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Diploma Bertha Lutz reforça luta por mais mulheres em espaços de poder

Ganhadoras do Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz 2025 e parlamentares em Plenário
Geraldo Magela/Agência Senado

 

Fonte: Agência Senado

 

A luta pela igualdade de direitos, o combate à violência contra a mulher e a necessidade de ampliar a presença feminina nos espaços de poder marcaram a entrega do Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, nesta quinta-feira (27). A premiação, entregue a 19 personalidades que se destacam na defesa dos direitos das mulheres, reafirmou a urgência de políticas públicas para garantir mais representatividade e proteção. 

Essa foi a 22ª edição do Diploma Bertha Lutz, com homenageadas que refletem a diversidade da luta feminina, com representantes da política, da ciência, do Judiciário, da cultura, do ativismo social e do empreendedorismo. 

Uma das agraciadas, a juíza do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, Bruna dos Santos Costa Rodrigues contou ser vítima diária do racismo e alvo de desconfiança de sua competência, mesmo estando em um cargo público de poder. Um exemplo claro, segundo ela, do machismo, do racismo e do sexismo estrutural. A magistrada disse que às vezes “cansa resistir”, mas entende a responsabilidade que cada uma tem na missão de “abrir caminhos”. 

— Cansa, não é? Cansa lutar pela paridade, cansa falar da igualdade de gênero, cansa falar sobre o racismo e sobre o machismo, isso cansa. E chega um momento em que a gente pensa até em desistir. ‘Ai, olha, tem tanta gente falando sobre isso, eu vou deixar, tem outras pessoas’. Mas não, nós temos um chamado, temos uma missão. Existe algo que é maior do que cada uma de nós […]. Nós lutamos para que outras mulheres tenham a plenitude de todos os direitos e garantias previstos na Constituição Federal.

A senadora Leila Barros (PDT-DF), uma das parlamentares que conduziram a sessão especial, salientou que a premiação reforça o papel do Senado na luta pela equidade de gênero. Para ela, a premiação é um “ato de resistência” contra todos os tipos de violência contra a mulher e um marco na história da luta das mulheres por direitos e oportunidades iguais. 

— Um quarto de século já transcorrido desde a primeira edição deste prêmio e ainda precisamos estar aqui reivindicando direitos: direito pela equiparação de oportunidades, direito pela divisão do trabalho doméstico, direito pela efetiva inclusão social e, pasmem, direito até mesmo à integridade física — disse Leila.

Dados do Relatório Anual Socioeconômico da Mulher 2025, lançado pelo Ministério das Mulheres, mostram que, no ano passado, foram registrados 1.450 feminicídios e 2.485 homicídios dolosos de mulheres e lesões corporais seguidos de morte. E a Rede de Observatórios da Segurança revela que, em 2023, em média, oito mulheres foram vítimas de violência doméstica a cada 24 horas no Brasil.

Leila Barros reverenciou as 19 premiadas e destacou o trabalho da empreendedora e co-fundadora do Grupo Sabin, Janete Ana Ribeiro Vaz, que, “com sua visão e empreendedorismo, ajudou a transformar o setor da saúde no Brasil”.

— Investindo não só na excelência do diagnóstico, mas também na valorização das mulheres dentro do mercado de trabalho. Seu compromisso com a equidade de gênero é um exemplo de que mulheres podem e devem ocupar espaços de liderança — disse a senadora.

O primeiro vice-presidente do Senado, Eduardo Gomes, afirmou que as 19 ganhadoras do diploma são representantes diretas do “potencial gigantesco da população feminina brasileira, que honram o legado de Bertha Lutz”. Para ele, é fundamental celebrar a liderança de mulheres que renovam, a cada dia, a luta contra as desigualdades de gênero e a violência crescente.

— Infelizmente, ainda é preciso repetir: a causa feminina é a causa pela igualdade e pela justiça; é a luta contra a discriminação, contra a violência de gênero e a desigualdade salarial; a luta pela equiparação de oportunidades, pela divisão do trabalho doméstico, pela efetiva inclusão social. Essa é a luta, caros presentes. Essa é uma luta de todos nós.

