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Museu Nacional inaugura exposição ‘Brasil Futuro’

Mostra celebra o debate democrático sobre a cultura nacional e poderá ser visitada até 26 de fevereiro, com entrada gratuita

 

Agência Brasília* | Edição: Claudio Fernandes

 

O Museu Nacional da República (MuN) inaugura, nesta segunda-feira (2), uma exposição que aponta para o avanço do diálogo democrático sobre a diversidade cultural e a identidade do país. Brasil Futuro: as Formas da Democracia reúne mais de 100 obras de arte propondo esse debate no equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec). Parte das atrações para marcar a mudança no governo federal, a mostra poderá ser visitada até 26 de fevereiro, no espaço expositivo principal, com entrada gratuita.

As obras estão expostas em três núcleos: ‘Retomar Símbolos’, ‘Decolonialidade’ e ‘Somos Nós’ | Fotos: Secec

As obras expostas estão organizadas em três grupos. Um celebra a democracia e busca resgatar os símbolos nacionais. Outro revisita pautas do feminismo, da negritude, dos povos originários, do movimento LGBTQIA+ e da diversidade de olhares. Um terceiro convida o público a refletir sobre a riqueza étnica, de gênero, regional e de linguagens presentes na cultura do Brasil. O arranjo produz três núcleos expositivos, nomeados, respectivamente, Retomar SímbolosDecolonialidade e Somos Nós.

“O termo ‘futuro’ no título da exposição tem a ver com a ideia de que democracia é sempre um projeto em aberto, a ser aperfeiçoado. Essa é, ao mesmo tempo, a beleza e a dificuldade da democracia”Lilia Schwarcz, curadora

Curadoria

A curadoria de Brasil Futuro é de uma equipe formada pela historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, o arquiteto Rogério Carvalho, o ator Paulo Vieira e o secretário de Cultura do Partido dos Trabalhadores (PT), Márcio Tavares. A exposição soma-se ao evento Festival do Futuro, também na Esplanada, com shows de artistas regionais e nacionais, em 1º de janeiro, e ao rito de passagem de governo.

“O termo ‘futuro’ no título da exposição tem a ver com a ideia de que democracia é sempre um projeto em aberto, a ser aperfeiçoado. Essa é, ao mesmo tempo, a beleza e a dificuldade da democracia”, declara Schwarcz, professora na Universidade de São Paulo (USP), autora de dezenas de livros e artigos sobre autoritarismo, racismo, feminismo e outros temas que buscam explicar o conservadorismo das elites brasileiras.

A curadora Lilia Schwarcz explica que a exposição reúne obras de negros, negras, indígenas, artistas da comunidade LGBTQIA+, criadores populares e históricos a fim de ressignificar a Bandeira do Brasil

A noção de “formas”, também presente no título da exposição, refere-se – segundo a detentora de sete Jabutis, o mais tradicional prêmio literário do Brasil – às artes plásticas e aos artistas, que resistiram e tiveram um papel muito relevante ao pressionar por democracia.

Bandeira

A curadora explica que a exposição reúne obras de negros, negras, indígenas, artistas da comunidade LGBTQIA+, criadores populares e históricos a fim de ressignificar a Bandeira do Brasil “de maneira afetiva”. Ela considera que esse núcleo, nomeado Retomar Símbolos, é “muito forte, pois verde e amarelo aparecem junto a outras cores possíveis e a outras sensibilidades manifestadas diante desse ícone da nossa nacionalidade”.

A tela ‘Orixás’ (1962), de Djanira da Motta e Silva (1914-1979), terá lugar especial na exposição

Decolonialidade, afirma a curadora, remete à diversidade social e à maneira como o público pode reler a história do Brasil. “A ideia é apresentar obras que questionam e desconstroem o nosso projeto de história, tão colonial, europeu, branco e masculino, e incluir outras possibilidades e outras pautas identitárias.”

No núcleo Somos nós, Schwarcz destaca “a diversidade e o gigantismo do nosso país, que é nossa riqueza”. O grupo inclui, anota a pesquisadora, obras “tensionadas por marcadores sociais da diferença, como raça, gênero e sexo, região e geração, criando um grande caleidoscópio da cultura brasileira”.

