltura de alguns grupos na natureza.
Foto: ACTP
O grupo solto neste sábado incluiu também oito espécimes da ave maracanã (Primolius maracana), outro psitacídeo (grupo que inclui araras, papagaios, maritacas e afins) que é ecologicamente semelhante à ararinha-azul. Neste processo, as maracanãs serão “professoras” das ararinhas-azuis e lhes ensinarão os hábitos da Caatinga como procurar alimentos, evitar predadores e quem sabe, a construir ninhos para os primeiros filhotes nascidos em vida livre.
As aves soltas foram anilhadas e estão sendo monitoradas pela equipe do Criadouro Científico para fins conservacionistas do Programa de Reintrodução da Ararinha-azul. A partir de agora, os técnicos vão verificar como estão seus hábitos, por onde estão voando e como estão interagindo com o ambiente. Segundo a analista ambiental do ICMBio e coordenadora executiva do PAN Ararinha Azul, Camile Lugarini, pode levar cerca de seis meses para que as aves se adaptem totalmente ao seu antigo hábitat. A expectativa é de que este primeiro grupo gere lições preciosas para os grupos posteriores, tanto ensinando aos seus “calouros” como viver na natureza e gerando dados inéditos sobre o comportamento da espécie em vida livre.
Parceria
A reintrodução da ararinha-azul à natureza é somente uma etapa de um longo processo que envolve o esforço de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, de instituições públicas, privadas e do terceiro setor. A soltura deste sábado foi fruto de uma parceria entre Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a organização não governamental alemã Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP).
Dentre os produtos desta parceria, estão a repatriação de 52 aves vindas da Alemanha que posteriormente foram instaladas no Criadouro Científico para fins conservacionistas do Programa de Reintrodução da Ararinha-azul, mantido pela ACTP para criação das ararinhas-azuis.
Apesar da reintrodução, o esforço para salvar a ararinha-azul é um processo que levará muitos anos, visto a necessidade de continuar aumentando continuamente a população em cativeiro e que as novas aves tenham variabilidade genética suficiente para sustentar populações viáveis ao longo dos anos. Além disso, agora que elas retornaram ao seu ambiente natural, será necessário uma atenção especial ao habitat, a fim de evitar a degradação ambiental da Caatinga. E para isso, a participação da população de Curaçá será indispensável. Eles serão os principais defensores de sua maior joia – a ararinha-azul.

Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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