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Construindo a Paz
Nobel tem seis categorias anuais: Paz, Física, Química, Medicina, Literatura e Economia

Construir a paz é saber liderar um grupo, deixando de culpar os outros, para assumir as responsabilidades que provocam mudança. O conceito de paz implica na ausência de violência. Implica em luta pelo respeito à justiça social, econômica e religiosa, aos direitos humanos e às conquistas que buscam mitigar a pobreza, a fome e as desigualdades. Sem comida não há paz. O símbolo mundial da paz e o maior líder pacifista da história moderna não foi contemplado com o Prêmio Nobel da Paz. Sim, precursor da filosofia “Satyagraha” ou “Verdade-Firmeza”, o indiano Mahatma Gandhi, que conseguiu a independência da Índia em 1947, não recebeu essa honra. O fato diminui a premiação? Não! Mas mostra que também ela sofre por interesses políticos dos mais diversos.
Em 10 de dezembro de 1901 houve a primeira entrega oficial do Prêmio Nobel da Paz, criado por Alfred Nobel. Como entender que um fabricante de armas criou o maior prêmio de reconhecimento por iniciativas que visem a paz? Vale lembrar: no final da vida, Alfred Nobel (1833-1896) sentiu-se incomodado pelo uso feito de seu invento: a dinamite. Paradoxalmente, graças a sua revolucionária invenção, milhões de pessoas no mundo morreram pelas bombas e outros artifícios de guerra. Mas, a história mostra que essa nunca foi a intenção de Alfred Nobel. Ele ganhou fortunas, mas perdeu as esperanças quando o homem fez de sua invenção uma máquina de matar. Ao morrer, fez o testamento destinando sua fortuna para a “The Nobel Foundation”, que incentivaria aqueles que alcançassem avanços de “grande benefício para a humanidade”.
COMO FUNCIONA A ESCOLHA DOS PREMIADOS
A escolha do Prêmio Nobel funciona assim. Existem seis categorias do prêmio: Paz, Física, Química, Medicina, Literatura e Economia. Cada categoria tem seu próprio comitê especializado. Esse comitê tem a missão de solicitar, receber e analisar indicações de candidatos feitas por professores, cientistas e acadêmicos. Cada ano são centenas de indicações. Cada comitê escolhe os finalistas obedecendo seus próprios métodos.
Por que não há Prêmio Nobel para a Matemática? Bem, essa é uma boa história. A Matemática ficou de fora. Apesar de extensas especulações, não se sabe com certeza o porquê dessa omissão. E para matemática não ficar fora do movimento dos grandes e prestigiados prêmios, matemáticos de várias partes do mundo, no congresso mundial de matemática de 1924 em Toronto, no Canadá, decidiram criar duas medalhas de ouro para reconhecer o mérito dos matemáticos que se destacarem.
E O PRÊMIO NOBEL DE MATEMÁTICA?
As especulações do porquê que Alfred Nobel não deixou um prêmio para a Matemática são muitas. A mais comum, embora não tão bem fundamentada, é por ele ter se decepcionado com uma mulher com a qual tinha uma relação amorosa séria. Segundo especulações, ela o rejeitou por um outro sueco, o famoso matemático Gosta Mittag-Leffler. Alfred não sublimou essa perda.
E por que o Nobel da Paz é concedido em Oslo, na Noruega? Esta e outra questão que desperta curiosidade e que ganha asas no mundo das especulações. De fato, Alfred Nobel deixou explícito que o Prêmio da Paz deveria ser entregue em Oslo e não em Estocolmo. Segundo Turill Johansen, ex-secretária da Fundação Nobel, ninguém sabe a verdadeira razão. Mas especula-se que na época, a Noruega pertencia à Suécia e Alfredo parecia gostar dessa união. Então preferiu deixar por escrito, em 1895, seu desejo de que o parlamento norueguês selecionasse o comitê responsável pelo Nobel da Paz.
PRÊMIO NOBEL DA PAZ
O Prêmio Nobel da Paz é o mais famoso, mais prestigiado e o mais conceituado de todos. Tem uma história de 121 anos. Hoje é a comenda mais valorizada da História, tanto que a simples indicação ao Nobel da Paz já é um título de distinção. A premiação, concedida por méritos, já foi dada 817 vezes a indivíduos e 23, a organizações. Pouquíssimos ganharam mais de uma vez – no total, foram 813 pessoas e 20 entidades.
O Brasil nunca teve um Prêmio Nobel. E não é por falta de trabalho. (Ver outras três matérias nesta edição BRASIL E O PRÊMIO NOBEL). Mas neste lacar, a Argentina ganha do Brasil de 5 a zero. O país mais premiado com o Nobel é os Estados Unidos.
E o Brasil? Ah! O Brasil ainda reclama muito de nenhum de seus cidadãos ter recebido essa indicação. Daí, a importância do ato registrado neste mês de janeiro em Oslo, na Noruega. Em nome da paz foi protocolado no Conselho Norueguês do Nobel (The Norwegian Nobel Committee), o nome do ex-ministro Alysson Paolinelli para o Nobel 2021. A indicação partiu de entidades brasileiras, capitaneados pelo Diretor da ESALQ – Escola Superior Agricultura Luiz de Queiroz, professor Durval Dourado Neto, pela USP – Universidade de São Paulo, e pelo ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, professor e coordenador do Centro de Agronegócio na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas e Embaixador Especial da FAO para as Cooperativas.
Vale lembrar o próprio professor Alysson Paolinelli: “sem comida não há paz. Sem paz não há harmonia nem desenvolvimento social e econômico”.
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Cine Brasília tem sessão exclusiva para série sobre Juscelino Kubitschek
Cinema mais tradicional da capital exibirá terceiro capítulo da obra ‘JK, o Reinventor do Brasil’, produzida pela TV Cultura

Nesta terça (28), o Cine Brasília exibe, com exclusividade, o terceiro capítulo da minissérie documental JK, o Reinventor do Brasil. Produzida pela TV Cultura, a obra narra, de forma acessível e em ritmo de podcast, a história do ex-presidente Juscelino Kubitschek, desde o dia do nascimento até o momento da morte trágica e jamais esclarecida.

“Queremos que as novas gerações conheçam a figura do ex-presidente e seu legado para o país”Fábio Chateaubriand Borba, autor da minissérie e diretor-executivo da TV Cultura
Com linguagem diferenciada e didática, a série conta, no total, com quatro episódios de 50 minutos cada. O primeiro retrata a infância de Juscelino em Diamantina (MG) e vai até a eleição ao Governo de Minas Gerais. O segundo episódio, por sua vez, narra a eleição de JK para a Presidência da República e os desafios que ele precisou enfrentar até tomar posse – inclusive o de aprovar a transferência da capital federal, que era o Rio de Janeiro (RJ), para Brasília.
