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ASSOCIAÇÃO DE PEIXE-BOI DE ALAGOAS

 

A Associação de Peixe-Boi de Alagoas (APB-AL) é uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo principal a conservação do peixe-boi marinho em seu habitat natural. Fundada em 1997, a APB-AL é uma das organizações mais importantes na luta pela proteção e preservação dos peixes-boi em Alagoas e na região Nordeste do Brasil.

A Associação de Peixe-Boi de Alagoas é uma ação comunitária, composta por ribeirinhos, pescadores, estudantes, todos moradores dos municípios de Porto de Pedras e São Miguel dos Milagres. Atualmente, a APB-AL conta com 53 associados, destes 20 são condutores do Passeio ao Santuário do Peixe-boi, 23 são remadores, além de artesãos e sócios colaboradores, todos nascidos e criados na região.

A APB-AL trabalha em conjunto com outras organizações e instituições governamentais para proteger o peixe-boi e seu habitat. Entre as ações realizadas pela associação, destacam-se:

MONITORAMENTO E PESQUISA: A APB-AL realiza o monitoramento das populações de peixes-boi em Alagoas e estudos sobre sua ecologia e comportamento. Essas informações são importantes para a criação de estratégias de conservação.

RESGATE E REABILITAÇÃO: A APB-AL mantém um centro de reabilitação para peixes-boi, onde animais resgatados são tratados e reabilitados para serem devolvidos à natureza.

EDUCAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO: A associação promove ações de educação e conscientização junto à comunidade local e turistas, visando sensibilizar as pessoas sobre a importância da conservação do peixe-boi e do meio ambiente.

ADVOCACIA: A APB-AL atua como representante dos peixes-boi perante as autoridades governamentais e outros órgãos envolvidos na proteção do meio ambiente.

A Associação do Peixe-Boi, que desenvolve o projeto Peixe-Boi, fica nas entranças do rio Tatuamunha, em São Miguel dos Milagres, na AL 101.

RECUPERAÇÃO DA ESPÉCIE

Graças ao trabalho da APB-AL e de outras organizações, a população de peixes-boi em Alagoas tem apresentado uma lenta, mas constante recuperação. Ainda assim, é necessário continuar trabalhando para garantir a sobrevivência da espécie e a preservação de seu habitat natural.

Além disso, é importante destacar que a proteção do peixe-boi não deve ser vista isoladamente, mas sim como parte de um esforço maior de conservação da biodiversidade e dos ecossistemas marinhos. A APB-AL é uma das organizações que estão na linha de frente dessa batalha, e sua atuação é fundamental para garantir a sobrevivência das espécies ameaçadas e a sustentabilidade dos recursos naturais.

Área de reabilitação – Numa enseada do rio Tatuamunha existe uma área reservada para atende filhotes e animais adultos resgatados em situação de perigo. (Foto: Luiz Antônio Machado)

A Associação de Peixe-Boi de Alagoas já conseguiu devolver à natureza mais de 50 peixes-boi por meio de seu centro de reabilitação. Esse é um número expressivo e mostra o sucesso do trabalho da associação na conservação da espécie.

O centro de reabilitação da APB-AL tem como objetivo receber peixes-boi que foram resgatados em situações de perigo, como encalhes ou ferimentos causados por atividades humanas. No centro, os animais recebem tratamento veterinário, alimentação adequada e todo o cuidado necessário para que possam ser devolvidos à natureza em condições ideais.

CUIDADOS NA HORA DA SOLTURA

A soltura de um peixe-boi é um processo delicado, que exige uma série de cuidados e precauções. Antes de serem liberados, os animais passam por um período de adaptação em um recinto de pré-soltura, onde são monitorados de perto pelos veterinários da APB-AL. Somente após uma avaliação criteriosa da saúde e do comportamento dos animais é que eles são liberados em seu habitat natural.

