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A CULTURA MUNDURUKU
A harmonia na aldeia e o Grupo de Carimbó Bibiyü das jovens guerreiras Munduruku

Os mundurukus estão espalhados por várias partes da Amazônia. Todos têm a mesma raiz. Sua riqueza cultural é extraordinária, incluindo um repertório de canções tradicionais de musicalidade e poesia incomum, que versa sobre relações do cotidiano, frutos, animais etc. A cosmologia apresenta narrativas que inclui conhecimentos dos astros, constelações e da Via Láctea, chamada kabikodepu, em que são identificadas as estrelas que a compõe. A comunidade Munduruku de Bragança chegou a formar até um grupo musical de dança que faz apresentações em várias festividades fora e dentro da aldeia.
Fotos: Silvestre Gorgulho
Uma mesa com a exposição do artesanato munduruku
AS LIÇÕES DA ALDEIA
Segundo explicou o Cacique Domingos, há um belo artesanato. Destacam-se as cestarias e os trançados, que são atividades masculinas, cabendo a ele a confecção do Iço – cesto com o qual as mulheres carregam os frutos e produtos da roça –, as peneiras e demais utensílios de uso doméstico feitos com talas e fibras naturais.
Nos cestos munduruku são grafados com urucu desenhos que identificam o clã do marido. Assim, por exemplo, as tipóias para carregar as crianças que são confeccionadas pelas mulheres com a fibra extraída de uma árvore, identificam, com a cor natural vermelha ou branca, a metade do casal ao qual a criança pertence.
São exímios na confecção de colares com figuras peixes, tracajás, gato do mato, jacaré etc.) esculpidos em madeira e com sementes de inajá e tucumã.
A CARTA DOS MUNDURUKUS
Em 8 de junho de 2013, as Lideranças Munduruku escreveram uma carta ao governo do então presidente Lula e à sociedade brasileira sobre sua história e suas apreensões com a invasão de suas terras por garimpeiros e pelos desmatamentos. A carta abria com a seguinte mensagem:
“Munduruku é o povo mais numeroso da região do sul do estado do Pará, atualmente são 12.000 indivíduos. Nos tempos passados, nós, Munduruku, éramos temidos devido à fama da arte de guerrear em bandos e usávamos estratégias para atacar os nossos inimigos. Não desistíamos tão facilmente de perseguir os nossos inimigos e os nossos troféus eram a cabeça humana, que simbolizava o poder. Dificilmente, nós, Munduruku, em uma expedição de guerra perdíamos um guerreiro sequer na batalha. Atacávamos os inimigos de surpresa, assim vencíamos os nossos rivais e não deixávamos ninguém com vida, somente as crianças que quiséssemos levar para a aldeia, que adotávamos e incluíamos em nosso clã para mantermos a relação de parentesco. (…)
(…) “Alter do Chão (Co’anũnũ’a): é uma montanha onde os Munduruku ficavam observando a presença dos portugueses quando estes surgiam do Baixo Tapajós, e do cume da montanha se percebiam e anunciavam, através de um instrumento do tipo buzina de sopro, emitiam sons para avisar que as tropas portuguesas estavam indo na direção dos Munduruku. Nos primeiros contatos com os brancos, os Munduruku enfrentaram as tropas portuguesas no Rio das Tropas, e nas primeiras lutas os portugueses haviam perdido a batalha mas, no segundo momento, chegaram mais tropas para enfrentar os Munduruku, e desta vez os Munduruku não conseguiram derrotar as tropas e chegaram a fazer o acordo de paz e o local de confronto foi no rio em que hoje se chama Rio das Tropas, no meado do século XVIII”. (…)
E a carta das lideranças Munduruku implorava que seus direitos fossem respeitados para sua sobrevivência e porque hoje os índios são os verdadeiros Guardiões da Floresta.
BANDA DE CARIBÓ BIBIYÜ
A força e beleza das guerreiras do grupo musical
Para Eldianne Poring Etê Sousa, a líder da Banda de Carimbó Bibiyü, a arte, a música e a dança são formas de alegrar a comunidade e também de mostrar a força e resistência da mulher índia. As letras das músicas cantam o legado dos antepassados e as belezas da floresta. “Todas essas apresentações são para fortalecer e valorizar nossa mensagem de paz e harmonia”, diz Eldianne.
Eldianne Poring Etê Sousa é a presidente da Banda de Carimbó Bibiyü: “Nosso tambor toca forte pela nossa cultura”.
São 13 meninas guerreiras entre dançarinas, cantoras e percussionistas. Nome da banda: Grupo Carimbó Bibiyü. Na língua Munduruku Bibiyü (lê-se: Bibian) significa meninas guerreiras. A banda tem como presidente Eldianne Poring Etê e como vice a vocalista Luana Corrêa Batista.
Componentes do Grupo:
Tainá Corrêa Batista (Banjo) – Jucinara Corrêa Batista (Curimbó menor) – Carla Corrêa da Costa (cunhã 1) – Larissa Pinto Corrêa (maraqueira) – Eleise Doce Munduruku (bailarina) – Adanna Corrêa Cardoso (maraqueira) – Pâmela Rocha Corrêa (curimbó maior) – Odilene Doce Munduruku (cunhã 2) – Aline Corrêa Oliveira (bailarina) – Deila Pinto Corrêa (coreógrafa) – Sophia Corrêa Batista (bailarina).

