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Aldo Arantes assume Meio Ambiente em GO


Silvestre Gorgulho


Goiás tem novo Secretário do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. O deputado federal Aldo Arantes (Pdo B-GO) aceitou o convite do governador Marconi Perillo e assumiu o cargo, no dia 24 de janeiro, substituindo Paulo Souza Neto para o qual o governador criou uma nova secretaria: Secretário Extraordinário para Assuntos da Agenda XXI. Durante o discurso de posse, o novo secretário colocou algumas de suas propostas para o mandato. Entre elas a criação de uma grande campanha pelo Meio Ambiente em todo o estado e a cooperação entre as secretarias municipais. Também colocou a importância de projetos como o do Centro de Pesquisa e Informação do Cerrado, que já tem recursos destinados pela União para a construção.



Foto: Enquanto o novo secretário Aldo Arantes discursa na sua posse, estão sentados à mesa o ex-secretário Paulo Souza Neto, agora no comando da Agenda 21 de Goiás, e o presidente da Agência Ambiental de Goiás, Osmar Pires


A fiscalização mais rigorosa no uso de água é o objetivo da operação que a Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) deflagrou desde o final de janeiro. O trabalho está sendo feito, inicialmente, em propriedades rurais de 22 municípios e vai inspecionar o cumprimento das determinações contidas nas outorgas de direito de uso de águas. O secretário Aldo Arantes determinou rigor na verificação de todas as medidas técnicas dimensionadas pela Semarh com a finalidade de prevenir situações de conflitos e escassez no próximo período de estiagem.


Os técnicos da Semarh vão fiscalizar os números contidos nas outorgas relativos à construção e operação de barragens, equipamentos de irrigação, quantidade de água utilizada, perdas, e outros itens. Também serão vistoriados projetos de piscicultura, captações e sistemas de produção de água potável nos municípios para abastecimento público e ainda captações com finalidade de abastecimento industrial.


Ao longo de 2005, Aldo Arantes promete fiscalizar os mais de quatro mil usuários cadastrados e outorgados, principalmente para saber se a quantidade de água utilizada coincide com os registros armazenados na Secretaria. Outro objetivo desta fiscalização é coibir o uso clandestino de água.


Quem é Aldo Arantes
Nascido em Anápolis, Aldo Arantes teve toda sua formação política forjada por uma forte participação na política estudantil. Entre 1961 e 1962, ele foi presidente da União Nacional dos Estudantes.


Participou ativamente do projeto dos Centros Populares de Cultura e da UNE Volante, caravana que unia eventos culturais e a mobilização pela reforma universitária por todo o Brasil – espalhando “comunismo” pelo país, como ele lembra nas suas palestras e entrevistas.


Junto com o ex-governador Leonel Brizola, participou das mobilizações da Rede da Legalidade, com a ameaça de golpe militar à época da posse de João Goulart. Aldo Arantes militou na Juventude Universitária Católica (JUC) e depois na Ação Popular (AP). Nos anos 70, filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PC do B) e, após a redemocratização do país, cumpriu quatro mandatos como deputado federal por Goiás.


