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A CULTURA MUNDURUKU
A harmonia na aldeia e o Grupo de Carimbó Bibiyü das jovens guerreiras Munduruku

Os mundurukus estão espalhados por várias partes da Amazônia. Todos têm a mesma raiz. Sua riqueza cultural é extraordinária, incluindo um repertório de canções tradicionais de musicalidade e poesia incomum, que versa sobre relações do cotidiano, frutos, animais etc. A cosmologia apresenta narrativas que inclui conhecimentos dos astros, constelações e da Via Láctea, chamada kabikodepu, em que são identificadas as estrelas que a compõe. A comunidade Munduruku de Bragança chegou a formar até um grupo musical de dança que faz apresentações em várias festividades fora e dentro da aldeia.
Fotos: Silvestre Gorgulho
Uma mesa com a exposição do artesanato munduruku
AS LIÇÕES DA ALDEIA
Segundo explicou o Cacique Domingos, há um belo artesanato. Destacam-se as cestarias e os trançados, que são atividades masculinas, cabendo a ele a confecção do Iço – cesto com o qual as mulheres carregam os frutos e produtos da roça –, as peneiras e demais utensílios de uso doméstico feitos com talas e fibras naturais.
Nos cestos munduruku são grafados com urucu desenhos que identificam o clã do marido. Assim, por exemplo, as tipóias para carregar as crianças que são confeccionadas pelas mulheres com a fibra extraída de uma árvore, identificam, com a cor natural vermelha ou branca, a metade do casal ao qual a criança pertence.
São exímios na confecção de colares com figuras peixes, tracajás, gato do mato, jacaré etc.) esculpidos em madeira e com sementes de inajá e tucumã.
A CARTA DOS MUNDURUKUS
Em 8 de junho de 2013, as Lideranças Munduruku escreveram uma carta ao governo do então presidente Lula e à sociedade brasileira sobre sua história e suas apreensões com a invasão de suas terras por garimpeiros e pelos desmatamentos. A carta abria com a seguinte mensagem:
“Munduruku é o povo mais numeroso da região do sul do estado do Pará, atualmente são 12.000 indivíduos. Nos tempos passados, nós, Munduruku, éramos temidos devido à fama da arte de guerrear em bandos e usávamos estratégias para atacar os nossos inimigos. Não desistíamos tão facilmente de perseguir os nossos inimigos e os nossos troféus eram a cabeça humana, que simbolizava o poder. Dificilmente, nós, Munduruku, em uma expedição de guerra perdíamos um guerreiro sequer na batalha. Atacávamos os inimigos de surpresa, assim vencíamos os nossos rivais e não deixávamos ninguém com vida, somente as crianças que quiséssemos levar para a aldeia, que adotávamos e incluíamos em nosso clã para mantermos a relação de parentesco. (…)
(…) “Alter do Chão (Co’anũnũ’a): é uma montanha onde os Munduruku ficavam observando a presença dos portugueses quando estes surgiam do Baixo Tapajós, e do cume da montanha se percebiam e anunciavam, através de um instrumento do tipo buzina de sopro, emitiam sons para avisar que as tropas portuguesas estavam indo na direção dos Munduruku. Nos primeiros contatos com os brancos, os Munduruku enfrentaram as tropas portuguesas no Rio das Tropas, e nas primeiras lutas os portugueses haviam perdido a batalha mas, no segundo momento, chegaram mais tropas para enfrentar os Munduruku, e desta vez os Munduruku não conseguiram derrotar as tropas e chegaram a fazer o acordo de paz e o local de confronto foi no rio em que hoje se chama Rio das Tropas, no meado do século XVIII”. (…)
E a carta das lideranças Munduruku implorava que seus direitos fossem respeitados para sua sobrevivência e porque hoje os índios são os verdadeiros Guardiões da Floresta.
BANDA DE CARIBÓ BIBIYÜ
A força e beleza das guerreiras do grupo musical
Para Eldianne Poring Etê Sousa, a líder da Banda de Carimbó Bibiyü, a arte, a música e a dança são formas de alegrar a comunidade e também de mostrar a força e resistência da mulher índia. As letras das músicas cantam o legado dos antepassados e as belezas da floresta. “Todas essas apresentações são para fortalecer e valorizar nossa mensagem de paz e harmonia”, diz Eldianne.
Eldianne Poring Etê Sousa é a presidente da Banda de Carimbó Bibiyü: “Nosso tambor toca forte pela nossa cultura”.
