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Oficina de Geometria leva estudantes de Ceilândia ao Museu de Arte de Brasília

Atividade do MAB Educativo conecta arte, cultura e aprendizado com base nas obras de Athos Bulcão

 

Estudantes do 9º ano do Centro de Ensino Fundamental 14 de Ceilândia participaram, nesta segunda-feira (19), no Museu de Arte de Brasília, de oficina de geometria inspirada nas obras de Athos Bulcão | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

 

Na última segunda-feira (19), o projeto MAB Educativo, do Museu de Arte de Brasília (MAB), promoveu uma oficina de geometria inspirada nas obras do artista Athos Bulcão. A atividade contou com a participação de 60 alunos do 9º ano do Centro de Ensino Fundamental 14 de Ceilândia.

A iniciativa, apoiada pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF), busca aproximar os estudantes da arte, da cultura e dos espaços museais. O objetivo principal é criar uma ponte entre a comunidade escolar e o universo artístico, ampliando o acesso e estimulando o engajamento com a produção cultural brasileira e internacional.

Segundo Briza Mantzos, mediadora do MAB, proporcionar esse tipo de vivência aos jovens é fundamental para que eles se sintam pertencentes aos espaços culturais. “Queremos mostrar que o museu é deles também. O MAB, por exemplo, ficou fechado por muito tempo, reabriu recentemente e ainda é pouco conhecido. Mas ele conta a história de Brasília, do nosso design e da nossa identidade”, explica.

A oficina também tem um forte componente pedagógico. De acordo com Briza, as atividades foram planejadas para criar conexões entre a realidade dos alunos e o conteúdo do museu. “Partimos da pergunta: ‘Se você tivesse um museu, o que gostaria que as pessoas vissem sobre você?’. Queremos que eles reflitam sobre sua identidade, seus gostos, seus valores — algo que muitas vezes passa despercebido no cotidiano.”

Para os alunos, a experiência foi enriquecedora. Alice Monteiro, 14 anos, destacou a importância da prática no processo de aprendizagem. “A gente entende muito melhor quando consegue praticar o que estuda. E, se erramos, podemos tentar de novo e corrigir”, afirmou. Já Yure de Oliveira, também de 14 anos, valorizou o contato com a arte. “É uma oportunidade diferente. Ajuda a entender melhor a cultura do lugar onde vivemos e amplia nosso conhecimento.”

O vice-diretor do CEF 14, Tallysson Heron, ressaltou a importância de experiências como essa na formação dos estudantes. “Sair da sala de aula e vivenciar a cultura diretamente contribui muito para o aprendizado. Os alunos levam essa vivência para casa, fortalecendo tanto o aspecto acadêmico quanto o pessoal”, pontuou. Ele também destacou o impacto positivo dessas ações em todas as escolas públicas do DF, ao promoverem senso crítico, pertencimento e valorização da cultura local.

Ações educativas e programação

O MAB Educativo atende desde a educação infantil até o ensino médio, incluindo turmas da EJA e pessoas com deficiência. As visitas são divididas em dois momentos: primeiro, uma mediação na galeria com as obras em exposição; depois, atividades práticas em oficinas, adaptadas para diferentes faixas etárias.

As mediações escolares ocorrem em dois turnos: manhã (10h às 11h30) e tarde (14h às 15h30 e 16h às 17h30). Os agendamentos podem ser feitos pelo site do museu, que também divulga outras atrações como shows, peças e exposições.

Nos finais de semana, o MAB oferece oficinas abertas ao público, sempre relacionadas às exposições em cartaz. As visitas mediadas contam com interpretação em Libras mediante agendamento, além de materiais em braile, garantindo acessibilidade. Também são oferecidas visitas bilíngues em inglês, às segundas-feiras, às 16h.

