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Brasil é referência no campo da energia limpa e renovável

Com 48% de fontes renováveis na matriz energética, o Brasil trabalha para ampliar a produção de energia renovável e sustentável

 

O Brasil tem buscado ampliar as formas alternativas de geração de energia elétrica, para além da fonte hidráulica. E as fontes de energia como a eólica, a solar e da biomassa já estão sendo colocadas em prática, o que posiciona o Brasil num seleto grupo de vanguarda mundial na produção de energia renovável e sustentável. O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Paulo Cesar Domingues, detalhou esse trabalho.

O secretário citou que o Brasil tem 48% de fontes renováveis na matriz energética enquanto o resto do mundo tem apenas 14%. E relatou que o processo de transição do Brasil para o uso de fontes de energia renováveis não é recente e já conta uma longa trajetória.

Como é a matriz energética do Brasil atualmente?

A matriz energética brasileira é uma das mais renováveis entre todos os países com as grandes economias mundiais, 48% da nossa matriz é renovável. Para você ter uma ideia, a média mundial é de 14% e se compararmos com os países mais desenvolvidos, por exemplo, os países que fazem parte da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], essa participação é ainda menor, é 11%. E o que significa 48% de renováveis na matriz? Significa que toda a energia produzida e consumida no Brasil é originária de fontes energéticas renováveis, como o sol, o vento, a água e a biomassa. E se analisarmos agora a matriz de energia elétrica, a renovabilidade da nossa matriz é ainda maior. Em 2020, terminamos o ano com 85% da nossa matriz renovável, enquanto a média mundial é de apenas 28%. Isso demonstra a importância da nossa matriz e nos deixa orgulhosos como brasileiros de ter uma matriz tão renovável.

O Presidente Jair Bolsonaro citou, na 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, esse dado da matriz elétrica renovável.

Sim, o Brasil é conhecido mundialmente no campo da energia limpa e renovável. É por isso que a Organização das Nações Unidas escolheu o Brasil como um dos países líderes no tema Transição energética para uma economia de baixo carbono, no diálogo de alto nível das Nações Unidas sobre energia.

Podemos dizer, com certeza, que o Brasil é um protagonista nessa questão da energia limpa e renovável?

Sim, o Brasil tem grandes recursos naturais que podem ser utilizados para o atendimento das demandas energéticas brasileiras. Temos um potencial enorme de energia, solar, eólica, um potencial hidráulico ainda não totalmente aproveitado. Então, o Brasil é grande referência e é respeitado no mundo todo com essa potencialidade e também de novas tecnologias que estão surgindo. O Brasil pode ser um grande produtor, consumidor e exportador energético para o mundo todo nesse processo de transição energética mundial.

Falando um pouco da dependência que o Brasil ainda tem em relação à fonte hidráulica para se produzir energia elétrica. O que vem sendo planejado para termos mais variabilidade e não ficarmos tão dependentes da fonte hidráulica, principalmente por conta dessa questão da escassez hídrica que se repete?

O Brasil ainda tem uma dependência muito grande da fonte hidrelétrica, que está se reduzindo ao longo dos tempos. Para se ter uma ideia, há 20 anos, 85% de toda a energia elétrica gerada no Brasil era originária da fonte hídrica. Hoje em dia, são 65% e 20% complementado por outras fontes. E por que isso tem acontecido? Primeiro pela dificuldade na implantação de novos projetos hidrelétricos no país e os projetos que são implantados são projetos de pequeno porte. E outro fator é que esses projetos, além de pequenos, têm uma capacidade de armazenamento de água muito pequena, são os projetos que chamamos de fio d’água. Eles não permitem armazenar água nos períodos de chuvas, de cheia do rio, para utilização nos períodos secos.

Essa é a característica das usinas a fio d’água, elas são muito dependentes do regime hidrológico. Então, num período de escassez hídrica como estamos vivendo agora, as usinas a fio d’água vão ter uma geração muito pequena. Se tivesse reservatórios de acumulação elas poderiam acumular água, como tínhamos no passado reservatório capazes de acumular água para vários períodos de seca.

Por isso que o planejamento é estratégico justamente para diversificar essa geração de energia elétrica no país?