O quadro ‘A queda do céu e a mãe de todas as lutas’ foi produzido pela artista indígena Daiara Tukano especialmente para a exposição

Acervo

Cerca de metade das obras expostas é dos acervos do MuN, do Museu de Arte de Brasília (MAB) e da Presidência da República. A tela Orixás (1962), de Djanira da Motta e Silva (1914-1979), terá lugar especial na exposição. A obra, que havia sido retirada do Salão Nobre do Palácio do Planalto em dezembro de 2019, pode ser apreciada novamente. A outra parte das peças de arte foi emprestada para a exposição por galerias e colecionadores.

Daiara precisou pintar sua nova obra dentro do próprio MuN, já que sua casa não tinha espaço para a enorme tela

A indígena Daiara Hori Figueroa Sampaio, a Daiara Tukano, artista, ativista, educadora e comunicadora, graduada e mestre pela Universidade de Brasília (UnB), produziu uma tela especialmente para a exposição. O quadro frisa a importância dos povos originários na luta pela preservação da vida no planeta. Em tinta acrílica sobre tela, com quatro metros de largura por dois de altura, teve de ser produzida no próprio MuN. “Pintei numa semana e teve de ser lá porque não tinha espaço para fazer isso em casa”, conta ela, também pesquisadora do direito à memória e à verdade dos povos originários.

Com o poético título de A queda do céu e a mãe de todas as lutas, o quadro de Daiara traz referência sutil à escultura de Michelangelo Pietá, em que o corpo de Cristo é acolhido sem vida no colo de Maria. “É uma das provocações que estão lá, mas não a única”, atalha a artista. O título também faz referência ao xamanismo Yanomami registrado no livro A queda do Céu (Davi Kopenawa e Bruce Albert, 2015), sobre como os indígenas são responsáveis por manter a floresta em pé.

 

“É ao mesmo tempo uma imagem de luto e de luta diante dos desafios que a humanidade tem de enfrentar diante da fragilidade da vida”, formula Daiara. Na tela, duas onças cercam o que evoca uma figura materna (mãe terra?) que abraça um corpo que pende (a humanidade?). As respostas ficam para o público.

Serviço

Museu Nacional da República

Brasil Futuro: as Formas da Democracia
Exposição coletiva
Curadoria de Lilia Schwarcz, Rogério Carvalho, Paulo Vieira e Márcio Tavares
2 de janeiro a 26 de fevereiro
Horário de visitação: terça-feira a domingo, das 9h às 18h30
Galeria Principal

Continuam:
Aqui Estou – Corpo, paisagem e política no acervo do MuN
Curadoria de Sabrina Moura
Mezanino
Até 2 de julho

As matérias vivas de Antônio Poteiro – barro, cor e poesia
Curadoria de Divino Sobral
Galeria Térreo e Sala 2
Até 12 de fevereiro

Entrada gratuita

*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa

 

 

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Divulgado resultado de edital do Fundo de Apoio à Cultura do DF

Nesta fase, estão contemplados os nomes para final de mérito e preliminar de admissibilidade

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Agência Brasília* | Edição: Igor Silveira

 

A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF) publicou em edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), nesta quinta-feira (7), o resultado final de mérito e preliminar de admissibilidade das propostas inscritas por meio do Edital nº 06/2023 – FAC Brasília Multicultural II – 2023.

Após a fase final de mérito, o certame partiu para etapa de admissibilidade, na qual foram analisadas somente as propostas aptas que obtiveram classificação que as colocam em condição de contemplação, considerando os critérios de distribuição e remanejamento dos recursos. Confira aqui o resultado final de mérito do Multicultural II. Conforme previsto no edital, na fase de admissibilidade foi verificado o cumprimento dos requisitos formais e documentais previstos no edital.

Nesta etapa, iniciando nesta sexta (8), será possível a reunião de novos documentos que tenham como objetivo adequar o projeto aos requisitos do edital, devendo ser supridas as ausências apontadas nas fichas de análise de admissibilidade.

*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF)

 

 

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Brasil conhece adversários da Copa América 2024

Estreia da seleção será em 21 de junho contra time da Concacaf

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A seleção brasileira conheceu o seu caminho na primeira fase da próxima edição da Copa América de futebol masculino, que será disputada entre os dias 20 de junho e 14 de julho de 2024 nos Estados Unidos. Sorteio realizado nesta quinta-feira (7) pela Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) definiu que o Brasil jogará no Grupo D ao lado da Colômbia, do Paraguai e de um representante ainda a ser definido da Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe).

