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Dura realidade
O mundo mudou. E é duro constatar: mudou para pior.
Dura realidade
Silvestre Gorgulho
O mundo mudou. E é duro constatar: mudou para pior. Se a raça humana teve ganhos fantásticos de qualidade de vida às custas do comprometimento dos recursos naturais do planeta, com a Terra não foi bem assim. Ela dá sinais de esgotamento e de mudanças climáticas profundas. Nos países ricos, a produção de automóveis ultrapassou a taxa de natalidade das crianças. Novas tecnologias vão despejando, rapidamente, nas lixeiras computadores, celulares, baterias, materiais tóxicos, tevês, eletrodomésticos e brinquedos. Tudo porque a compulsão consumista aumentou muito pela comodidade dos descartáveis. E o que dizer da violência dos furacões e até da seca onde nunca teve seca, como a Amazônia Ocidental? Alguma coisa está errada.
É duro constatar que o homem, hoje mais rico e
mais enfeitado, é antecedido por belas florestas
e sempre sucedido por tristes desertos
e terríveis secas e furacões.
Estudos do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia sugerem que a seca que assola os rios dos estados do Amazonas, Acre e Rondônia têm conseqüências locais e globais. Locais, pelos desmatamentos e queimadas. Globais, pelo efeito estufa e pelo aquecimento das águas do Atlântico. Este mesmo aquecimento pode ter alterado o padrão de circulação das correntes de ar resultando no deslocamento de massas de ar seco para a Amazônia. O resultado é óbvio: seca em regiões cobertas por florestas e a terrível temporada de furacões, como o que arrasou Nova Orleans.
A gestão ambiental não é obra apenas de um governo, de uma nação e nem de um continente. As chuvas ácidas, o El Niño, os furacões, as mudanças climáticas, o aquecimento global, as pragas e a camada de ozônio não obedecem fronteiras. A Terra tem mais de seis bilhões de habitantes. Uma formidável concentração de pessoas que exploram os recursos naturais ao extremo. Por ganância ou por necessidade.
Voltemos ao caso do lixo. Os descartáveis da era do plástico e metais pesados facilitam o dia-a-dia, mas comprometem a vida. Onde colocar tantas fraldas, toalhas, guardanapos, luvas e embalagens de todos os tipos sem uma política eficiente de coleta seletiva, de reciclagem e de re-úso? O lixo vai entrando na vida dos homens, mas encontram dificuldades em sair da vida das cidades.
Tal qual o lixo, também o problema da poluição dos rios e a falta de saneamento é grave. E para os dois assuntos, projetos de lei se acumulam no Congresso Nacional há anos em busca de uma definição política.
A verdade é que os governos encontram muito mais facilidade e apelo eleitoral para fazer obras do que para consertar erros. Vamos ao exemplo mais clássico e recente: a transposição do rio São Francisco.
A transposição virou um impasse porque o governo quis fazer uma obra no valor de R$ 4,5 bilhões a toque de caixa, enquanto finge investir num programa de revitalização do rio. Se para a transposição tem muitos recursos e agressivo apoio federal, para a revitalização tem apenas promessas. Precisou aparecer um novo profeta, dom Luiz Cappio, para recolocar as coisas no seu devido lugar. O grito do Bispo de Barra devolveu o tema à mídia e à re-discussão governamental.
Há pouco fiz uma reportagem sobre o deserto vermelho que tomou conta do município de Gilbués. Lá o homem se enriqueceu e se enfeitou com a mineração de diamantes e com o que veio no seu rastro. Mas, paga, hoje, o preço da desertificação que tomou conta da região piauiense. É por ações como esta que o mundo está mudando. E é duro constatar que o homem, hoje mais rico e mais enfeitado, é antecedido por belas florestas e sempre sucedido por tristes desertos e terríveis secas e furacões.
SUMMARY
HARD REALITY
A The world has changed and the hard reality is that it has not changed for the better. If the human race has had fabulous gains in the quality of life at the price of compromising the planet’s natural resources, Earth has not fared so well. It is showing signs of wear and tear and profound climatic changes. In rich countries automobile production surpasses the birthrate of children. New technologies are quickly piling up computers, cellular phones, batteries, toxic materials, televisions, electrical appliances and toys in the garbage dumps. All of this is owed to the fact that the compulsion to consume has grown tremendously toward the convenience of disposable goods. What can be said of the violence of hurricanes and even drought where there has never been drought, such as in the Eastern part of the Amazon? Something is wrong.
It is actions such as this that have caused the world
to change and it is hard to acknowledge the fact
that today’s richer and better adorned man
was preceded by lush forests but always
followed by sad barren lands and terrible droughts and hurricanes.