Isso, por nossa sorte, como temos muitos recursos naturais no Brasil, quando começamos a perder a capacidade das hidrelétricas no atendimento às demandas de energia elétrica no Brasil surgiram outras fontes também renováveis e competitivas. Primeiro a bioenergia, a biomassa que foi muito importante na década de 80, além de produzir o etanol, que é importante para o setor automotivo, começou-se também a queimar o bagaço da cana para produção de energia elétrica. E depois tivemos a energia eólica e, mais recentemente, a energia solar. Então, são três fontes, a biomassa, a energia eólica e a energia solar.

Mas tem um problema, a energia eólica e a solar são fontes intermitentes, elas não são contínuas, não tem a geração contínua de energia. E a biomassa é fonte sazonal, tem os períodos de safra que tem a biomassa e outro período não, por isso que é importante complementar com outras fontes, principalmente a geração termelétrica. O Brasil tem um potencial muito grande de gás natural agora no pré-sal, então, o que estamos fazendo é usando o gás natural como complementar nesses períodos de baixa hidraulicidade e intermitência das fontes renováveis. Então, o que fazemos no ministério é a diversificação da matriz, tentar diversificar ao máximo para não ficar totalmente dependente da fonte hidráulica.

Vamos falar um pouquinho de cada uma dessas fontes de energia. O Brasil tem muito sol, como está a energia solar?

A energia solar é a que mais cresce no Brasil. Por estar situado próximo a linha do Equador, o Brasil tem excelentes níveis de insolação e de irradiação solar, então, com o desenvolvimento tecnológico das placas solares, dos equipamentos solares, isso proporcionou a redução dos custos.

Para se ter uma ideia, no mês de agosto, o Brasil alcançou 10 gigawatts de capacidade instalada. O que significa isso? Isso significa 70% da capacidade instalada de Itaipu que é maior usina hidrelétrica das Américas e a segunda maior do mundo. E em poucos anos já alcançamos essa capacidade. Para se ter uma ideia, nos últimos três anos o crescimento da energia solar foi de 200% da energia solar centralizada e de 2000% da energia solar distribuída. E o que é isso? A energia solar centralizada são aquelas grandes usinas solares, aquelas fazendas solares enormes e a distribuída são aqueles painéis de energia solar colocados em telhados de residências, de comércios, indústrias.

Então, já temos cerca de 10 gigawatts e a expectativa é que nos próximos dez anos aumente quatro vezes ou até mais essa capacidade. A expectativa de investimento é de R $100 bilhões somente na energia solar, é cerca de 28% do todo o investimento no setor elétrico brasileiro apenas destinado à energia solar.

Falamos da fonte hidráulica, da fonte solar, agora vamos falar da energia eólica. Como está o desenvolvimento dessa outra possibilidade de produção de energia elétrica no Brasil?

Nossos ventos são constantes, variam muito pouco de direção, então são considerados um dos melhores ventos do mundo para instalação de usinas eólicas. Nossa capacidade instalada já é 11% de toda a capacidade já instalada no Brasil. Em pouco tempo já atingimos, em termos de capacidade instalada em energia eólica, cerca de 19 gigawatts e a expectativa é dobrar a capacidade nos próximos dez anos, tamanho é interesse dos investidores.

O Nordeste tem 80%, 82% de toda a capacidade instalada no Brasil e tem o maior potencial. Hoje tem mais de 700 usinas eólicas instaladas no Brasil e sem contar que temos um potencial enorme para usinas eólicas offshore, em alto mar. O custo é mais alto que a onshore, mas isso tem se reduzido ao longo do tempo. Hoje, a usina eólica offshore já consegue ser competitiva com algumas fontes que usamos, ela já consegue competir com a termelétrica a gás natural. Já somos o 7° maior produtor de energia eólica do mundo caminhando para, nos próximos cinco anos, sermos o 5° maior. Sem aproveitar a eólica offshore que tem um potencial enorme. Ela pode ser implantada em praticamente toda a costa do Brasil, na região Nordeste ela tem um potencial maior.

E ainda temos a energia da biomassa. Como está esse panorama no Brasil?