São 13 meninas guerreiras entre dançarinas, cantoras e percussionistas. Nome da banda: Grupo Carimbó Bibiyü. Na língua Munduruku Bibiyü (lê-se: Bibian) significa meninas guerreiras. A banda tem como presidente Eldianne Poring Etê e como vice a vocalista Luana Corrêa Batista.
Componentes do Grupo:
Tainá Corrêa Batista (Banjo) – Jucinara Corrêa Batista (Curimbó menor) – Carla Corrêa da Costa (cunhã 1) – Larissa Pinto Corrêa (maraqueira) – Eleise Doce Munduruku (bailarina) – Adanna Corrêa Cardoso (maraqueira) – Pâmela Rocha Corrêa (curimbó maior) – Odilene Doce Munduruku (cunhã 2) – Aline Corrêa Oliveira (bailarina) – Deila Pinto Corrêa (coreógrafa) – Sophia Corrêa Batista (bailarina).
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“DE CASACA E CHUTEIRA – A ERA DOS GRANDES DRIBLES NA POLÍTICA, CULTURA E HISTÓRIA”.
Cacá Diegues: “Na Era JK e Pelé tínhamos de correr atrás do Brasil. JK com sua energia e ousadia conseguiu substituir o ato do sofrimento pela pedagogia do prazer. O brasileiro passou a ter autoestima”.

SILVESTRE GORGULHO – ENTREVISTA
“De Casaca e Chuteiras” – Lançamento em Brasília para comemorar os 63 da Capital e uma homenagem a JK e ao Rei Pelé.
O livro “De Casaca e Chuteira – A Era dos Grandes Dribles na Política, Cultura e História – JK-BRASÍLIA-PELÉ” vai ser lançado dia 22 de abril, sábado às 11 horas, no Memorial JK, em Brasília.
Folha do Meio Ambiente – PELÉ já está no dicionário. E JK?
Silvestre Gorgulho – Verdade! Após sua morte, Pelé em dezembro do ano passado, houve uma campanha e a justificativa foi porque o apelido para Edson Arantes se tornou sinônimo de perfeição no Brasil e em todos os países de Língua Portuguesa. Aliás, em todos as línguas faladas no mundo. Nada mais justo e oportuno. Na verdade, apenas foi referendado um jargão que já estava no cotidiano das pessoas das mais diversas nacionalidades. Este é mais um legado do Rei Pelé. Símbolo de excelência nos esportes, não só no futebol, Pelé é uma lenda eternizada de muitas maneiras possíveis. O substantivo virou adjetivo e até, quem sabe, verbo: Peleou muito bem! O fato é que agora já temos o Pelé da Ciência, que pode ser o Einstein ou o Vital Brazil; o Pelé da Literatura, que pode ser o Machado de Assis; e até o Pelé da música, que pode ser o Villa-Lobos ou o Rei Roberto Carlos.
FMA – Mas, e JK?
SG – Bem, JK ainda não está no dicionário, mas tem uma coisa. O escritor e jornalista Élio Gáspari tem razão quando diz: “Todo político brasileiro quer JK quando crescerem. Um dia, talvez, algum consiga, desde que aprenda uma coisa simples: Juscelino Kubitschek jamais disse uma só palavra má, uma palavra negativa tanto do Brasil quanto dos brasileiros. Foi um visionário que acreditou nos dois.”
Privilégio viver a Era JK e Pelé, porque tínhamos de correr atrás do Brasil. JK com sua energia e ousadia conseguiu substituir o ato do sofrimento pela pedagogia do prazer. O brasileiro passou a ter autoestima. (Cacá Diegues)
FMA – “De Casaca e Chuteira – A Era dos Grandes Dribles na Política, Cultura e História” – Que acontecimentos fazem o conteúdo do livro?
SG – São muitos e em todas as áreas da vida: política, esportes, economia, música, literatura e costumes. O livro tem 28 capítulos, 448 páginas, e aborda um tempo considerado Anos Dourados do Brasil. Brasília, Pelé e JK são os fios condutores dessa história maravilhosa, quando os brasileiros sentiram que poderiam realizar o impossível. Como disse Cacá Diegues, foi um privilégio viver essa época, porque tínhamos de correr atrás do Brasil. JK com sua energia e ousadia conseguiu substituir o ato do sofrimento pela pedagogia do prazer. O brasileiro passou a ter autoestima.
