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CÂNCER: MAIS HUMANIZAÇÃO E SOLIDARIEDADE
Silvestre Gorgulho – jornalista e ex-Secretário de Estado de Comunicação (1985/1988) e de Cultura (2007/2010).

O mundo precisa cada vez mais de gente que se preocupa com gente. Tenho acompanhado a luta de pessoas amigas que fazem tratamento de câncer. Acompanho, também, o esforço e o exemplo de profissionais da saúde que estão na linha de frente dessa doença que, pelos dados do Instituto Nacional de Câncer, atingiu mais de 625 mil casos novos neste biênio 2020-2022. Isso só no Brasil. Na convivência com os médicos Gustavo Fernandes, Rafael Gadia, Fernando Maluf, Daniel Girardi e Roland Montenegro aprendi duas lições: o câncer é uma doença que agride o corpo da pessoa, mas não consegue destruir o sonho de quem luta pela vida; e que toda prevenção é um ato de amor com o próprio corpo e com todas as pessoas que estão ao nosso redor pelo amor ou amizade.
Brasília é o terceiro município mais populoso do país. A população do Distrito Federal está na casa dos 3,7 milhões. Quando somados ao número de pessoas que vivem no entorno do DF, chega na casa dos 5 milhões. Brasília, por ser a Capital e um polo de desenvolvimento no Centro-Oeste, concentra os serviços terciários capazes de melhor cuidar dos pacientes oncológicos.
Com uma população beirando os 5 milhões, o médico Daniel Girardi, do Hospital Sírio Libanês-Brasília e Chefe do Serviço de Oncologia do Hospital de Base, explica que são esperados para este ano de 2022, aproximadamente, 12 mil casos novos de câncer no DF e entorno. Deste total de casos, cerca de 70% dos pacientes realizarão tratamento no SUS. Mais: 60% dependerão exclusivamente do SUS para cirurgia e radioterapia. A conclusão é óbvia: aproximadamente 7.200 casos novos de câncer na região do DF e entorno dependerão de tratamento em hospitais públicos.
É fato que Brasília é hoje um centro de excelência em tratamento da saúde. Novos e grandes hospitais de ponta foram construídos e o corpo médico é altamente qualificado. Mas é bom lembrar que o DF conta, hoje, com apenas três hospitais públicos capazes de prestar tratamento oncológico pelo SUS: o Hospital Universitário da Universidade de Brasília, Hospital Regional de Taguatinga e o Hospital de Base. O maior serviço de oncologia encontra-se no Hospital de Base, que atende pacientes portadores de câncer desde o início de suas atividades, em 1964, e possui residência médica em oncologia desde 1992. Atualmente, é um hospital capacitado para atendimentos, diagnósticos de alta complexidade em todo o tipo de câncer. Desde 2008, é um centro de referência de alta complexidade em Oncologia. Apesar disso, tanto o Hospital de Base, como também outros hospitais públicos, têm dificuldade em realizar reformas e modernizações devido ao orçamento governamental sempre muito restrito. Desde 2019, Daniel Girardi – que tem hoje uma história profundamente ligada a Brasília – chefia o serviço de oncologia do Hospital de Base. Chegou aqui com a família, em 2017, para trabalhar no Hospital Sírio Libanês. Em 2018, aceitou o desafio de ir para o Hospital de Base. Pai de dois candanguinhos – Rafael de três anos e Leonardo de 2 anos – com especialização em oncologia pela Faculdade de Medicina da USP e experiência internacional no National Cancer Institute (EUA), Girardi assumiu, em 2019, a chefia da oncologia do HB. Viu lgo foi uma enfermaria que necessitava reformas: quartos, pinturas, banheiros e marcenaria precisavam de profunda restauração. Foi aí que entrou em ação Vera Lucia Bezerra da Silva, líder da Rede Feminina de Combate ao Câncer, em Brasília. Numa ação coletiva, buscou-se novos parceiros. Integrou-se ao mutirão da saúde, o grupo ‘BORA Arquitetos Associados’ com Rafaella Brasileiro e Alex Brasileiro. O grupo se comprometeu a realizar o projeto arquitetônico gratuitamente que, devido a pandemia, acabou sendo impactado sofrendo atrasos. Só agora em abril, tudo foi orçado e o projeto concluído. Para as obras, novos parceiros voluntários se juntaram ao mutirão do Hospital de Base. Os empresários Rogério Naves e Fabio Padilha auxiliaram na criação da campanha ‘Vidas Salvam Vidas’ e busca de recursos [www.vidassalvandovidas.com.br – doações de qualquer valor, pix 61985804019].
Para a viabilização das obras, o deputado distrital Roosevelt Vilela destinou uma emenda parlamentar. Ufa! As obras se iniciaram em março. Entre as melhorias, estão a restauração e modernização da pintura dos quartos, trazendo cores mais aconchegantes, a modernização do piso, o reparo dos banheiros, a restauração dos armários e a instalação de televisores para que pacientes e familiares tenham um pouco de entretenimento. O impacto é enorme. A Medicina cura. Mas quem salva é o profissional humano, vigilante, dedicado, fraterno, competente e o ambiente mais acolhedor e aconchegante. Cada vez que a tecnologia avança, há que se avançar também na humanização.





Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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