A devolução dos peixes-boi à natureza é uma grande conquista para a conservação da espécie, já que os animais têm um papel fundamental na manutenção dos ecossistemas marinhos. Além disso, a soltura é um importante indicador do sucesso do trabalho da APB-AL, que tem se dedicado há mais de duas décadas à proteção do peixe-boi em Alagoas.

A associação promove ações de educação e conscientização junto à comunidade local e turistas, visando sensibilizar as pessoas sobre a importância da conservação do peixe-boi e do meio ambiente. Quem faz as visitas guiadas na área sai encantado com beleza do local e a docilidade do peixe-boi.

É importante ressaltar que a APB-AL não atua sozinha nesse processo de soltura e conservação do peixe-boi. A associação trabalha em conjunto com outras organizações e instituições governamentais, como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Secretaria de Meio Ambiente de Alagoas, garantindo assim uma atuação mais ampla e efetiva na proteção da espécie e de seu habitat natural.

 

 

 

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Castanheira-da-amazônia mostra eficiência na recuperação de solos degradados

Os estudos estão sendo realizados em cultivos de castanheiras implantados em áreas que antes eram pastagens degradadas no estado do Amazonas

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Pesquisas da Embrapa em plantios de castanheira-da-amazônia (Bertholletia excelsa) indicam que a espécie é eficiente para a recuperação de solos degradados em áreas nas quais a floresta foi retirada. Trata-se de um resultado bastante promissor para a recomposição florestal desse bioma, onde existem atualmente mais de 5 milhões de hectares de solos que precisam ser restaurados. Outra vantagem observada é que as castanheiras são capazes de produzir por mais de 40 anos com pouco ou quase nenhum aporte de nutrientes. Além de contribuir para a preservação, esses cultivos podem ajudar a gerar renda e emprego para os povos da floresta, com a geração de serviços ambientais.

Os estudos estão sendo realizados em cultivos de castanheiras implantados em áreas que antes eram pastagens degradadas no estado do Amazonas. “A capacidade de crescimento demonstrada pela castanheira comprova que ela tem uma estratégia fisiológica totalmente adaptada a esses tipos de solos”, afirma o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) Roberval Lima, que realiza estudos silviculturais com essa espécie.

O embasamento para uso da castanheira na recuperação de áreas degradadas ganha ainda mais força com estudos sobre emissão de gases a partir do solo, processo também chamado de respiração do solo, e que consiste em um conjunto de fenômenos bioquímicos, envolvendo temperatura, umidade, nutrientes e níveis de oxigênio, influenciados por fatores naturais e ações humanas. As pesquisas compararam a capacidade de respiração do solo e a emissão de gases em diferentes ecossistemas, conforme os modos de uso da terra no bioma.

Uma das conclusões é que os plantios de castanheiras apresentam níveis de melhoria na qualidade do solo que mostram tendência de recuperação das características químicas, físicas e presença de microrganismos.

Segundo o pesquisador, os solos em plantios de castanheiras apresentam qualidade 50% superior à de áreas de pastagem degradadas. Foram realizados estudos comparando o fluxo de gases a partir do solo em ecossistema de floresta natural, em pós-floresta (após a corte da floresta) e em cultivos como os plantios de castanheira. “Os resultados apontam que, sob os plantios de castanheiras, o solo está se recuperando com uma tendência massiva próxima a de uma floresta natural”, destaca.

 

 

Foto acima: Siglia Souza

 

Antes pasto degradado, hoje o maior plantio de castanheira do mundo

Um dos locais de realização do estudo foi a Fazenda Aruanã, localizada no município de Itacoatiara, no estado do Amazonas, onde se encontra hoje o maior plantio de castanheiras do mundo, com cerca de 1,3 milhão de árvores. Essa área plantada de 3 mil hectares, em um total de 12 mil, substituiu a de pasto degradado.