Já o terceiro episódio, exibido com exclusividade no Cine Brasília, relata essencialmente a construção da nova capital. “A série tem como objetivo mostrar a história de um personagem brasileiro da importância de Juscelino; queremos que as novas gerações conheçam a figura do ex-presidente e seu legado para o país”, explica o autor da minissérie e diretor-executivo da TV Cultura, Fábio Chateaubriand Borba.
Nova abordagem
O quarto e último capítulo aborda desde a cassação de JK até a morte em um acidente automobilístico, na Rodovia Presidente Dutra. “Juscelino foi o brasileiro médio, que vem do interior com dificuldades financeiras, perde o pai cedo e é criado pela mãe, uma professora que lutou bastante pelos filhos”, pontua Fábio Borba. “É essa epopeia que queremos levar para os jovens, com abordagens modernas, muita tecnologia e música”.

O diretor classifica como única a oportunidade de poder exibir a obra no Cine Brasília: “É uma felicidade muito grande poder trazer essa série para Brasília. A forma como abordamos essa jovem cidade quebra paradigmas e estereótipos que muita gente tem da nossa capital. Poder lançar nossa série nessa obra arquitetônica de Oscar Niemeyer dá importância ao nosso trabalho”.
JK, o Reinventor do Brasil é uma produção voltada para todas as faixas etárias. A série documental configura o maior trabalho iconográfico já feito sobre a vida do ex-presidente, tendo sido produzida a várias mãos, com o apoio de dezenas de instituições de arquivo público nacionais e até internacionais.
A obra completa conta com mais de 50 mil fotografias, 80 horas de vídeos captados e mais de mil horas de edição. Outro diferencial é a trilha sonora, com canções que marcaram as várias fases da vida de Juscelino.
Serviço
JK, o Reinventor do Brasil
→ Terça-feira (28), às 20h, no Cine Brasília – Entrequadra Sul 106/107, Asa Sul
→ Classificação indicativa livre. Entrada: presença deve ser confirmada por meio deste link.
Victor Fuzeira, da Agência Brasília | Edição: Chico Neto
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A CASA DOS ANIMAIS
Mesmo com os avanços científicos conquistados, o ser humano tem ainda muito a aprender com a natureza.

É maravilhoso estudar o comportamento de cada animal, seja ele mamífero, peixe ou pássaro, em relação à sua casa. Cada espécie tem sua característica, tem sua habilidade e tem, sobretudo, um padrão de arquitetura às vezes complexa, às vezes simples, mas sempre criando técnicas e usos de materiais que lhes permite edificar suas moradias ao abrigo das mais severas condições climáticas. Alguns animais preferem viver em delicados e confortáveis casulos de pelo, paina, lã ou musgo e outros buscam cavidades em árvores, rochas ou solo e, até mesmo, labirintos com formas diversas e adaptadas para chuva, vento, calor ou frio.
O Pássaro Pavilhão macho faz grandes cabanas com
galhos de árvores, com uma característica interessante:
enfeita seus lares com flores, bagas e outros arranjos para
atrair as fêmeas.
O Pássaro Pavilhão macho tem olhos azuis e habilidades de arquiteto e decorador. É um pássaro sedutor. O pássaro pavilhão (bowerbird em
inglês) diversifica os rituais de namoro e exalta a natureza.
Mesmo com os avanços científicos conquistados, o ser humano tem ainda muito a aprender com a natureza. É verdade que alguns animais se contentam em achar refúgios pouco confortáveis ou seguros como tocas e troncos secos, mas existem outros que constroem casas perfeitamente adaptadas a seu peculiar estilo de vida e às necessidades de sobrevivência. Para falar e explicar essa diversidade de moradias na natureza, conversamos como o arquiteto-da-paisagem Carlos Fernando de Moura Delphim.
CARLOS FERNANDO DE MOURA DELPHIM – ENTREVISTA
Arquiteto e paisagista formado pela UFMG, Carlos Fernando é técnico do Iphan e membro da Comissão de Patrimônio Mundial da Unesco. Moura Delphim trabalha com projetos e planejamento para manejo e preservação de sítios de valor paisagístico, histórico, natural, paleontológico e arqueológico. É discípulo de Burle Marx e foi o paisagista favorito do mestre Oscar Niemeyer. Moura Delphim é autor de várias publicações, entre elas JARDINS DO BRASIL.
Folha do Meio – É incrível o comportamento dos animais em relação às suas casas!
Carlos Fernando – De fato, é incrível e muito interessante. É justamente o comportamento construtivo de muitos animais que dá origem às mais curiosas formas de arquitetura, com construções muitas vezes escultóricas. Isto decorre de atividades adotadas por diferentes espécies que se utilizam dos recursos provenientes dos distintos ambientes nos quais habitam.
FMA – Tem animal que ganha sua casa da natureza e outros têm que construí-las, não é?
Carlos Fernando – Esse comportamento difere do surgimento espontâneo de abrigos como as conchas dos moluscos que crescem juntamente com o organismo dessas espécies. Alguns caracóis possuem conchas tão bonitas que sua captura para comercialização os coloca em risco de extinção, como o caracol de deslumbrante coloração de Cuba (Polymicta picta) do qual não existe nenhuma concha igual à outra. Já a arquitetura animal difere por não ocorrer espontaneamente. É consequência do trabalho do animal que não é apenas o arquiteto, mas também o mestre de obra e operário, atividades sem as quais não poderia fruir as vantagens de seu engenho.
FMA – Os humanos buscaram, de alguma forma, o ‘know-how’ com os animais para construírem suas casas?
Carlos Fernando – De certa forma, sim. Mas é evidente que a racionalidade e o conhecimento levaram o ser humano ao aperfeiçoamento e a uma sofisticação maior. A arquitetura bioclimática é, muitas vezes, inspirada em padrões da arquitetura animal. O fato é que alguns animais produzem estruturas extremamente complexas, com formas aparentemente mais racionais do que algumas soluções arquitetônicas humanas, como é o caso das abelhas da espécie Apis melifera, cujas edificações apresentam soluções tão ou mais lógicas do que as humanas. Os favos das colmeias são estruturas extremamente leves, compostas de uma sequência de compartimentos ocos e de forma perfeitamente hexagonal. As formigas, cupins, vespas e ninhos de aves são ou podem ser uma fonte de inspiração.
O fato é que alguns animais produzem estruturas extremamente complexas, com formas aparentemente mais racionais do que algumas soluções arquitetônicas humanas, como é o caso das abelhas da espécie Apis melifera, cujas edificações apresentam soluções tão ou mais lógicas do que as humanas.
FMA – Há casos em que os animais foram mais eficazes?
Carlos Fernando – Interessante, mas há um exemplo fantástico. Nenhuma obra humana pode ser comparada pela leveza, pela perfeição, despojamento e pela capacidade de cumprir suas funções com tanta eficiência como a casa da aranha. A teia de aranha serve não apenas de abrigo como também para capturar as presas nas quais são depositados os ovos que irão alimentar as pequenas aranhas recém-nascidas. Essas construções levíssimas, quase imateriais, cuja empreitada segue uma disposição rigorosa com cada passo de construção dependendo do anterior, resistem à ventania e chuvas. Sua criação segue em ordem rigorosa, não havendo nenhuma arquitetura humana que possa a ela se comparar. É residência, armadilha, despensa ou depósito de alimento, tudo da forma mais etérea e despojada possível.
