Janela da Corte

MILTON SELIGMAN


Silvestre Gorgulho


Depois que Brasília acolheu esta dupla gaúcha de Santa Maria, Graça e Milton, “Os Céus de Brasília” nunca mais foram os mesmos. E o fato está provado não só em ações, mas também em fotos que correram o mundo e ganharam prêmios graças às lentes de Graça, jornalista e anjo-da-guarda de um dos mais brilhantes e articulados profissionais de sua geração: Milton Seligman. Engenheiro de formação, poliglota, analista de sistemas, executivo internacional (foi diretor de projetos da IPS – uma agência internacional de notícias, com sede em Roma), Seligman ganhou credibilidade política e respeito de correligionários e adversários por duas atitudes difíceis de serem encontradas hoje em dia: isenção e desprendimento pessoal. Em 1986, Milton Seligman era presidente do PMDB-DF e teve papel importantíssimo na primeira eleição de Brasília: recusou cargos no Governo José Aparecido (de quem é amigo pessoal e aprendeu a ser bem “mineiro”) e deixou de ser candidato, com o único sentido de fortalecer seu partido, que elegeu os senadores Pompeu de Souza, Meira Filho e os deputados Sigmaringa Seixas, Márcia Kubitschek e Geraldo Campos. Oriundo de movimentos estudantis no Rio Grande do Sul, onde foi líder e presidente de diretório acadêmico nos tempos da ditadura, Seligman se declara hoje um “social-democrata”, seguindo os passos do PSDB e a liderança de Fernando Henrique. Pelo seu perfil político amplo e moderado, sempre hábil e equilibrado nas negociações, Milton Seligman nega, mas todas as fontes confirmam que ele continua como Vice-Ministro da Justiça na saída de Nelson Jobim. E mais: todos os astros prevêem que suas renúncias e isenções políticas do passado darão mais força e iluminarão seu caminho político futuro. Milton Seligman, hoje Ministro Interino da Justiça, abre a Janela da Corte para falar de política, de Brasília – cidade que adotou definitivamente – e de Brasil.


1 – O que mais o incomoda em Brasília.
A segregação social que é mais acentuada aqui, em função do nível de vida de algumas Satélites e do Plano Piloto. É por isso que defendo políticas públicas voltadas para a redistribuição de renda.


2 – O clone é uma realidade da engenharia genética. Dê o nome de cinco brasileiros que, pela importância, mereceriam ser copiados em série.
A minha formação familiar judaica, com forte influência cristã, me coloca sempre ao lado da vida e dos valores éticos e morais do ser humano. Um ser de laboratório, resultado de artifícios da engenharia genética, é uma criatura assustadora. Defendo a reprodução natural de seres humanos e acredito que a herança genética natural é a garantia que os nossos melhores valores possam progredir e aprimorar-se.


3 – Depois de ser presidente do PMDB-DF, uma avaliação: é mais fácil ser um tucano de FHC ou um peemedebista do dr. Ulysses?
Foi fácil ser um peemedebista do Dr. Ulysses como é fácil ser um tucano de Fernando Henrique. Ambos são líderes que se complementam na história política brasileira. Se um conduziu o movimento que conquistou a Democracia, o outro conduz um movimento que está reformando o Brasil. São líderes que se sucedem.


4 – Três nomes que sabem honrar o nome de Brasília?
Oscar Niemeyer, Athos Bulcão e Vera Brandt.


5 – A política é uma arma para se fazer justiça ou um caminho mais fácil para encobrir injustiças?
A política é o mecanismo que busca, por meio do equilíbrio de posições, construir desenvolvimento e justiça social. Não há como negar que muito fazem mal uso deste instrumento, revertendo-o para conquistar vantagens pessoais.


6 – Brasília não é mais a mesma. Caiu a qualidade de vida porque o nivelamento é por baixo ou porque é uma tendência nacional?
Brasília é Brasil. Todo o Brasil está vivendo um processo de adaptação, um processo de despertar para um mundo diferente onde o padrão de vida está associado a valores bastante diversos. Existência de empregos, preservação do meio ambiente, segurança pública, educação eficiente, saúde, etc. Os tempos são de mudança, mas Brasília segue sendo um paradigma de desenvolvimento humano para o qual nós brasilienses devemos construir as condições de sustentabilidade.


