Gente do Meio
Ferreira Gullar, Brasília ano zero
Catedral de perna fina – viatura e gasolina
Silvestre Gorgulho
Os brasilienses se orgulham de sua cidade, mas nem sempre se comemorou o aniversário de Brasília como a data merecia. O primeiro ano, em 1961, foi comemorado com um simples coquetel. Nos anos seguintes, às vezes tinha alguma tímida celebração e, outras, apenas uma lembrança na mídia, com anúncios ou entrevistas. Para falar a verdade, nunca se comemorou o aniversário de Brasília como vem sendo feito, desde abril de 2007. O governo de José Roberto Arruda inovou. Plantou um grande evento. Fez questão de abrir espaço no Eixo Monumental para uma megafesta.
Em 2007, 650 mil pessoas ocuparam a Esplanada dos Ministérios para assistir a shows de bandas e cantores, modalidades esportivas e apresentações do mundo gospel. Em 2008, a dose foi maior: um milhão de pessoas passou o dia na Esplanada para ver cavalgada, cultos ecumênicos, cultura, esporte, shows e queima de fogos.Em 2009, mais esporte, mais cultura, mais shows, mais festa, mais alegria e muito mais gente: um milhão e duzentas mil pessoas. Recorde absoluto! Em 2010, no seu cinqüentenário, as celebrações prometem atingir a temperatura máxima.
Mas voltemos no tempo. E como foi comemorado o primeiro aniversário de Brasília, em 21 de abril de 1961? Evidente, com todas as dificuldades de uma cidade ainda na placenta da história. O que ficou da festa – além de um singelo coquetel no gabinete do prefeito Paulo de Tarso, foi a poesia que nasceu da pena do encarregado de fazer as comemorações: o presidente da Fundação Cultural, poeta Ferreira Gullar.
A verdade é que com seus cento e poucos mil habitantes, Brasília teve mais poesia do que festança, no seu primeiro aniversário.
Sem nenhum tipo de condução e sem nenhum apoio logístico para celebrar o primeiro ano de vida, Ferreira Gullar foi buscar a solução no bravo Exército Nacional. Marcou audiência.
Um major o recebeu mui educadamente. Depois de muita conversa, o oficial se saiu com essa:
– Dr. Gullar, tudo bem, mas o problema é viatura e gasolina.
– Eu sei, mas qual a solução?
– Dr. Gullar, não tem solução!
Sem solução, sem apoio, com bastante poeira e muita inspiração, Ferreira Gullar aproveitou o vinho comemorativo no final de tarde do dia 21, na sala do prefeito Paulo de Tarso, sacou do bolso um poema em forma de embolada e discursou para os convivas:
Não adianta seu prefeito abrir estrada.
Não adianta Carnaval na Esplanada.
Não adianta Catedral de perna fina
Rebolado de menina
Que o problema é viatura e gasolina.
E todo mundo riu muito, mas ninguém perdeu o ritmo:
– O problema é viatura e gasolina.
Bons tempos aqueles, quando o astral era altíssimo e o problema era só viatura e gasolina.
.
Gente do Meio
ADEUS, ORLANDO BRITO



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