Exemplo da solução térmica adotada pelos cupins. Um cupinzeiro permite que seus moradores, mesmo durante um incêndio, permaneçam vivos. (foto: José Raul Valério)
FMA – E existem outras tecnologias animais que o ser humano ainda não conseguiu copiar?
Carlos Fernando – Existem sim. Veja o caso da solução térmica adotada pelos cupins. Um cupinzeiro ou um termiteiro permite que seus moradores, os cupins, mesmo durante um incêndio, permaneçam vivos. Nos meios rurais há um costume de se cavar um cupinzeiro para em seu interior se construir fornos com a finalidade de assar alimentos. Quando não se retiram os cupins, o forno continua a crescer, mesmo sendo usado, o que se pode observar em um museu rural existente em Goiânia. Se a arquitetura erudita se utilizasse deste exemplo, mais conhecido pelas técnicas vernaculares, muito se economizaria em refrigeração doméstica. Muito também contribuiria para reduzir o aquecimento global que é acelerado pelo uso de condicionadores de ar.
Existem tecnologia que o ser humano poderiam copiar. É o caso da solução térmica adotada pelos cupins. Um cupinzeiro ou um termiteiro permite que seus moradores, mesmo durante um incêndio, permaneçam vivos.
FMA – E o que mais o surpreende nestes casos?
Carlos Fernando – Muitas coisas me surpreendem. Veja, por exemplo, como é surpreendente que, sem possuir ou manejar qualquer forma de ferramenta, sem ser dotados de habilidade como são as mãos, os animais bem adaptados a seu habitat puderam aprender ou criar técnicas e usos de materiais de construção. Isto lhes permitiu edificar suas moradias ao abrigo das mais severas condições climáticas. Muitas espécies, quando não dispõem de cavidades naturais das quais se aproveitem, constroem ninhos furando troncos, escavando o solo ou mesmo rochas, como é o caso de mamíferos como a toupeira e o texugo. Alguns insetos e pássaros criam labirintos de peças rigorosamente idênticas entre si, como ocorre com as admiráveis obras das abelhas e dos cupins.
FMA – Há outros exemplos?
Carlos Fernando – Sim. Há animais que optam por uma arquitetura que edifica o vazio das cavidades por eles esculpidas. Outros criam obras fazendo maciços com tecidos de fibras e galhos emaranhados como o guache, as cegonhas, águias e abutres. Outros preferem viver em delicados e confortáveis casulos de pelo, paina, lã ou musgo, de forma quase esféricas, como certos beija-flores.
FMA – O ser humano busca reciclar suas matérias primas para a construção. E os animais?
Carlos Fernando – Esta é outra característica interessante e muito curiosa em ver como certos animais reciclam também materiais e construções alheias. Aves, como a coruja, se instalam em buracos escavados nas casas de outras espécies, como os cupinzeiros.
FMA – Na verdade o sistema de construção pode ser bem diferente…
Carlos Fernando – É, cada um se baseia em um diferente sistema construtivo e na disponibilidade de materiais que encontram em seus habitats. Os ninhos das aves são construídos das formas mais engenhosas e intricadas. Enquanto o pica-pau e o martim-pescador escavam os troncos, o joão-de-barro, um hábil construtor, constrói um domo em barro com uma planta-baixa de desenho simples, mas com funções complexas. Uma forma espiralada na qual uma pequena abertura dá acesso ao túnel curvo que conduz à câmara central.
FMA – Enfim, os animais são mais engenheiros ou mais arquitetos?
Carlos Fernando – É verdade, alguns animais, mais do que arquitetos, são habilidosos engenheiros ao definir tipos de estruturas, suas formas e funções. Os castores são arquitetos e engenheiros construtores de barragens altamente resistentes. Constroem represas para conter as águas, utilizando-se de seus dentes de roedor e juntando galhos e troncos nas margens dos rios, com efeitos mais positivos menos danosos do que muitas barragens humanas em concreto armado.
As formas de arquitetura variam de animal para animal porque as funções referem-se à necessidade de abrigo e defesa, de acordo com o ecossistema. Sobretudo contra os predadores e contra as tempestades. E cada construtor tem suas necessidades e suas habilidades.
FMA – Por que pássaros da mesma ordem, do mesmo tamanho variam tanto o tipo de seus ninhos?
Carlos Fernando – É porque a arquitetura é forma, função e técnica. As formas de arquitetura variam de animal para animal porque as funções referem-se à necessidade de abrigo e defesa, de acordo com o ecossistema. Sobretudo contra os predadores e contra as tempestades. E cada construtor tem suas necessidades, suas habilidades e busca a melhor forma de proteger os ovos e filhotes. Protegem-se contra flutuações climáticas e mudanças ambientais, regulando temperatura, nível de umidade, danos mecânicos, troca de gases e ventilação. As técnicas dependem das funções e dos materiais, que variam tanto quanto as formas e funções, incluindo materiais naturais como barro, argila, areia, pedras, galhos, palha e fibras. Suas casas não obstruem a comunicação entre o interior e o exterior, permitindo-lhes observar tudo o que acontece à sua volta. Estudos mais acurados e uma observação mais atenta da vida e do comportamento dos pássaros e de outros animais, podem contribuir com novas e valiosas técnicas para o enriquecimento da arquitetura contemporânea. Integrar o projeto arquitetônico à simplicidade e despojamento das formas sustentáveis animais, pode ser uma alternativa à complexidade das construções modernas.

A Praça do Cruzeiro, antes e durante a construção da nova capital no Planalto Central em substituição ao Rio de Janeiro, devido à sua privilegiada localização, por ser o ponto mais alto do lugar escolhido para a construção de Brasília – 1.172 metros de altitude – foi um dos locais mais visitados no período da construção e ponto do qual se podia vislumbrar o imenso campo de obras que, a partir de 03 de novembro de 1956, a área entre os rios Bananal e Riacho Fundo, em suave declive em direção ao Rio Paranoá, se tornava. Anterior ao projeto de Lucio Costa por causa do Cruzeiro ali instalado, nos primórdios de Brasília, o local nasceu tão importante quanto a própria cidade que se construía aos seus pés. Contudo, aos poucos, com a atenção sendo dirigida para o revolucionário projeto urbano de Lucio Costa e para a arquitetura modernista de Oscar Niemeyer, o Cruzeiro, ou como hoje denominada, a Praça do Cruzeiro, foi entrando no anonimato. Por meio desta exposição queremos resgatar alguns importantes momentos históricos desta praça que nasceu antes de Brasília, afim de que, ao visitá-la, possamos olhar aquele Cruzeiro de madeira, ladeado por um enorme banco circular, não apenas como um local privilegiado para ver o pôr do sol, mas, acima de tudo, como um espaço histórico que nos associa a todos aqueles que sonharam e construíram Brasília, no coração do nosso imenso território brasileiro.