7 – Os líderes sindicais brasileiros fizeram do sindicalismo uma profissão ou perderam o bonde da história?
Acho que as duas coisas. Ainda temos líderes respeitáveis. Mas no Brasil, o sindicalismo vem perdendo espaço pela falta de atualização de suas bandeiras de luta. De fato, alguns radicalizam o discurso para esconder a falta de propostas ou a defesa de teses ultrapassadas.


8 – Bolsa Escola, Projeto Orla e DF Verde. O PT está no caminho certo?
Eu gosto muito destes três projetos e os defendo. O Orla foi, inclusive, plataforma de campanha de Maria de Lourdes, candidata do PSDB. Entretanto, a avaliação sobre o caminho do PT em Brasília tem que ser ampliada. Sinto falta, por exemplo, de uma política de valorização do servidor público em uma sociedade sem inflação, da inércia em relação a uma política de geração de empregos e do modo como o PT conduz sua política de alianças na Câmara Distrital.


9 – Quem pensa grande e quem pensa pequeno no Governo do PT de Brasília?
Considero, apenas, que o valor intelectual do Governador Cristóvam Buarque está fora de discussão. Trata-se de um dos grandes pensadores contemporâneos do Brasil.


10 – Sem autonomia econômica, sede dos 3 Poderes e do Corpo Diplomático, foi bom para Brasília conseguir a autonomia política?
Brasília tem menos de 40 anos e 10 de representação política. Temos que melhorar muito o nível do debate e a qualidade das propostas, mas estamos progredindo. Temos que continuar trabalhando para seu aprimoramento.


11 – Todos são iguais perante a Lei ou para a Justiça tem gente conseguindo “ser mais iguais do que os outros”?
Somos um País injusto, mas desejoso de mudar. A herança de injustiça social que temos, fruto de tantos anos de concentração de renda começou a mudar. Nosso maior problema reside nas desigualdades e isto ainda permite que alguns sejam “mais iguais do que os outros”. Mas está mudando.


12 – Há espaço para uma esquerda “light” em Brasília?
Há espaço para todos em Brasília. Somos a síntese do Brasil.


13 – Para quem o eleitor brasiliense dará mais votos para deputado federal. Para Milton Seligman ou para Sigmaringa Seixas?
Sempre votei no Sigmaringa, fiz campanha para ele e me orgulho disto. É um amigo querido que tem espaço garantido na vida pública de Brasília. Hoje estamos em partidos diferentes e eu tenho minhas pretensões políticas, que dependerão sempre das decisões de meu partido, o PSDB. Sigmaringa e eu queremos o mesmo tipo de sociedade, mas acreditamos em caminhos diferentes.


14 – Qual o pecado capital de Brasília?
Não ter conseguido levar a qualidade de vida do Plano Piloto para o Entorno

Continue Lendo
Clique para comentar

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Janela da Corte

ARLETE SAMPAIO

Publicado

em

Artele

Por nascimento, ela é baiana de Itajiba;
Por educação secundária,
ela é mineira de Belo Horizonte; Pela
universidade e pela política, ela é
brasiliense da gema. Arlete Sampaio, vice-governadora
do DF, médica-sanitarista, uma das
fundadoras da CUT-DF, com profunda militância
sindical, mora em Brasília há
26 anos. Duas coisas me chamaram atenção
na conversa com a vice-governadora e no acompanhamento
diário que faço do Governo petista.
Primeiro: Arlete veio da ala mais radical
do partido, uma trotskista de carteirinha,
e hoje é o equilíbrio do partido
e do Governo Cristóvam. Segundo: neste
caleidoscópio de críticas a
membros do governo petista, neste emaranhado
de brigas e disputas, a vice-governadora –
queiram ou não – é inatacável.
Da linha trotskista de ontem ela virou o ponto
de unidade de hoje. É por isso que
vale a pena saber um pouco mais desta mulher
que, no difícil cargo de vice, é
– por assim dizer – uma unanimidade de seriedade
e coerência. Uma médica que está
sempre pronta a colocar mercúrio-cromo
nas feridas abertas por companheiros do partido
e do governo. Arlete Sampaio abriu a Janela
da Corte deste domingo e mostrou que tanto
a baianice como a mineirice ficaram lá
para trás. Agora a vice é uma
candanga legítima que não está
disposta a entregar, de graça, o espaço
e o respeito que conquistou.