Representação no Parlamento

As senadoras lembraram durante a sessão que mesmo representando mais de 52% do eleitorado, elas ainda são minoria no Parlamento, menos de 20% das duas Casas do Congresso Nacional. Elas sublinharam que o Senado debate a criação de um novo Código Eleitoral — uma oportunidade para a criação de uma cota mínima de participação feminina no Legislativo.

Na opinião da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), apesar da conquista do voto feminino no Brasil completar mais de 90 anos, as mulheres são subrepresentadas no Parlamento e em demais espaço de decisão, principalmente, nos órgãos e poderes públicos. 

— A nossa subrepresentação é vergonhosa quando a gente compara o Brasil com os demais países, inclusive das Américas. Temos a segunda menor representação feminina […]. Nós só teremos de fato espaço e só teremos a redução da subrepresentação se de fato buscarmos pôr cotas para a participação nesses espaços de poder. 

A subrepresentação no Judiciário também foi enfatizada pela ministra do Tribunal Superior do Trabalho, Delaíde Alves Miranda Arantes. Ela afirmou ser preciso reforçar o compromisso por um futuro igualitário. O desenvolvimento de uma sociedade digna, mais justa e equilibrada, observou, depende da garantia dos mesmos direitos a todos e todas. 

— No Tribunal Superior do Trabalho são 27 ministros e apenas sete mulheres. Neste último ano, pela primeira vez conseguimos compor uma turma de julgamentos composta apenas por mulheres […]. E estamos iniciando um movimento no sentido de alterar o regimento para criar cota de mulheres no Tribunal Superior do Trabalho. Nós, mulheres, não conquistamos a igualdade que é assegurada na Constituição Federal de 1988, do Código Civil de 2002 e nas normas internacionais. Na prática não conseguimos ainda, mas estamos a caminho de conseguir, porque a mulher brasileira não desiste nunca.

Corte no Orçamento 

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) disse que a oportunidade de reconhecer o trabalho das homenageadas é também um momento para  reivindicar direitos humanos básicos para as mulheres. Ela apontou como retrocessos o corte, pelo Congresso, da verba destinada à política de combate à violência contra a mulher na Lei Orçamentária de 2025 e a baixa representatividade feminina na política e em cargos de decisão.

— O nosso orçamento deste ano foi cortado em 68% dos recursos destinados ao combate à violência contra a mulher. O projeto do governo previa R$ 162 milhões, o que é pouco, e ficaram apenas R$ 52 milhões aprovados no texto da Comissão [Mista de Orçamento]. Isso é um retrocesso. É uma lástima o Brasil fazer isso, mas é bom que possamos aprender que todas nós temos que ser as Bertha Lutz do momento — disse Soraya. 

“Gestos transformadores”

A senadora Teresa Leitão (PT-PE) lembrou que as mulheres, por muitos anos, tiveram sua função social e política definida, em grande parte, pelos homens. Os papéis desempenhados pela população feminina ao longo da história, disse a senadora, foram concebidos como funções acessórias aos desempenhados pelos homens. Apesar de a luta feminina ter obtido avanços, ela ressaltou que novas conquistas precisam ser alcançadas. Nem que seja com “um passo de cada vez”, com ações discretas que fazem a diferença no todo. 

— Só não podemos parar, não podemos permitir que nos calem. Temos que ocupar o nosso lugar sem precisar pedir licença. As vidas das 19 mulheres hoje homenageadas são plenas de gestos transformadores. Demonstram o constante propósito na luta das mulheres por igualdade, liberdade e emancipação em qualquer campo em que estejam atuando. 

Ela prestou homenagem às personalidades ao fazer referência ao trabalho da escritora e membro da Academia Mineira de Letras, Conceição Evaristo. 

— De origem humilde, na periferia de Belo Horizonte, Conceição Evaristo alcançou a glória literária sem perder o contato e a empatia com os mais vulneráveis, especialmente mulheres negras e pobres, o coração de tantas comunidades no Brasil. Foi assim que ela adentrou a Academia Mineira de Letras. Parabéns, Conceição! — disse Teresa Leitão.

As senadoras Augusta Brito (PT-CE), Ivete da Silveira (MDB-SC), Margareth Buzetti (PSD-MT), Eudócia (PL-AL) e Sérgio Petecão (PSD-AC) também  aplaudiram a liderança feminina das homenageadas e reconheceram a relevância de suas atuações para gerar transformações sociais das atuais e das próximas gerações. 