Aldo Arantes e a Hidrovia Araguaia-Tocantins


Aldo Arantes é conhecido por ser autor do projeto de lei propondo a proibição de navegação em grande escala e obras de drenagem e derrocagem no rio Araguaia.
O objetivo do projeto, segundo Aldo Arantes, é justamente inviabilizar a construção da hidrovia Araguaia-Tocantins. Segundo o novo secretário de Meio Ambiente de Goiás, o projeto foi resultado de estudos realizados por Institutos das Universidades Federal e Católica de Goiás, do Ibama, da Fundação Centro Brasileiro de Referência e Apoio Cultural, Secretaria de Meio Ambiente de Goiânia, Agência Ambiental de Goiás, além de debates com ambientalistas como Washington Novaes e o artista Siron Franco. A justificativa é que o rio Araguaia é diferente dos rios amazônicos, que têm um leito definido e profundidade suficiente para a navegação pesada. O rio Araguaia não tem um leito determinado e os estudos já comprovaram que seria necessária a realização de obras de drenagem constantemente para garantir a navegabilidade.
Aldo Arantes considera importante a navegação fluvial e ferroviária no Brasil, entendendo que foi um erro dos governos brasileiros priorizarem as rodovias em detrimento destas opções mais baratas de transporte. “Mas a hidrovia Araguaia-Tocantins vai implicar em gastos imprevisíveis, mesmo analisando dentro da racionalidade econômica é uma aventura esta obra, uma visão imediatista, pois um porto construído em determinado local pode rapidamente mudar de lugar, já que o leito do rio propicia este tipo de situação”.


Proteção para a Cidade Perdida nos Pirineus


Reunião entre o novo secretário do Meio Ambiente e o presidente da Agência Ambiental de Goiás, Osmar Pires, definiu várias medidas emergenciais para proteção da área da Cidade Perdida na Serra dos Pirineus, em Pirenópolis. A primeira medida foi o envio de fiscais da Agência Ambiental e policiais do Batalhão Ambiental da Polícia Militar para que a área não seja depredada por curiosos e nem que a visitação descontrolada possa causar qualquer espécie de dano à área.
Outro conjunto de medidas visa realizar estudos para que seja criada na área uma unidade de conservação. Aldo Arantes destaca que após o término dos relatórios técnicos, a Semarh poderá determinar qual o tipo mais adequado de unidade de conservação (Parque Estadual, Área de Proteção Ambiental – APA, Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE, Reserva, ou outro) será implantado no local. Ele diz ainda que os esforços são para que no prazo mais curto possível o governador Marconi Perillo possa assinar o decreto criando mais esta unidade de conservação em Pirenópolis. “Queremos que todos conheçam o local, mas isso precisa acontecer de forma ordenada e controlada para que não haja destruição de nenhuma parte da Cidade Perdida”, frisou Aldo Arantes.

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ADEUS, ORLANDO BRITO

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O céu de Brasília amanheceu lindo, azul e com muita luz.
Mas nossos corações acordaram tristes, meio sem rumo e repassando um filme de saudades ao relembrar a figura serena, solidária, tranquila, genial e amiga de Orlando Brito.
Que você vá em paz, amigo Britinho.
Seu legado, sua história e seu rico acervo fotográfico e editorial sobre a História recente do Brasil e de Brasília está eternizado.
Nossa mesa dos almoços das sextas-feiras, que já teve um vazio imenso com a despedida do arquiteto Carlos Magalhães da Silveira, em junho do ano passado, agora sofre um outro esvaziamento pela passagem de Orlando Brito.
Num espaço de semana, o fotojornalismo brasileiro fica mais pobre, meio sem graça e nossos olhares reclamam as imagens fantásticas que brotavam das lentes Orlando Brito e Dida Sampaio.
Muito triste!
Orlando deixou livros, causos e histórias. Seu mais recente livro é CORPO E ALMA. Deixou ainda: PERFIL DO PODER (1982), SENHORAS E SENHORES (1992), PODER, GLÓRIA E SOLIDÃO (2002) e ILUMINADA CAPITAL (2003).
Adeus, Orlando Brito. Siga em paz!
FOTO:
Da direita para a esquerda:
Orlando Brito, Paulo Castelo Branco, Silvestre Gorgulho, Lucas Antunes, Cláudio Gontijo, Carlos Magalhães da Silveira, Denise Rothemburg, Reginaldo Oscar de Castro e Austen Branco. Fora da foto, porque chegou mais tarde, a secretária Helvia Paranaguá.
Pode ser uma imagem de 6 pessoas, pessoas sentadas e ao ar livre
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O LEGADO DE ELISEU ALVES

