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A verdadeira empresa cidadã
Na relação com a natureza, na vida profissional, nos serviços prestados, nos produtos fabricados há que ter ética e estética.
Silvestre Gorgulho
O 11 de setembro mudou o mundo muito mais do que a gente possa imaginar.
Primeiro, quanto ao conceito segurança, defesa e ataque. Veja que os Estados Unidos, uma super-superpotência, que pode espatifar vários mísseis de 2 milhões de dólares cada, em cima de uma simples tenda de 10 dólares no Afeganistão, foi atacado em seu próprio território pelos seus próprios aviões, seqüestrados por fanáticos suicidas. Deram um nó no serviço de inteligência e na cabeça dos estrategistas militares norte-americanos. Imagina que o hiper investimento no programa Guerra nas Estrelas, um espetacular escudo de defesa, perdeu até o sentido.
Segundo, porque os países ricos passaram a entender que para felicidade de seus povos, não basta eles serem ricos, satisfazerem todos os itens de bem estar social e econômico. A felicidade dos povos do ricos do G-8 está intimamente ligada a um mínimo de felicidade dos pobres do G-88, o grupo de países à margem da civilização. O G-8 tem que largar a retórica para resolver de fato os graves problemas dos G-88. E o bem estar do Grupo dos 8 virá, apenas, quando o Grupo dos 88 tiver um pouquinho mais de dignidade, menos fome, menos miséria e mais oportunidades de educação e saúde. Não há como desarmar o espírito terrorista, sem investir na melhoria da qualidade de vida de comunidades extremamente necessitadas.
Os países vivem no mundo como as famílias vivem nas cidades. Uma família extremamente rica numa cidade extremamente pobre não será nunca uma família tranqüila, segura e feliz. A verdade é que a Humanidade precisa se debruçar sobre seus erros e acertos e encarar esse desafio: mudar urgentemente a matriz do modelo de desenvolvimento. Para isso o homem terá que caminhar, direitinho, na direção do desenvolvimento e do consumo sustentáveis. E os atores dessa Nova Era terão que estar no mesmo barco ecológico-social. De um lado uma relação patrão/empregado digna, uma produção limpa e um consumidor ambientalmente consciente. De outro lado, a valorização da cidadania.
O Homem tem que misturar o amarelo das ambições,
com o verde dos ecologistas e com o vermelho das manifestações sociais. Só, assim, poderá embalar no azul dos sonhos de um bem-viver, a verdadeira Paz
Os países ricos e as grandes corporações industriais e comerciais alardeiam preocupação com o meio ambiente, mas não querem abrir mão do crescimento a qualquer custo, do consumismo exacerbado e do desperdício inconseqüente. Se os ricos degradam por ganância, os pobres degradam por necessidade. Daí a advertência: a Humanidade chegou ao Terceiro Milênio, mas como evoluir ainda mais preservando a vida? É tempo do Homem misturar o amarelo das ambições, com o verde dos ecologistas e o vermelho das manifestações sociais, para poder embalar seus sonhos no azul de um bem-viver.
Ética e estética
O tempo não pára. E está sempre mostrando que a vida vale pelo que se aprende, pelo que se faz e pelo que se vive. Quanto mais se vive, mais sabedoria acumulamos. Por isso, é que se diz que a sabedoria mata o que temos de mais importante: a juventude. A idade traz junto com os cabelos brancos, também a experiência, a maturidade e o saber.
Quem tem sensibilidade para acompanhar a revolução que chega pelas asas da informática, das telecomunicações, da internet, impulsionadas pela tecnologia e pelo valor da cidadania, não tem a menor dúvida: os 10 mandamentos de hoje podem ser resumidos em um só: o ser humano tem que ser cidadão e promover suas ações tendo em mente, sempre, a ética e a estética.
Ética e estética são as duas palavras mágicas, os dois conceitos básicos para todas as ações nesse novo tempo. Na relação com a natureza, na vida profissional, nos serviços prestados, nos produtos fabricados há que ter ética e estética.
Para o empregado e o empregador, para o professor e o aluno, há que haver ética e estética.
Nas atitudes das lideranças, nos governos, nas empresas, nas famílias, nos sindicatos, nos jornais, nos tribunais, nas sentenças e no trabalho há que ter ética e estética.
No comportamento do dia a dia, na alegria e na dor, há que ter ética e estética.
Onde houver ética e estética haverá excelência, qualidade, precisão, ordem, vitória, compreensão, harmonia, amizade e Paz.
Temos que acreditar na Paz, como temos que acreditar na ciência, na tecnologia e na valorização da cidadania. Afinal de contas, o que busca um cidadão? Ele quer que sua família melhore de vida, ele quer que seu país desenvolva, ele quer que a empresa onde trabalha cresça e ele quer, também, que o Estado cumpra sempre suas obrigações.
A empresa cidadã
Cidadania vale para Pessoa Física e para Pessoa Jurídica. Quando uma empresa é cidadã, ela é solidária e tem responsabilidade social. Mais importante: é sinal que patrões e empregados se irmanam nessa mesma filosofia.
Para uma e outra pessoas, existem duas formas de participar: a primeira está no assistencialismo. Começa e termina com a doação de algum bem. A segunda forma é plena, ampla, cidadã. Está dentro do conceito de construir, de ensinar as pessoas a crescerem e a serem úteis. Como? De várias maneiras: podem ser coisas simples, sem custos financeiros, como dar palestras educativas sobre família, sobre higiene, sobre qualidade de vida. Participar de trabalhos comunitários em creches e hospitais públicos. Tenha certeza: essa é a escolha mais difícil, pois não envolve dinheiro, mas envolve compromisso.
Compromisso! Essa é a palavra chave. Dar dinheiro é fácil: pára-se num sinal de trânsito, dá uma esmola a um menino de rua, recebe-se um “muito obrigado, tio – vai com Deus”, a consciência fica mais leve, levanta-se o vidro elétrico, acelera o carro e víra-se as costas. Não é bem mais fácil do que tirar um pouco de suas horas de lazer ou trabalho para fazer uma palestra numa escola, uma visita a uma creche ou participar de uma tarefa solidária para algum hospital?
O que vale de cidadania para o indivíduo, vale também para empresas. Sejam elas micros, pequenas ou grandes corporações. Tanto quanto o indivíduo, a empresa também pode ser cidadã. E essa atitude vai muito além do simples ato de pagar em dia funcionários, fornecedores e impostos. Isso já é obrigação. Vai, ainda, além dos desembolsos e das ajudas financeiras. A empresa cidadã é aquela que tem compromissos com a comunidade, que ajuda as pessoas e as entidades a construir, a crescer e a serem auto-suficientes.
Hoje temos que ter consciência que governo não é mais responsável por tudo. Cada cidadão (pessoa física e jurídica) tem que dar sua parte, inclusive de participar da formulação das políticas do governo. Não basta o cidadão exercer o direito do voto. Há que exigir, reclamar, cobrar e marcar cerrado cada passo dos eleitos. Essa é a receita para mudar um país.
Quem quiser mudar as relações humanas – comerciais, profissionais e pessoais – também só tem uma alternativa: agir com ética e estética!
A grande lição que fica deste terrível 11 de setembro é que a ética, a estética e a cidadania são as sementes que terão de ser plantadas nesse novo milênio. Em plantando-as bem, a colheita será farta e previsível: tolerância, harmonia e paz!





Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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