Falei que 48% da nossa matriz energética é renovável, a bioenergia representa 27%, sendo que 19% são produtos originários na cana, que nenhum país do mundo tem isso na matriz nessa quantidade tão alta.

O Brasil tem uma expertise acumulada em bioenergia muito grande, exportamos tecnologia. Em termos de geração de energia elétrica, quase 10% da nossa energia é produzida por resíduos da cana.

Temos um horizonte não só do biodiesel, biocombustível, estamos usando muita geração termelétrica com biocombustível. Isso está sendo comum nos sistemas isolados da Amazônia que tradicionalmente usava o diesel para localidades remotas onde não chega a energia elétrica. Temos muito avanço nessa área de biocombustíveis no Brasil, não só na geração de energia elétrica, mas no setor de transporte.

Temos um grande potencial de biogás e biometano, usando a torta de filtro e a vinhaça, que também são resíduos da cana, para utilização como biogás e biocombustível. Hoje é um percentual ainda muito pequeno da nossa matriz e, então, temos um potencial enorme para aproveitar, não só para geração de energia elétrica, mas também no uso do setor transporte. Inclusive o biometano pode até ser injetado dentro das redes de gasoduto e mistura com o gás natural.

O senhor comentou no início sobre a transição das economias para o baixo carbono. Existe uma expectativa que os hidrocarbonetos, petróleo, vão diminuindo gradativamente e, provavelmente, no decorrer desse século, em algum momento não teremos hidrocarbonetos como temos atualmente. Como o Brasil está nesse processo?

Temos 48% de energia renovável na nossa matriz, enquanto o mundo é 14%, então, já estamos bem melhor que a média mundial. Esse processo de transição no Brasil não começou agora, ele veio desde o início do século passado quando adotamos a hidreletricidade para atender nosso processo produtivo. Depois veio, na década de 70, o proálcool que, para enfrentar a crise do petróleo, passamos a utilizar o etanol da cana-de-açúcar em substituição da gasolina. O motivo era econômico, na época, mas teve um impacto ambiental enorme. Depois tivemos vários programas de incentivos a fontes renováveis. Temos ainda 52% da nossa matriz fóssil, então precisamos avançar.

No Ministério de Minas e Energia temos o RenovaBio, a política nacional de biocombustíveis que tem meta de descarbonização da matriz de transporte. Hoje, dois terços de toda a energia fóssil produzida no Brasil é originária do transporte e da indústria. Precisamos descarbonizar esses dois setores para aumentar nossa transição energética. Tem um combustível que o mundo todo está falando como o combustível do futuro para atender essa demanda de energia elétrica limpa e renovável que é o hidrogênio. E o Brasil tem um potencial imenso de produção de hidrogênio verde.

O hidrogênio para ser verde tem que ser produzido da eletrólise da água, da quebra da molécula da água do hidrogênio e do oxigênio que você separa, e para fazer essa eletrólise se gasta energia, e muita energia. Quando para fazer essa quebra da energia se usa uma energia renovável, como a solar, isso se chama hidrogênio verde.

Recentemente, o Conselho Nacional de Política Energética aprovou as diretrizes do programa nacional do hidrogênio no Brasil. Defendemos, além do hidrogênio verde, outras formas de produção como o hidrogênio azul que é produzido com gás natural. Você vai fazer essa eletrólise da água usando o potencial de gás natural que temos no nosso pré-sal.

O Brasil tem vários recursos naturais que podem produzir o hidrogênio, então, podemos ser um grande produtor, consumidor e exportador dessa tecnologia. Várias empresas nacionais e multinacionais já estão querendo implantar projetos no Brasil e esperamos que no médio prazo, na faixa de uns cinco anos, esses projetos possam ser competitivos. Eles são eletrointensivos, consomem muita energia, então precisamos reduzir o custo dessa tecnologia para que eles possam ser comercializados.

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Selo premia escolas e prédios pelo uso consciente da água

Homenagem será feita nesta terça (26); na ocasião, será lançado manual da Adasa sobre as mudanças no novo Marco Legal do Saneamento Básico

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Por Agência Brasília* | Edição: Carolina Caraballo

 

A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) vai premiar, nesta terça-feira (26), experiências de sucesso relacionadas ao uso responsável dos recursos hídricos desenvolvidas em escolas, bem como ações de reúso em estruturas prediais no DF. O evento alusivo ao Dia Mundial da Água, comemorado na sexta (22) será realizado na sede da instituição, a partir das 10h.

