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BRASÍLIA, CAPITAL DA OUSADIA BRACHER PINTA BRASÍLIA COM 80 CEGOS
No pátio da escola Kingdom School, Q.I. 11 do Lago Sul, o artista plástico Carlos Bracher pintou dois quadros com 80 cegos da rede oficial de ensino de Brasília. Um quadro sobre os “200 Anos da Independência” e outro sobre os “Brasília 62 Anos”.

Cego é quem tem medo de ousar. Brasília nasceu de uma ação geopolítica ousada sob o comando do presidente JK. A seu modo, JK sacudiu o Brasil. Seu governo plantou hidroelétricas, plantou estradas, plantou bom humor e plantou compromissos. Cumpriu todas as 31 metas prometidas durante sua campanha à Presidência. Plantou indústria automobilística e plantou magnanimidade, perdoando revoltosos e inimigos políticos. JK plantou Brasília. O Brasil colheu um novo País. Brasília é a capital da ousadia. Não sou cineasta, mas vou fazer o roteiro filme ainda não rodado no Brasil, mas já exibido em Brasília e que terá um novo capítulo dia 17 de maio.
PRIMEIRA CENA: de junho de 2020 a agosto de 2021, o jurista Cláudio de Castro Panoeiro foi Secretário Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Hoje, Panoeiro é o Secretário Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Com um detalhe: Cláudio Panoeiro é cego. Nasceu com uma doença autoimune e degenerativa da retina chamada retinose pigmentar. Sem medo do desconhecido, Panoeiro conseguiu se formar em primeiro lugar, com nota máxima, Doutor em Direito pela Universidade de Salamanca, na Espanha. Foi a primeira pessoa cega a fazer uma sustentação oral no STJ. Teve, é verdade, fortes decepções na vida, como a que aconteceu na última fase de um concurso para juiz federal, ao ouvir do examinador:
– Não reconheço a possibilidade de ter um juiz cego.
Cego foi o juiz que não viu onde um deficiente visual pode chegar. Em junho de 2020, na sua posse como Secretário Nacional de Justiça, com a presença do então Ministro da Justiça André Mendonça (hoje no Supremo) e da Primeira-Dama, Michelle Bolsonaro, Cláudio Panoeiro explicou o segredo do sucesso de qualquer pessoa, deficiente ou não. “Todo sucesso depende de dois elementos. Vontade de chegar a algum lugar e ter a oportunidade de alcançar seus objetivos”.
SEGUNDA CENA: volto ao ano de 2007, início do Governo Arruda. Justamente no 40o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro quando aprendi uma velha lição: só é cego quem não quer ver. Essa história, há 15 anos, mudou muitas vidas. Mudou, sobretudo, a relação dos patrocinadores e apoiadores da Sétima Arte no Brasil. O exemplo de Brasília despertou a importância da acessibilidade para cegos e surdos nos cinemas e nas produções cinematográficas.
Vale lembrar. Um mês antes da abertura do Festival de Cinema fui provocado pela flautista e educadora Dolores Tomé que os cegos queriam participar do Festival de Cinema. Tivemos que desenvolver uma tecnologia para que os cegos tivessem a audiodescrição da imagem da tela (quando não houvesse som) para o perfeito acompanhamento do filme.
Foram quatro testes no cine Brasília, com uma ajuda efetiva de 17 cegos, do então presidente da Associação Brasiliense dos Deficientes Visuais, César Achkar, e com o apoio do ‘Correio Braziliense’.
TERCEIRA CENA: em 2008, o projeto avançou. Os próprios cegos criaram o Troféu Vagalume que premiava o melhor filme na escolha deles. No ano seguinte, o cego João Júlio fez seu primeiro filme.
QUARTA CENA: o tempo passou. Agora em 2022, dia 17 de maio, Brasília comete mais um ato de pura ousadia. Um desafio pessoal da Secretária de Estado da Educação, Hélvia Paranaguá, em parceria com a diretora da Kingdom School, Alice Simão Sarkis Gorgulho. Hélvia Paranaguá pediu à sua assessora Vera Barros para mobilizar sua equipe e reunir no auditório da escola Kingdom School, na Q.I. 11 do Lago Sul, alunos cegos e surdos da rede oficial de ensino, para receber uma palestra sobre “Arte & Cores” do artista plástico Carlos Bracher. Mais de 80 crianças vão participar. Depois pintarão dois quadros. Pela manhã, os alunos cegos e surdos vão pintar um quadro sobre os “200 Anos da Independência do Brasil”. À tarde, pintarão outro quadro sobre “Brasília, 62 Anos”.
QUINTA CENA: dia 18 de maio, quarta-feira, todos os alunos da Kingdom School, que estudaram intensivamente a vida e a obra de Carlos Bracher, farão uma exposição sobre o artista. E, à noite, haverá uma homenagem ao escultor mineiro. No evento, ele vai revelar seu novo e grande desafio para Brasília: lançará o projeto da criação de uma escultura sobre o calculista e poeta Joaquim Cardozo, engenheiro que deu leveza e beleza a todos os palácios projetados por Oscar Niemeyer. A escultura será exposta na Esplanada dos Ministérios, em lugar a ser escolhido pelo GDF.
SEXTA CENA: já foi o tempo que os cegos não enxergavam. Que eram dependentes. Hoje eles ultrapassam barreiras, aceitam desafios e provam que a pior cegueira é aquela que impede mesclar ações e conquistas da raça humana com solidariedade. Cego é quem tem medo de ousar para não errar. Cegueira é acreditar que a felicidade adentra nosso coração apenas para dar prazer. Puro engano: a felicidade só é real, verdadeira e duradoura se for compartilhada.
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Em Brasília, mulheres indígenas celebram diversidade cultural e marcham por lutas comuns
Na III Marcha Nacional das Mulheres Indígenas, representantes de todos os biomas do Brasil celebram sua diversidade, denunciam violência de gênero e dizem não ao Marco Temporal.