— Que cada menina, cada jovem estudante, cada mulher que sonha com um espaço de fala e de ação na sociedade olhe para Antonieta como um espelho e uma semente. Uma mulher que ousou ocupar espaços que não lhe eram oferecidos e que, com isso, os abriu para tantas outras — desejou  Ivete da Silveira ao fazer referência a Antonieta de Barros, que foi agraciada in memoriam. Ela foi educadora, jornalista, escritora, Parlamentar e, acima de tudo, uma visionária. Em 1935, tornou-se a primeira mulher negra eleita Deputada no Brasil. 

Bertha Lutz

O Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz premia anualmente personalidades que tenham oferecido contribuição relevante à defesa dos direitos da mulher e às questões de gênero no Brasil, em qualquer área de atuação. O diploma é entregue em sessão do Senado exclusivamente convocada para esse fim, durante o mês de março, como uma das atividades relacionadas ao Dia Internacional da Mulher (8 de março).

O nome do prêmio é uma homenagem à bióloga, advogada e diplomata paulista Bertha Maria Julia Lutz (1894-1976), que foi uma das figuras mais significativas do feminismo e da educação no Brasil do século 20.

Aprovada em um concurso público para o cargo de pesquisadora e professora do Museu Nacional no ano de 1919, tornou-se a segunda brasileira a fazer parte do serviço público no Brasil.

Uma das principais bandeiras levantadas por Bertha Lutz foi a de garantir às mulheres os seus direitos políticos. Ela fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), que atuou pelo direito ao voto das mulheres. Em 1934, ela foi eleita suplente de deputado federal. Em 1936, assumiu o mandato de deputada.

Em 1945, integrou a delegação brasileira na conferência que fundou as Nações Unidas, tendo um papel central no evento. Bertha Lutz liderou uma coalizão de diplomatas latino-americanas que conseguiu garantir a inclusão da igualdade de gênero na Carta da ONU, documento fundador da organização.

Bertha Lutz morreu em 1976, aos 82 anos, no Rio de Janeiro.

Agraciadas com o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz 2025

Ani Heinrich Sanders Produtora rural do estado do Piauí, indicada pela senadora Jussara Lima (PSD-PI)
Antonieta de Barros (in memoriam) Primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil, pelo estado de Santa Catarina. Foi indicada pela senadora Ivete da Silveira (MDB-SC)
Bruna dos Santos Costa Rodrigues Juíza no Tribunal de Justiça do estado do Ceará, indicada pela senadora Augusta Brito (PT-CE)
Conceição Evaristo Escritora e membro da Academia Mineira de Letras, indicada pela senadora Teresa Leitão (PT-PE)
Cristiane Rodrigues Britto Advogada e ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Foi indicada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF)
Elaine Borges Monteiro Cassiano Reitora do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), indicada pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS)
Elisa de Carvalho Pediatra, professora universitária e membro da Academia de Medicina de Brasília, indicada pela senadora Dra. Eudócia (PL-AL)
Fernanda Montenegro Atriz, indicada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre
Fernanda Torres Atriz e escritora, indicada pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA)
Janete Ana Ribeiro Vaz Empreendedora e cofundadora do Grupo Sabin, indicada pela senadora Leila Barros (PDT-DF)
Jaqueline Gomes de Jesus Escritora, professora e primeira gestora do sistema de cotas para negros da Universidade de Brasília (UnB). Foi indicada pela senadora Zenaide Maia (PSD-RN)
Joana Marisa de Barros Médica mastologista e imaginologista mamária no estado da Paraíba, indicada pela senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB)
Lúcia Willadino Braga Neurocientista e presidente da Rede Sarah, indicada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre
Maria Terezinha Nunes Coordenadora da Rede Equidade e ex-cordenadora do Programa Pró-equidade de Gênero e Raça do Senado. Foi indicada pela Bancada Feminina
Marisa Serrano Ex-senadora, indicada pela senadora Tereza Cristina (PP-MS)
Patrícia de Amorim Rêgo Procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado do Acre, indicada pelo senador Sérgio Petecão (PSD-AC)
Tunísia Viana de Carvalho Mãe de Haia (caso de subtração internacional de criança) e ativista dos direitos maternos e  infantojuvenis, indicada pela senadora Mara Gabrilli (PSD-SP)
Virgínia Mendes Filantropa e primeira-dama de Mato Grosso, indicada pela senadora Margareth Buzetti (PSD-MT)
Viviane Senna Filantropa e presidente do Instituto Ayrton Senna, indicada pela senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO)