Programação

Oficinas para Escolas

  • 1º ao 5º ano: Oficina “Universo Criativo de Francisco Galeno”

  • 6º ao 9º ano: Oficina de Geometria com Athos Bulcão

  • Ensino Médio: Oficina de Curadoria

Finais de Semana

Sábados (24 e 31 de maio)

  • 10h30 – Contação de Histórias para bebês (18 meses a 3 anos) – 10 vagas

  • 14h – Oficina de Bordado sobre Cianotipias

  • 15h – Visita Mediada ao Acervo

  • 16h30 – Oficina de Arte e Tecnologia: Esculturas Eletromagnéticas (a partir de 6 anos) – 12 vagas

Domingos (11 e 25 de maio e 1º de junho)

  • 10h30 – Teatro de Sombras (a partir de 4 anos) – 10 vagas

  • 15h – Visita Mediada à exposição Brasília Photo Show com jogos

  • 16h30 – Oficina “Tecedores de Tecnologias” (a partir de 8 anos) – 12 vagas

Para mais informações, agendamentos e acesso à programação completa, basta visitar o site do Museu de Arte de Brasília.

O MAB Educativo recebe alunos desde a educação infantil até o ensino médio

 

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A VOLTA DE JEAN DE LÉRY PARA A FRANÇA

O naturalista que entrou de gaiato no navio, veio para o Rio de Janeiro e deixou um relato precioso do Brasil de 1557. Sua volta para a França coincidiu com o fim da colônia francesa no Brasil.

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Naturalistas Viajantes – JEAN DE LÉRY (Parte 16)

 

 “Uma vez em terra, caminhei ao longo da Avenida Rio Branco, 

onde uma vez existiram as aldeias tupinambás; 

no meu bolso havia aquele breviário do antropólogo, Jean de Léry. 

Ele chegou ao Rio 378 anos antes, quase no mesmo dia”.

Claude Lévi-Strauss em ‘Tristes Trópicos’, ao chegar ao Rio de Janeiro em 1934. 

 

 

A volta de Jean de Léry para a França também marca o fim da colônia francesa no Brasil. Após a expulsão dos franceses da Guanabara, os padres jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega teriam instigado o Governador-Geral Mem de Sá a prender Jacques Le Balleur, e a condená-lo à morte por professar “heresias protestantes”.  Quanto à viagem de volta, Jean de Léry conta em detalhes como, por milagre, se salvou de uma grande tempestade em alto mar.

 

Lévi-Strauss assim se refere a Léry: “A leitura de Léry me ajuda a escapar de meu século, a retomar contato com o que eu chamaria de ‘sobre-realidade’, não aquele de que falam os surrealistas, mas uma realidade ainda mais real do que aquela que testemunhei. Léry viu coisas que não têm preço, porque era a primeira vez que eram vistas e porque foi a mais de quatrocentos anos”.

 

 

O FIM DA COLÔNIA FRANCESA NO BRASIL

Após a expulsão dos franceses da Guanabara, os padres jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega teriam instigado o Governador-Geral Mem de Sá a prender Jacques Le Balleur, e a condená-lo à morte por professar “heresias protestantes”.  O jornalista e historiador paranaense José Francisco da Rocha Pombo (1857-1933), em sua ‘História do Brasil’ publicada em 1935, recupera parte da história dos religiosos franceses: “Jacques Le Balleur foi poupado, pois era ferreiro. Isto praticamente marcou o fim da colônia francesa, e encerrou a tragédia da Guanabara”.

Em nota de rodapé, explica: “Após conseguir viver escondido, Jacques Le Balleur foi preso pelos portugueses nas cercanias de Bertioga. Ele foi enviado para Salvador, na Bahia, que era a sede do governo colonial, onde foi julgado pelo crime de “invasão” e “heresia”, isso em 1559. Em abril de 1567, foi queimado, sendo auxiliar do carrasco José de Anchieta, para consternação dos católicos”.