COMPLETA 91 ANOS EM 2022

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Eliseu Roberto de Andrade Alves, que nesta segunda-feira, 27 de dezembro, completa 91 anos, é daqueles brasileiros que tem uma obra muito mais conhecida do que a si próprio.
Sua obra mais conhecida é ter participado da criação da EMBRAPA, onde realizou o sonho de qualquer instituição de pesquisa: mandar para as melhores universidades do mundo 2.500 jovens agrônomos, economistas rurais e veterinários recém formados aqui no Brasil e trazê-los de volta com títulos de Mestrado e P.h.D.
Mas Eliseu Alves deixa outros legados: ele criou o conceito do distrito de irrigação, pelo qual os projetos públicos passaram a ser administrados pelos irrigantes. Como presidente da Codevasf (Governo José Sarney) concebeu e implantou o programa de produção e exportação de frutas em Petrolina/Juazeiro e negociou empréstimos no exterior que permitiram uma expansão de mais de um milhão de hectares de área irrigada.
FRASES DO ELISEU ALVES
– “A Ciência liberta o homem da ignorância, da pobreza, da doença e da dor”.
– “Cercear o progresso do conhecimento é um erro lamentável, além de pouco prático: sempre haverá algum país onde a liberdade do cientista é respeitada, e esse país vai pular à frente dos demais na produção de riqueza e do bem estar de seu povo”.
– “O país que não investe em Ciência, condena seu povo a sobreviver com o suor de seu rosto. A Ciência democratiza e a tecnologia liberta”.
– “A Revolução Verde brasileira na década de setenta sustenta hoje o crescimento econômico do Brasil e coloca o País na rota dos grandes exportadores mundiais de grãos”.
– “Fazer ciência é apenas mais uma maneira de exercitar a fé. Nunca vi na ciência qualquer possibilidade de negação da fé. Entendo que investigar os fenômenos físicos e sociais nada mais é que conhecer e revelar os mistérios do fazer de Deus”.
Dr ELISEU ALVES, seus 91 anos devem ser celebrados com alegria, orgulho e como uma benção para o Brasil.
Abraço,
Silvestre Gorgulho
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CONCERTO DE DESPEDIDA: O ADEUS A THIAGO DE MELLO

O Brasil perdeu uma lenda: THIAGO DE MELLO.