“O projeto da Fazenda Aruanã é um bom exemplo de como recuperar uma área degradada na Amazônia. Na década de 1970, alguns empreendedores de São Paulo vieram para a região com a intenção de aproveitar os recursos de incentivo fiscal para projetos agropecuários. Anos depois, eles verificaram que a pastagem estava se degradando. Com a indicação de técnicos, iniciaram o plantio de castanha-do-brasil, também conhecida como castanha-do-pará, ou castanha-da-amazônia”, conta Lima.

O pesquisador realiza pesquisas na Fazenda Aruanã desde a década de 1990, visando aprimorar o manejo silvicultural e o sistema de produção para  frutos e madeira. “Hoje essa área está completamente restaurada com uma espécie florestal, gerando bastantes benefícios do ponto de vista ambiental, como recuperação do solo e atração da fauna, além de vantagens econômicas”, constata.

 

Foto: Roberval Lima

 

Ciência reduz tempo de germinação das sementes

O Brasil é o maior produtor mundial da castanha-da-amazônia, com cerca de 33 mil toneladas por ano, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), sendo que mais de 95% vêm de base extrativista.

A amêndoa da castanha-da-amazônia é um produto com demanda crescente no mercado mundial. Entretanto, a perspectiva é que não há mais capacidade de expansão de produção de amêndoas de castanha a partir do extrativismo, em breve tempo.

De acordo com Lima, a possibilidade de aumentar a produção nacional de amêndoas da castanha pode se dar por meio de plantios, o que é muito mais viável para o produtor, favorecendo inclusive a colheita de frutos, uma vez que permite implantar os cultivos em áreas mais acessíveis e com a logística mais fácil.

A contribuição da ciência ajudou a antecipar o tempo de produção das castanheiras. O pesquisador explica que, usando as técnicas silviculturais recomendadas, é possível reduzir de 18 para 6 meses o tempo de germinação das sementes. Além disso, técnicas como a enxertia de copa e uso de clones precoces selecionados podem antecipar a produção de frutos. Por volta de 15 anos já se tem todo o sistema em produção com mais de 80% de frutificação. “Para otimizar a frutificação, um fator importante é a questão da polinização”, acrescenta.

Lima alerta que é muito importante reservar faixas de mata nativa entre as áreas de plantio nos cultivos de castanheira porque favorecem a presença de polinizadores no ambiente. Na Fazenda Aruanã, existem faixas de mata de 500 metros entre os plantios para estimular a polinização da castanheira.

 

Foto: Lucio Cavalcanti

 

Síglia Souza (MTb 66/AM)
Embrapa Amazônia Ocidental

Contatos para a imprensa

Telefone: (92) 3303-7852

 

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ROLAND MONTENEGRO

O CIRURGIÃO QUE FAZIA MILAGRES

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O cirurgião Roland Montenegro deixou, além da saudade, muitas lições de vida. Três delas estão incrustadas na minha alma. A primeira é que a profissão médica não é profissão, é vocação. Ele colocava o atendimento acima de tudo. Acima da própria família e, inclusive, de si mesmo.

Aprendi com ele que a medicina trata. Mas quem salva é o profissional humano, vigilante, dedicado, fraterno e competente. Roland envolvia-se com os pacientes de uma forma incrível. Fazia questão de conhecer a vida deles, os seus sonhos e, até, a rotina de cada um. Era parte do tratamento, confessou a um amigo comum, jornalista João Bosco Rabelo. Roland tornou-se amigo e confidente de cada colega de trabalho e de cada paciente, o que explica a repercussão imensa de sua partida.

Por fim, Roland Montenegro gostava de viajar. Profissionalmente para acompanhar a evolução da medicina, em congressos por este mundo a fora. E, como terapia, viajava para assistir a shows de orquestras e musicais importantes, como também para pesca-esportiva, aquela que devolve o peixe ao seu habitat, motivo de sua última viagem nesse sábado, dia 16, que num acidente aéreo em Barcelos-AM, acabou roubando-lhe a vida aos 70 anos – completaria 71 no próximo dia primeiro de outubro – e de outras 13 pessoas.