1 – O que mais a incomoda
na política?

A predominância dos projetos individuais
sobre os projetos coletivos.

2 – Ser governo lhe
agrada?

Sim, no sentido de poder realizar os nossos
ideais.

3 – Em três anos
de governo do PT, no difícil papel
de vice-governadora, quais foram os três
momentos mais gratificantes?

A participação nas plenárias
do Orçamento Participativo. As inaugurações
de obras que mudam para melhor a qualidade
de vida da população. A visualização
do crescimento da consciência-cidadã,
como no programa Paz no Trânsito.

4 – E quais foram os
três momentos mais amargos?

As injustas críticas feitas ao GDF,
principalmente no primeiro ano. As incompreensões
mútuas entre o GDF e o Movimento Sindical.
As críticas amargas feitas por companheiros
que participaram do Governo.

5 – Há algum
desconforto em ser vice?

Vice, como se diz, é vice. Há
um certo desconforto por nem sempre poder
imprimir um estilo próprio de trabalho.

6 – O Lula não
queria sair candidato à Presidência.
E saiu. A senhora não gostaria de ser
novamente vice. Vai ser?

Tudo depende da discussão que estamos
fazendo no âmbito interno do PT e depois
com os Partidos da Frente. Se for necessário,
repito a dose.

7 – Como médica-sanitarista,
a saúde pública brasileira tem
jeito?

Claro que tem. Depende apenas de vontade política
e de profundo compromisso com o povo.

8 – Onde a senhora mais
se realizou: coordenando os programas de saúde
pública do DF, na direção
no PT-DF ou no cargo de vice-governadora?

Pela amplitude das ações das
quais tenho participado é, sem dúvida,
mais gratificante ser vice-governadora.

9 – Como vice-governadora
a senhora coordena as Administrações
Regionais e órgãos do GDF; implantou
o Programa Integrado de Combate ao Uso e Abuso
de Drogas no DF; coordena o Orçamento
Participativo; e coordena as bancadas petistas
na Câmara Distrital e Federal. Governar
é mais fácil do que se pensava?

Primeiro, uma correção: não
coordeno as bancadas. Quem coordena é
o Governador. E, neste ano, o melhor trabalho
realizado foi no planejamento político-financeiro
do governo e na coordenação
na área de habitação.
Agora vamos à resposta: é sempre
fácil fazer qualquer coisa, quando
fazemos com boas intenções,
com clareza do que queremos e com firmeza
de posições.

10 – Se o Governo petista
começasse hoje e fazendo um replay
do que passou: qual o principal erro que a
senhora tentaria evitar?

Cometemos alguns erros. Talvez o maior tenha
sido em não divulgar, com dados e fatos,
a situação caótica em
que encontramos o Distrito Federal.

11 – Sinceramente, qual
o grande mérito do Governo Cristóvam
Buarque?

Ser democrático, popular e honesto.

12 – Delfin Neto disse
que Lula será mais uma vez sparring
eleitoral. Isso tem sentido?

Claro que não. Ele sabe bem das incertezas
do momento político brasileiro e sabe
que Lula tem boas chances eleitorais e pode
bem nocautear FHC.

13 – Como a senhora
vê a saída de Luiza Erundina
e Vitor Buaiz do PT: Uma Questão de
acomodação.

foram tarde. O PT tem regra para ser cumprida.
Grande perda. Estavam no ninho errado.
Embora seja uma perda, o PT tem regras para
serem cumpridas.

14 – Dê o nome
de três brasileiros vivos que a senhora
mais admira.

Luiz Inácio Lula da Silva, pela inteligência
excepcional; Chico Buarque de Holanda, pela
sensibilidade quase feminina; e Fernanda Montenegro,
que aliás é minha xará,
por seu talento.

