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OS MUNDURUKUS, O RITUAL DO FOGO E AS LIÇÕES SOBRE A FLORESTA E RIOS

VISITA À TRIBO COM DIREITO A RITUAL E BÊNÇÃOS

 

Fotos: Silvestre Gorgulho

 

Dizem os antropólogos e indianistas que na Amazônia vivem mais de 300 mil indígenas. Ainda existem várias tribos isoladas. Mas a etnia Munduruku é muito grande. São cerca de 15 mil indivíduos divididos em pelo menos 120 aldeias ao logo no alto e do baixo Tapajós.

 

Nos passos firmes e generosos do cacique Domingos, o meu grupo fez uma visita à aldeia dos índios Mundurukus, na Comunidade de Bragança, às margens do rio Tapajós. Com cerca de 170 índios, a aldeia é um exemplo de sustentabilidade, harmonia com a natureza e bom acolhimento. A visita e a participação no ritual do fogo, promovido pelo Cacique Domingos e sua gente, foi uma oportunidade de interagir com a cultura de um povo cuja existência ninguém sabe desde quando habita essas paragens. E vale confessar: a interação não foi apenas física. Foi espiritual, mística e, para dizer a verdade, sagrada.

 

 

O cacique Domingos Munduruku esperava a chegada do barco na hora marcada. Estava acompanhado de sua filha Larissa e da neta Tainá.

 

Para o cacique Domingos a aldeia Munduruku tem a idade da Samaúma Avó que está na Flona Tapajós. São mais de mil anos. (Ver matéria sobre a Samaúma-avó). “Fazemos aniversário em janeiro, porque comemoramos o momento em que os governantes reconheceram a existência da aldeia de Bragança”.

Os índios da aldeia vivem unicamente do extrativismo florestal e artesanato. Muitos filhos da aldeia já estudam ou trabalham e Belterra, Alter do Chão e Santarém.  “Nosso maior desafio – lembra o cacique Domingos – é o resgate da cultura dos nossos antepassados e, ao mesmo tempo, preparar os mais novos para o mundo atual sem perder sua cultura. Para isso nossa aldeia de Bragança conta mais de 30 alunos. Temos uma professora que ensina na nossa língua nativa Munduruku, para que as novas gerações não percam sua identidade”.

 

Cacique Domingos Munduruku: “Temos a idade da samaúma avó. São mais de mil anos. Mas a aldeia faz aniversário em janeiro, porque comemoramos o momento em que os governantes reconheceram a existência da aldeia de Bragança.

 

 

 

 

OS RITUAIS NA MALOCA SAGRADA

Os cânticos, o incenso natural e a bebida sagrada

Durante o ritual, na Maloca Sagrada, o Cacique Domingos nos mostrou o valor da terra, das florestas, dos bichos, dos rios, dos igarapés, do céu e das estrelas: “Nossos antepassados nos ensinaram e nós ensinamos às nossas crianças que nossa língua, nossos costumes e nossa fé têm que ser respeitada e propagada. Gostamos de receber as pessoas que nos trazem paz e amizade. Nosso mundo aqui é de harmonia. Nosso povo não precisa de piedade e misericórdia. Precisa de respeito e de dignidade para viver nossa vida”.

O cacique Domingos explica que tira da terra e da floresta tudo que os índios da aldeia precisam, sobretudo a pesca e a caça, além de plantar mandioca, banana, batata. “A natureza é a nossa mãe”, repete sempre.

 

As crianças fazem a alegria da aldeia

 

O Ritual do Fogo e a bênção da Floresta comandada pelo Cacique Domingos Munduruku. Após as danças, músicas e as palavras do cacique Domingos, o próprio cacique circulou a Maloca Sagrada com um recipiente exalando uma fumaça natural produzida à base de ervas e flores, como que abençoando a comunidade e visitantes.

 

O ritual terminou com todos os presentes bebendo numa cuia a bebida sagrada feita à base de mandioca.

 

HARMONIA NA ALDEIA E O CUIDADO

ESPECIAL DOS MUNDURUKUS

Antes do Ritual do Fogo, o cacique Domingos Munduruku mostrou sua aldeia, apresentou sua família e muitas crianças, reunidas na Maloca Sagrada.

 

 

A Maloca Sagrada é onde acontece o ritual, mas também é um ponto de encontro e de apresentações da Banda de Carimbó das Guerreiras Mundurukus.

 

 

Harmonia na floresta: a beleza e o recado aos visitantes

 

 

 

 

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SOBRAL PINTO, O SENHOR JUSTIÇA.