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

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Exposição no Rio revela objetos que retratam escravidão e resistência

Acervo reúne doações de museus dos EUA, África do Sul e Senegal

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Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil

 

O Museu Histórico Nacional, em reforma desde dezembro do ano passado, reabre em parte na próxima quinta-feira (13) com a exposição Para além da escravidão: construindo a liberdade negra no mundo. A curadoria é compartilhada com museus dos Estados Unidos, África do Sul, Senegal, Inglaterra e Bélgica. 

“Todo mundo participou da concepção e da circulação dos objetos que estarão expostos”, explicou à Agência Brasil a historiadora e curadora brasileira da exposição, professora Keila Grinberg.

“É uma exposição sobre escravidão atlântica, global. Ela mostra primeiro como a escravidão é um fenômeno global e como ela envolveu todos os países do mundo Atlântico nos séculos 15 a 19, mas também mostra que a escravidão está muito ligada no momento presente. Daí o nome Para além da escravidão, pensando as conexões com o presente”, destacou Keila.

 

Rio de Janeiro- 10/11/2025 - Exposição escravidão no MHN. ( Protesto contra o Apartheid em Soweto/África do Sul (1976).  Foto: Crédito/ Divulgação
Protesto contra o Apartheid em Soweto/África do Sul (1976). Foto: Crédito/ Divulgação

A exposição é gratuita e ficará aberta à visitação até o dia 1º de março de 2026.

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Como a mostra não se prende só ao passado, mas repercute também no presente, uma das coisas que o público vai aprender é que as consequências da escravidão existem em vários lugares ao mesmo tempo, segundo a curadora.

Keila ressalta que houve resistência à escravidão e ao colonialismo em vários países. “E essas formas de resistência têm conexão umas com as outras”.

De acordo com a curadora, o subtítulo “construindo a liberdade negra no mundo” deixa isso bem claro ao reunir peças religiosas, peças de música, como um atabaque do Haiti, por exemplo.

A exposição destaca também as questões contemporâneas. “Por exemplo, tem uma parte, no final, que tem discussão sobre reparação, sobre justiça ambiental e efeitos raciais. Tem uma parte que fala de violência policial, e por aí vai”.

A conclusão, analisou a historiadora, é que a escravidão, como existiu no passado, não existe mais. Mas as consequências, na forma do racismo, principalmente, continuam existindo.

“Eu acho que o grande lance é perceber as estruturas e, também, a luta contra elas. A ideia da exposição, apesar dela ser dura, é que a pessoa sai de lá empoderada com as possibilidades que as várias formas das experiências humanas contra o racismo trazem, embora não se possa falar de esperança no Rio de Janeiro, hoje em dia”.

A ideia, de acordo com a curadora, é mostrar o alcance dos problemas e a possibilidade de mudanças.

A estreia global da mostra ocorreu em dezembro de 2024, no Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, em Washington, nos Estados Unidos.

A mostra reúne cerca de 100 objetos, 250 imagens e dez filmes, divididos em seis seções. Do Museu Histórico Nacional, a mostra seguirá para a Cidade do Cabo, na África do Sul; Dakar, no Senegal; e para Liverpool, na Inglaterra.

 

Rio de Janeiro- 10/11/2025 - Exposição escravidão no MHN. ( Protesto do movimento Black Lives Matter/EUA (2021).  Foto: Crédito/ Divulgação
Protesto do movimento Black Lives Matter/EUA (2021). Foto: Crédito/ Divulgação

Atividades paralelas

Em parceria, o museu e o Arquivo Nacional promoverão o seminário internacional Para além da escravidão: memória, justiça e reparação, nos dias 13 e 14, na sede do Arquivo Nacional, na Praça da República, região central do Rio de Janeiro.