Na ocasião, também será lançada a nova versão do Manual de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas do DF, publicação que inclui mudanças decorrentes do novo Marco Legal do Saneamento Básico e agrega conhecimentos técnicos produzidos pela Adasa no aprimoramento da gestão da drenagem urbana na região.

Arte: Divulgação/ Adasa

Ainda na data, será celebrado o Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a agência e o Instituto Brasília Ambiental, visandoà  colaboração mútua para o desenvolvimento de ações na Estação Ecológica de Águas Emendadas (Esec-AE) e seu entorno.

O público presente terá a oportunidade de conhecer a maquete do Memorial Internacional da Água (Mina), concebido por Oscar Niemeyer. O complexo arquitetônico contemplará o Museu Internacional da Água, o Centro de Estudos da Água, um teatro e um estrutura administrativa e de governança. O projeto Mina é coordenado pela Adasa com o apoio do Governo do Distrito Federal (GDF) e da Caesb.

Em paralelo às atividades alusivas ao Dia Mundial da Água, a Superintendência de Drenagem Urbana realizará um ciclo de palestras sobre drenagem e águas pluviais urbanas no auditório Humberto Ludovico. O evento técnico, que contará com apresentações da Adasa, do Instituto Brasília Ambiental, da Universidade de Brasília (UnB) e de especialistas do setor, ocorrerá entre as 8h30 e as 12h.

Campanha de conscientização

A Adasa lançou na quarta-feira (20) uma campanha publicitária para fomentar a conscientização acerca dos desafios do uso responsável da água e da garantia aos serviços de saneamento.

Arte: Divulgação/ Adasa

Um dos focos da ação é ampliar o entendimento público sobre a missão institucional da Adasa na gestão dos recursos hídricos e na regulação e fiscalização dos serviços públicos de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo de águas pluviais urbanas no Distrito Federal.

A campanha foi desenvolvida para estar consonância com as metas do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 6 (ODS 6), da Organização das Nações Unidas (ONU), que prevê assegurar a disponibilidade hídrica e o saneamento adequado para todos.

Com o conceito “De olho nas águas, da fonte até você”, a agência busca não só comunicar suas atribuições, mas também engajar a população no desafio coletivo de alcançar as propostas contidas no ODS 6 – por meio da mudança de hábitos e do acesso ampliado à informação, todos podem contribuir para que essa meta global, essencial para a sobrevivência humana e das demais formas de vida, seja atingida.

A campanha será veiculada até o dia 30 deste mês por meio de uma estratégia multimídia que abrange redes sociais, blogs, televisão e rádio.

*Com informações da Adasa

 

 

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Desafios Globais da Água: Rumo à Prosperidade e à Paz

Cooperação Transfronteiriça e Sustentabilidade na Gestão do Recurso Vital

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Hoje, 22 de março, marca o Dia Mundial da Água, um lembrete poderoso da necessidade premente de uma gestão sustentável deste recurso vital. Com o tema “Água para a Prosperidade e a Paz”, destacado pela ONU e pela Unesco, a data deste ano ressalta a importância de considerar a água não apenas como um recurso, mas como um elemento crucial para o desenvolvimento humano e a harmonia global.

A Unesco enfatiza que a gestão sustentável da água traz uma miríade de benefícios, desde melhorias na saúde e segurança alimentar até a proteção contra desastres naturais, além de impulsionar a educação, o emprego e o desenvolvimento econômico. É por meio dessas vantagens que a água se torna um catalisador para a prosperidade, enquanto a distribuição equitativa desses benefícios é um promotor da paz.

O Relatório Mundial de Desenvolvimento da Água das Nações Unidas de 2024 destaca a importância de alcançar e manter a segurança hídrica, bem como garantir um acesso equitativo aos serviços de água. Em um mundo onde as condições sociopolíticas estão em constante mudança, incluindo fatores como mudanças climáticas e geopolíticas, a gestão da água deve evoluir para abordar essas novas realidades e suas implicações nos recursos hídricos.