E a estreia da equipe comandada pelo técnico Fernando Diniz será justamente contra a equipe da Concacaf (que pode ser Costa Rica ou Honduras), no dia 21 de junho no SoFI Stadium, em Inglewood. O segundo compromisso do Brasil é diante do Paraguai, no dia 28 de junho no Allegiant Stadium, em Las Vegas.

A última participação da seleção brasileira na fase inicial da competição será no dia 2 de julho, contra a Colômbia no Levi’s Stadium, em Santa Clara.

Grupos e datas

A campeã mundial Argentina está no Grupo A da competição, junto com Peru, Chile e um representante da Concacaf (que será Canadá ou Trinidad e Tobago). Já o Grupo B é formado por México, Equador, Venezuela e Jamaica. Por fim, o Grupo C conta com Estados Unidos, Uruguai, Panamá e Bolívia.

A fase de grupos da competição, que terá a participação de 10 seleções da Conmebol e de 6 seleções convidadas da Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe), será disputada entre 20 de junho e 2 de julho de 2024. As partidas das quartas de final serão nos dias 4 e 6 de julho, as semifinais nos dias 9 e 10 de julho, o jogo que definirá o terceiro colocado no dia 13 de julho, enquanto a grande final está marcada para 14 de julho.

Estádios da Copa América 2024:

Allegiant Stadium, Las Vegas, Nevada
AT&T Stadium, Arlington, Texas
Bank of America Stadium, Charlotte, North Carolina
Children’s Mercy Park, Kansas City, Kansas
Exploria Stadium, Orlando, Flórida
GEHA Field at Arrowhead Stadium, Kansas City, Missouri
Hard Rock Stadium, Miami Gardens, Flórida
Levi’s Stadium, Santa Clara, Califórnia
Mercedes-Benz Stadium, Atlanta, Georgia
MetLife Stadium, East Rutherford, New Jersey
NRG Stadium, Houston, Texas
Q2 Stadium, Austin, Texas
SoFi Stadium, Inglewood, Califórnia
State Farm Stadium, Glendale, Arizona

Edição: Fábio Lisboa

 

 

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Administração do plano piloto recebe troféu ouro no prêmio alto nível 2023, da CGDF

A Administração foi contemplada com o troféu ouro na solenidade do “Prêmio Alto Nível – 2023” da CGDF. O evento foi realizado no auditório da Câmara Legislativa do Distrito Federal – CLDF.

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O prêmio é desenvolvido pela Controladoria-Geral do Distrito Federal, por meio da Subcontroladoria de Controle interno, com o objetivo reconhecer as unidades integrantes do Governo do Distrito Federal que se empenharam no atendimento às recomendações de auditorias.

“O prêmio é um marco significativo de prevenção de irregularidades no DF. 130 órgãos foram avaliados e uma boa parcela foi premiada pela entrega ao cumprimento de normas. A corrupção se combate todos os dias. O trabalho preventivo é um dos mais importantes e neste sentido a Controladoria faz questão de reconhecer quem faz jus a esse compromisso com a excelência. Expresso meu agradecimento a todos os envolvidos nesse processo. Estamos construindo juntos um governo com alto padrão de prestação de serviços”, disse o Controlador Geral do DF, Daniel Alves.

“Essa premiação demostra todo comprometimento dos servidores da Administração Regional do Plano Piloto m, em desenvolver ações para melhorar ainda mais os serviços e atendimentos ao cidadão, com cuidados pela cidade, atendendo aos pedidos que chegam via ouvidoria. É com muito empenho que  toda a equipe vem trabalhando em suas áreas técnicas e cumprindo juridicamente  os trâmites necessários para dar celeridade e transparência aos trabalhos desenvolvidos. Tendo como premissa de que o cidadão é a parte mais importante do atendimento público”, disse o administrador do Plano Piloto, Valdemar Medeiros.

A premiação celebra as gestões que trataram de melhorar seus procedimentos internos, de forma a buscar maior eficiência e efetividade na prestação de serviços públicos. Aqueles órgãos ou entidades do DF que passaram por auditorias e cumpriram os critérios definidos para a premiação recebem  selo correspondente ao nível alcançado. O selo ficará estampado no site oficial do órgão ou entidade.

Texto:Daniela UejoFotos: Amanda Duarte

 

 

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