Roland Montenegro era assim: conhecia todas as teorias, dominava os melhores procedimentos de intervenções cirúrgicas, sua dedicação à medicina e suas habilidades o conduziram a desenvolver uma nova técnica para cirurgia no pâncreas, conhecida por levar seu nome: Método Montenegro. Essa técnica para anastomose pancreatogástrica, descrita em 2005, foi apresentada e referendada no Congresso Europeu da Sociedade Internacional de Cirurgia Hepato-Pancreatobiliar, em Heidelberg, na Alemanha.

Sua dedicação, desde sempre, à medicina, o levou a ser o pioneiro no transplante de fígado em Brasília.  Era um ser humano que transmitia amizade, confiança e consciência de sua missão como médico. Ao atender um paciente e ao tocar uma alma humana ele se comportava como outra alma humana. Roland Montenegro era de outro tempo.

Por dois anos, entre 1991 a 1993, Roland Montenegro trabalhou em Pittsburgh, na Pensilvânia, no maior centro de transplante multiorgânico dos Estados Unidos, Ali concluiu o treinamento em transplante hepático.

Em 1994, retornou ao Brasil. Ficou lotado na Unidade de Cirurgia Geral do Hospital de Base de Brasília. Dedicação total ao acompanhamento dos jovens médicos recém-formados que lá chegavam para a Residência Médica. Formou centenas de cirurgiões brasilienses. Voltou aos Estados Unidos, em 1997, para um estágio no Departamento de Cirurgia de Fígado, Vias biliares e Pâncreas da Universidade do Sul da Califórnia.

Todo paciente tem uma história boa de contar. E todo médico tem muitas histórias para contar. Roland era imbatível em casos que vivenciou nos 45 anos de profissão. Casos de família, casos de pacientes e casos com colegas médicos. E não são histórias de pescador.

Um dia, ao chegar ao seu consultório, deparei-me com um quadro que continha uma carta de George W. Bush.

– Olha só, uma carta do presidente dos Estados Unidos? E carta de agradecimento!

– Pois é – respondeu Roland com humildade – sou contratado pela Embaixada Americana para ficar com minha equipe de plantão, em Brasília, toda vez que chega aqui uma alta autoridade norte-americana. Em 2005, o presidente Bush esteve aqui e eu cumpri o meu dever. Dias depois, recebo dele essa carta, que me honra muito.

Outra história: uma tarde, Roland foi à minha casa levar uma cerveja legítima da Bavária, enviada pelo seu filho que mora na Alemanha. Sentamos na varanda para beber. Logo toca seu celular. Ele olhou, não tinha identificação. Mas atendeu. Era um médico que ligou do centro cirúrgico do hospital de Cascavel, no Paraná, para tirar dúvidas sobre um procedimento que fazia no pâncreas de um paciente. Em mais de meia hora de conversa, o autor do Método Montenegro orientou a cirurgia e conduziu com sucesso uma intervenção que tinha tudo para dar errado. Mais uma vida salva.

Roland sempre falava com emoção de sua companheira Luci Montenegro. Enfermeira recém aposentada, Luci compartilhava com ele as viagens de trabalho e para assistir a musicais, especialmente os maestros de sua preferência como o indiano Zubin Mehta e Herbert von Karajan.

Dizia que muitos médicos sacrificam a família pela medicina. Contava, com pesar, que teve de se ausentar da formatura solene da filha Milena por um chamado urgente do hospital. Um paciente estava em crise. Abandonou a formatura da filha para salvar mais uma vida.

Tinha ainda os casos das cirurgias inéditas e salvadoras, pacientes folclóricos e até atendimentos inusitados de colegas médicos. Exemplo: por confiar tanto em si, Roland fez a própria postectomia, ou seja, o tratamento cirúrgico da fimose.
Os casos eram tantos que pensava em escrever um livro. Não deu tempo. Uma pescaria o levou precocemente. O amanhã tem uma extrema mania de ser tarde demais.