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Brasília, há 36 anos Patrimônio Mundial pela Unesco
Capital federal foi a primeira cidade moderna a receber a honraria, em dezembro de 1987; em outubro do mesmo ano, conjunto foi tombado pelo governo local e, em 1990, inscrito no livro histórico do Iphan

Catarina Loiola, da Agência Brasília | Edição: Carolina Lobo
Tesouro urbanístico e símbolo de um dos mais importantes fatos históricos do país, Brasília é, há 36 anos, Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A honraria foi concedida à capital federal em 7 dezembro de 1987, apenas 27 anos após a sua inauguração. Desde então, Brasília compõe o seleto grupo de monumentos agraciados com o título, a exemplo da Muralha da China e das pirâmides do Egito.
O título de patrimônio mundial da humanidade se refere ao conjunto urbanístico-arquitetônico de Brasília — o Plano Piloto —, assinado pelo urbanista Lucio Costa. A concepção, projeção e construção do sonho de Juscelino Kubitschek transcorreram entre 1957 e 21 de abril de 1960, quando a cidade foi inaugurada. A Agência Brasília revisita a história da capital e dos títulos que a preservam em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que aproveita a sigla em inglês de Throwback Thursday para reviver fatos marcantes para o Quadradinho.
“Esse título também é uma forma de preservar e proteger essa herança para as gerações futuras e torna nossa cidade uma fonte de inspiração para o mundo”Cristiano Araújo, secretário de Turismo
A área tombada da cidade tem 112,25 km², sendo o maior perímetro urbano sob proteção histórica do mundo, e coleciona atributos dignos de tombamento. Quem ousa passear pela cidade tem a oportunidade de prestigiar as quatro escalas de Lucio Costa — monumental (a do poder), residencial (das superquadras), gregária (dos setores de serviços e diversão) e bucólica (das áreas verdes entremeadas nas demais) — e conversar com os traços de Oscar Niemeyer. Em diversos pontos da capital, é possível ainda prestigiar as obras de Athos Bulcão e vislumbrar o paisagismo de Burle Marx.
O título permite que o conceito inovador e vanguardista da cidade seja mantido, além de incentivar o movimento turístico na região. “Nossa capital é um lugar especial, não apenas para os brasileiros, mas para toda a humanidade. Temos aqui sítios naturais e culturais, com uma arquitetura modernista, planejamento urbano inovador e funcional”, avalia o secretário de Turismo, Cristiano Araújo. “Esse título também é uma forma de preservar e proteger essa herança para as gerações futuras e torna nossa cidade uma fonte de inspiração para o mundo”.

O subsecretário de Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), Felipe Ramón, afirma que “o tombamento é o reconhecimento mundial da importância do Plano Piloto para a civilização”. Segundo ele, a preservação de Brasília exige a avaliação do plano urbano e a adoção de uma visão voltada para o futuro, em que as próximas gerações também entenderão a importância da capital, processo que ocorre com a educação patrimonial.
“Nós temos atribuição direta sobre tombamentos e registros, sendo que o primeiro diz respeito aos bens materiais, e o segundo, aos imateriais. Nós zelamos pela preservação desses espaços, além de fomentarmos a educação patrimonial, que é o que faz com que os jovens adultos e crianças conheçam a importância do patrimônio cultural e do tombamento e assim passem a preservá-los”, explica o subsecretário.
Preservação