Praça do Cruzeiro – fevereiro de 1955: primórdios…
A Praça do Cruzeiro começa sua história em fevereiro de 1955 quando o Marechal José Pessoa, presidente da Comissão de Localização da Capital Federal, e sua comitiva, vem ao Planalto Central visitar os cinco lugares apresentados pela empresa Donald J. Belcher and Associates Incorporated para a escolha definitiva do lugar onde a capital seria construída. Num dos sítios, batizado de “Sítio Castanho” se dirigem ao ponto mais elevado do lugar. [1] Pela primeira vez, o local que não tinha sido ainda assim batizado como Praça do Cruzeiro, serviu para vislumbrar a cidade que iria nascer aos seus pés.
[1] Ernesto Silva. Entrevista do Programa de História Oral do ArPDF.
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Praça do Cruzeiro – fevereiro de 1955: primórdios…
Na primeira visita àquela colina plana, ponto mais alto da Fazenda Bananal, que alguns meses depois receberia uma pequena cruz da madeira, seis jipes estacionaram no local.[1] Ernesto Silva, um dos membros da Comissão de Localização da Capital Federal, presente na visita, assim se expressou: “Lembramo-nos bem do entusiasmo que nos assaltou ao divisarmos o horizonte em torno, numa amplitude de trezentos e sessenta graus. Tudo em redor era azul, horizonte infinito! Permanecemos por alguns minutos, extasiados, a nos sentirmos pequeninos ante […] a antevisão da cidade moderna a ali se erguer, dentro em breve […].” [2]
[1] Ernesto Silva. Entrevista do Programa de História Oral do ArPDF.
[2] SILVA, Ernesto. História de Brasília. Editora Coordenada. Brasília, s/d, p. 63-65.
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Praça do Cruzeiro – abril de 1955: escolha da região para a construção da capital do Brasil.
Em abril de 1955, entre as cinco opções apresentadas para o local da construção da nova capital, a região em leve declive que se estendia aos pés da atual Praça do Cruzeiro em direção ao Rio Paranoá, e que pertencia ao identificado oficialmente como o “Sítio Castanho” para se evitar a especulação imobiliária, foi escolhida para a construção de Brasília. Aquela colina anônima que vislumbrava um belíssimo panorama em direção ao Rio Paranoá começa a testemunhar sua relação inseparável com a nova capital plantada no Planalto Central que começa a ser construída.
Praça do Cruzeiro – maio de 1955: recebe o seu batismo, uma tosca cruz de pau-brasil.
No final de abril de 1955, por meio de um acordo com a Comissão de Localização da Capital Federal, o governo de Goiás declara de utilidade pública as terras dentro da área do novo Distrito Federal. Marechal José Pessoa, presidente da Comissão, no intuito de demarcar o lugar, solicita ao governo de Goiás[4] que coloque uma cruz no ponto mais alto do lugar escolhido para a construção de Brasília. Encarregou-se do trabalho o vice-governador de Goiás, Bernardo Sayão: dois galhos de madeira pau-brasil [5] foram entrelaçados e, a tosca cruz de madeira foi plantada no chão do Cerrado. Estava batizado o local. A partir de abril de 1955 aquele mirante é designado nos documentos como “o Cruzeiro”.
[4] Cf. Diário Oficial da República de 10 de setembro de 1955. Apud SILVA, Ernesto. História de Brasília. Editora Coordenada. Brasília, s/d, p. 85.
[5] Léa Sayão. Meu pai Bernardo Sayão, 6ª edição. Brasília, 2004, p. 127.
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Praça do Cruzeiro – maio de 1955: recebe um cruzeiro permanente.
Poucas semanas após o vice-governador de Goiás, Bernardo Sayão, plantar uma primitiva cruz feita com galhos de pau-brasil, em vista da visita do presidente da República, Café Filho, para conhecer o local onde Brasília nasceria e participar da celebração de uma missa[6-7] foi instalada uma imensa cruz de madeira aroeira[8] torneada, com uma base feita em alvenaria recoberta com pedras. Ao redor da base um tablado em madeira permitia uma visão melhor ainda da região e servia aos visitantes para as fotografias. A partir de abril de 1975 a Praça do Cruzeiro recebeu uma réplica do primeiro Cruzeiro. A cruz original está em exposição permanente na Catedral Nossa Senhora Aparecida, em Brasília.[9]
[6] Entrevista de Jofre Mozart Parada ao Correio Braziliense, apud TUBINO, Nina. Uma luz na história. Brasília: Editora Kelps, 2015, p. 138.
[7] Ernesto Silva IN Correio Braziliense, Edição Comemorativa da Transferência da Capital Federal para Brasília, 1960, p. 7.
[8] Entrevista de Joffre Mozart Parada ao Correio Braziliense, apud TUBINO, Nina. Uma luz na história. Brasília: Editora Kelps, 2015, p. 138.
[9] Cf. Placa metálica afixada aos pés da cruz original em exposição na Catedral de Brasília.
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O Cruzeiro: uma estratégia para dar nome à nova capital.
A intenção de colocar uma cruz no ponto mais alto do lugar onde Brasília seria construída foi intencionalmente decidida pelo Marechal José Pessoa, presidente da Comissão de Localização da Capital Federal. Por meio daquele Cruzeiro ele desejava reforçar a sua intenção de que a nova capital se chamasse “Vera Cruz”. [10] Mais do que identificar um ponto mais alto, a Praça do Cruzeiro nasce com a intenção de batizar a nova cidade-capital. A estratégia não surtiu efeito, contudo, um Cruzeiro de madeira esteve permanentemente fincado naquele lugar. Eleito Juscelino Kubitschek, este preferiu a sugestão do Patriarca da Independência, José Bonifácio: Brasília. [11]
[10] SILVA, Ernesto. História de Brasília. Editora Coordenada. Brasília, s/d, p. 86.
[11] SILVA, Ernesto. História de Brasília. Editora Coordenada. Brasília, s/d, p. 83.
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Cruz da Praça do Cruzeiro: a verdadeira pedra fundamental.
Testemunho do Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira: “Essa cruz constitui a verdadeira pedra fundamental da cidade. É, sem dúvida, seu marco histórico, e muito mais expressivo do que a placa, fundida no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, e colocada perto da cidade de Planaltina, dentro do quadrilátero Cruls.”[12]
[12] KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília, Senado Federal, Conselho Editorial, 2000, p. 32-33.
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Praça do Cruzeiro – [1954-1955]: recebe o Marco Geodésico nº 8 do IBGE – Conselho Nacional de Geografia.
Para situar no chão do Cerrado o projeto da nova cidade capital no chão da Fazenda Bananal era necessário ter uma referência geodésica de Latitude e Longitude amarradas às coordenadas do Sistema Geodésico Brasileiro. [13] Foi exatamente na Praça do Cruzeiro que foi instalado o marco geodésico identificado por uma pequena bandeira à direita monumento. Foi com base nele que os topógrafos da NOVACAP colocaram o plano de Lucio Costa no chão.[14] Atualmente o Vértice nº 8 pode ser visto ao lado da Praça do Cruzeiro em concreto e pintado com tinta laranja.