15 – Qual destas três
máximas está mais próxima
da verdade:

· Exatamente no momento em que você
pensa que vai conseguir juntar duas extremidades,
alguém as muda de lugar.
· Nunca ande por caminhos já
traçados. No máximo eles vão
levar a lugares onde outros já estiveram.
· Atrás de um grande homem tem
sempre uma grande mulher.
Nenhuma delas faz minha cabeça.

16 – O PT tem que mudar
para crescer ou tem que crescer para mudar
ou tem que continuar como está?

Nenhuma das formulações expressam
as necessidades do PT, mas poderia admitir
que “tem que crescer para mudar”,
na medida em que crescendo expressaria melhor
o sentimento da nossa população.

17 – O Partido aceitará
contribuição da iniciativa privada
para a próxima campanha eleitoral?

No último encontro, o partido decidiu
aprovar as contribuições de
Pessoas Jurídicas, mas dentro da mais
absoluta transparência.

21/12/1997
Continue Lendo

Janela da Corte

LOURIVAL NOVAES DANTAS

love.php.jpg

Publicado

em

Lourival
Novaes Dantas chegou a Brasília na
década de 60 e não perdeu tempo:
em 68, fundava a Editora Gráfica Vera
Cruz e, em 72, fundou a Editora Gráfica
Ipiranga, transformando-a em uma das maiores
do ramo no Centro-Oeste. Mas suas preocupações
iam além dos negócios, pois
Lourival esteve sempre preocupado em lutar
peIo movimento sindical patronal, do qual
é um dos fundadores, em Brasília.
Além de ter sido presidente do Sindigraf
(Indústrias Gráficas) e do Conselho
Diretor da Abigraf, Lourival Dantas respondeu
durante seis os pela vice-presidência
da Federação das Indústrias
de Brasília – Fibra,

da qual é presidente hoje. Abrindo
a JANELA DA CORTE, neste domingo, Lourival
fala da política de incentivo do DF,
do Imposto Simplificado, de Reeleição,
da Feira do Paraguai, onde, também,
não nega, já foi fazer suas
comprinhas.

1 – Duas coisas
que mais o incomoda Brasília?


Os assentamentos irregulares e o desemprego.

2 – Brasília
será sempre uma cidade administrativa,
prestadora de serviço ou tem futuro
industrial também?


Sem perder suas características de
Centro Administrativo do País, Brasília
só poderá resolver o desemprego
com uma industrialização planejada
e consciente.

3 – Dê duas
estratégias para o correto desenvolvimento
industrial de Brasília.


A primeira estratégia é o Plano
de Desenvolvimento Industrial apresentado
há pouco pelo governador Cristovam
e que teve uma parceria efetiva da Fibra.
A segunda é a responsável implantação
deste Plano.

4– A Fibra é
a entidade de classe mais forte e no DF. Mas
a Fibra não vem perdendo espaço
para outras entidades que estão sabendo
usar melhor o marketing?


A Fibra não esteve e nem está
preocupada em perder ou ganhar espaço.
A nossa atuação, com eficiência,
os objetivos que nos propusemos atingir.

5– As representações
políticas do DF – Câmara Distrital
e Congresso Nacional – estão sempre
divididas entre duas categorias: os sindicalistas
e os empresários. Isso significa mais
corporativismo ou mais dinheiro nas campanhas?


Nem uma coisa nem outra! Isso significa apenas
que esta havendo uma maior conscientização
do setor produtivo da população.
É perfeitamente natural, e até
desejável, que esses segmentos busquem,
através da política, as soluções
para os problemas.

6 – E o Imposto
Simplificado para pequenas e médias
empresas lançado por FHC. Se estados
e Municípios não aderirem tem
perigo de não funcionar?


Esse imposto é de tal importância
para a permanência e manutenção
da “saúde” financeira das
micro e pequenas empresas, que, creio eu,
dificilmente um Estado do poderá não
aderir ao programa.

7 – A implantação
do Projeto do Imposto Simples vai, como se
diz, diminuir a sonegação e
aumentar a arrecadação?


Empresário nunca teve a intenção
de sonegar imposto. Se alguns o fazem é
por total impossibilidade de cumprir a legislação,
que todo mundo sabe, é caótica
e conflitante. Com o imposto simplificado,
todos podarão pagar e aí é
aquela história, todos pagando, paga-se
menos.

