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Uso terapêutico das Águas minerais tem benefícios Que nenhum fármaco traz.
SIDNEY CABIZUCA – ENTREVISTA

O médico Sidney Cabizuca, formado em cardiologista pela UFRJ, é também formado em turismo e hotelaria pela Faculdade Santa Marta de São Lourenço. Foi membro do Fórum de Comitês de Bacias Hidrográficas de Minas Gerais e ex-Secretário de Turismo de São Lourenço.
Folha do Meio – As águas medicinais perderam seu encanto? Deixaram de fazer milagres?
Sidney Cabizuca – Não! Apenas com o desenvolvimento da indústria farmacêutica no pós-guerra, o tratamento com águas medicinais foi sendo substituído progressivamente pela farmacologia, que estuda as substâncias químicas e a sua interação com os sistemas biológicos. Os fármacos agem mais rápido.
FMA – A crenologia – estudo das águas minerais – fazia parte do curriculum das faculdades de medicina. Hoje os médicos continuam a estudar os efeitos terapêuticos das águas?
Cabizuca – Infelizmente não há mais este aprofundamento nos estudos da crenologia. O termalismo ou a crenoterapia consiste em um tratamento com água termal para prevenir e combater diversos problemas de saúde. Engloba um conjunto de rituais à base de produtos naturais, como vapores, gases e lamas. Assim, a terapia é benéfica por auxiliar na prevenção de doenças. Mas hoje poucos médicos ainda estudam de forma autodidata, pois a literatura disponível está quase extinta.
FMA – Qual o termo exato para o tratamento com água mineral?
Cabizuca – Olha, vale lembrar que o uso terapêutico da água para a saúde pode receber diversos nomes que variam de acordo com o tipo de água, a temperatura utilizada, a composição química, o modo de utilização e, às vezes, até da categoria profissional que utiliza a água. Exemplos: balneoterapia, crenoterapia, talassoterapia, crioterapia, hidroterapia, hidroginástica, termalismo, hidrologia médica. O uso terapêutico da água tem uma grande vantagem, pois une o tratamento em si com o descanso. Hoje é importante diminuir o estresse da vida moderna, uma volta à natureza. Vou dizer uma coisa óbvia, que as pessoas precisam saber: nós somos pessoas, não somos robôs. Nosso cérebro possui redes que exercem diferentes funções. Mas, para que ele as execute da melhor maneira possível, é preciso que esteja descansado e tranquilo para reter as informações e adquirir os conhecimentos necessários. O esgotamento mental é um sinal de alerta e o reencontro com a natureza, ou seja, o tratamento tranquilo com águas medicinais possibilita uma pisada no freio. Vale até para repensar o estilo de vida. Isso nenhum fármaco traz. Com o cansaço cerebral vem o sono desregulado, dores musculares, enxaqueca, alterações de humor, diminuição da libido, problemas digestivos, nervosismo, depressão e até crises de pânico.
FMA – A recomendação é substituir a química por natureza?
Cabizuca – Sim, em vez de tomar três dias de remédios, muitas vezes com efeitos colaterais, recomendo a crenoterapia. Em vez de colocar muita química no organismo, recomendo uma parada para relaxar, fazer das águas medicinais algo que ajude a restaurar os órgãos do corpo como rins, pulmão, estômago, intestino e, sobretudo, renovar as conexões cerebrais e hormonais.
FMA – Ainda existem médicos especializados no tratamento com água mineral?
Cabizuca – Poucos médicos, pois há apenas alguns com prática adquirida pela vivência em seus consultórios. Infelizmente a demanda é pouca, então os profissionais buscam outras alternativas.
FMA – Ainda se discute se a água mineral é um recurso hídrico ou se é um recurso mineral?
Cabizuca – Essa é uma questão técnica. Infelizmente o valor econômico se sobrepõe ao valor social, cultural e até medicinal. A discussão está nos órgãos como a ANA – Agência Nacional de Águas, a Agência Nacional de Mineração e CPRM – Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais que incorporou o antigo DNPM.
FMA – Quem “matou” o tratamento terapêutico com água medicinal? O turismo de massa ou interesse comercial da indústria farmacêutica?
Cabizuca – Ambos. Na mesma proporção.

Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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