 

A VIAGEM DE VOLTA E SALVOS POR MILAGRE

“Prosseguindo na narração dos extremos perigos de que Deus nos livrou no mar, durante o nosso regresso, contarei um deles, proveniente de uma disputa surgida entre o nosso contramestre e o nosso piloto, em virtude da qual, por despeito, nenhum deles desempenhou desde então os deveres do cargo. A 26 de março, fazendo o piloto o seu quarto, conservou abertas todas as velas sem perceber a aproximação de um furacão que se preparava e que desabou com tal ímpeto que adernou o navio a ponto de mergulharem os cestos de gávea e a ponta dos mastros no mar, atirando à água cabos, gaiolas e todos os objetos que não estavam bem amarrados, pouco faltando para que virássemos completamente. Todavia, cortadas com rapidez as enxárcias e escotas da vela grande, aprumou-se o navio pouco a pouco. Pode-se dizer que só por um milagre nos salvamos, mas nem por isso concordaram os causadores do mal em reconciliar-se, não obstante os rogos de todos; muito ao contrário, apenas passado o perigo engalfinharam-se e com tal fúria se bateram que julgamos se matassem na luta.

 

‘ESTAMOS PERDIDOS, ESTAMOS PERDIDOS’

Por outro perigo passamos dias depois. Estando o mar calmo, pensaram o carpinteiro e outros marinheiros em aliviar-nos do trabalho de bombear, procurando tapar melhor as fendas por onde entrava a água. Aconteceu que mexendo em um deles para consertá-lo, despregou-se uma peça de madeira de quase um pé quadrado e a água entrou com tal abundância e rapidez que forçou os marinheiros a subirem para o convés abandonando o carpinteiro. E sem sequer contar-nos o fato, berravam: ‘Estamos perdidos, estamos perdidos’.

Diante disso, o capitão, o mestre e o piloto trataram de pôr ao mar a toda a pressa o escaler, mandando também lançar à água os toldos do navio, grande quantidade de pau-brasil e outras mercadorias num valor total de mil francos, decididos a abandonar a embarcação e a salvar-se no bote. Mas temendo o piloto que o grande número de pessoas que tentavam embarcar tornasse a carga excessiva, saltou do bote com um cutelo na mão, ameaçando romper os braços do primeiro que tentasse entrar.

Vendo-nos assim desamparados à mercê das ondas, lembramo-nos do primeiro naufrágio de que Deus nos livrara e, resolvidos a lutar pela vida, empregamos todas as nossas forças em bombear a água a fim de que o navio não afundasse; e tanto trabalhamos que o conseguimos. Nem todos, porém se mostraram corajosos. Os marinheiros, em sua maioria, estavam desatinados e tão temerosos se mostravam da morte que já não se importavam com coisa alguma a não ser em beber à farta. Estou certo de que os rabelesianos, escarnecedores e desprezadores de Deus, que em terra tagarelam sentados à mesa e comentam com motejos os naufrágios e perigos em que se encontram muitas vezes os navegantes, teriam seus gracejos mudados em pavor se nesta situação se encontrassem. E creio também que muitos leitores desta narrativa e dos perigos por que passamos dirão com o provérbio: ‘Muito melhor é plantar couves ou ouvir discorrer do mar e dos selvagens do que tentar tais aventuras’. (…)

O nosso carpinteiro, rapaz animoso, não abandonara o porão como os marinheiros, mas enfiara o seu capote de marujo no buraco, comprimindo-o com os pés para quebrar o impulso da água, a qual, como depois nos disse, por várias vezes o desalojou, tal a sua impetuosidade. Assim nessa posição gritou ele quanto pôde para que os de cima, do convés, lhe levassem roupas, redes de algodão e outras coisas com que pudesse deter o jorro d’água enquanto consertava a peça. Graças a esse esforço fomos salvos”.

 

PÓLVORA E FOGO

“Como temíamos encontrar piratas nessas paragens, ao sair desse mar de ervas não só assestamos quatro ou cinco peças de artilharia que havia no navio, mas ainda preparamos as necessárias munições para nos defendermos oportunamente. Entretanto, com isso novo perigo tivemos que vencer. Quando o nosso artilheiro secava a pólvora em uma panela de ferro, esqueceu-a ao fogo até tornar-se incandescente e a pólvora se inflamou, correndo a chama de uma à outra extremidade do navio, de forma que inutilizou velas e massame e por pouco não incendiou o breu de que o navio estava untado, queimando-nos todos em pelo mar. Aliás, um grumete e dois marujos foram tão maltratados pelo fogo que um deles morreu poucos dias depois. Por minha parte, se não tivesse rapidamente levado ao rosto o boné de bordo, ter-me-ia queimado seriamente; escapei chamuscando apenas a ponta das orelhas e os cabelos”.