😯 presidente da CNI
já confessou que foi comprar na Feira
do Paraguai. E o presidente da Fibra já
foi?


Já.

9 – O fim da Feira do
Paraguai vai trazer desemprego, como alega
o GDF?


A solução a ser encontrada passará,
necessariamente, pela formalização
da Feira. Proibir seu funcionamento é
uma solução simplista.

10 – Então a
Fibra é a favor da Feira do Paraguai?


Não. Sou a favor de e que se encontre
uma solução. O próprio
Estado deve ajudar esses feirantes a sair
da economia informal.

11 – A Fibra é
uma entidade sempre alinhada com o Governo.
Isso é bom para a classe empresarial?


Em muitas ocasiões a Fibra tem ido
contra as soluções encontradas
pelo GDF. Mas estamos trabalhando juntas.
Governo e empresários buscam soluções
que melhor atendam a comunidade.

12 – A classe
sindical patronal é tímida,
fisiologista, tem muito corporativismo intra-diretoria
e é culpada pelos associados porque
os dirigentes na maioria das vezes procura
seus próprios interesses. Isso é
pragmatismo sindical?


Não concordo com a premissa da pergunta.

13 – O que as entidades
sindicais tem feito para enfrentar a globalização
da economia?


Trabalhado intensamente em busca da qualidade
e de maior produtividade. Precisamos –
e trabalhamos com o Governo para isto –
minimizar o chamado Custo Brasil, carga tributaria
que inviabiliza qualquer intenção
de concorrência internacional.

14 – Um nome que
sabe fazer Brasília ser respeitada
?


A dobradinha Aloysio Campos da Paz e o Hospital
Sarah Kubitschek

15 – O tema hoje
é reeleição. Você
é a favor da Reeleição
de FHC?


Sou a favor. Esse é um projeto mais
econômico do que político, pois
está em jogo a estabilidade da moeda.

16 – Todo mundo
sabe que o processo de sucessão na
Fibra já foi deflagrado. Você
é candidato à reeleição?


Tudo tem seu tempo. Ainda é cedo para
saber.

1 7 – Qual o pecado
capital de Brasília?


Exercer o fascínio de que, vindo para
cá, se arruma emprego fácil,
se arruma lote e se vive bem.

Continue Lendo

Janela da Corte

PAULO CASTELO BRANCO

Publicado

em

Castelo Branco

PAULO CASTELO BRANCO é um advogado brasiliense, com jeito “boa praça” dos cariocas e nascido em Parnaíba, Piauí.

É autor de “Brasília 2.030”, um ensaio que mostra o caminho de destruição que Brasília vai percorrer até que alcance o momento da ressurreição. Está preparando seu segundo livro: “A Morte de JK”, pela Editora Diadorim, do Rio, onde, numa mistura de realidade e ficção, dá uma visão ampla à respeito dos mistérios que envolvem a morte de Juscelino, numa trama baseada no exame do processo que apurou a possível eliminação de JK em atentado. Casado com Vera, pai de quatro filhos, tem dois netos, PCB leva a vida advogando, escrevendo artigos e, como presidente da Comissão de Ética da OAB-DF, procurando defender os interesses dos cidadãos e de Brasília. Quando o assunto é o Distrito Federal – seus políticos e seus problemas – a conversa com Paulo Castelo Branco não tem fim e suas posições, sempre corretas, são defendidas com o rigor dos honestos. Para falar sobre Brasília, os brasilienses, pena de morte, Governo e a justiça brasileira, Paulo Castelo Branco abre hoje a “Janela da Corte” e, data vênia, não deixa de reclamar dos governantes que ainda não perceberam que dirigem uma obra de arte, que por si só bastaria para transformar o turismo da Capital na nossa grande indústria.

1 – Duas coisas que mais o incomodam em Brasília.
Primeiro a falta de interesse na preservação do Plano Piloto e, segundo, a sobra de interesse de alguns em explorar de todas as formas a nossa Capital.