FMA – Por que seu livro foi lançado em 2020, em São Paulo, e só agora será em Brasília?
SG – Verdade! Em 2020 lancei em São Paulo e em 2022 em São Lourenço, Sul de Minas. Motivo simples: O livro só ficou pronto na segunda semana de outubro de 2020. O então governador João Doria, que fez a apresentação, queria lançar o livro no Museu do Futebol lá no Pacaembu, no dia 23 de outubro, quando o Pelé fez 80 anos. Aliás, por isso o selo que tem na capa desenhada por KÁCIO: Brasília 60 anos e Pelé 80 anos. Mas o que aconteceu? Plena Pandemia. O protocolo dizia que só poderiam estar presentes no Museu do Futebol 50 pessoas e tinha de se inscrever pela internet. Havia controle rígido na entrada. Não pude convidar nem minha família. O médico do Pelé proibiu que ele fosse. Pronto, apesar da grande divulgação, pouca gente participou do evento.
FMA – Planeja uma segunda edição?
SG – Sim, vou ter que fazer uma segunda edição que será mais ampla ainda. Na verdade, eu já tinha desistido de lançar o livro aqui. Como a gráfica só tem 98 exemplares da primeira edição, que foi quase toda vendida no Mercado Livre, estava pensando em lançar em Brasília apenas a segunda edição.
FMA – E por que essa mudança?
SG – Não disse que a vida é o que acontece com a gente enquanto fazemos planos? Por dois motivos. Primeiro porque o Pelé não foi ao lançamento em São Paulo, mas me ligou dizendo que viria ao lançamento em Brasília tão logo acabasse a pandemia. E aí veio a doença dele. Foi muito triste. Nem queria mais lançar.
E o segundo motivo porque três grandes amigos pediram. Até insistiram. O Jack Corrêa, o Paulo Octávio e a Anna Christina Kubitschek. Eles me convenceram. Seria uma homenagem ao Rei Pelé, que faleceu há 4 meses. E, também, homenagem a JK nos 63 anos de Brasília.
O livro “De Casaca e Chuteira – A Era dos Grandes Dribles na Política, Cultura e História – JK-BRASÍLIA-PELÉ” vai ser lançado dia 22 de abril, sábado às 11 horas, no Memorial JK, em Brasília.
Folha do Meio Ambiente – PELÉ já está no dicionário. E JK?
Silvestre Gorgulho – Verdade! Após sua morte, Pelé em dezembro do ano passado, houve uma campanha e a justificativa foi porque o apelido para Edson Arantes se tornou sinônimo de perfeição no Brasil e em todos os países de Língua Portuguesa. Aliás, em todos as línguas faladas no mundo. Nada mais justo e oportuno. Na verdade, apenas foi referendado um jargão que já estava no cotidiano das pessoas das mais diversas nacionalidades. Este é mais um legado do Rei Pelé. Símbolo de excelência nos esportes, não só no futebol, Pelé é uma lenda eternizada de muitas maneiras possíveis. O substantivo virou adjetivo e até, quem sabe, verbo: Peleou muito bem! O fato é que agora já temos o Pelé da Ciência, que pode ser o Einstein ou o Vital Brazil; o Pelé da Literatura, que pode ser o Machado de Assis; e até o Pelé da música, que pode ser o Villa-Lobos ou o Rei Roberto Carlos.
FMA – Mas, e JK?
SG – Bem, JK ainda não está no dicionário, mas tem uma coisa. O escritor e jornalista Élio Gáspari tem razão quando diz: “Todo político brasileiro quer JK quando crescerem. Um dia, talvez, algum consiga, desde que aprenda uma coisa simples: Juscelino Kubitschek jamais disse uma só palavra má, uma palavra negativa tanto do Brasil quanto dos brasileiros. Foi um visionário que acreditou nos dois.”
Privilégio viver a Era JK e Pelé, porque tínhamos de correr atrás do Brasil. JK com sua energia e ousadia conseguiu substituir o ato do sofrimento pela pedagogia do prazer. O brasileiro passou a ter autoestima. (Cacá Diegues)
FMA – “De Casaca e Chuteira – A Era dos Grandes Dribles na Política, Cultura e História” – Que acontecimentos fazem o conteúdo do livro?