Com curadoria também de Keila Grinberg, o Arquivo Nacional abrigará a exposição Senhora Liberdade: mulheres desafiam a escravidão, exibindo documentos do acervo da instituição que revelam histórias de dez mulheres escravizadas que entraram na Justiça contra os seus senhores, no século 19.

“Nem todas ganharam a liberdade, mas todas tentaram. Isso é muito importante porque são histórias pouco conhecidas, de mulheres que desafiaram os senhores, a Justiça e foram atrás”.

O público poderá visitar essa exposição de segunda a sexta-feira até o dia 30 de abril do próximo ano. A entrada é gratuita.

Além dessa exposição, o Instituto Pretos Novos vai hospedar uma parte do processo de pesquisa feito para a exposição que está no Museu Histórico Nacional. É um projeto de pesquisas feitas com as mesmas perguntas nos seis países participantes. Daí o nome Conversas inacabadas.

“A ideia é exatamente essa que as conversas reverberam no presente. São várias entrevistas sobre como as pessoas veem o racismo, desde quando passaram a ter a ideia de consciência racial, por exemplo”. 

Essa exposição no Instituto Pretos Novos ficará aberta do dia 14 de novembro a 15 de dezembro.

 

Rio de Janeiro- 10/11/2025 - Exposição escravidão no MHN.(Cartaz da Conferência Pan-Africana (1900)
) Foto: Crédito/ Divulgação
Cartaz da Conferência Pan-Africana (1900) ) Foto: Crédito/ Divulgação

Simbolismo

A professora Keila Grinberg considera muito simbólico que o Brasil seja o primeiro lugar de destino da exposição, após o museu inicial norte-americano, porque o país tem uma tradição de estudos muito forte nesse campo.

“E isso mostra o respeito e a importância internacional que os estudos no Brasil têm. É muito importante porque é uma área em que o Brasil se destaca enormemente”, ressalta

De todos os países que tiveram escravizados africanos, o Brasil foi o que recebeu a maior quantidade. “Recebeu cerca de 45% dos africanos escravizados. Quase a metade do total veio só para o Brasil. Os Estados Unidos receberam 5%”, lembra Keila.

“A escala e a centralidade da escravidão no Brasil são sem precedentes. Por isso, a gente não entende nada da história do Brasil se não entender a escravidão. Ela é elemento central para se entender a história do Brasil”, explica.

No total, cerca de 12 milhões de pessoas, em 300 anos, foram sequestradas, vendidas e escravizadas. Na exposição, o público terá oportunidade de entender a dimensão do que ocorreu. Os escravizados eram procedentes das regiões da África Central, da qual fazem parte o atual Congo e Angola; e da África Ocidental, que envolve Senegal, Benim e Nigéria.

“Eu falo sempre para meus alunos: tem duas coisas que eles precisam entender para compreender a história do Brasil. Uma é que teve escravidão. Ninguém vai saber nada sobre o Brasil se não entender isso. Mas a outra, tão importante quanto, é que a escravidão acabou”.

A curadora acredita que, assim, será possível fazer com que o racismo, que se acha tão arraigado no país, também acabará.

Keila Grinberg é professora na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

 

Rio de Janeiro- 10/11/2025 - Exposição escravidão no MHN. ( Irmandade da Boa Morte/Brasil (1983).  Foto: Crédito/ Divulgação
Irmandade da Boa Morte/Brasil (1983). Foto: Crédito/ Divulgação
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Economia com nova usina fotovoltaica ampliará investimentos do Hospital da Criança em equipamentos e insumos

Com investimento de R$ 13,6 milhões do GDF, nova estrutura foi entregue nesta quarta-feira (12) pela primeira-dama Mayara Noronha Rocha; redução na conta de energia será de cerca de 80%, o que representa mais de R$ 3,7 milhões por ano

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Nesta quarta-feira (12), o Governo do Distrito Federal (GDF) inaugurou a usina fotovoltaica do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). O empreendimento instalado para abastecer a maior parte da demanda energética da unidade, produz energia limpa, ao mesmo tempo que contribui para a diversificação da matriz energética. Com investimento do GDF na ordem de R$ 13,6 milhões, a instalação proporcionará uma economia anual de R$ 3,7 milhões aos cofres públicos.

