Poesias
Meu pé de Serra
À Maria Rita
Meu pé de Serra
Silvestre Gorgulho
Voltei pro meu pé de serra, meu verde vale de infância…
Vitórias? Trouxe-as comigo! Derrotas? Nem mais vou lembrar.
Nesse chalé enfeitado com fios de luz do luar,
Vou trancar minhas saudades e só abrir, para a abundância
de brisa, de sol e amizades que sobram neste lugar.
De dia, namoro as montanhas e os passarinhos cantar.
Eles esticam lá longe meu pensamento e olhar
e trazem o cair da tarde e a lua pra me acalentar.
Até os dias de chuva têm charme em alta voltagem
Relâmpagos espocando flashes fotografam a paisagem.
De noite, eu conto as estrelas… Ah! têm estrelas demais…
E fico, então, a colhê-las… Vou guardando uma a uma
no meu travesseiro de pluma, prá minha noite de paz.
Com o Céu aqui bem pertinho é fácil rezar e sonhar…
Receba, Senhor, esta prece, de quem deixou essa terra
Sem saber pra onde ia… mas lutou com garra e raça,
alegria e ousadia… sem nunca perder a esperança!
Obrigado pela graça de voltar ao pé da serra
Que brinquei quando criança.

Poesias
Aconcágua serás!
(Poesia feita por ocasião da morte dos três alpinistas brasileiros – Mosart Catão, Othon Leonardos e Alexandre Oliveira – que morreram no dia 03 de fevereiro de 1998, quando tentavam o feito inédito de chegar ao cume do Monte Aconcágua pela face sul. Essa poesia foi capa da Folha do Meio Ambiente, edição Ecoturismo – Março de 1998)
Aconcágua serás!
Silvestre Gorgulho
Meu fascínio é teu desafio
e ambos são os preços para tua glória.
Fascínio e desafio são minhas oportunidades
para fazer amigos e heróis.
Amigos: aqueles que chegam aqui em cima, me acariciam e voltam.
Heróis: aqueles que aqui permanecem
e que, por todo o sempre, dormirão ao meu lado,
dividindo comigo magias e encantos.
Eu sinto falta de meus amigos,
aqueles que me visitam e retornam às suas casas.
Sentirás falta de teus amigos,
aqueles que aqui plantam sua morada.
Não chores por eles.
São meus heróis. Meus escolhidos.
Serão sentinelas brancas,
marcando o território de suas pátrias.
Serão Aconcáguas como eu.
Neste meu céu, sem pássaros e sem flores,
sem o vôo solitário do Condor,
minha natureza é o ar, a pedra, a neve e meus alpinistas.
Sim, meus 85 alpinistas, meus 85 heróis,
que como Mozart, Alexandre e Othon
deram um tempo na sua escalada
e quedaram neste céu para sempre.
Todos eles buscaram a glória. E a tiveram.
Venceram o ermo e a solidão.
Cada um deles tem consigo a bandeira congelada de sua Pátria
que seria desfraldada em calorosas emoções, risos e lágrimas.
Montanhista!
Ao beijar a minha testa,
terás o mundo a teus pés.
Mas, se por acaso, o destino
deixar que repouses ao meu lado,
dorme… dorme, meu herói!
Dorme tranqüilo que velarei por ti eternamente…
Aconcágua serás!
Poesias
Ao Navegante
(Ao assumir a Presidência da República, em 15 de março de 1990, Fernando Collor inovou no marketing pessoal, no exagero ao culto da personalidade e nas suas loucuras por água, por terra e por ar.)
AO NAVEGANTE
Silvestre Gorgulho
Collor que busca aventura
N´água, na terra e no ar
Agora quer muito mais:
Vai voar num Mirrage,
Deixando o som para trás.
Mas se cuide, oh Presidente,
E veja o que você faz.
Esse pessoal também erra
E seus erros são fatais.
Tenha muita paciência
E pense um pouquinho mais:
O Iraque em plena guerra
Perdeu bem menos Mirrage
Do que o Brasil na Paz!
Poesias
O menino sonhador
Silvestre Gorgulho
Era uma vez um menino que vivia de sonhar.
Ele tinha o gen do sonho na alma.
Seu bisavô, Enrico Mylius Dalgas, foi um sonhador: plantou todas as florestas da Dinamarca.
Seu pai, Svend, foi outro sonhador:
desenhou todas espécies de aves brasileiras.
E ele, aos 5 anos de idade, aprendeu a sonhar: assobiava os cantos das aves
que viviam no jardim de sua casa.
Seus sonhos sempre tinham floresta no meio.
Ele sonhava com o zumbido do vento,
com o tilintar das folhas secas que caíam,
com o som das cachoeiras e com a beleza das aves.
Cresceu sonhando com a natureza.
De tanto sonhar, aprendeu que cada floresta
tinha um som diferente,
porque tinha ruídos diferentes,
porque tinha cantos diferentes e
porque tinha vida diferente.
Aí resolveu cair na realidade e conhecer
todas as florestas brasileiras. Uma a uma.
Visitou a Mata Atlântica, os Campos do Sul,
a Caatinga, o Cerrado, o Pantanal e
a Floresta Amazônica.
Quanto mais se embrenhava na floresta, mais sonhos ele tinha.
Sonhos que viraram paixão.
Aí sua alma se mudou para os campos e
ele se apaixonou de vez pelos pássaros,
os habitantes mais alegres e
mais charmosos das florestas.
Era uma vez um menino que sonhou a vida inteira e, aos 75, ainda não acordou.
Ainda sonha que os homens façam pelas aves,
o que fazem por si próprios.
Sonha que as cidades respeitem mais estas jóias da natureza dando-lhes maior proteção, comer e beber.
Sonha, ainda, em viver eternamente apaixonado e que esta paixão escorra das páginas deste novo livro para dentro dos olhos, das mãos e
da alma de cada um dos habitantes desta bendita Terra que possui a maior biodiversidade do mundo.
Johan Dalgas Frisch deixa na sua história de menino-passarinho muitas mensagens.
A melhor delas: vida sem paixão é vida que se vai como folha seca de uma árvore que cai.
Vida com paixão é vida que se vive intensamente, prazerosamente e que deixa um rastro de luz
para iluminar eternamente nossas pegadas.
Era uma vez um menino que vivia de sonhar e
seus sonhos tinham sempre floresta,
paixão e o cantar fantástico, doce e
melodioso das Aves Brasileiras
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