SG – São muitos e em todas as áreas da vida: política, esportes, economia, música, literatura e costumes. O livro tem 28 capítulos, 448 páginas, e aborda um tempo considerado Anos Dourados do Brasil. Brasília, Pelé e JK são os fios condutores dessa história maravilhosa, quando os brasileiros sentiram que poderiam realizar o impossível. Como disse Cacá Diegues, foi um privilégio viver essa época, porque tínhamos de correr atrás do Brasil. JK com sua energia e ousadia conseguiu substituir o ato do sofrimento pela pedagogia do prazer. O brasileiro passou a ter autoestima.
FMA – Por que seu livro foi lançado em 2020, em São Paulo, e só agora será em Brasília?
SG – Verdade! Em 2020 lancei em São Paulo e em 2022 em São Lourenço, Sul de Minas. Motivo simples: O livro só ficou pronto na segunda semana de outubro de 2020. O então governador João Doria, que fez a apresentação, queria lançar o livro no Museu do Futebol lá no Pacaembu, no dia 23 de outubro, quando o Pelé fez 80 anos. Aliás, por isso o selo que tem na capa desenhada por KÁCIO: Brasília 60 anos e Pelé 80 anos. Mas o que aconteceu? Plena Pandemia. O protocolo dizia que só poderiam estar presentes no Museu do Futebol 50 pessoas e tinha de se inscrever pela internet. Havia controle rígido na entrada. Não pude convidar nem minha família. O médico do Pelé proibiu que ele fosse. Pronto, apesar da grande divulgação, pouca gente participou do evento.
FMA – Planeja uma segunda edição?
SG – Sim, vou ter que fazer uma segunda edição que será mais ampla ainda. Na verdade, eu já tinha desistido de lançar o livro aqui. Como a gráfica só tem 98 exemplares da primeira edição, que foi quase toda vendida no Mercado Livre, estava pensando em lançar em Brasília apenas a segunda edição.
FMA – E por que essa mudança?
SG – Não disse que a vida é o que acontece com a gente enquanto fazemos planos? Por dois motivos. Primeiro porque o Pelé não foi ao lançamento em São Paulo, mas me ligou dizendo que viria ao lançamento em Brasília tão logo acabasse a pandemia. E aí veio a doença dele. Foi muito triste. Nem queria mais lançar.
E o segundo motivo porque três grandes amigos pediram. Até insistiram. O Jack Corrêa, o Paulo Octávio e a Anna Christina Kubitschek. Eles me convenceram. Seria uma homenagem ao Rei Pelé, que faleceu há 4 meses. E, também, homenagem a JK nos 63 anos de Brasília.
FMA – Interessante essa relação JK, Pelé, Brasília, Cultura e Política…
SG – Na vida, nada é por acaso. O livro foi nascendo aos poucos e acabei encontrando este formato. Imagina que Pelé, Brasília e JK nasceram para o mundo no mesmo ano de 1956. JK toma posse na Presidência em 31 de janeiro e Pelé faz seu primeiro jogo profissional pelo Santos em 7 de setembro, com apenas 15 anos, disputando a Taça Independência. E começa com gol. Foi o primeiro dos 1.285. Ambos marcaram época e entraram na vida de brasileiros, deixando um forte legado. O livro começou como uma espécie de almanaque. Era um trabalho para compor um projeto de Monumento a Pelé que Oscar Niemeyer fez para ser colocado em Santos, em frente ao Museu Pelé. Isso foi em 2010. Mas, em 10 anos houve uma evolução muito grande desse trabalho que acabou virando um livro.
FMA – Política, música, literatura e esporte fizeram uma boa dobradinha?
SG – Muito boa. Nos Anos Dourados tudo isso se junta. Foi o desenvolvimento proposto por JK de 50 anos em cinco. Ganhamos a Bossa Nova, o Cinema Novo. O Brasil ganha a primeira Copa do Mundo, vibramos com Pelé, Garrincha, Maria Ester Bueno, Éder Jofre. Até nosso basquete foi campeão do mundo. Em 1956, três grandes autores lançam livros fundamentais: Fernando Sabino lança “Encontro Marcado”, Mário Palmério lança “Vila dos Confins” e João Guimarães Rosa revoluciona a literatura com “Grande Sertão: Veredas”.
FMA – Como foi sua pesquisa?