2 – De 1 a 10, dê sua nota para essas personalidades:
Fernando Henrique – 7, como o prof. Gianotti que o conhece há 45 anos Cristovam Buarque – 5, pela Bolsa Escola, que esgotou a imaginação do PT Itamar Franco – 10, por ter assumido o Governo num momento crítico, de forma democrática e encaminhado a restruturação econômica com implantação
do Real e fazendo FHC seu sucessor.
Lula – 5, pelo passado de lutas.
Paulo Maluf – 5, pelas lutas do futuro, se tiver.
Senador Lauro Campos – 4, pelo brilhantismo da escolha de seu suplente.
Senador Arruda – 6, pelo seu desempenho político.
Senador Valmir Campelo – 5, por sua quase eleição para governador.
Joaquim Roriz – 7, por sua visão social aplicada inadequadamente no DF.
Arlete Sampaio – 4, por ser vice.
Luiz Estevão – 6, por seu desempenho político.
Wigberto Tartuce – 4, por suas composições.
Chico Vigilante – 3, por ser um dos Chicos.

3 – Como morador da Península dos Ministros: a ciclovia do Lago Sul veio para o bem ou para o mal.
Para o bem. O acesso às margens do Lago está consolidado e não se discute.

4 – Três nomes que sabem honrar o nome de Brasília?
O arquiteto Carlos Magalhães, o ex-governador José Aparecido de Oliveira e Ernesto Silva.

5 – A OAB tem, entre outras finalidades, o dever de defender a Constituição. Na próxima eleição da OAB, as chapas também não deveriam ter 20% de mulheres advogadas como nas eleições para cargos eletivos?
Sim. A participação das mulheres é crescente e, no futuro, espero que seja garantido os 20% para os homens.

6 – Caiu a qualidade de vida de Brasília. É resultado de um nivelamento por baixo ou uma tendência do País?
É resultado de uma política que busca tornar Brasília uma cidade como as outras. Brasília é Patrimônio da Humanidade e sua qualidade de vida está diretamente ligada à preservação do Plano Piloto.

7 – Bolsa Escola, Projeto Orla e DF Verde. O PT está sabendo administrar Brasília?
Não! Só se salva a Bolsa Escola.
O Projeto Orla é sonho e o DF Verde amarelou..

8 – Você fechou com a Editora Diadorim, do Rio, um livro sobre a morte de JK, que será lançado agora em março. Como “Brasília 2.030”, esse livro será mais ficção ou pretende provar, pela ciência de Deus e dos homens, quem eliminou Juscelino?
O livro é realidade e ficção.
No Brasília 2.030, a ficção está em transformação para a realidade. No “Morte de JK”, o real, como dizia Golbery, “ainda deverá demorar um pouco”.

9 – Sem autonomia econômica, sede dos 3 Poderes e do Corpo Diplomático, é correto que Brasília tenha autonomia política?
No final da Ditadura todos achávamos que a autonomia política era fundamental.
Hoje sou a favor da diminuição do DF de acordo com o projeto de emenda constitucional do senador Francisco Escórcio.

10 – A Justiça é a mesma para os pobres e para os ricos?
A lei é para pobres e ricos. A distribuição da Justiça nem sempre satisfaz a todos.

11 – A pena de morte é uma solução para o aumento da criminalidade ou uma reparação aos parentes das vítimas?
A pena de morte não é solução para nada. É a lei mais estúpida em qualquer país e coloca no mesmo nível a sociedade e o criminoso. Devemos exigir o cumprimento total das penas para os crimes hediondos e buscar a aplicação de penas alternativas cumuladas com elevadas sanções pecuniárias.

12 – A OAB se mete em tudo, o advogado pode exercer quase todas as profissões, hoje até para abrir uma firma se precisa de advogado. Esse é o País dos advogados?
A OAB é a entidade representativa dos advogados, legitimada constitucionalmente para assegurar o respeito à lei e aos direitos dos cidadãos, sendo essencial à administração da Justiça.
O país não é somente dos advogados, é de todos os diplomados, principalmente, da grande maioria não diplomada.

13 – Qual o pecado capital de Brasília?
Ser pequena demais para se sustentar economicamente e grande demais para ser mantida pela União, em prejuízo de outras unidades da Federação.

Continue Lendo

Reportagens

SRTV Sul, Quadra 701, Bloco A, Sala 719
Edifício Centro Empresarial Brasília
Brasília/DF
rodrigogorgulho@hotmail.com
(61) 98442-1010