[13] Cf. https://www.ibge.gov.br – Acesso em 08/03/2021.
[14] Entrevista do topógrafo Jethro Bello Torres ao Programa de História Oral do Arquivo Público do Distrito Federal.
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Praça do Cruzeiro: ponto de referência da locação de Brasília.
Entrevista de Jethro Bello Torres ao Programa de História Oral do Arquivo Público do DF
“É o inicial, o marco sul do IBGE, o Vértice nº 8. Foi daqui, da parte geodésica do IBGE – Conselho Nacional de Geografia, junto ao Cruzeiro, que partiram as coordenadas. Não tinha nada, era tudo cerradão. Abriu-se então as primeiras picadas. Esse primeiro marco foi dos técnicos do IBGE, lá por 1954, 1955, que demarcaram essa rede de triangulação. Eram coordenadas que o Marechal José Pessoa havia providenciado. Este foi o ponto de partida [..] o ponto vetorial da geodésia de Brasília, o Vértice nº 8.”[15]
[15] Entrevista de Jethro Bello Torres para o Programa de História Oral do Arquivo Público do Distrito Federal. Conteúdo filmado.
Praça do Cruzeiro – outubro de 1956: recebe a primeira visita do Presidente da República, Juscelino Kubitschek.
Em 19 de setembro de 1956 a NOVACAP, empresa pública encarregada da construção de Brasília, estava criada. Tendo em vista a iminência do início da construção da cidade capital, o Presidente Juscelino Kubitschek decide visitar pela primeira vez o local. No dia 02 de outubro de 1956, depois de pousar numa pista de pouso provisória aberta onde foi construída a Rodoferroviária, a Praça do Cruzeiro torna-se o palco da primeira visita do presidente da República.
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Praça do Cruzeiro – outubro de 1956: testemunha as primeiras impressões do Presidente JK.
O Cruzeiro testemunhou o primeiro contato do presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, com a terra que iria acolher a nova capital: “Quando o avião sobrevoou o local da futura capital, concentrei-me em observar a região. […] Tudo era chato e plano – a vastidão desconcertante do vazio. Lá estava o Cruzeiro, de braços abertos, como que saudando os intrusos que chegavam pelo céu. […] Visitei o local onde se erguia o Cruzeiro, o qual, sendo o ponto mais elevado da região, permitia uma visão de conjunto do cenário que emolduraria a futura capital. A vista era maravilhosa.” [16]
[16] KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília, Senado Federal, Conselho Editorial, 2000, p. 46.
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Praça do Cruzeiro – outubro de 1956: local das primeiras decisões sobre as obras de Brasília.
Era urgente que os trabalhos de construção não esperassem o resultado do concurso do Plano-Piloto, que só sairia em março de 1957. Essa urgência levou JK a tomar algumas decisões durante a primeira visita, em 2 de outubro de 1956. [17] Lá estava a Praça do Cruzeiro a ser o palco das decisões relativas às primeiras obras a serem iniciadas. Ao redor do enorme Cruzeiro, JK, Oscar Niemeyer, Israel Pinheiro, recém-nomeado presidente da NOVACAP, com outros que se faziam presentes, começaram a examinar os mapas preparados para a ocasião. Como a prioridade era a construção de um aeroporto, e os projetos sugeriam três lugares, foi escolhido o local e decidido o início imediato da construção do aeroporto internacional de Brasília.[18]
[17] KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília, Senado Federal, Conselho Editorial, 2000, p. 46.
[18] Diário de Notícias. Apud TUBINO, Nina. Uma luz na história. Brasília: Editora Kelps, 2015, p. 535.
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Praça do Cruzeiro – outubro de 1956: de onde se decidiu localização da residência provisória do Presidente JK.
A criação de uma empresa dedicada exclusivamente à construção de Brasília havia sido aprovada em 19 de setembro de 1956. O lugar para instalar os galpões e a infraestrutura básica para receber os primeiros operários também já estava decidido. Contudo, a fim de acompanhar a construção da cidade, o presidente queria um lugar para morar provisoriamente enquanto não ficasse pronto o Palácio da Alvorada. Novamente, lá está o Cruzeiro testemunhando a escolha do local onde seria construída a residência provisória: “A seguir o Presidente Juscelino Kubitschek […] passou a examinar numerosos mapas, ficando então decidida a localização definitiva do núcleo pioneiro onde ficará a residência presidencial provisória, […] na Fazenda do Gama”.[19] A residência passou à história com o nome de Catetinho e foi construída, de surpresa, por um grupo de amigos do presidente JK.
[19] Diário de Notícias. Apud TUBINO, Nina. Uma luz na história. Brasília: Editora Kelps, 2015, p. 535.
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Praça do Cruzeiro – outubro de 1956: declaração pública do prazo dado para construção da capital.
Muitos deputados tinham aprovado a construção pois consideravam que o projeto da nova capital seria o túmulo político do presidente JK. Portanto, Juscelino Kubitschek considerava urgente deixar a cidade minimamente pronta para receber os poderes da República. Foi ali, na Praça do Cruzeiro que tornou pública[20] sua determinação: “O primeiro ponto a ser visitado pelo Sr. Juscelino Kubitschek foi o lugar onde se ergue um Cruzeiro […] Nesse local palestrou com os jornalistas. […] Disse o presidente da República aos jornalistas que o Sr. Israel Pinheiro, e demais diretores da Companhia Urbanizadora aceitaram o prazo de três anos e dez meses para a entrega das edificações e serviços indispensáveis à mudança definitiva do governo”.[21] Dali em diante, qual farol, o Cruzeiro iria testemunhar o que ficou conhecido como “o ritmo de Brasília”.
[20] Diário de Brasília – 1956-1957, Serviço de Documentação da Presidência da República, Rio de Janeiro, 1960, pág. 33.
[21] Diário de Notícias. Apud TUBINO, Nina. Uma luz na história. Brasília: Editora Kelps, 2015, p. 535.
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Praça do Cruzeiro – novembro de 1956: local do primeiro Culto Evangélico na capital.
Um grupo de pastores da Igreja Batista, motivados pelo desejo de cultuar a Deus e proclamar a mensagem do Evangelho de Cristo na nova capital da República que se erguia, tomou a iniciativa de começar a missão evangelizadora na nova capital. No dia 30 de novembro de 1956, os pastores batistas, Elias Brito Sobrinho, Silas de Brito Lopes, Marcelino Cardoso e James Musgrave Jr. se dirigiram até o Cruzeiro e celebraram a primeiro culto evangélico na nova capital.[22] “Rezaram em conjunto pedindo as bençãos para a cidade que nascia”.[23] Em 7 de setembro de 1957 é organizada a primeira Igreja Batista de Brasília. [24]
[22] Berry, Edward G. Os batistas em Brasília, Juerp, 1963.
