Gente do Meio
DAD SQUARISI, a arte de ensinar
Silvestre Gorgulho
Lições de Português
Dad Squarisi é muito especial. Especialíssima! Sua infância foi turbulenta – nasceu em Beirute, em 1946, e seu pai participou da guerra de independência do Líbano. Derrotado, teve que se exilar.
A adolescência foi uma aventura – a família perambulou pelas pensões e hotéis da França, Espanha, Argentina, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
Sua juventude foi um romance – bonita, inteligente, assediada se casou em 1969, teve o filho, Marcelo, e agora curte o neto, João Marcelo.
A maturidade, ahhhh! sua maturidade é outra história. Uma história da arte do bem ensinar e do bem escrever. Vale a pena conhecer.
Dad Squarisi chegou a Brasília em 1968. Seu sucesso foi construído em cima de um ensinamento que levou muito a sério desde cedo: se tem que fazer alguma coisa, faça bem-feito. De preferência sorrindo. Assim a vida sorrirá para você.
Professora, jornalista e escritora, formada pela UnB em Letras, ela é a própria delicadeza e a bem humorada profissional no trato com os leitores, colegas e admiradores. Toda fama dessa libanesa naturalizada brasileira veio de onde ela menos esperava: o português.
Seus textos, suas aulas e seus artigos esbanjam carisma e elegância. É editora de Opinião do Correio Braziliense e responsável pela coluna Dicas de Português, criada por ela há 10 anos, que hoje circula em 15 jornais. É também autora de quatro livros “Dicas da Dad – português com humor”, “Mais Dicas da Dad”, “Deuses e Heróis – Mitologia para crianças” e “A arte de escrever bem”.
Esse último, em co-autoria com a jornalista Arlete Salvador, foi lançado dezembro. Em todas suas publicações e palestras, Dad Squarisi explica os vícios da língua portuguesa com duas características únicas: muito humor e linguagem moderna. Sua coluna e seus livros ensinam o português que atormenta o dia-a-dia de publicitários, de pintores de faixas e de placas de anúncios, de jornalistas, de advogados e de autores de discursos.
Analisa com elegância os escorregões de FHC, de Lula, do casal global Fátima Bernardes e William Bonner, das capas das revistas, dos artistas das novelas e de tantos outros personagens da vida cultural e política do país. Um detalhe que merece ser lembrado: as lições de seus livros não obedecem a seqüências.
O leitor pode abrir o livro em qualquer página que vai se deliciar com um bom tema gramatical ou uma ótima mensagem de vida. Sim, o mais interessante de tudo é que em cada pequena lição de português, vai uma grande lição de vida. Subliminarmente, com a simplicidade e leveza que caracteriza suas ações, Dad planta uma mensagem sobre a paz, sobre a tolerância, sobre a política e sobre o bem viver.
Os 10 mandamentos da arte de bem escrever, segundo Dad Squarisi;
1 – Escrever é mandar recado
A receita de uma sobremesa é um recado. O convite para a festa de aniversário é um recado. A carta para seu amado é um recado. Toda mensagem é um recado.
2 – Seja natural
Fique à vontade. Imagine que o leitor esteja à sua frente. Converse com ele. Fale fácil e espaceje suas frases com pausas. Confira ao texto um toque humano, pois você escreve para pessoas.
3 – Vá direto ao assunto
Não enrole: Comece pelo mais importante. E comece bem, com uma frase atraente, que lhe desperte o interesse e o estimule a prosseguir a leitura. No final, dê-lhe o prêmio de um fecho de ouro, como inesquecível sobremesa a coroar um lauto almoço.
4 – Use frases curtas
A pessoa só consegue dominar determinado número de palavras antes que os olhos peçam uma pausa. A frase muito longa dá trabalho, confunde. Por isso, use sentenças de, no máximo, uma linha e meia. Lembre-se: uma frase longa nada mais é do que duas curtas.
5 – Prefira palavras breves e simples
Vocábulos longos e pomposos funcionam como cortina de fumaça entre você e o leitor. Seja simples. Entre duas curtas, a mais simples. Em vez de falecer, escreva morrer; em lugar de somente, só; de matrimônio, casamento; de féretro, caixão; de morosidade, lentidão.
6 – Ponha as sentenças na forma positiva
Diga o que é, não o que não é. Quer exemplos? Não ser honesto é ser desonesto; não lembrar é esquecer; não dar atenção é ignorar; não comparecer é faltar; não pagar em dia é atrasar o pagamento.
7 – Opte pela voz ativa
Ela é mais direta, vigorosa e concisa que a passiva (a passiva, como o nome diz, parece sem força, desmaiada). Prefira “um raio provocou o blecaute” a “o blecaute foi provocado por um raio”.
8 – Abuse de substantivos e verbos
Escreva com a convicção de que no idioma só existem essas duas classes de palavras. As demais, sobretudo adjetivos e advérbios, devem ser usadas com a sovinice do Tio Patinhas. Na dúvida, deixe-os pra lá: (Normalmente) ao escrever textos (informativos), use substantivos (fortes) e verbos (expressivos).
9 – Seja conciso
Não diga nem mais nem menos do que você precisa dizer. Cultivar a economia verbal sem prejuízo da completa e eficaz expressão do pensamento tem dupla vantagem. Uma: respeita a paciência do leitor. Outra: poupa tempo e espaço.
10 – Persiga a clareza
Dificultar a compreensão do texto é colocar uma pedra no caminho do leitor. Para quê? Facilite-lhe a vida. Nas declarações longas, não o deixe ansioso. Identifique o autor imediatamente antes da citação ou depois da primeira frase.
Gente do Meio
ADEUS, ORLANDO BRITO



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