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Rios Tietê, Pinheiros, Tamanduateí e Anhangabaú: A história de cada um
A região metropolitana de São Paulo engoliu alguns pequenos rios que passaram a correr em galerias. Outros mananciais foram enterrados. Poucos estão aí para contar história.

Silvestre Gorgulho
RIO TIETÊ – O rio Tietê, tupi significa “rio verdadeiro” ou “águas verdadeiras”. Tem 1.136 km de extensão, 125 km dentro da Grande São Paulo. Contrariando o curso da maioria dos rios, nasce próximo ao oceano, a 22 km da Serra do Mar, e corre em direção ao interior do Estado até encontrar o Rio Paraná, da divisa com o Mato Grosso do Sul. Passa por 39 cidades; destas, 34 contribuem para a sua poluição. Todos os dias, mais de um bilhão de litros de esgoto sem tratamento são despejados em seu leito.
RIO PINHEIROS – Tem 26 km de extensão. Nasce na represa Billings e deságua no rio Tietê, no ponto conhecido como Cebolão. Apenas 20% do que corre no leito é água; o resto é esgoto. 30% da sujeira que vai parar no rio vem do lixo que as pessoas jogam nas ruas. O Canal Pinheiros que teve origem na retificação do Rio Pinheiros, iniciada no final da década de 30 e concluída em 1957. A Usina Elevatória de Traição divide esse canal em dois: o Canal Pinheiros Inferior, com 10.083 m, trecho compreendido entre a confluência com o Rio Tietê (” Cebolão “) e a Usina Elevatória de Traição, e o Canal Pinheiros Superior, com 15.461 m, trecho compreendido entre as usinas elevatórias de Traição e Pedreira.
RIO TAMANDUATEÍ – Seu nome, em tupi, quer dizer “rio de muitos tamanduás”. Nasce em Mauá, passa pelas cidades de Santo André e São Caetano do Sul, atravessa o centro de São Paulo e deságua no Bom Retiro, em frente ao Palácio das Convenções do Anhembi. Tem ao todo 35 km de extensão. Apenas a cidade de São Caetano trata integralmente o esgoto que despeja no leito. Mauá é a que apresenta o menor índice: apenas 4% de esgoto tratado. Possui 43 afluentes que deram origem a bairros como Ipiranga, Mooca e Pedra Branca. Atualmente a maioria desses córregos encontra-se total ou parcialmente canalizada e transformada em coletores de esgoto.
Vale do Anhangabaú, com o ribeirão Anhangabaú canalizado.
RIO ANHANGABAÚ – Nasce entre a Vila Mariana e o Paraíso, passa sob o Boulevard Anahangabaú, no metrô São Bento, e deságua próximo ao Mercado Municipal, no centro. Em seu curso original, passava sob a rua 25 de Março, mas foi retificado. Possui quatro afluentes, que passam por locais como as avenidas Paulista, 9 de Julho e 23 de Maio, em bairros como a Liberdade e a Bela Vista. Todos esses córregos foram canalizados e transformados em galerias.

Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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