[23] Correio Braziliense, Edição Comemorativa da Transferência da Capital Federal para Brasília, 1960, p. 9.
[24] Berry, Edward G. Os batistas em Brasília, Juerp, 1963.
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Praça do Cruzeiro – abril de 1957: recebeu a visita de Lucio Costa, o “inventor” de Brasília.
Durante a construção da nova capital, uma única vez Lucio Costa, o criador da cidade, visitou o canteiro de obras. Os Eixos não estavam ainda locados, mas, uma enorme clareira aberta a partir da Praça do Cruzeiro em direção ao local onde estaria a Praça dos Três Poderes havia sido aberta para os trabalhos de topografia e dava uma indicação de onde o Eixo Monumental se localizaria. Assim, decidida a escolha pelo projeto de Lucio Costa, a convite do Presidente Juscelino Kubitschek, veio visitar o lugar em que sua genial criação ganharia vida. Nesta ocasião, JK levou-o até o Cruzeiro de Brasília.
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O Cruzeiro – abril de 1957: presenciou o espanto do urbanista Lucio Costa.
Era 2 de abril de 1957, na primeira e única visita que Lucio Costa fez ao lugar onde Brasília seria construída, estando ao lado de JK e do Cruzeiro que permitia ver várias picadas[25] preparadas para iniciar os trabalhos de locação da cidade, pela primeira vez pode pisar no terreno em que sua criação iria pousar… e se extasiou com o que viu: “Fiquei apavorado. Meu Deus, que loucura, onde eu fui me meter. Aí foi que senti a escala desmedida. Me pareceu uma coisa em outra escala, diferente daquela em que eu tinha concebido a cidade, que, mentalmente, era mais compacta.”[26]
[25] Entrevista de Adirson Vasconcelos. Apud TUBINO, Nina. Uma luz na história. Brasília: Editora Kelps, 2015, p. 145.
[26] Entrevista de Lucio Costa para o Jornal do Brasil. Apud Correio Braziliense, 05/12/2014.
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Praça do Cruzeiro – abril de 1957: assiste o dia do nascimento de Brasília.
Em 16 de março o concurso nacional havia escolhido o projeto urbano de Lucio Costa para a construção da cidade capital. As coordenadas foram calculadas no Rio de Janeiro por Augusto Guimarães Filho, escolhido por Lucio Costa para levar o projeto adiante, e foram enviadas ao chefe da equipe de topógrafos da NOVACAP: Joffre Mozart Parada. O dia seria histórico! O Vértice nº 8 do IBGE já estava lá na Praça do Cruzeiro a indicar as referências topográficas. Cientes da importância do momento, o Cruzeiro foi escolhido como testemunha oficial do evento. Toda a equipe se colocou ao redor da enorme cruz para a foto histórica. “Em 20 de abril, 16 homens, entre topógrafos, ajudantes de topógrafos e motoristas, pousaram para uma foto histórica, no Cruzeiro, ao lado de Joffre Parada. Naquele dia, íamos cravar o primeiro marco do Plano Piloto. […] Com uma equipe de uns 10 homens, fomos descendo com o teodolito, locando o Eixo Monumental até a Praça dos Três Poderes.”[1] Quem fincou a Estaca Zero no chão foi o engenheiro e agrimensor Ronaldo de Alcântara Velloso.[2] A partir daquela colina que tudo testemunhava, nascia Brasília.
[1] Entrevista do engenheiro e agrimensor Ronaldo de Alcântara Velloso. Apud Correio Braziliense, 30/07/2011.
[2] Entrevista de Jethro Bello Torres para o Programa de História Oral do Arquivo Público do Distrito Federal. Conteúdo filmado.
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Praça do Cruzeiro – maio de 1957: assiste a primeira missa em Brasília.
No dia 3 de maio de 1957, o Cruzeiro recebe mais de 15.000 pessoas para a celebração da primeira missa em Brasília. Para presidir a celebração, na ocasião ainda celebrada em língua Latina, o Presidente Juscelino Kubitschek convidou Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, Arcebispo de São Paulo. Toda a liturgia foi feita associando a primeira missa em Brasília à primeira missa rezada em 3 de maio de 1500, após a chegada dos portugueses na América, com o intuito de promover a visão da redescoberta do Brasil por meio da interiorização e construção de uma nova capital no coração do território brasileiro. “A 3 de maio, Brasília torna-se autenticamente brasileira, porque, desde as origens, o Brasil existe com a presença de Cristo. Com a Primeira Missa planta-se em Brasília uma semente espiritual.”[3]
[3] Diário de Brasília – 1956-1957, Serviço de Documentação da Presidência da República, Rio de Janeiro, 1960, pág. 85.
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Praça do Cruzeiro – maio de 1957: acolhe a primeira imagem de Nossa Senhora Aparecida.
A primeira missa em Brasília foi celebrada sob imenso toldo de lona, em chão assoalhado, onde foi montado o altar em cujo centro foi entronizada, pela primeira vez, a imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e madrinha de Brasília. [4] Atrás da imagem foi estendida a bandeira do Brasil.
[4] KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília, Senado Federal, Conselho Editorial, 2000, p. 77
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Praça do Cruzeiro – maio de 1957: presencia o primeiro batizado em Brasília.
Antes de iniciar a celebração da Missa, o Cruzeiro presenciou o primeiro batizado na nova capital. Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, Arcebispo de São Paulo, batizou[5] o menino Brasílio Franklin, cujo padrinho foi o Presidente Juscelino Kubitschek e, madrinha, sua esposa Sara Kubitschek, segundo texto autobiográfico. [6] Curiosamente, a REVISTA BRASÍLIA, fonte oficial de comunicação da NOVACAP, informa que a madrinha foi Dna. Coracy Pinheiro, esposa de Israel Pinheiro. [7]
[5] Revista Brasília – Número especial da primeira missa, 1957.
[6] KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília, p. 88. Edição do Senado em PDF
[7] Revista Brasília – Número especial da primeira missa, 1957.
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Praça do Cruzeiro – maio de 1957: acompanha a primeira transmissão radiofônica de evento coletivo em Brasília.
Na década de 1950, o rádio é o mais importante meio de comunicação de massa. A Praça do Cruzeiro se tornou, na manhã de 3 de maio de 1957, a protagonista da primeira transmissão radiofônica de um evento coletivo no imenso canteiro de obras que se tornava a Fazenda Bananal, local da construção da nova capital, quando, por ocasião da primeira missa, a Agência Nacional irradiou a solenidade religiosa para todo o país[8]
[8] Diário de Brasília – 1956-1957, Serviço de Documentação da Presidência da República, Rio de Janeiro, 1960.
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Praça do Cruzeiro – maio de 1957: testemunha o primeiro discurso de JK em Brasília.
