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EVARISTO DE MIRANDA
A REALIDADE COMO ELA É, A VERDADE SOBRE ESTUDOS E NÚMEROS

“Evaristo de Miranda é a voz solitária da lucidez ao mostrar a realidade ecológica brasileira. O doutor Evaristo vem de longe. Está na estrada há quase 50 anos. Sua formação é essencialmente técnica. Estudou engenharia agronômica na França numa época em que os partidos verdes e os ecologistas ainda não haviam sequestrado a agenda mundial do meio-ambiente, atacando qualquer um que ouse deles divergir” – jornalista Marcelo Tognozzi.
“Se o desflorestamento mundial prosseguir no ritmo atual, o Brasil – por ser um dos que menos desmatou – deverá deter, em breve, quase metade das florestas primárias do Planeta. O paradoxo é que, ao invés de ser reconhecido pelo seu histórico de manutenção da cobertura florestal, o País é severamente criticado pelos campeões do desmatamento e alijado da própria memória”.
“Em relação ao Brasil, a NASA calculou a nossa área de lavoura em 63.994.479 hectares, correspondentes a 7,6% do total dos 8.515.767.049 km2 do território nacional. Já a Embrapa Territórios havia feito esse mesmo cálculo em 2016, também via satélite, chegando a um resultado muito próximo: 65.913.738 hectares ou 7,8%”.
“A agricultura brasileira é uma das mais sustentáveis do planeta. A agricultura moderna é sinônimo de inovação tecnológica, rentabilidade e sustentabilidade”.
“A agricultura brasileira é sustentável porque 66,3% do território brasileiro está conservado e 33,2% desta área estão nas mãos de produtores rurais, preservados como reservas legais. São áreas que foram adquiridas e pagas pelos produtores ou por seus pais. São patrimônios particulares que valem R$ 3 trilhões”.
“Em média, o agricultor brasileiro explora economicamente apenas 50% de sua área. A outra metade está intocada. É claro que no Sul e Sudeste do País a área explorada é maior, mas no Norte e Nordeste é menor. Então, na média, o agricultor usa apenas a metade de sua área para a agricultura”.
“Nos últimos 40 anos, a agricultura brasileira evoluiu muito, graças à pesquisa de variedades, sistemas de plantio, manejo integrado de pragas, integração de culturas etc. Em algumas culturas temos duas a três colheitas por ano”.
“O produtor rural brasileiro está vivendo um bom momento. Está ganhando dinheiro. Mas não está comprando apartamento em Miami. Está investindo em máquinas novas, em novas tecnologias para produzir mais”.
“Hoje, 84,1% do bioma Amazônia está recoberto por vegetação nativa (353.156.844 ha) incluindo vegetações florestais, não florestais e mistas. As grandes superfícies hídricas (8.818.423 ha) representam 2,1% do bioma Amazônia. Os ambientes predominantemente naturais, vegetação nativa e grandes superfícies hídricas, somam 86,2% do bioma Amazônia”.
“O grande desafio para a conservação da Amazônia é gerir e monitorar toda a vegetação nativa existente no bioma. Cerca de 84% do bioma Amazônia está coberto por vegetação nativa. Desses 81% estão legal e potencialmente protegidos e preservados”.
“Cuidar do bioma Amazônia, que representa 49% do território brasileiro, exige a mobilização e aplicação de consideráveis conhecimentos científicos e recursos humanos, logísticos, econômicos e financeiros”.





Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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