Gente do Meio
GOIÁ, Menestrel de Coromandel
GOIÁ
Gerson Coutinho da Silva: saudades de Minha Terra
Silvestre Gorgulho
Minha terra tem palmeiras… tem sabiá… tem Gonçalves Dias… e tem GOIÁ. Gerson Coutinho da Silva, o Goiá, nasceu em Coromandel-MG (11/1/1935) e morreu aos 46 anos, em Uberaba (20/1/1981). Estudou música com o maestro José Ferreira e sempre gostou de poesia e trovas. Aos 18 anos foi com o pai Celso Coutinho para Goiânia levando seus sonhos de fazer música sertaneja. Em Goiás, conheceu músicos e radialistas. Entrou no meio deles e virou um deles. Gravou discos, fez sucesso e ganhou o apelido de Goiá. Dizia sempre que sua inspiração vinha da saudade e da solidão. Seu clássico “Saudades de Minha Terra” nasceu de um bilhete, em 1955, para o amigo Sinval Pereira: “De que me adianta viver na cidade….” Goiá foi para São Paulo, berço da música raiz. Logo foi aclamado como revelação. Fez programas de rádio como Choupana do Goiá – Brasil Caboclo – e Serra da Mantiqueira. Trabalhou na rádio Bandeirantes, na Nove de julho, na Excelsior e na Nacional. Em 61, quase todos os cantores sertanejos já haviam gravado músicas suas. Goiá escreveu uma das mais ricas páginas de criatividade e beleza da música dita caipira. Compôs inclusive a trilha sonora do filme “A Vingança de Chico Mineiro”. Financeiramente, nunca foi reconhecido pelo seu trabalho.
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Saudade de Minha Terra
Só Gonçalves Dias cantou “Minha Terra” como Gerson Coutinho da Silva, o Goiá. E foi ele também que ajudou colocar a música sertaneja no coração do brasileiro. Muitos, talvez, nem saibam seu nome, mas todos, com certeza, sabem suas canções. Goiá é o Menestrel de Coramandel. Quer ver como sua obra é conhecida? Vamos lá. Quem não se lembra destes versos e desta canção?
“De que me adianta, viver na cidade,
Se a felicidade não me acompanhar.
Adeus paulistinha do meu coração,
Lá pro meu sertão eu quero voltar.
Ver na madrugada, quando a passarada,
Fazendo alvorada, começa a cantar,
Com satisfação, arreio o burrão,
Cortando o estradão, saio a galopar;
E vou escutando o gado berrando,
Sabiá cantando no jequitibá.
Por Nossa Senhora, meu sertão querido,
Vivo arrependido por ter te deixado;
Esta nova vida, aqui na cidade,
De tanta saudade eu tenho chorado,
Aqui tem alguém, diz que me quer bem,
Mas não me convém, eu tenho pensado,
Eu fico com pena, mas esta morena,
Não sabe o sistema em que fui criado.
Tô aqui cantando, de longe escutando,
Alguém está chorando com o rádio ligado.
Que saudade imensa, do campo e do mato,
Do manso regato que corta as campinas,
Aos domingos ia, passear de canoa,
Na linda lagoa de águas cristalinas.
Que doce lembrança, daquelas festanças,
Onde tinha danças e lindas meninas.
Eu vivo hoje em dia, sem ter alegria,
O mundo judia mas também ensina.
Estou contrariado mas não derrotado,
Eu sou bem guiado pela mão divina.
Pra minha mãezinha, já telegrafei,
Que já me cansei de tanto sofrer;
Nesta madrugada estarei de partida,
Pra terra querida que me viu nascer;
Já ouço sonhando, o galo cantando,
O inhambu piando no escurecer,
A lua prateada, clareando a estrada,
A relva molhada desde o anoitecer.
Eu preciso ir, pra ver tudo alí,
Foi lá que nascí, lá quero morrer.
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Gente de Minha Terra
(…)
Quem é que esquece o campo, a cascata
O lago, a mata, a pesca de anzol
O gado pastando, o capim do atalho
Molhado de orvalho brilhando ao sol
E a gentileza do povo
Que a todos dispensa o mesmo calor
Eu gosto da vida também da cidade
E sei que existe a felicidade
Mas deve ser filha do interior.
(…)
DISCOGRAFIA –
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HOMENAGEM – Em Osasco-SP, tem uma rua com seu nome. Também em Coromandel-MG tem um rua em sua homenagem. |
Em 1971, começam os problemas de saúde. Goiá morre em Uberaba, em 81. É enterrado em Coromandel. Seu último pedido vem em forma de poesia:
O dia em que a morte com sua inclemência,
Tirar minha vivência com outros mortais,
Imploro às pessoas, às quais considero,
Na campa só quero as iniciais.
Mas deixem na pedra bem fundo gravada,
De jeito que nada apaga os sinais:
“Uma saudade amarga e cruel,
De Coromandel em Minas Gerais”.
G.C.S. Uma saudade amarga e cruel,
De Coromandel em Minas Gerais.

Gente do Meio
ADEUS, ORLANDO BRITO



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