Artigos
SEDE ZERO!
Pelo Dia Mundial da Água
SEDE ZERO!
Pelo Dia Mundial da Água
Silvestre Gorgulho
Cientistas, pesquisadores e astronautas correm todos os riscos ao mergulhar do espaço sideral para estudar e desvendar os mistérios do Universo. E nessas andanças cósmicas por galáxias, planetas, satélites e estrelas a primeira coisa que procuram não é ouro, nem diamante e muito menos petróleo: é água, o elemento da vida. É a água que faz a diferença. Diferencia a Terra de todos os outros astros celestes. O próprio planeta Terra tem mais água do que terra e o corpo de todos os animais tem mais água do que sangue. A água também tem seu valor espiritual: todas as religiões do mundo têm apenas uma coisa em comum: a água como fonte de purificação e de batismo para entronização de seus seguidores.
Usada para tudo, desde o embalar placentariamente o feto, produzir alimentos e saciar a sede dos seres vivos, a água é também usada para lavar os pecados dos homens. O que deveria ser protegido e venerado, é atacado por todas as frentes: na água a humanidade lança seu lixo mais fedido, mais sujo e mais tóxico, como os esgotos das casas e das indústrias e a química de pesticidas e adubos da agricultura.
Por que tanta agressão? Por que tanto desperdício? Por que ainda são raros os movimentos de proteção se a crise da água chegou? Sendo o recurso natural mais estratégico e mais precioso deste mundo, a água tinha que merecer muito mais atenção e uma defesa muito mais contundente de cada um dos seis bilhões de humanos que hoje apropriam diretamente mais do que a metade de toda água doce do mundo. Os organismos internacionais já fizeram a conta: 70% da água doce é usada para a agricultura, 23% pelas indústrias e apenas 8% para uso diretamente dos cidadãos na alimentação, na limpeza e em outras atividades domésticas.
A disputa é ferrenha entre nações, entre estados, municípios e entre fazendeiros. Ainda não está declarada, mas podem ter certeza que a guerra da água existe. E nesta guerra não haverá vencedores, apenas perdedores. Por que cada vez mais a água é disputada, é retirada dos mares, dos rios, dos córregos, dos lagos e dos aqüíferos para alimentar homens com sede, campos com sede, animais com sede, plantas com sede e indústrias com sede.
A vida tem pressa. A vida corre perigo. A vida tem sede. E tem sede zero!





Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



-
Reportagens4 semanas ago
Instituto do Câncer reforça campanha contra o HPV e câncer do colo do útero
-
Artigos4 meses ago
DIARIO DE BORDO E MINHA FORÇA AO REI PELÉ
-
Artigos4 meses ago
Orquestra Sinfônica de Brasília apresenta último concerto didático de 2022
-
Reportagens4 meses ago
Escolas técnicas de Santa Maria e Paranoá abrem as portas em 2023
-
Artigos4 meses ago
Inovação verde
-
Artigos4 meses ago
Brasil, falta de Neymar e resultado das urnas
-
Reportagens4 meses ago
Princípios ESG aliados ao marketing beneficiam empresas
-
Reportagens4 meses ago
Visibilidade fora do campo: saiba mais sobre as profissões que ganham destaque durante a Copa do Mundo