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SESC PANTANAL
As bodas de prata de um projeto sustentável

Pôr-do-sol no rio Cuiabá: momento sublime num passeio de barco com técnicos do Sesc. (foto: Silvestre Gorgulho)
Uma RPPN pode dar lucro? Sim, pode dar lucro financeiro e também grandes rendimentos ambientais, educacionais e sociais. A Reserva Particular do Patrimônio Natural Sesc-Pantanal é a maior RPPN do Brasil. Foi criada, em Poconé-MT, em 4 de julho de 1997. Em julho de 2022, vai fazer Bodas de Prata.
Sesc Pantanal é um exemplo no manejo de sustentabilidade. Com mais de 110 mil hectares de área total, que corresponde a 1% do Pantanal Matogrossense, a área do Sesc virou importante polo de ação econômica e ambiental nos municípios de Barão de Melgaço e Poconé, a pouco mais de 100 km de Cuiabá. Nesses 25 anos de funcionamento, a RPPN do Sesc promoveu vários tipos de atividades desde a produção de livros, documentários sobre a região, educação ambiental, pesquisas científicas, combate a incêndios florestais, ensino a distância, formação de mão de obra, qualificação de trabalhadores e formação de professores.
O Hotel Sesc Porto Cercado é um resort completo. Além de ser um dos destinos turísticos mais procurados no Pantanal, a hospedagem é exemplo de sustentabilidade: produz a própria energia elétrica, possui estações de tratamento de água e esgoto e trata de forma consciente o descarte de resíduos.
O projeto começou há 25 anos, um pouco depois da Conferência da ONU no rio Rio de Janeiro, em 1992. “Tinha todo um envolvimento do mundo todo com a questão ambiental, em fazer, e de que forma todas as instituições empresas e pessoas, a sociedade colocariam a questão ambiental. O SESC tinha algum trabalho, mas era um trabalho de projetos mais pontuais. Aí foi feito um estudo, e se entendeu como uma forma de o SESC atuar mais fortemente na questão ambiental era ter uma reserva”, explicou a supervisora do Sesc no Pantanal, Cristiane Caetano”. Segundo ela, o pantanal foi escolhido como local para a reserva porque, naquele momento, era um dos biomas em que o Sesc tinha menos trabalhos ativos.
O técnico Joaquim José, da equipe do Sesc Pantanal explica aos visitantes a diversidade da área, a luta para combater os incêndios florestais e mostra no mapa o trecho da viagem do hotel do Sesc até o coração da RPPN feito em uma lancha que percorre os 45 km em hora e meia. (fotos: Silvestre Gorgulho)
Nas fotos acima, o técnico Joaquim José mostra o trajeto feito pelo rio Cuiabá entre o hotel do Sesc e a RPPN.
PRESERVAÇÃO e PESQUISAS
Antes de ser Sesc-Pantanal, a área era ocupada por dezenas de fazendas de gado inoperantes. O objetivo principal da reserva era, além da recuperação de áreas degradadas, a instalação de pesquisas científicas sobre o bioma. Tanto que, em 25 anos, foram realizadas centenas pesquisas que unem o saber científico, as experiências, os saberes locais e as vivências. O trabalho já resultou em mais de 130 publicações científicas e dez livros da Coleção Conhecendo o Pantanal.
O HOTEL E A SUSTENTABILIDADE
Apesar de o empreendimento ter crescido muito, o hotel não se distanciou de seus princípios sustentáveis. “O SESC Pantanal é uma estância ecológica, e nós temos vários processos ecotécnicos para fazer com que tudo isso aqui funcione de forma sustentável”, garante a bióloga do local, Isana Gaio.
Dentre as principais atrações do Hotel, localizado no Pantanal de Poconé e de Barão de Melgaço, às margens do rio Cuiabá, dos corixos e lagos. As atividades recreativas são várias: apreciar a cultura local manifestada na casa, nos costumes, no falar e no cantar pantaneiro; aventurar na focagem noturna dos animais às margens dos rios; percorrer a transpantaneira visitando fazendas e pousadas; visitar cachoeira com flutuação, fazer tirolesa e praticar arvorismo.
PROJETO BARBOLETÁRIO
Um belo borboletário faz parte do projeto maior. Técnicos do SESC entragem os ovos a famílias credenciadas de Poconé, que foram treinadas para isso, e que esperam a larva se desenvolver em um casulo. Depois, o Sesc compra esses casulos de volta, gerando renda para essas famílias.





Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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