No final da primeira missa em Brasília, o Presidente Juscelino Kubitschek fez seu primeiro discurso oficial na nova cidade que estava nascendo: “Era a primeira vez que fazia um discurso oficial na nova capital. ‘Estamos, todos nós, altos dignitários da Igreja, militares, homens de Estado, todos nós aqui” — declarei — “reunidos, vivendo uma hora que a História vai fixar. Hoje é o dia da Santa Cruz, dia em que a capital recém-nascida recebe o seu batismo cristão; dia em que a cidade do futuro, a cidade que representa o encontro da pátria brasileira com o seu próprio centro de gravitação, recolhe a sua alma eterna… Dia em que Brasília, ontem apenas uma esperança e hoje, entre todas, a mais nova das filhas do Brasil, começa a erguer-se, integrada no espírito cristão, causa, princípio e fundamento da nossa unidade nacional. Dia em que Brasília se torna automaticamente brasileira. Este é o dia do batismo do Brasil novo. É o dia da Esperança. É o dia da cidade que nasce’.” [9]
[9] KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília, Senado Federal, Conselho Editorial, 2000, p. 89.
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Praça do Cruzeiro – maio de 1957: local da primeira apresentação de um coral em Brasília.
Durante a celebração da missa pioneira, a Praça do Cruzeiro assistiu à primeira apresentação de um coral na nova cidade em construção. Os cânticos sacros da celebração religiosa foram entoados pelo Coral Feminino da Universidade de Minas Gerais[10] que apresentou as canções da “Missa Brévis”, composta por Giovanni Pierluigi da Palestrina, publicada pela primeira vez no século XVI.
[10] SILVA, Ernesto. História de Brasília. Editora Coordenada. Brasília, s/d, p. 147.
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Praça do Cruzeiro – maio de 1957: assiste a presença de índios Carajás.
Um grupo de índios da etnia Carajá, vindos da Ilha Bananal, foi a primeira delegação indígena a se apresentar na nova capital. A visita deu-se por ocasião da primeira missa em Brasília, em 3 de maio de 1957. Segundo o Presidente JK: “Após a cerimônia, teve lugar a homenagem que os índios carajás desejavam me prestar. Foi um espetáculo tocante e digno de registro. Os silvícolas ofertaram-me lanças, bordunas, tacapes e flechas. O cacique fez-me uma saudação, chamando-me ‘Grande Chefe’, e, enquanto a assistência aplaudia, os demais índios gritavam”. [11]
[11] KUBITSCHEK, Juscelino. Meu caminho para Brasília. Rio de Janeiro, Edições Bloch, Rio 1978, p. 146.
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Praça do Cruzeiro… maio de 1957: recebe estrada ligando diretamente ao Aeroporto!
Faltando poucos dias para a realização da primeira missa em Brasília, a Praça do Cruzeiro recebeu uma estrada ligando-a diretamente ao Aeroporto Internacional de Brasília, inaugurado oficialmente no mesmo dia da missa pioneira. A pista, facilmente perceptível em foto aérea por cortar a embrionária Asa Sul, foi aberta às pressas pelo chefe da equipe de topografia da NOVACAP, Joffre Mozart Parada que, de dentro de um teco-teco orientava um topógrafo em terra a direção do aeroporto e, este por sua vez, ia dando rumo ao tratorista da Diretoria de Viação e Obras da NOVACAP para seguir em linha reta.[12]
[12] Cf. Entrevista de Adirson Vasconcelos, Correio Braziliense, 19 de setembro de 1976. Apud TUBINO, Nina. Uma luz na história. Brasília: Editora Kelps, 2015, p. 143.
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Praça do Cruzeiro – maio de 1957: ponto de chegada dos visitantes durante a construção.
Devido à localização privilegiada, o Cruzeiro era o primeiro ponto a partir do qual os visitantes se dirigiam quando das visitas às obras de Brasília. Conforme reportagens da Revista Brasília, órgão oficial da NOVACAP, muitas visitas começavam no “Cruzeiro”, aproveitando uma pista que ligava o aeroporto ao Cruzeiro. Depois de contemplarem o campo de obras como um todo, partiam daquela colina para visitar os canteiros de obras.
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Praça do Cruzeiro – junho de 1957: recebe o primeiro presidente estrangeiro a visitar Brasília.
O primeiro chefe de Estado estrangeiro a visitar Brasília foi o presidente de Portugal, Francisco Higino Craveiro Lopes, em 2 de junho de 1957. O convite tinha uma simbologia: como os portugueses foram os primeiros europeus a chegar ao território que se tornaria o Brasil, deveriam ser também os primeiros a chegar em Brasília.[13] Na ocasião, Presidente Craveiro Lopes foi até o Cruzeiro e descerrou uma placa na qual se indicava que naquele local se ergueria um memorial à comunidade Luso-brasileira: “Placa comemorativa da visita do Exmo. Sr. Gen. Francisco Higino Craveiro Lopes, Presidente da República de Portugal e do Exmo. Sr. Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, Presidente da República dos E.U do Brasil. Neste local, em honra à comunidade luso-brasileira, será erguido um monumento dedicado à raça e em memória dos heróis que fundaram este país. XXI – VI – MCMLVII”.[14] Imagens do acervo do Arquivo Público confirmam que a placa ficou durante algum tempo fixada à base do Cruzeiro.
[13] RIBEIRO, Gustavo Lins. O Capital da Esperança. A Experiência dos Trabalhadores na Construção de Brasília. Brasília: Ed. UnB, 2008, p. 40.
[14] Revista Brasília, Ano I, Junho de 1957, Número 6.
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Praça do Cruzeiro – inícios de 1958 – testemunha a instalação do primeiro reservatório d’água para Brasília.
Por ser o ponto mais alto do lugar escolhido para a construção de Brasília – 1.172 metros de altitude – a Praça do Cruzeiro testemunhou, ao seu lado, a construção do Reservatório nº 1 que iria alimentar toda a rede de distribuição de água potável para Brasília. O Presidente JK relata em sua biografia: “Abriam-se valas ao longo das ruas e, por elas, corriam canos, à espera da água que estava captada na barragem do rio Torto e que, dali, seguiria para o Reservatório R-1 — em construção — no alto do Cruzeiro.” [15]
[15] KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília, Senado Federal, Conselho Editorial, 2000, p. 112.
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Praça do Cruzeiro – 1960: batiza o setor de residências econômicas sul: o Cruzeiro.
O Setor de Residências Econômicas Sul nasceu com o nome de “Gavião” devido a quantidade destes pássaros na localidade.[16] A comunidade considerava o nome depreciativo. “Com este espírito foi que um grupo de moradores procurou, em 1960, o jornal [Correio Braziliense] para dizer de sua insatisfação com o nome do local onde moravam. O batismo, então, de Cruzeiro tinha dois fundamentos lógicos: o bairro ficava próximo ao Cruzeiro onde fora celebrada a primeira missa de Brasília e um ônibus da TCB – Transportes Coletivos de Brasília fazia uma linha com o nome ‘Cruzeiro’ e ia até o Gavião”.[17] Assim, por causa da Praça do Cruzeiro, o antigo Gavião foi rebatizado para Cruzeiro.
