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De volta ao lar! Ararinhas-azuis serão soltas na Caatinga neste sábado
ICMBio e a ONG alemã parceira do Plano Nacional vão reintroduzir oito aves da espécie spixii após dois anos de estudos e avaliações

Foto: Arquivo ACTP
Após mais de duas décadas, o céu da Caatinga receberá de volta os tons azulados da espécie cyanopsitta spixii, a famosa ararinha-azul, considerada extinta da natureza. Esse cenário está prestes a ser alterado a partir da soltura de oito aves no dia 11 de junho, em Curaçá (BA), no interior do Refúgio de Vida Silvestre, unidade de conservação federal do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) criada especialmente para as reintroduções das ararinhas-azuis no Brasil.
A soltura da espécie considerada engenheira do ambiente , pela sua grande capacidade de dispersão de sementes, papel ocupado por esse grupo de aves (papagaios, periquitos, araras), faz parte da estratégia do 2º ciclo do Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação da Ararinha-Azul, que tem como objetivo “Realizar a reintrodução de ararinhas-azuis em sua área de ocorrência original até 2024, buscando o aumento populacional contínuo e conservando habitats com envolvimento comunitário em práticas sustentáveis”.
O 1º ciclo do PAN foi instituído ainda em 2012 pelo ICMBio juntamente com organizações parceiras. O plano é coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do ICMBio, e, em Curaçá, local da soltura, conta com os cuidados da ONG alemã Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP), responsável pelo centro de criação e soltura localizado no Refúgio.
“Para além do termo técnico, a palavra conservação traz consigo muitos elementos: conhecimento, dedicação, persistência e, sobretudo, colaboração. Ninguém faz conservação sozinho. Tudo isso só foi possível graças ao empenho de muita gente. E aglutinamos tudo isso em uma ferramenta que acreditamos muito: o Plano de Ação Nacional”, destaca o coordenador o PAN para Conservação da Ararinha-azul, Eduardo Araújo.
Soft release
As ararinhas-azuis, com idade em torno de dois a sete anos de idade, serão soltas com outras araras maracanãs, já que o tamanho do grupo é um fator determinante para o sucesso da reintrodução. Nesse primeiro momento, a soltura será branda, até que elas se adaptem à liberdade. Dois dias antes de ganharem o céu, as ararinhas-azuis receberão colares transmissores para o monitoramento, além das anilhas e microchips.
“Iremos utilizar o soft release. Ou seja, as portas do recinto de soltura serão abertas e as ararinhas-azuis estarão livres para sair e voltar quando quiserem. Será fornecida suplementação alimentar diariamente para que elas fiquem independentes dos cuidadores de maneira branda, até que tenham experiência necessária para forragear e ocupar o habitat adequadamente”, explica a coordenadora executiva do PAN, Camile Lugarini.
Considerada uma espécie rara e muito cobiçada pela cor azul especial, a ararinha-azul foi descoberta há mais de 200 anos pelo pesquisador alemão Johann Baptist von Spix, O último exemplar desapareceu da natureza no ano 2000, quando, então, foi declarada oficialmente extinta no Brasil. O declínio da espécie começou ainda na década de 1980, a partir da caça e a destruição do habitat natural.
Em 2016, a ACTP lançou o Projeto de Reintrodução da Ararinha-azul em parceria com o ICMBio e reuniu, dois anos depois, as aves em Berlim. No mês de março de 2020, 52 animais da espécie embarcaram no Brasil, no recinto construído na unidade de conservação, em uma área de 45 hectares.
Atualmente, há 13 casais reprodutivos, dois casais não reprodutivos, 20 ararinhas-azuis sendo preparadas para a soltura e três nascidas em 2021 no Centro de Reprodução e Reintrodução da Ararinha-azul (ACTP). No último ano, 52 animais nasceram na Alemanha, que registrava, até dezembro de 2021, 157 ararinhas-azuis. A esperança, agora, é soltar ainda este ano mais 20 ararinhas no Brasil.
A soltura
O momento da soltura será reservado somente à equipe técnica no local. Isso porque é preciso garantir a tranquilidade dos animais, a segurança e o menor contato possível entre as ararinhas-azuis e os seres humanos. Entretanto, o material da soltura, com as imagens, será transmitido antes da coletiva de imprensa, também realizada no dia 11, às 16 horas, no teatro da cidade e disponibilizado no link: https://www.lifepr.de/newsroom/actp-ev-english.
Programação para imprensa 11/06/2022
12h Concentração da imprensa em Juazeiro (BA) – Vaporzinho
14h Credenciamento da imprensa
15h Abertura Oficial – exibição de vídeo da soltura dos animais e discurso das autoridades
16h Coletiva de Imprensa – Teatro Raul Coelho

Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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