SG – Foram mais de 10 anos de pesquisa. Li 45 livros e muitos discursos. Algumas entrevistas. Na última vez que Pelé visitou Três Corações, sua terra, fui junto. Além dos estudos, pesquisas e leituras conversei com Pelé, Oscar Niemeyer, Carlos Magalhães da Silveira, Maria Elisa Costa. Fui às cidades onde a família do Pelé morou e onde o Dondinho jogou e pesquisei todos os jornais locais, no caso Campos Gerais, Três Corações e São Lourenço, em Minas, e Bauru em São Paulo. Quanto mais eu pesquisava, mais eu entendia a importância de Pelé, JK e de Brasília no contexto da vida Política, Cultural e na História do Brasil.
FMA – JK e Pelé na capa… busca passar algum simbolismo?
SG – A capa tem o traço irretocável e a genialidade do Kácio Pacheco. Já é uma História. JK com o uniforme da Seleção Brasileira e Pelé de casaca. Uma simbologia do sucesso, da dedicação, do patriotismo e do trabalho. A simbologia do dever cumprido. Ambos, JK e Pelé, cumpriram muito bem sua missão. Cada um no seu campo. Eles são a chave para entender o Brasil de hoje. Não há como compreender a interiorização da economia, a força do Centro-Oeste, o desenvolvimento do sertão brasileiro sem estudar a vida e a obra de JK. O Brasil é um antes de JK e outro depois. Da mesma forma, no futebol. O Brasil é um antes de Pelé e outro depois de Pelé. Com Brasília, o Brasil colheu um novo País.
FMA – Brasília significou mesmo tudo isso?
SG – Significou muito mais. Tive um professor na Universidade de Minesota, nos Estados Unidos, Edward Shu, economista, brasilianista e que foi vice-presidente do Banco Mundial. Shu me dizia, em 1982: “Silvestre, os brasileiros precisam entender a importância geopolítica de Brasília. Nos meus estudos eu sinto que se Brasília não fosse construída e se a capital do Brasil não migrasse para o centro do Brasil, a Amazônia não seria mais brasileira”.
FMA – Não tinha pensado nisso…
SG – Toda a região, antes de Brasília, vivia da agricultura de subsistência e da mineração. As políticas públicas eram apenas para o litoral. Veja a mudança: hoje, por causa de Brasília, 60% do agronegócio brasileiro está concentrado no Centro-Oeste. Imagina que na década de 60 e 70, o Cerrado não produzia sequer um grão de soja. Hoje, o Centro-Oeste é responsável por 51% da produção nacional. A soja avançou sobre novas fronteiras e levou junto a cultura do milho, do algodão, do trigo, das frutas, do gado. A produção de milho nessa época era inferior a 5%. Atualmente representa 54,36% da safra nacional. Brasília abriu o caminho para os recordes do agronegócio num Brasil antes vazio e desconectado do litoral. Detalhe: a tecnologia agropecuária tropical, chamada de Revolução Verde dos anos 70 e 80, fez a força do AGRO que só existe porque a Embrapa existe. E a Embrapa nasceu porque Brasília existe.
O livro tem uma dinâmica didática e prazerosa. Não tem fakenews. Tudo é documentado com fatos e fotos. É bom saber como foi a construção de Brasília com fatos e fotos. Foi uma saga. Brasília nasceu filmada e fotografada. (SG)
FMA – Quanto tempo demorou para finalizar o livro?
SG – Foram exatos 10 anos e 3 meses. Comecei a escrever o livro em 23 de outubro de 2010, quando Pelé fez 70 anos. Tudo, como já disse, por causa de um projeto que Oscar Niemeyer fez a meu pedido do Monumento PELÉ. E também por causa da relação de meu pai com Dondinho, o pai do Pelé, que jogou na minha cidade natal São Lourenço, no Sul de Minas. Maria Lúcia, a irmã do Pelé, nasceu lá. E o apelido Pelé também. Na família, o apelido do Rei é Dico. O nome Pelé nasceu em São Lourenço.
FMA – O conteúdo é colocado de forma bem didática…
SG – Sim, didática e prazerosa. Não tem fakenews. Tudo é documentado com fatos e fotos. É bom saber como foi a construção de Brasília com fatos e fotos. Foi uma saga. Brasília nasceu filmada e fotografada. Única cidade do mundo que nasceu com um jornal e o Correio é o único jornal do mundo que nasceu com uma cidade. É bom saber como foi a implantação da indústria automobilística e como foi a ocupação do Cerrado. Importante: este livro mostra, com exemplos e fatos, que nosso país já foi mais íntegro, mais promissor, mais ingênuo e muito menos perverso. Os Anos Dourados foram o auge de nossa autoestima.