Um dos desafios destacados é a cooperação transfronteiriça na gestão da água, dado que mais de 60% da água doce do mundo flui através de fronteiras nacionais, como observado em rios como o Congo, o Danúbio, a Amazônia e o Mekong, assim como em bacias de lagos como o Lago Genebra e os Grandes Lagos. A Unece aponta mais de 450 reservatórios transfronteiriços de águas subterrâneas em todo o mundo. Com a crescente escassez de água global, essa cooperação é vista como vital para a estabilidade regional, prevenção de conflitos e desenvolvimento sustentável.

Apesar da necessidade urgente, o progresso nessa cooperação é considerado lento. Novos dados de um relatório conjunto da Unesco e da Unece revelam que apenas 26 dos 153 países que compartilham recursos hídricos têm todos os seus territórios de bacias transfronteiriças cobertos por acordos operacionais de cooperação hídrica. Em comparação com 2020, apenas 10 novos acordos transfronteiriços foram assinados, destacando a necessidade de um esforço mais robusto e coordenado.

Além desses desafios, dados alarmantes revelam a extensão das desigualdades e dificuldades enfrentadas por muitas comunidades em relação à água. Mais de 2,2 bilhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso seguro à água potável, e cerca de 80% dos empregos em países de baixa renda estão diretamente ligados à água, principalmente na agricultura. Aproximadamente 1,4 bilhão de pessoas foram afetadas por secas entre 2002 e 2021, e até 10% do aumento da migração global entre 1970 e 2000 foi associado a déficits hídricos.

É fundamental reconhecer que as consequências da falta de acesso à água segura são devastadoras, especialmente para as crianças. O Unicef destaca que mais de mil crianças com menos de 5 anos morrem diariamente devido a doenças relacionadas à água e saneamento inadequados, totalizando mais de 1 milhão e 400 mil mortes por ano. Globalmente, quase 1 bilhão de crianças estão expostas a níveis elevados ou extremamente elevados de estresse hídrico, um indicador da pressão sobre os recursos hídricos disponíveis.

Esses desafios exigem ação coletiva e soluções inovadoras. Garantir o acesso universal à água segura e à gestão sustentável dos recursos hídricos não é apenas uma questão de desenvolvimento, mas também uma questão de justiça e paz global. Este Dia Mundial da Água é um lembrete crucial de que a água é um direito humano fundamental e que sua preservação e distribuição equitativa são essenciais para o futuro de todas as comunidades e do nosso planeta como um todo.

 

 

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A trajetória de luta e conquista da Praça dos Orixás

Com 16 esculturas que carregam fé e refúgio, o local é um dos pontos de referência para religiões de matrizes africanas no DF e também de outras unidades da Federação

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Por Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader

 

Construída na década de 1990, a Praça dos Orixás fica localizada às margens do Lago Paranoá, ao lado da Ponte Honestino Guimarães. Mas, antes mesmo de a praça ter as 16 esculturas de 1,5 m de altura que a caracterizam ou até mesmo um piso, a população já manifestava fé no espaço, ponto de encontro e referência das práticas religiosas de matriz africana.

Agência Brasília transporta você à antiga “prainha”, relembrando a história da Praça dos Orixás em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que utiliza a sigla em inglês de Throwback Thursday  (na tradução livre, quinta-feira de retrocesso) para relembrar fatos marcantes da nossa cidade.

Patrimônio público

A Praça dos Orixás une turismo e fé desde 1963, quando começou a ser frequentada pelos brasilienses | Foto: Divulgação/ Arquivo Público

A Praça dos Orixás e a Festa de Iemanjá foram declaradas patrimônios materiais e imateriais do Distrito Federal, por decisão do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do DF (Condepac), sendo incluídas no Livro dos Lugares e no Livro das Celebrações, resguardados pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec).

Também amparada pela Secretaria de Turismo do DF (setur-DF), a Praça dos Orixás abriga outra festa tradicional, além da queima de fogos de Réveillon, sendo um dos pontos mais procurados em fevereiro para a Festa de Iemanjá. Por mês, mais de 100 pessoas passam pelo local.