[16] SOUSA, Rafael Fernandes de. Cruzeiro – Retratos de sua história – 1959-2009. Brasília: FACDF, 2010.
[17] VASCONCELOS, José Adirson. As cidades satélites de Brasília. Brasília: Gráfica do Senado Federal, 1988, p. 349.
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Praça do Cruzeiro – 1974: recebe tratamento paisagístico atual.
A atual aparência arquitetônica da Praça do Cruzeiro foi construída em 1974 a partir do projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. Toda a renovação arquitetônica e paisagística surgiu a partir do Cruzeiro. “O elemento principal da praça é uma base de planta circular, com um canteiro central gramado onde está o Cruzeiro, rodeado por um anel de água, e uma plataforma pavimentada com pedra portuguesa de cor branca onde circulam os transeuntes. A base é delimitada por um banco de concreto com formato em “C”, debaixo do qual podem ser colocadas velas.” [18]
[18] ARAÚJO, Roberto Gonçalves. Cinquenta anos do mobiliário urbano de transporte público em Brasília. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, 2010.
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Praça do Cruzeiro – recebe à sua frente o Memorial JK.
Em 12 de setembro de 1981 é inaugurado o Memorial JK, em frente à Praça do Cruzeiro. Neste mesmo dia os restos mortais do Presidente Juscelino Kubitschek foram transferidos para uma câmara mortuária construída dentro do Memorial. Sob o olhar permanente do Cruzeiro que o tinha recebido pela primeira vez em 2 de outubro de 1956, descansa agora o corpo do Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.
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IMAGENS DE 1-16
[1] SILVA, Ernesto. História de Brasília. Editora Coordenada. Brasília, s/d, p. 63-65.
[2] Ernesto Silva. Entrevista do Programa de História Oral do ArPDF.
[3] SILVA, Ernesto. História de Brasília. Editora Coordenada. Brasília, s/d, p. 63-65.
[4] Cf. Diário Oficial da República de 10 de setembro de 1955. Apud SILVA, Ernesto. História de Brasília. Editora Coordenada. Brasília, s/d, p. 85.
[5] Léa Sayão. Meu pai Bernardo Sayão, 6ª edição. Brasília, 2004, p. 127.
[6] Entrevista de Jofre Mozart Parada ao Correio Braziliense, apud TUBINO, Nina. Uma luz na história. Brasília: Editora Kelps, 2015, p. 138.
[7] Ernesto Silva IN Correio Braziliense, Edição Comemorativa da Transferência da Capital Federal para Brasília, 1960, p. 7.
[8] Entrevista de Joffre Mozart Parada ao Correio Braziliense, apud TUBINO, Nina. Uma luz na história. Brasília: Editora Kelps, 2015, p. 138.
[9] Cf. Placa metálica afixada aos pés da cruz original em exposição na Catedral de Brasília.
[10] SILVA, Ernesto. História de Brasília. Editora Coordenada. Brasília, s/d, p. 86.
[11] SILVA, Ernesto. História de Brasília. Editora Coordenada. Brasília, s/d, p. 83.
[12] KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília, Senado Federal, Conselho Editorial, 2000, p. 32-33.
[13] Cf. https://www.ibge.gov.br – Acesso em 08/03/2021.
[14] Entrevista do topógrafo Jethro Bello Torres ao Programa de História Oral do Arquivo Público do Distrito Federal.
[15] Entrevista de Jethro Bello Torres para o Programa de História Oral do Arquivo Público do Distrito Federal. Conteúdo filmado.
[16] KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília, Senado Federal, Conselho Editorial, 2000, p. 46.
[17] KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília, Senado Federal, Conselho Editorial, 2000, p. 46.
[18] Diário de Notícias. Apud TUBINO, Nina. Uma luz na história. Brasília: Editora Kelps, 2015, p. 535.
[19] Diário de Notícias. Apud TUBINO, Nina. Uma luz na história. Brasília: Editora Kelps, 2015, p. 535.
[20] Diário de Brasília – 1956-1957, Serviço de Documentação da Presidência da República, Rio de Janeiro, 1960, pág. 33.
[21] Diário de Notícias. Apud TUBINO, Nina. Uma luz na história. Brasília: Editora Kelps, 2015, p. 535.
[22] Berry, Edward G. Os batistas em Brasília, Juerp, 1963.
[23] Correio Braziliense, Edição Comemorativa da Transferência da Capital Federal para Brasília, 1960, p. 9.
[24] Berry, Edward G. Os batistas em Brasília, Juerp, 1963.
[25] Entrevista de Adirson Vasconcelos. Apud TUBINO, Nina. Uma luz na história. Brasília: Editora Kelps, 2015, p. 145.
[26] Entrevista de Lucio Costa para o Jornal do Brasil. Apud Correio Braziliense, 05/12/2014.
IMAGENS DE 17-31
[1] Entrevista do engenheiro e agrimensor Ronaldo de Alcântara Velloso. Apud Correio Braziliense, 30/07/2011.
[2] Entrevista de Jethro Bello Torres para o Programa de História Oral do Arquivo Público do Distrito Federal. Conteúdo filmado.
[3] Diário de Brasília – 1956-1957, Serviço de Documentação da Presidência da República, Rio de Janeiro, 1960, pág. 85.
[4] KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília, Senado Federal, Conselho Editorial, 2000, p. 77
[5] Revista Brasília – Número especial da primeira missa, 1957.
[6] KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília, p. 88. Edição do Senado em PDF
[7] Revista Brasília – Número especial da primeira missa, 1957.
[8] Diário de Brasília – 1956-1957, Serviço de Documentação da Presidência da República, Rio de Janeiro, 1960.
[9] KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília, Senado Federal, Conselho Editorial, 2000, p. 89.
[10] SILVA, Ernesto. História de Brasília. Editora Coordenada. Brasília, s/d, p. 147.
[11] KUBITSCHEK, Juscelino. Meu caminho para Brasília. Rio de Janeiro, Edições Bloch, Rio 1978, p. 146.
[12] Cf. Entrevista de Adirson Vasconcelos, Correio Braziliense, 19 de setembro de 1976. Apud TUBINO, Nina. Uma luz na história. Brasília: Editora Kelps, 2015, p. 143.
[13] RIBEIRO, Gustavo Lins. O Capital da Esperança. A Experiência dos Trabalhadores na Construção de Brasília. Brasília: Ed. UnB, 2008, p. 40.
[14] Revista Brasília, Ano I, Junho de 1957, Número 6.
[15] KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília, Senado Federal, Conselho Editorial, 2000, p. 112.
[16] SOUSA, Rafael Fernandes de. Cruzeiro – Retratos de sua história – 1959-2009. Brasília: FACDF, 2010.
[17] VASCONCELOS, José Adirson. As cidades satélites de Brasília. Brasília: Gráfica do Senado Federal, 1988, p. 349.
[18] ARAÚJO, Roberto Gonçalves. Cinquenta anos do mobiliário urbano de transporte público em Brasília. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, 2010.
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