Obrigado, Roland Montenegro, pelo seu legado.

 

 

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Inteligência artificial torna mais preciso o mapeamento da intensificação agrícola no Cerrado

Recorte de imagem HLS, composição em cor verdadeira (Bandas 4-3-2), de 26 de janeiro de 2022 no município de Sorriso (MT)

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Metodologia pioneira, desenvolvida com suporte da Inteligência Artificial (IA), permitiu o alcance de um nível de acurácia de até 97%, quando aplicada em análises de imagens de satélite do Cerrado do município de Sorriso (MT), um dos principais produtores agrícolas do País. A acurácia é um aspecto relevante nos levantamentos realizados por meio de sensoriamento remoto.

A ferramenta atribui maior precisão aos estudos, monitoramento e planejamento relacionados ao uso da terra e à prática da intensificação agrícola, e contribui para a tomada de decisão, nas esferas pública e privada, com base em informações geoespaciais qualificadas.

A metodologia foi desenvolvida com algoritmos de classificação digital de imagens de satélites baseados em IA. Resulta do trabalho de pesquisadores da Embrapa, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU),  publicado na revista International Journal of Geo-Information (IJGI), no número de julho de 2023, com acesso gratuito para o público em geral.

“Os resultados demonstram a robustez da metodologia desenvolvida com foco na identificação de processos de dinâmica de uso da terra, como a intensificação agrícola”, avalia o pesquisador Édson Bolfe, da Embrapa Agricultura Digital, e coordenador do projeto Mapeamento agropecuário no Cerrado via combinação de imagens multisensores – MultiCER, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).

Bolfe explica que, dentre os principais diferenciais da metodologia, está a geração de uma base de dados geoespaciais ampliada a partir de imagens harmonizadas dos satélites Landsat, da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (NASA), e Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia (ESA), denominada de HLS, e a utilização de algoritmos de classificação digital baseados em IA. A abordagem viabilizou o mapeamento dos cultivos agrícolas em três diferentes níveis hierárquicos, indicando áreas com uma, duas e até três safras no mesmo ano agrícola.

A sucessão de safras de diferentes culturas agrícolas em uma mesma área e no mesmo calendário agrícola, visando aumentar a produção sem envolver a supressão de novas áreas nativas, é uma prática crescente no Brasil, e os seus mapeamento e monitoramento podem nortear tomadores de decisão em análises voltadas ao planejamento agroambiental, em especial.

 

Metodologia está disponível para consulta e utilização

Integrantes da academia, poder público e setor produtivo podem acessar detalhes da metodologia, resultados e mapas gerados no Repositório de Dados de Pesquisa da Embrapa (Redape). A estrutura metodológica é replicável em outras regiões do Cerrado com características semelhantes. Mais informações sobre a Plataforma de coleta de dados em campo estão disponíveis  em AgroTag.

 

Síntese da abordagem metodológica gerada para o mapeamento da intensificação agrícola.

 

Agilidade e precisão, o papel do AgroTag

Produtos de sensoriamento remoto e modelos de IA para classificação de imagens pixel-a-pixel têm demonstrado elevada confiabilidade no mapeamento agrícola, explica Bolfe. Com HLS é possível obter até duas imagens por semana nas mesmas regiões agrícolas de interesse.

Um dos desafios da equipe de pesquisa está na obtenção de informações qualitativas e quantitativas de campo, que são fundamentais no sensoriamento remoto na agricultura. Para isso, os pesquisadores utilizaram o aplicativo AgroTag, desenvolvido pela  Embrapa Meio Ambiente para conferir agilidade e precisão ao mapeamento das principais culturas agrícolas em escalas regional e nacional.