Por que Sobral Pinto não aceitou ser indicado para o Supremo

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Heráclito Fontoura Sobral Pinto foi ferrenho defensor dos direitos humanos, especialmente durante a ditadura do Estado Novo e a ditadura militar de 1964.
Jurista e advogado de presos políticos, apelidado de “Senhor Justiça”, notabilizou-se por seus embates na defesa de seus clientes.
Apesar de suas divergências com o “comunismo materialista” por conta de seu catolicismo fervoroso, Sobral Pinto defendeu os comunistas Luiz Carlos Prestes e Harry Berger (comunista alemão, preso e torturado no Brasil durante o Estado Novo) perante o Tribunal de Segurança Nacional, em 1937.
Sobral Pinto foi também advogado e amigo do ex-presidente JK.
Guardião da Lei e defensor de JK, mineiro de Barbacena, Sobral Pinto acompanhou JK em todos os inquéritos, inclusive defendendo a própria posse do ex-presidente.
Quando JK tomou posse, consultou Sobral Pinto para indicá-lo ao Supremo, mas o “Senhor Justiça” se declinou do convite:
– PRESIDENTE, ISSO É UMA TROCA DE FAVORES.
(Simples assim)
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A Sexta Onda da Tecnologia: Transformando o Futuro com Sustentabilidade e ESG

A busca por práticas sustentáveis e critérios ESG impulsiona a inovação e redefine os paradigmas da sociedade

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Ao longo da história, a inovação tecnológica tem impulsionado o progresso humano e transformado a sociedade. Desde a Revolução Industrial até as redes de comunicação modernas, cada onda tecnológica trouxe avanços significativos. Atualmente, estamos vivendo a sexta grande onda da inovação, que se concentra na sustentabilidade e no ESG (Environmental, Social and Governance). Neste artigo, exploraremos como a busca por práticas sustentáveis e a valorização dos critérios ESG estão moldando o futuro e já gerando demanda por profissionais especializados.

A Sexta Onda da Inovação: Sustentabilidade e ESG:
A sexta onda da inovação, que deve perdurar até 2045, está impulsionada pela necessidade de enfrentar os desafios ambientais, sociais e de governança que a humanidade enfrenta. A sustentabilidade, com foco na preservação do meio ambiente e no uso responsável dos recursos naturais, tornou-se uma prioridade global. Além disso, a ênfase em critérios ESG, que envolvem preocupações ambientais, sociais e de governança corporativa, ganhou destaque como uma abordagem abrangente para avaliar a sustentabilidade de empresas e investimentos.

A Revolução ESG:
A revolução ESG está se desdobrando em várias frentes, com governos, empresas e executivos reconhecendo a importância de incorporar práticas sustentáveis e responsáveis em suas operações e estratégias de negócios. A adoção de medidas para reduzir a pegada de carbono, promover a diversidade e inclusão, garantir a transparência e a responsabilidade nas operações e fortalecer a governança corporativa são algumas das áreas-chave dessa revolução.

Demandas por Profissionais Especializados:
A transição para a sustentabilidade e a integração de critérios ESG nas operações empresariais estão criando uma demanda crescente por profissionais especializados. Esses especialistas desempenham um papel crucial no desenvolvimento e implementação de estratégias de sustentabilidade, bem como na integração dos critérios ESG em todas as áreas de uma organização. Profissionais com conhecimento em energias renováveis, gestão de resíduos, responsabilidade social corporativa, finanças sustentáveis, entre outros campos relacionados, estão sendo cada vez mais procurados para ajudar as empresas a se adaptarem às demandas da sexta onda da inovação.

Impacto da Sexta Onda da Inovação:
A sexta onda da inovação está revolucionando a maneira como as empresas operam, os governos legislam e a sociedade como um todo interage com o meio ambiente. A busca por práticas sustentáveis e a valorização dos critérios ESG estão mudando a forma como os negócios são conduzidos, promovendo a responsabilidade socioambiental e a criação de valor compartilhado. Além disso, a sustentabilidade e o ESG estão impulsionando a inovação em setores como energia limpa, transporte sustentável, tecnologias de eficiência energética e muito mais, criando novas oportunidades econômicas.

A sexta onda da inovação, focada na sustentabilidade e no ESG, está transformando a sociedade e a maneira como as empresas e governos operam. A revolução ESG está se desdobrando em todo o mundo, impulsionada pela necessidade de enfrentar os desafios ambientais e sociais. A demanda por profissionais especializados está crescendo à medida que as empresas buscam integrar a sustentabilidade e os critérios ESG em suas estratégias e operações. À medida que avançamos nessa onda de inovação, é fundamental priorizar ações sustentáveis ​​e responsáveis ​​para construir um futuro mais resiliente e equitativo para todos.