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Eu perdi um amigo e a Cultura brasileira perdeu uma referência.
Hoje me emocionei com a carta do filho do Thiago de Mello que faz uma despedida tão linda, tão emocionante que vale a pena a leitura de netos, filhos, pais e avós.
Mensagem do filho do poeta Thiago Thiago de Mello:
Passei três semanas no Amazonas, viajando sozinho. Se é que é possível dizer que viajei sozinho, pois sempre estive acompanhado de gente que me quer bem, amigos e familiares que encontrei pelo caminho. Gente que amo e que me constitui. Fui com dois propósitos nessa imersão solitária. O primeiro, visitar meu pai. Estar com ele por alguns momentos, já ciente da situação de saúde e cuidados na qual ele se encontrava. Depois, fui com o objetivo de iniciar uma reforma inadiável em nossa casa à beira do rio, em Freguesia do Andirá, no interior do município de Barreirinha, a quase 350 km de Manaus. Um dia de barco pra chegar até lá. A casa me pede zelo já há um tempo e estou há uns meses organizando uma campanha para arrecadar recursos para as obras. Consegui uma parte do dinheiro através da generosidade e da compreensão de muitos amigos e conhecidos, todos amantes da amizade, da poesia, da Amazônia e da obra literária de meu pai. Todos sonhadores como eu, que sabem, como meu pai, que arte e cultura geram evolução individual e progresso social. Embarquei no final de Dezembro para Manaus, sendo acolhido pela minha família amazonense que tanto quero bem. Fui ao apartamento de meu pai e Pollyanna. Ele já estava praticamente sem se levantar. Fui até o quarto. Quando ouviu minha voz, comentou: “voz bonita a do meu filho”. Com a memória dissolvida pelo tempo (do qual não se corre) e pelas neuropatias, perguntou meu nome e se eu tinha filhos. Disse que me chamava Thiago e que tinha duas filhas. Nossas mãos entrelaçadas num carinho suave e ancestral. “Mas então nós temos o mesmo nome”, ele notou. Falei que isso tinha sido invenção dele, pôr meu nome Thiago Thiago de Mello. No que ele, após um certo silêncio, falou baixinho: foi pra ficarmos juntos até mesmo no nome. “Cuida bem das suas filhas”. (Eu me emocionei muito nessa hora porque queria dizer a ele que se sou um bom pai é porque ele foi o melhor formador e educador que eu pude ter). Seguimos nossa conversa cheia de silêncios e respirações. Quis saber o que eu fazia da vida. “Canções e poemas”, não titubeei. Ele fez que sim com a cabeça e repetiu “canções e poemas, isso”. Perguntei se eu estava indo no caminho certo. “Certíssimo”, ele me disse com a voz grave de trovão adormecido. Comentei que estava indo para Barreirinha cuidar da nossa casa, pedi a sua benção (“Deus lhe abençoe”, me beijando a mão) e segui o meu caminho rumo ao rio Andirá, dos Saterês-maués. Fiquei semanas num país submerso, me nutrindo do passado, de banho de cheiro, tucumãs, ovas de curimatã, sombra de castanheira, amizades verdadeiras e caldeiradas de tucunaré e tambaqui. As obras começaram. Retiramos as vigas podres. Os esteios corroídos substituímos por madeira nova. Passamos óleo queimado para afugentar o cupim de terra traiçoeiro. Compramos tinta, cimento, ferro. Vieram os trabalhadores. As telhas chegaram de Parintins, presente de Antonio Beti, cuja doação jamais esquecerei. Recebi tanto em minha jornada pelas águas. Fiz um trabalho firme, aguentando o rojão sob chuva e sol quente. Barreirinha, onde meu umbigo está enterrado, me acolheu como sempre. Vi a felicidade nos olhos de gente simples, hospitaleira, contadora de histórias. É com meus irmãos e irmãs ribeirinhos que meu espírito se molda e evolui. Na verdade estava, sem saber, me preparando para um adeus após uma longa despedida. Fortaleci minha alma estando naquele lugar, berço meu, que aprendi a amar com meu pai e minha mãe desde que pra lá fui levado aos 6 meses de idade. Voltei pra Manaus e fui ao apartamento ver meu pai. Ele não me respondeu, já completamente dentro do seu próprio mundo, distante daqui. Pedi um violão e, então, comecei a tocar. As lágrimas caíram, eu sentado e ele deitado na cama. Tirei do baú as canções que sempre cantávamos juntos: “Azulão”, “Por que tu te escondes”, “Linda vida”, “Pai velho”, “Quem me levará sou eu”, “Faz escuro, mas eu canto”. Fiquei ali cantando por mais de trinta minutos, a primeira vez em nossas vidas que ele não cantou junto comigo. Foi um concerto de despedida. A nossa despedida tinha que ser com música e poesia, universo no qual sempre nos encontrávamos. Saí dali e fui comer um pacu assado de brasa em sua homenagem. Botei bastante pimenta murupi e tomei um suco de taperebá pra aliviar o peito. No dia seguinte, logo cedo pela manhã, papai atravessou o rio da vida. Morreu dormindo, bravo merecedor. Parece que estava só me esperando para seguir à Casa do Infinito. Sincronicidade astral, projeto dos deuses, dádiva da natureza. Ele foi em paz. Estamos de luto, mas em breve cantaremos com alegria, como ele sempre nos ensinou.”
THIAGO THIAGO.
PS: A casa que o filho esta reformando é um projeto de grande amigo do poeta, o urbanista Lucio Costa.
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