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Crenologia e as virtudes purificadoras
A descoberta das primeiras fontes de águas medicinais em São Lourenço ocorreu no século 18. Mas nos anos 40, as cidades do Circuito das Águas viveram seu momento de glória, com o parque hoteleiro funcionando também com a grande demanda por cassinos.

“Naquela época, a CRENOLOGIA – estudo das águas minerais – fazia parte do curriculum das faculdades de medicina”, diz Sidney Cabizuca, médico e ex-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Verde. “Havia médicos especializados nessa cadeira, mas, no pós-guerra, a cultura do termalismo sofreu com a influência da indústria farmacêutica e praticamente acabou”, lamenta.
As estações de água duravam 21 dias e os turistas recebiam orientação médica sobre o tipo e a quantidade de água que deveriam tomar durante aquele período. De acordo com a médica termalista, homeopata e antroposófica, Nélida Amélia Fontana, a fixação dos 21 dias vem desde a antiguidade. “Antigamente os banhos eram um referencial para tratamentos”, explica a médica. Para gregos e romanos, a água tinha virtudes purificadoras. Durante o Império Romano – lembra Nélida – as termas eram públicas e gratuitas.
Mas, na Idade Média, época da inquisição, a Igreja considerou que as termas eram locais de promiscuidade “e a água foco de contaminação”, conta a médica.
AGUAS DAS FONTES DE SÃO LOURENÇO
Nomes, características e propriedades
Fonte Oriente (fluoretada) |
Diurética e digestiva. Usada para tratar problemas renais e intoxicações. |
Fonte Andrade Figueira (magnesiana) |
Indicada para o fígado, vesícula biliar e intestino grosso. |
Fonte Vichy (alcalina) |
Esse tipo de água só foi encontrado em São Lourenço e em Vichy, na França. É eficiente no tratamento de úlcera péptica, problemas gástricos, renais, arteriosclerose e insuficiência cardíaca. |
Fonte Primavera (ferruginosa) |
Para casos de anemia, astenia e anorexia. Deve ser usada com cautela, porque costuma provocar cólica. |
Fonte Alcalina (bicarbonata) da mista |
Ajuda na eliminação de ácido úrico e cálculos renais, além de tratar úlceras duodenais. |
Fonte Jayme Sotto Mayor (sulfurosa) |
É laxativa, portanto recomendada para quem sofre com problemas de intestino. Também é usada para tratar diabetes, doenças do co |





Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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