FMA – Qual a relevância do personagem Pelé para os dias de hoje. E para as novas gerações?
SG – Pelé é um ícone. Não é à toa que seu PELÉ entrou no dicionário. Em 1956, Pelé colocou a bola no campo de um jogo extremamente coletivo para encantar o mundo, como Rei do Futebol. Pelé foi campeão do Mundo cinco vezes: três vezes com a seleção brasileira e duas vezes com o Santos. Foram 1.285 gols filmados, fotografados e registrados durante a carreira. O livro traz tudo isso, em um adendo no final, jogo por jogo. Gol por gol. Pelé fez o cessar-fogo de duas guerras apenas para poder mostrar sua arte. Juiz é “expulso” de campo por ter tido a petulância de expulsar Pelé e, assim, possibilitar sua volta ao jogo. E, ainda, contrariando as regras, depois de ter sido substituído no primeiro tempo, Pelé, mesmo com dores, é obrigado a voltar no segundo tempo para evitar conflitos no estádio. Pelé é uma lenda eterna. O tempo passa, os anos avançam e o mito permanece. Súditos e não súditos, amantes ou não do futebol, têm sempre na ponta da língua a expressão mais nobre, mais lúdica e mais singela para relembrar uma lindíssima história. Verdadeira lenda que sempre recomeça: era uma vez um menino pobre, de uma família pobre, em um país pobre, que tinha o dom de fazer mágicas. De uma bolinha de meia fez sete bolas de ouro.
“Pelé é um ícone. Não é à toa que seu PELÉ entrou no dicionário. Em 1956, Pelé colocou a bola no campo de um jogo extremamente coletivo para encantar o mundo, como Rei do Futebol. Pelé foi campeão do Mundo cinco vezes: três vezes com a Seleção e duas vezes com o Santos”. (SG)
FMA – Qual a conclusão que a gente pode tirar?
SG – Só posso dizer que JK tinha sempre em mente uma frase de seu conterrâneo Guimarães Rosa, que nasceu ali na sua região onde começa o Cerrado. “Quem elegeu a busca não pode recusar a travessia”. Juscelino elegeu 30 metas para seu governo e mais uma, a meta síntese: construção de Brasília. Foi ousado, determinado, magnânimo e fez uma grande revolução social, econômica e política. Talvez, a maior revolução do Brasil como nação. E sem pegar em armas. Sem dar um tiro. Como JK, cada um de nós – sobretudo os governantes – precisamos focar na busca escolhida e não recusar a travessia.
PELÉ: aquele que é fora do comum, que ou quem em virtude de sua qualidade, valor ou superioridade não pode ser igualado. Exemplo: JK é o pelé da política.
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Lei de comercialização de créditos de carbono em concessões florestais é sancionada por Lula, com um veto
Veto presidencial visa evitar retrocesso ambiental ao definir reservas legais

O presidente Lula sancionou uma lei que autoriza a comercialização de créditos de carbono em concessões florestais no Brasil. Essa medida tem como objetivo incentivar a conservação das florestas e promover a redução das emissões de gases de efeito estufa. No entanto, vale ressaltar que o presidente também vetou um único artigo da lei, alegando que sua aprovação poderia causar um “retrocesso ambiental”. Neste artigo, exploraremos os detalhes da lei sancionada e o motivo por trás do veto presidencial.
A nova lei sancionada pelo presidente Lula busca estimular a adoção de práticas sustentáveis e a preservação do meio ambiente, ao permitir a comercialização de créditos de carbono em concessões florestais. Esses créditos representam a redução ou remoção de emissões de gases de efeito estufa de determinados projetos ou atividades.
Ao permitir a negociação desses créditos, a lei visa criar um incentivo econômico para que empresas invistam em projetos de conservação ambiental, contribuindo para a proteção das florestas e a mitigação das mudanças climáticas. Dessa forma, proprietários de concessões florestais poderão ser recompensados financeiramente pela adoção de práticas sustentáveis e pela preservação das áreas sob sua responsabilidade.
No entanto, o presidente Lula decidiu vetar um único artigo da lei. Esse artigo dizia respeito à definição das reservas legais, que são áreas dentro das propriedades rurais que devem ser preservadas com vegetação nativa. Segundo o governo, a aprovação desse artigo poderia representar um “retrocesso ambiental”, pois poderia flexibilizar as regras de proteção ambiental e comprometer a conservação das áreas de reserva legal.