Segundo a primeira-dama e madrinha do Hospital da Criança de Brasília, Mayara Noronha Rocha, a inauguração da usina fotovoltaica representa um grande avanço para a saúde e reforça o compromisso do governo com a solidariedade e a sustentabilidade. “A iniciativa alia a preocupação ambiental à responsabilidade econômica, permitindo que a economia gerada seja revertida em investimentos no próprio hospital, como aquisição de novos equipamentos, medicamentos e melhorias nos espaços voltados às crianças”, afirma.

Mayara ressaltou que essa é uma entrega que vai muito além do presente, pois significa pensar no futuro e garantir benefícios duradouros para os pacientes da unidade. “No dia 5 de novembro, o Ministério da Saúde reconheceu o HCB como uma das três unidades do país habilitadas a realizar terapia gênica, consolidando a instituição como referência nacional em tecnologia, inovação e medicina de ponta.”

Segundo a primeira-dama e madrinha do Hospital da Criança de Brasília, Mayara Noronha Rocha, a inauguração da usina fotovoltaica representa um grande avanço para a saúde e reforça o compromisso do governo com a solidariedade e a sustentabilidade | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Sem o aporte da energia solar, os gastos com energia elétrica no HCB variam de R$ 380 mil a R$ 450 mil reais mensais para manter a estrutura de cuidado hospitalar ambulatorial e de internação especializado para as crianças e adolescentes com doenças raras, crônicas e complexas; a partir da implementação da usina, a expectativa é que haja economia de até 80% na fatura de energia elétrica.

O secretário da Saúde (SES-DF), Juracy Lacerda, destacou que a instalação de mais de 5 mil placas solares representa um investimento com retorno previsto em menos de cinco anos, já que o custo será compensado pela redução nas despesas com energia elétrica. Ele afirmou que a economia gerada, superior a 80%, será revertida diretamente em melhorias para o hospital, com aplicação dos recursos em infraestrutura, equipamentos e insumos, o que refletirá de forma direta na qualidade do atendimento à população.

 

Ao assumir a pasta, segundo Juracy, uma das orientações do governador Ibaneis Rocha foi cuidar prioritariamente da oncologia. “O HCB tem se destacado nessa área, com um trabalho de excelência no cuidado oncológico infantil. A partir dessa diretriz, lançamos o projeto Câncer Não Espera. O GDF Também Não, que reduziu o tempo médio entre o encaminhamento e a primeira consulta oncológica de mais de 80 dias para cerca de 14”, ressaltou.

O secretário acrescentou ainda que o GDF tem um planejamento mais amplo para a instalação de usinas fotovoltaicas em outros equipamentos públicos, inclusive em outras unidades de saúde, alinhando a política de gestão à sustentabilidade e à eficiência energética.

 

Usina fotovoltaica

A usina fotovoltaica do HCB é conectada à rede de distribuição da concessionária local e possui 5.300 unidades de placas instaladas em uma localização estratégica para a captação solar: os estacionamentos e os telhados do hospital. As placas estão dispostas sobre estruturas metálicas, os carpots, e cobrem 584 vagas de estacionamento e parte do telhado do HCB, totalizando 7.616 m² de cobertura. A localização das placas solares possibilitou maior conforto térmico ao abrigar os veículos de funcionários, que ficarão debaixo das estruturas.

Segundo a diretora executiva do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), Valdenize Tiziane, essa usina foi pensada dentro da agenda de sustentabilidade e também da redução de custos para a operação do hospital. Ela ressaltou que a unidade se antecipou e elaborou um projeto bem estruturado para que a instalação pudesse ser feita sem interferir no funcionamento do hospital, que é um organismo vivo e não pode ter impactos na assistência. Além disso, Valdenize destacou que o projeto foi pensado para aproveitar melhor o espaço físico do estacionamento, beneficiando pacientes, famílias e colaboradores.

Com investimento do GDF na ordem de R$ 13,6 milhões, a instalação proporcionará uma economia anual de R$ 3,7 milhões aos cofres públicos

Essa economia secundária considera a cobertura das áreas da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Bloco 2, uma vez que o sombreamento nesses espaços possibilita a captação de ar “mais frio” para refrigeramento dos espaços internos do HCB. “Temos 1.800 funcionários e cerca de 60 mil atendimentos mensais no ambulatório. O espaço do estacionamento é essencial para acolher toda essa população. As estruturas instaladas ali geram energia e, ao mesmo tempo, proporcionam sombreamento, protegendo do sol. Foi um ótimo aproveitamento do espaço”, afirmou a diretora.