Studies conducted by the Amazon Environmental Research Institute suggest that the drought afflicting the rivers in the states of Amazonas and Acre have had local and global consequences. Local consequences result from deforestation and slash and burn techniques and global consequence result in the warming of the waters of the Atlantic Ocean. This same warming may have changed the circulation of air currents resulting in the displacement of dry air masses to the Amazon. The result is obvious – the drought in forest covered regions and the horrifying hurricane season that has devastated New Orleans.
Environmental management is not just the duty of one government, one nation or even one continent. Acid rain, El Niño, hurricanes, the climate, pests and the ozone layer do not obey any boundaries. Earth has over six billion inhabitants. There is a formidable concentration of people who exploit the natural resources to the extreme out of greed or need.
Back to the question of waste – disposable items from the era of plastic and heavy metals have simplified day-to-day life, but have jeopardized our very existence. Where are we supposed to put so many diapers, paper towels and napkins, gloves and packaging of all types without an efficient policy of selective trash collection, recycling and reuse? Garbage has entered our lives but does not easily leave life in the cities.
Just as bad as the waste dilemma are the serious issues concerning pollution of our rivers and poor sanitation. Bills of law concerning these two problems have piled up in National Congress for years in search for political definition. Truth be told, governments find it much easier and gain greater electoral appeal by engaging in public works rather than fixing errors. Let’s take the recent classic example of moving the São Francisco River.
This proposed move has reached an impasse because the government wanted to implement public works in the amount of R$ 4.5 billion quickly, on the pretext of investing in a program to revitalize the river. If there is an abundance of funds and a tremendous amount of federal support for the move, there are only promises for the revitalization plan. Only with the appearance of a new prophet, father Luiz Cappio, were things put into their proper perspective. The cry of the Bishop de Barra drew the attention of the media and reopened discussions on a government level.
I would like to remind our readers that which we discussed in our September issue concerning the red desert of Gilbués. This is where man drew wealth and adornment from diamond mining and that which came in its wake. However, today, we are paying the price for turning the land into the desert, which has spread throughout the region of the state of Piauí. It is actions such as this that have caused the world to change and it is hard to acknowledge the fact that today’s richer and better adorned man was preceded by lush forests but always followed by sad barren lands and terrible droughts and hurricanes.
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Dia do Turismo, 27 de setembro: Brasília, uma cidade de encanto e diversidade
De janeiro a julho deste ano 3.112.597 visitaram a capital do país, entre transportes aero nacional, internacional, rodoviário e CAT

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Brasília, a capital do Brasil, é um destino que oferece uma rica combinação de beleza, sabor e entretenimento para seus habitantes e visitantes em todas as estações do ano. De janeiro a julho deste ano, o Distrito Federal recebeu um total de 3.112.597 pessoas por meio de diversos meios de transporte, incluindo aéreo nacional, internacional, rodoviário e o Centro de Atendimento ao Turista (CAT). Em 2022, esse número alcançou 5.420.142 turistas. Desde sua inauguração em 1960, Brasília se destaca pela arquitetura moderna e icônica projetada por Oscar Niemeyer.
Entre os principais pontos turísticos visitados ao longo dos anos, destacam-se a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, o Memorial JK, o Pontão do Lago Sul, a Ponte Juscelino Kubitschek, o Museu Nacional da República, o Congresso Nacional, o Parque da Cidade Sarah Kubitschek, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o Santuário São João Bosco, o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada, a Praça dos Três Poderes, o Estádio Mané Garrincha, o Museu do Catetinho, o Jardim Zoológico de Brasília, o Parque Nacional de Brasília – Água Mineral, a Torre de TV, o Planetário de Brasília e o Museu do Catetinho. A Fundação Jardim Zoológico de Brasília, considerada um patrimônio cultural, recebeu sozinha 335.839 visitantes até julho deste ano, enquanto em 2022 recebeu 922.547 pessoas.
O Estádio Mané Garrincha, sob a gestão da Arena BRB, não apenas hospeda jogos de futebol, mas também shows e outras atrações. Em 2023, cerca de 1 milhão de pessoas já passaram pelo Complexo, enquanto no ano anterior foram 1,5 milhão de visitantes.
O Congresso Nacional recebeu 61.246 convidados de janeiro a setembro deste ano, em comparação com 64.330 em 2022. O CCBB Brasília atraiu mais de 1 milhão de visitantes desde o ano passado. O Parque Nacional de Brasília – Água Mineral registrou 198.485 visitantes em 2023. O Museu do Catetinho recebeu 25.772 visitantes este ano, enquanto no ano passado foram 29.244.
Esses números demonstram a atratividade de Brasília como um destino turístico repleto de pontos de interesse e encanto. Ronaldo Martins, coordenador do Programa de Visitação Institucional e de Relacionamento com a Comunidade, destaca que o Palácio do Congresso Nacional é um dos locais mais visitados de Brasília, atraindo turistas de todo o Brasil e do exterior.