“Algoritmos baseados em IA dependem fortemente de uma quantidade massiva de dados de entrada para a realização dos chamados ‘treinamentos’. Esses últimos são processos nos quais dados amostrais de referência, ou verdades de campo, são utilizados para ensinar os algoritmos a identificar os alvos sob investigação em grandes áreas, nesse caso utilizando imagens de satélite, ou seja, mapeamento em larga escala”, comenta Luiz Eduardo Vicente, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, especialista em sensoriamento remoto e um dos coordenadores do projeto AgroTag.

Nesse sentido, segundo Vicente, o uso do AgroTag foi fundamental, pois permitiu a coleta rápida e precisa de informações de campo, como o tipo de uso e cobertura da terra em cada ponto amostral, transferindo-as automaticamente para a nuvem de dados on-line, viabilizando seu uso nos referidos algoritmos.

Em contraposição aos métodos de coleta tradicionais, o AgroTag representou, durante o projeto, um incremento de 25% a mais de áreas amostradas. “O projeto reafirma um dos motivos pelos quais o Agrotag foi criado”, destaca Vicente.

 

Propriedades da Imagem

Exemplos de cultivos agrícolas produzidos na segunda e terceira safras, no município de Sorriso-MT, em junho de 2022. Fotos Crédito:  Taya Parreiras, 2022.

 

Mapeamentos dinâmicos

“O estudo mapeou a produção agrícola de 2021-2022 em Sorriso/MT, município escolhido por sua relevância econômica e agroambiental no contexto do Cerrado e do País”, destaca Edson Sano, pesquisador da Embrapa Cerrados e membro do projeto MultiCER.

A maioria dos mapeamentos existentes não acompanha a evolução das práticas de intensificação agrícola “poupa-terra” – como a produção de até três safras na mesma área – ficando no nível da primeira safra. “Alguns levantamentos evoluíram para a identificação do número de safras plantadas, sem, no entanto, detectar as culturas específicas”, finaliza Sano.

“Para produzir mapeamentos dinâmicos, detalhados e precisos, é necessário um grande volume de informações de ´verdade terrestre´, que são amostras rotuladas dos tipos de uso ou cobertura da terra, obtidas durante atividades de campo”, observa Taya Parreiras, doutoranda no Instituto de Geociências da Unicamp e membro do Projeto MultiCER.

São necessárias ainda, de acordo com a pesquisadora, séries temporais regulares de imagens de satélite de alta resolução temporal e, nesse sentido, a harmonização de dados Landsat e Sentinel-2 é uma abordagem diferenciada. Taya Parreiras indica que, para lidar com a dimensão desses bancos de dados e informações, algoritmos de aprendizado de máquina, tais como Random Forest ou Extreme Gradient Boost, são fundamentais.

“Como parte da IA, esses algoritmos são capazes de analisar e aprender padrões espectrais e texturais complexos a partir de conjuntos de dados agrícolas extensos e variados, permitindo a identificação precisa de diferentes tipos de culturas, condições do solo e variáveis ambientais”, argumenta.

O Random Forest, ao criar várias árvores de decisão independentes e combiná-las, consegue produzir estimativas mais confiáveis.  O Extreme Gradient Boost também cria diversas árvores de decisão, mas com a vantagem de permitir que aquelas com baixo poder de predição sejam ajustadas. “Ambos os algoritmos são altamente escaláveis, o que lhes permite processar grandes volumes de dados rapidamente, contribuindo para a geração de mapas agrícolas detalhados e atualizados”, conclui.

Classificação digital de uso e cobertura da terra, com ênfase nas lavouras de segunda safra no Município de Sorriso (MT) em janeiro de 2022, gerada a partir de imagens HLS e algoritmos baseados em inteligência artificial.

Valéria Cristina Costa (MTb. 15533/SP)
Embrapa Agricultura Digital

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Cristina Tordin (MTb. 28499/SP)
Embrapa Meio Ambiente

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