O HCB é referência no atendimento a crianças e adolescentes com doenças raras e crônicas. A presidente do Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe), Ilda Peliz, destacou que a usina representa um ganho ambiental e assistencial. “É um benefício tanto para o meio ambiente quanto para o hospital e, principalmente, para os pacientes, que continuarão recebendo atendimento especializado com ainda mais segurança. É muito importante termos uma energia sobre a qual temos controle, que não vai faltar, porque o sol não falta”, acrescentou.

A presidente também fez questão de agradecer o apoio do Governo do Distrito Federal. “O hospital foi construído pela sociedade, mas o GDF abraçou esse projeto. O governo tem um olhar cuidadoso e atende todas as demandas que levamos, o que nos permitiu crescer. Nesse governo, conseguimos iniciar o transplante de medula óssea e temos hoje vários projetos de grande porte que fazem diferença no tratamento das crianças. Posso dizer que o GDF está nos ajudando a salvar mais vidas.”

HCB

Neste mês de novembro, o Hospital da Criança de Brasília celebra 14 anos de funcionamento, dedicados ao diagnóstico e tratamento de crianças com doenças raras, graves e complexas, o que o tornou referência nacional em diversas especialidades. Atualmente, realiza mais de 200 novos atendimentos de câncer infantil por ano e cerca de 60 mil atendimentos ambulatoriais por mês. A unidade conta com 212 leitos, sendo 58 de UTI de alta complexidade. Nesta semana, o HCB foi habilitado como uma das três unidades do país a oferecer terapia gênica para crianças, um avanço significativo garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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CLDF homenageia participantes da Cavalgada Elas Por Elas

Foto: Marcello Cândido

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Por iniciativa do deputado Eduardo Pedrosa (PSD), a Câmara Legislativa realiza sessão solene nesta quarta-feira (12) em homenagem à Cavalgada Elas Por Elas. A solenidade começa às 19h na Sala de Comissão Itamar Pinheiro Lima e terá transmissão da TV Câmara Distrital.

Realizada tradicionalmente na semana do Dia Internacional da Mulher (8/3), a Cavalgada Elas Por Elas carrega consigo um significado de celebração, homenagem e reafirmação do valor, da força e da contribuição das mulheres na história e no cotidiano de nossas comunidades. O objetivo do grupo é influenciar positivamente a autoestima, o empoderamento e o engajamento feminino.

“Além do aspecto cultural e simbólico, destaca-se também a dimensão social da iniciativa, uma vez que, como contrapartida, ocorre a arrecadação de alimentos não perecíveis destinados à montagem de cestas básicas, posteriormente distribuídas a famílias em situação de vulnerabilidade social na região de São Sebastião”, destaca o deputado Eduardo Pedrosa.

Deputado Eduardo Pedrosa (Foto: Carolina Curi/Agência CLDF)

Valorização Feminina 

O grupo Cavalgada Elas Por Elas surgiu em março de 2020, idealizado por um grupo de mulheres da cidade de São Sebastião/DF, movidas pelo propósito de promover maior reconhecimento e valorização feminina nos espaços tradicionalmente ocupados por homens, tanto no contexto country e como das cavalgadas. A ideia nasceu da percepção de que, apesar da intensa participação das mulheres nessas tradições, sua representatividade e protagonismo ainda eram pouco visíveis e reconhecidos.

Foto: Marcello Cândido

Com esse espírito, foi organizada uma força-tarefa composta por amazonas e integrantes das comitivas femininas da região, que, em apenas três meses de trabalho coletivo, conseguiu consolidar o primeiro evento e estabelecer as bases para que a Cavalgada Elas Por Elas se tornasse uma tradição anual no calendário local. O intuito sempre foi fortalecer a identidade, o papel e o reconhecimento da mulher no meio rural e cultural, ampliando espaços, oportunidades e visibilidade.

Atualmente, o evento reúne cerca de 100 amazonas em seu trajeto, contando ainda com público estimado de aproximadamente mil pessoas por edição.

 

Bruno Sodré – Agência CLDF

 

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