A capital também é reconhecida como patrimônio cultural em outras duas instâncias diferentes: é tombada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O primeiro ato de preservação da cidade ocorreu em 14 de outubro de 1987, com a publicação do decreto n° 10.829/1987, que regulamenta a lei n° 3.751/1960. A medida, que propõe a preservação da concepção urbanística de Brasília, permitiu que a cidade fosse tombada mundialmente.
Já em 14 de março de 1990, a cidade foi inscrita no Livro de Tombo Histórico pelo Iphan. O feito é referente à mudança da capital do país do Rio de Janeiro para o Planalto Central, considerado um dos mais importantes acontecimentos históricos do país no século 20. “Representa uma radical mudança na geografia do país, promovendo a ocupação das áreas centrais do território nacional que, majoritariamente, concentra as maiores cidades no litoral”, pontua o instituto em nota enviada à Agência Brasília.
“Brasília representa um marco muito significativo para o debate internacional referente ao reconhecimento de sítios enquanto patrimônio da humanidade”, continua o órgão. “Foi o primeiro conjunto urbanístico moderno a ser declarado. Esse reconhecimento confirma não apenas a genialidade do urbanismo de Lucio Costa e a arquitetura de Oscar Niemeyer, mas a capacidade de realização brasileira de criar uma capital em um território pouquíssimo ocupado, em tempo exíguo. Coroa também o esforço de milhares de trabalhadores que empreenderam a epopeia da construção, os candangos”, finaliza o Iphan.
Visite

O GDF criou rotas turísticas para que o Quadradinho seja desbravado por completo. Destaque para a Rota Arquitetônica, que leva o visitante a um tour nas obras e monumentos que fazem de Brasília um marco da arquitetura mundial. Há também a Rota Cívica, composta por monumentos e espaços importantes para a democracia do país, entre outros miniguias. Veja todas aqui.
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O MONÓLITO DO PÃO DE AÇÚCAR
CARIOCA COMPRA A BRIGA CONTRA AS TIROLEZAS DO PÃO DE AÇUCAR. CARTA ABERTA EM DEFESA DO ROCHEDO SÍMBOLO CARIOCA

“O homem moderno perdeu o sentimento do sagrado.
Os indígenas defendem suas águas e montanhas porque
pertencem à Terra e não o contrário como o homem branco
a quem as terras lhes pertencem”.
Construção de tirolesas no Pão de Açúcar revolta arquitetos, paisagistas e moradores de Botafogo, da Urca e de todos os pontos de onde se pode contemplá-lo. Perfurações não previstas no escopo inicial do projeto foram realizadas durante as obras. A polêmica é grande e o paisagista e arquiteto Carlos Fernando de Moura Delphim faz carta aberta à sociedade brasileira sobre os graves riscos que hoje ocorrem na paisagem natural e cultural do Rio de Janeiro, especialmente com a degradação do monólito do Pão de Açúcar.
Para Carlos Fernando de Moura Delphim há uma sequência de efeitos conjugados que, por sua desorganização, degradam a paisagem carioca. O crescimento econômico, a pressão demográfica, a questão da segurança pública e o desenvolvimento do turismo acentuam, de ano em ano, as ameaças que pesam sobre o próprio futuro do homem, em geral, e da população carioca em particular.
Tendo vivido 60 anos no Rio de Janeiro e tendo sempre defendido o patrimônio cultural do Brasil, das cidades e do mundo, Carlos Fernando se sente no dever de lançar seu grito de alerta sobre o que está acontecendo com a Cidade Maravilhosa, especialmente sobre o belíssimo penedo do Pão de Açúcar.
A TIROLEZA DA DISCÓRDIA
A informação está na boca do povo. E não parece fake-news. Já em 2024, o Pão de Açúcar, um dos cartões-postais mais visitados do mundo devido ao seu bondinho, acha-se ameaçado de receber uma inovação que o tornará mais deslumbrante ainda do que já é. Trata-se da instalação de uma tirolesa de 755 metros, um esporte radical
com quatro linhas ligando-o ao Morro da Urca, num trajeto de menos de 50 segundos, numa velocidade de 100km/h. O escritório Índio da Costa, responsável pela construção, apresentou outro projeto ao Iphan, pedindo autorização para aumentar em 50,16% a área total de edificações sobre o Pão de Açúcar.
A proposta afeta ainda o Morro da Urca e a Praia Vermelha, locais onde a empresa pretende criar um acréscimo de área construída de 47,96% para o Morro e de 54,36%, para a Praia. A intenção é criar novos espaços com diversas atividades, como passarelas, restaurantes, teatros, elevadores e mirantes. Esse plano foi apresentado ao Iphan onde se encontra em fase de análise. A inquietante A inquietante proposta já conta com a rejeição da opinião pública, de arquitetos, urbanistas, paisagistas e ambientalistas e do veemente protesto dos moradores da Urca e Botafogo. Segundo o arquiteto da-paisagem Carlos Fernando, a pretensão de construir tais edificações busca justificar-se com conceitos totalmente estranhos e enganosos, como decoração paisagista, algo que, exacerbaria o impacto da edificação sobre a paisagem tombada e declarada pela Unesco como Patrimônio Mundial.
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