Marcha das Mulheres Indígenas de 2023, em Brasília — Foto: Amanda Magnani
O som de cantos e dos maracás ecoa de todos os lados do acampamento à medida que grupos de mulheres dos mais diferentes cantos do Brasil se aproximam da tenda principal na concentração para a III Marcha Nacional de Mulheres Indígenas. São 8h00 e o sol seco de Brasília parece realçar as cores dos mais variados trajes tradicionais.
A marcha, que foi do Complexo Cultural da Funarte, onde estavam acampadas, até o Congresso, a cerca de 5km de distância, reuniu mais de 5 mil mulheres. Ela aconteceu no último dia de um evento que, ao longo de três dias, foi marcado por celebrações e denúncias.
Sob o tema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”, indígenas de diferentes partes do Brasil tiveram a oportunidade de dar voz às demandas específicas vividas pelos povos de seus biomas.
Para o povo Kiriri, da Caatinga, a cerca de 300 km de Salvador, um dos maiores problemas é a seca e a consequente falta de segurança alimentar. “Nossa região é muito seca, e as mudanças climáticas aumentam o impacto na insegurança alimentar”, diz Fabiana Kiriri.
Ela conta que o trabalho coletivo na comunidade e a reserva de alimentos vêm como uma forma de tentar contornar o problema. Mas uma colheita suficiente depende de muitos elementos, que vão da quantidade de chuvas à presença de pragas.
“O que realmente precisamos é de um olhar especial do governo, que proponha projetos para ajudar as comunidades a terem autonomia”, defende.
Já para o povo Kaingang do Pampa, no Rio Grande do Sul, as demandas passam principalmente pelos enfrentamentos com o agronegócio e pelos arrendamentos de áreas dentro das terras indígenas, que acabam levando monoculturas e agrotóxicos para dentro a terra.
“Nós precisamos dar visibilidade às nossas lutas e sensibilizar a nossa comunidade, para que possamos encontrar estratégias para atender as demandas dos nossos territórios”, diz Priscila Gore Emílio, psicóloga do povo Kaingang.
Enquanto isso, em Santa Catarina, os Xokleng são protagonistas no debate sobre o Marco Temporal. “Nossa região foi tradicionalmente ocupada pelos povos indígenas e o nosso território já foi muito maior. Hoje, vivemos em uma área muito reduzida, mas continuamos vivendo muitas tensões e conflitos”, diz Txulunh Gakran.
Contudo, embora povos dos diferentes biomas tenham suas demandas específicas, são muitas as lutas comuns às mulheres indígenas do Brasil como um todo. Grande parte delas gira ao redor da garantia do direito ao território e ao fim da violência de gênero.



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Castanheira-da-amazônia mostra eficiência na recuperação de solos degradados
Os estudos estão sendo realizados em cultivos de castanheiras implantados em áreas que antes eram pastagens degradadas no estado do Amazonas

Pesquisas da Embrapa em plantios de castanheira-da-amazônia (Bertholletia excelsa) indicam que a espécie é eficiente para a recuperação de solos degradados em áreas nas quais a floresta foi retirada. Trata-se de um resultado bastante promissor para a recomposição florestal desse bioma, onde existem atualmente mais de 5 milhões de hectares de solos que precisam ser restaurados. Outra vantagem observada é que as castanheiras são capazes de produzir por mais de 40 anos com pouco ou quase nenhum aporte de nutrientes. Além de contribuir para a preservação, esses cultivos podem ajudar a gerar renda e emprego para os povos da floresta, com a geração de serviços ambientais.
Os estudos estão sendo realizados em cultivos de castanheiras implantados em áreas que antes eram pastagens degradadas no estado do Amazonas. “A capacidade de crescimento demonstrada pela castanheira comprova que ela tem uma estratégia fisiológica totalmente adaptada a esses tipos de solos”, afirma o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) Roberval Lima, que realiza estudos silviculturais com essa espécie.
O embasamento para uso da castanheira na recuperação de áreas degradadas ganha ainda mais força com estudos sobre emissão de gases a partir do solo, processo também chamado de respiração do solo, e que consiste em um conjunto de fenômenos bioquímicos, envolvendo temperatura, umidade, nutrientes e níveis de oxigênio, influenciados por fatores naturais e ações humanas. As pesquisas compararam a capacidade de respiração do solo e a emissão de gases em diferentes ecossistemas, conforme os modos de uso da terra no bioma.
Uma das conclusões é que os plantios de castanheiras apresentam níveis de melhoria na qualidade do solo que mostram tendência de recuperação das características químicas, físicas e presença de microrganismos.
Segundo o pesquisador, os solos em plantios de castanheiras apresentam qualidade 50% superior à de áreas de pastagem degradadas. Foram realizados estudos comparando o fluxo de gases a partir do solo em ecossistema de floresta natural, em pós-floresta (após a corte da floresta) e em cultivos como os plantios de castanheira. “Os resultados apontam que, sob os plantios de castanheiras, o solo está se recuperando com uma tendência massiva próxima a de uma floresta natural”, destaca.
Foto acima: Siglia Souza
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Síglia Souza (MTb 66/AM)
Embrapa Amazônia Ocidental
Contatos para a imprensa
amazonia-ocidental.imprensa@embrapa.br
Telefone: (92) 3303-7852
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