“A praça é mais um dos vários pontos turísticos da nossa cidade que representam a diversidade cultural e religiosa de Brasília”

Cristiano Araújo, secretário de Turismo

“A Prainha dos Orixás é um importante espaço de referência e expressão da cultura afro-brasileira em Brasília. A praça é mais um dos vários pontos turísticos da nossa cidade que representam a diversidade cultural e religiosa de Brasília”, ressalta o   secretário de Turismo do DF, Cristiano Araújo.

Resistência

A guia de turismo Bianca D’ya passa pela praça constantemente com o Tour Brasília Negra, que engloba locais importantes para a cultura afro presente no DF. Ela afirma que já levou 200 pessoas para conhecer o local.

“A praça é um local para expandir o conhecimento cultural. O ensinamento que ela traz é muito interessante, com ideias que podemos colocar no dia a dia, conhecer, abrir o coração para vivenciar aquele espaço. Também é um local de lazer para a sociedade que tem a fé no candomblé e na umbanda”, frisa.

A Praça dos Orixás e a Festa de Iemanjá foram declaradas patrimônios materiais e imateriais do Distrito Federal | Foto: Geovana Albuquerque/ Agência Brasília

Frequentado desde 1963, o local era conhecido como Praça de Iemanjá nos anos 2000. Em 2006, a praça foi vandalizada, caso de intolerância religiosa que se repetiu anos depois. No ano de 2009, foi restaurada e reinaugurada. Contudo, em 2016 a estátua de Oxalá foi consumida por chamas; desde então, o local sofre ataques e depredações, mesmo com as restaurações feitas por meio de um trabalho conjunto entre a Segur-DF e a Secec-DF.

O Distrito Federal conta com uma delegacia especializada para combater casos de intolerância religiosa, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decrin), criada após diversos ataques a terreiros de candomblé, que sofreram incêndios criminosos.

A praça tem a representação de 16 orixás | Foto: Divulgação/ Arquivo Público do DF

No começo de fevereiro deste ano, uma equipe de segurança foi designada para a guarita recém-reformada que fica na Praça dos Orixás. Bianca afirma que a presença de vigias podem coibir os vandalismos que existem na região.

Resgate ancestral

A sacerdotisa Iya Darilene Ayra, 60, recorda-se de frequentar a Praça dos Orixás quando o local ainda era apenas uma prainha. Há 48 anos no candomblé, ela conta que no começo a população levava as próprias lonas, pois o lugar era só terra. “Nos viramos com fé e amor, que é a motivação da nossa religião”, destaca.

“Temos um cantinho que significa a honra e luta de nossos ancestrais, além de ser culturalmente um respeito dos governantes para que se mostre na prática que o Brasil é um país laico”

Iya Darilene Ayra, sacerdotisa

Atualmente, com infraestrutura e as estátuas, a praça é um ponto muito popular, já tendo reunido mais de 10 mil pessoas para comemorar a virada de ano. Para Darilene, é um lugar a ser visto com carinho, além de conter uma energia consagrada que as pessoas aproveitam para fazer oferendas e preces.

“Temos um cantinho que significa a honra e luta de nossos ancestrais, além de ser culturalmente um [ato de] respeito dos governantes para que se mostre na prática que [o Brasil] é um país laico, para que possamos, ao encontro dos tambores, rezar e louvar naquele pedacinho sem sermos coagidos ou atacados”, declara Iya Darilene.

Cada dia, um Orixá

O candomblé é uma religião de matriz africana cujas divindades máximas são os oxalás – cada um representando personificação da natureza ou, ainda, um povo ou nação. Os maiores destaques da Praça dos Orixás são as 16 estátuas de divindades africanas, feitas de fibra de vidro e assinadas por Tatti Moreno, falecido em 2023.

Dos mais de 400 orixás presentes na mitologia iorubá, somente alguns são cultuados no Brasil. Entre eles, os 16 representados pelas estátuas na Praça dos Orixás: Exu, Oxalá, Ogum, Oxóssi, Oxum, Oxumaré, Xangô, Iansã, Iemanjá, Nanã, Omolú, Logunedé, Obá, Ossain, Yewá e Ibeji. Cada dia da semana é dedicado a um orixá diferente.

 

 

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