 

Ondas da tecnologia:

1ª onda (1785 – 1845): Revolução Industrial
A Revolução Industrial marcou o início da mecanização da produção, com o surgimento de máquinas movidas a vapor. Essa onda trouxe mudanças significativas na indústria têxtil, na fabricação e na agricultura, transformando a economia e a sociedade.

2ª onda (1845 – 1900): Idade do Vapor
A segunda onda foi caracterizada pelo aprimoramento das tecnologias movidas a vapor, como locomotivas e navios a vapor. Isso possibilitou o desenvolvimento das ferrovias, a expansão do transporte e a integração regional e global.

3ª onda (1900 – 1950): Era da Eletricidade
A terceira onda foi marcada pela eletrificação e pela disseminação da energia elétrica. A invenção da lâmpada incandescente e a construção de redes elétricas permitiram a iluminação urbana, o desenvolvimento de novas indústrias e o avanço das comunicações.

4ª onda (1950 – 1990): Produção em Massa
A quarta onda foi caracterizada pelo advento da produção em massa, impulsionada pelo uso de linhas de montagem e automação industrial. Essa onda permitiu uma maior eficiência na produção, levando a um aumento significativo na produção de bens de consumo.

5ª onda (1990 – 2020): Redes e Tecnologias da Informação e Comunicação
A quinta onda foi impulsionada pelo surgimento da Internet e das tecnologias da informação e comunicação (TIC). Isso trouxe a conectividade global, a disseminação da informação e a transformação de vários setores, como o comércio eletrônico, as redes sociais, a computação em nuvem e a inteligência artificial.

6ª onda: Sustentabilidade e ESG (2020 – 2045)
A sexta onda, como discutido anteriormente, está focada na sustentabilidade e nos critérios ESG. Essa onda está impulsionada pela necessidade de enfrentar os desafios ambientais e sociais, promovendo práticas sustentáveis e responsáveis em todos os setores da sociedade.

Cada onda da tecnologia trouxe avanços significativos e impactos transformadores em diferentes aspectos da vida humana. A sexta onda, em particular, está moldando o futuro com uma ênfase na sustentabilidade e no ESG, buscando equilibrar o progresso tecnológico com a responsabilidade socioambiental.

 

 

 

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Junho abre a temporada de ipês no Distrito Federal

A florada roxa é a primeira a colorir ruas e parques da capital federal, que tem 270 mil árvores de todas as cores

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‌Roxos, rosa, amarelos, brancos… Chegou a época do ano em que o brasiliense tira o celular do bolso para fazer fotos em tudo quanto é rua e parque do Distrito Federal. Sim, está aberta a temporada dos ipês!

Ipês amarelos são sempre associados à imagem da capital federal  | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

‌A árvore de grande porte nativa do Brasil virou símbolo da capital federal. Hoje, existem cerca de 270 mil ipês de cores variadas espalhados por todas as regiões administrativas. A próxima temporada de plantio começa em outubro, quando a Novacap passa a colorir a cidade com outras 40 mil mudas em todo o DF.

‌“Coletamos as sementes de matrizes que são cultivadas em um raio de 400 km, área que pega o Distrito Federal e parte do Entorno”, conta o diretor do Departamento de Parques e Jardins da Novacap, Raimundo Silva. “Essas árvores são acompanhadas ao longo do ano, com técnicos sempre de olho na ocorrência de qualquer praga ou fungo.”

Florações

Variedades no tom roxo são as primeiras a aparecer nesta temporada | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

‌As sementes passam por um processamento antes do cultivo. Quando as mudinhas completam três anos de manejo, saem dos viveiros da Novacap para serem plantadas. “Elas vão [para o plantio] em um porte que varia de 80 cm a 1,5 m”, afirma Raimundo. “É a partir do terceiro, quarto ano que as árvores já começam a florir”.

Na estação em que florescem, ipês de Brasília apresentam diferentes colorações | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

‌O festival de cores oferecido pelos ipês começa em junho, com a floração da variedade roxa. Porém, Raimundo observa que, neste ano, as baixas temperaturas anteciparam o aparecimento das flores. “O frio quebra a dormência da planta e estimula a florada, por isso já podemos ver alguns ipês floridos ainda em maio”, explica.

‌Confira abaixo os meses e a duração de florada de cada uma das variedades de ipê.

Arte: Agência Brasília

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Reportagens

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