O veto presidencial demonstra a preocupação do governo em manter a integridade das áreas de preservação, garantindo que a lei não abra espaço para práticas que possam comprometer a conservação dos recursos naturais do país. Essa decisão visa assegurar que a comercialização de créditos de carbono seja feita de maneira responsável e alinhada aos princípios de preservação ambiental.
A sanção da lei que permite a comercialização de créditos de carbono em concessões florestais pelo presidente Lula representa um avanço na busca por práticas sustentáveis e na preservação das florestas brasileiras. Essa medida visa incentivar a adoção de práticas de conservação e mitigação das mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que proporciona benefícios econômicos para os proprietários de concessões florestais.
O veto de um artigo da lei, relacionado à definição das reservas legais, reflete a preocupação do governo em evitar retrocessos ambientais e garantir a proteção das áreas de preservação. É fundamental que a comercialização de créditos de carbono seja realizada de forma responsável, considerando os princípios de conservação ambiental e assegurando que as florestas brasileiras
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Crise Hídrica: Mais da metade dos maiores lagos e reservatórios do mundo estão secando
Estudo aponta declínio no armazenamento de água em cerca de 53% desses ecossistemas vitais de 1992 a 2020

Um novo estudo realizado por pesquisadores monitorou cerca de 2 mil lagos e reservatórios ao redor do mundo e revelou uma preocupante descoberta: mais da metade desses corpos d’água apresentaram declínio no armazenamento de água ao longo de quase três décadas. De acordo com a pesquisa, aproximadamente 53% dos maiores lagos e reservatórios do planeta registraram reduções significativas em seu volume de água entre os anos de 1992 e 2020. Esses resultados alarmantes destacam a urgência de ações para proteger e preservar esses ecossistemas vitais.
Os lagos e reservatórios são importantes fontes de água doce, fornecendo recursos cruciais para o abastecimento humano, agricultura, geração de energia e manutenção dos ecossistemas locais. No entanto, as descobertas da pesquisa revelam uma tendência preocupante de secamento desses corpos d’água ao longo do tempo.
Existem várias razões para o declínio no armazenamento de água em lagos e reservatórios. Mudanças climáticas, aumento da demanda por água devido ao crescimento populacional e uso inadequado dos recursos hídricos são alguns dos principais fatores que contribuem para essa situação alarmante. O aquecimento global tem desempenhado um papel significativo, levando a mudanças nos padrões de chuva e aumento da evaporação, o que pode diminuir o volume de água disponível.
Além disso, a exploração excessiva de água para irrigação agrícola, indústria e consumo humano sem uma gestão sustentável também contribui para o esgotamento dos lagos e reservatórios. A construção de represas e barragens também pode ter impactos negativos nos ecossistemas aquáticos, alterando o fluxo natural dos rios e afetando a disponibilidade de água nos corpos d’água.
As consequências do secamento dos lagos e reservatórios são significativas e afetam tanto o meio ambiente quanto as comunidades humanas que dependem desses recursos. A redução do volume de água pode levar à perda de habitats aquáticos, diminuição da biodiversidade e aumento da salinização, tornando a água imprópria para uso humano e atividades econômicas.
Diante desse cenário preocupante, é crucial adotar medidas efetivas para reverter a tendência de secamento dos lagos e reservatórios. Isso inclui a implementação de políticas de conservação e gestão sustentável dos recursos hídricos, investimentos em infraestrutura para armazenamento e distribuição de água, além de incentivar práticas agrícolas mais eficientes e conscientes do uso dos recursos naturais.
Além disso, é importante destacar a necessidade de ações globais coordenadas para lidar com as mudanças climáticas e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Isso ajudaria a minimizar os impactos negativos do aquecimento global nos padrões de chuva e evaporação, contribuindo para a preservação dos lagos e reservatórios.
O estudo revelando que mais da metade dos maiores lagos e reservatórios do mundo estão secando é um alerta alarmante para a crise global da água. A escassez de água doce é uma realidade crescente que requer ação imediata e sustentável. A proteção e preservação desses corpos d’água são fundamentais para garantir a disponibilidade de recursos hídricos para as gerações presentes e futuras. A conscientização, a gestão sustentável e a cooperação internacional são essenciais para reverter essa tendência preocupante e garantir um futuro mais seguro e sustentável para os lagos e reservatórios do mundo.
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