 

 

PRÓXIMA EDIÇÃO 376 – JULHO DE 2025 – PARTE 17.

 TRÁGICA VOLTA – O erro do piloto em calcular a posição do navio “fez com que em fins de abril já estivéssemos inteiramente desfalcados de todos os víveres; já varríamos o paiol, cubículo caiado e gessado onde se guarda a bolacha nos navios, mas encontrávamos mais vermes e excrementos de ratos do que migalhas de pão. Quando havia, repartíamos às colheradas esse farelo e com ele fazíamos uma papa preta e amarga como fuligem. Os que ainda tinham bugios e

papagaios, a que ensinavam a falar, comeram-nos. E vindo a faltar por completo os víveres, em princípio de maio, dois marinheiros morreram de hidrofobia da fome, sendo sepultados no mar como de praxe”.

 

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NIÈDE GUIDON, UMA GUERREIRA DO SERTÃO NORDESTINO

E a vida segue seu ciclo. Estava me preparando para ir ao Campo da Esperança para me despedir do amigo Fausto Salim, quando recebo a notícia da passagem de outra amiga: Niède Guidon.

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Aos 92 anos, a arqueóloga Niède Guidon morreu na madrugada desta quarta-feira.
O Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI) apesar seus milhares de ano tem um divisor de águas: Niède Guidon. Antes e Depois de Niède Guidon.
IMPORTANTE: a última entrevista concedida por Niède Guidon foi dada à Folha do Meio Ambiente, em agosto do ano passado. Fiz várias entrevistas com Niède, mas quando conversei com ela em agosto de 2024, senti que era a última vez. Ela já queria fazer uma prestação de contas.
No final desta nota, está o link da entrevista.
Niède é reconhecida internacionalmente pelo seu trabalho científico. Foi sua luta e sua dedicação que gerou a criação do Parque Nacional da Serra da Capivara. A verdade é que Niéde, (completou 92 anos em 12 de março) tinha um ideal: proteger, pesquisar e fazer do Parque Nacional da Serra da Capivara, uma região pobre em economia, mas muito rica em História e Cultura. E transformar a região em um grande centro de estudos e de turismo no coração do Piauí. E ela conseguiu. Foram 54 anos para Niéde mudar o perfil econômico da área com investimentos educação, em cultura e turismo.
NIÈDE GUIDON DEIXOU UM LEGADO IMENSO PARA O BRASIL E PARA A HUMANIDADE.
As fotos são de André Pessoa.
Link para ler a última entrevista de Niède Guidon, dada para a Folha do Meio Ambiente:
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ADEUS FAUSTO SALIM, AMIGO E GUERREIRO

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Acaba de falecer meu amigo FAUSTO SALIM, um dos mais importantes editores de Brasília, foi dono da Gráfica Brasiliana, e deixa um acervo de livros publicados sobre o Distrito Federal, sobre Educação e sobre política.
Um dos livros mais importantes por ele editado e bancado foi MINHA MALA, MEU DESTINO, contando a vida do fotógrafo pioneiro Mário Fontenelle.
Fausto Salim foi um guerreiro. Tratava de um câncer e acabou falecendo vítima de um desastre de carro, perto de Arinos, indo para sua Pasárgada: URUCUIA.
Saudades desse garoto indócil, sonhador e amigo dos amigos.
Deus o tenha.
FAUSTO SALIM – De Inhumas para Brasília, seguindo os passos do mestre e seu pai,Jorge Salim, Fausto Salim dirigiu a Gráfica Brasiliana e depois a Gráfica Charbel.
VELÓRIO: Quarta-feira, 4 de junho, Campo da Esperança, de 13 hs às 15 horas.
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