Wilson Nobre, superintendente de Educação e Uso Público do Zoológico, enfatiza a importância dos zoológicos como destinos turísticos que encantam visitantes de todo o mundo, proporcionando uma oportunidade única de interagir com animais selvagens majestosos e explorar seus habitats.
Richard Dubois, presidente da Arena BRB, destaca que mais de um milhão de pessoas passaram pelo complexo da Arena em 2023, impulsionando diversos setores da capital, incluindo a rede hoteleira, o turismo e eventos corporativos.
A Secretaria de Turismo do DF trabalha em parceria com representantes do setor para desenvolver ações e projetos que coloquem Brasília no centro do turismo. Entre essas iniciativas estão o desenvolvimento da Lei do Turismo, a regulamentação do espaço para o Motorhome, a implementação do calendário de eventos e o retorno do festival Festa dos Estados. A cidade também está destacando novas tendências do turismo local, como o Enoturismo, o Turismo Rural, o Turismo de Aventura e o Ecoturismo.
Cristiano Araújo, secretário de Turismo, enfatiza a transformação de Brasília em uma cidade vibrante, com diversas opções para atender às expectativas de seus visitantes, desde sua cena gastronômica até a oferta de atividades de lazer e entretenimento.
Neste Dia do Turismo, 27 de setembro, e durante todo o ano, Brasília oferece inúmeras oportunidades para conhecer ou revisitar seus pontos turísticos. Até mesmo os moradores locais, como o professor Anderson José e a secretária Keyla Freitas, encontram motivos para explorar a cidade, seja pelos museus que contam a história da capital ou pelos parques que proporcionam momentos de paz e beleza. Brasília é verdadeiramente um tesouro a ser explorado.
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Em Brasília, mulheres indígenas celebram diversidade cultural e marcham por lutas comuns
Na III Marcha Nacional das Mulheres Indígenas, representantes de todos os biomas do Brasil celebram sua diversidade, denunciam violência de gênero e dizem não ao Marco Temporal.

Marcha das Mulheres Indígenas de 2023, em Brasília — Foto: Amanda Magnani
O som de cantos e dos maracás ecoa de todos os lados do acampamento à medida que grupos de mulheres dos mais diferentes cantos do Brasil se aproximam da tenda principal na concentração para a III Marcha Nacional de Mulheres Indígenas. São 8h00 e o sol seco de Brasília parece realçar as cores dos mais variados trajes tradicionais.
A marcha, que foi do Complexo Cultural da Funarte, onde estavam acampadas, até o Congresso, a cerca de 5km de distância, reuniu mais de 5 mil mulheres. Ela aconteceu no último dia de um evento que, ao longo de três dias, foi marcado por celebrações e denúncias.
Sob o tema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”, indígenas de diferentes partes do Brasil tiveram a oportunidade de dar voz às demandas específicas vividas pelos povos de seus biomas.
Para o povo Kiriri, da Caatinga, a cerca de 300 km de Salvador, um dos maiores problemas é a seca e a consequente falta de segurança alimentar. “Nossa região é muito seca, e as mudanças climáticas aumentam o impacto na insegurança alimentar”, diz Fabiana Kiriri.
Ela conta que o trabalho coletivo na comunidade e a reserva de alimentos vêm como uma forma de tentar contornar o problema. Mas uma colheita suficiente depende de muitos elementos, que vão da quantidade de chuvas à presença de pragas.
“O que realmente precisamos é de um olhar especial do governo, que proponha projetos para ajudar as comunidades a terem autonomia”, defende.
Já para o povo Kaingang do Pampa, no Rio Grande do Sul, as demandas passam principalmente pelos enfrentamentos com o agronegócio e pelos arrendamentos de áreas dentro das terras indígenas, que acabam levando monoculturas e agrotóxicos para dentro a terra.
“Nós precisamos dar visibilidade às nossas lutas e sensibilizar a nossa comunidade, para que possamos encontrar estratégias para atender as demandas dos nossos territórios”, diz Priscila Gore Emílio, psicóloga do povo Kaingang.
Enquanto isso, em Santa Catarina, os Xokleng são protagonistas no debate sobre o Marco Temporal. “Nossa região foi tradicionalmente ocupada pelos povos indígenas e o nosso território já foi muito maior. Hoje, vivemos em uma área muito reduzida, mas continuamos vivendo muitas tensões e conflitos”, diz Txulunh Gakran.
Contudo, embora povos dos diferentes biomas tenham suas demandas específicas, são muitas as lutas comuns às mulheres indígenas do Brasil como um todo. Grande parte delas gira ao redor da garantia do direito ao território e ao fim da violência de gênero.



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