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Conheça as 15 máximas da corte e saiba a curtir as maravilhas do poder

Onde tem chefes e subordinados, tem poder, tem rico, tem pobre, têm puxa-sacos…

Silvestre Gorgulho


 Onde tem chefe, têm subordinados. Onde tem chefes e subordinados, tem poder, tem rico, tem pobre, têm puxa-sacos, têm conquistas, têm galanteios, tem mesura, tem bajulação, têm interesses e, é lógico, tem Corte. Quando mais gente, mais chefes e quanto mais chefes mais subordinados, mais interesses, mais mesuras e mais Cortes. Assim é numa tribo da reserva do Xingu, assim é no Rio, São Paulo, Europa, França e Bahia. E, por que não, na Capital da República. Quem quiser se dar bem em Brasília precisa conhecer as regras, os comportamentos e entender o maior recado do século 21: na sociedade de informação, tudo é mi-li-me-tri-ca-men-te calculado. E sempre acaba em marketing. Não vale mais aquele velho slogan do sabão “vale quanto pesa”. Agora o slogan é outro: vale quanto parece. Explicando melhor: o sucesso é medido menos pelo que se é, menos pelo que se faz e muito mais pelo que se aparece. Vamos às regras que fazem o bom cortesão ou a boa cortesã. A primeira regra é, logicamente, identificar quem é bom de Corte:


1 — Faz sucesso na Corte quem levanta cedo, dorme tarde e tem cacife para entrar direto no gabinete do Grande Chefe. Sem passar pelo ajudante-de-ordens.


Bom ou não de Corte, quem a conhece bem e acompanha seus trejeitos sabe que tudo não passa de um denorex: parece que é, mas não é. A informação pela manhã é uma, à tarde é outra e à noite mudou tudo. Viver a Corte é conhecer esta segunda lição:


2 — Quem acha que está entendendo tudo, é porque está mal informado.


O difícil para quem está no poder, será sempre a guerra entre os subalternos. Os “aspones” do primeiro, do segundo e do terceiro escalão. Assessor é uma parada. O mercado de vaidades está sempre em alta, ciúme de homem é fogo, as disputas não param. Até gravações se fazem para tornar os amigos mais espertos e os inimigos menos poderosos. Por isto que na Corte sempre se comenta esta terceira lição:


3 — Cada assessor é uma pedra no sapato do outro. Às vezes, um paralelepípedo.


Mas um bom assessor tem jogo de cintura. Sabe sair de qualquer enroscada. Decide tudo e não assina nada. Sua máxima é a máxima de quem quer ficar sempre bem com todos os chefes possíveis e imagináveis. É que os chefes são muitos: existe o chefe propriamente dito, mas chefe também é a mulher do chefe, a secretária do chefe, a amante do chefe e até a mãe do chefe. Bom assessor é aquele que cumpre à risca a quarta regra da Corte:


4 — Se você receber duas ordens contraditórias, cumpra ambas.


Quem é de Corte precisa agradar. Simpatia, ombro amigo, apoio logístico, quebra galho são adjetivos que viram substantivos e funcionam muito bem numa Corte.
A quinta regra é clara:


5 — Para ganhar confiança é preciso ser íntimo. Aquele que trabalha pouco, mas circula muito terá sempre maior reconhecimento e oportunidade de servir.


Mas viver na Corte não é fácil. Exige etiqueta, diplomacia, humildade, cavalheirismo e muito jogo de cintura. Sobretudo criatividade. Se, por acaso, algum dia, em pleno Itamaraty, ou qualquer outro salão real, acontecer um desastre, cuidado! Muita serenidade. Busque logo uma saída que seja engraçada, mas ao mesmo tempo politicamente correta. Se cair no meio do Salão principal do Palácio da Alvorada, por exemplo, não titubeie, pegue uma flor ou sua própria comenda na lapela e ofereça à primeira dama que passar. A sexta regra da Corte é da própria sobrevivência:


6 — Aconteça o que acontecer, aja como se tivesse sido proposital.


Mas não se esqueça nunca de uma verdade: é sempre difícil corrigir o mal feito. Num improviso, por exemplo. Nem sempre uma escorregadela é passível de muita explicação. Na maior parte das vezes o melhor é deixar correr… Corrigir chamará mil vezes mais atenção. A sétima regra da Corte é definitiva:


7 — Cuidado! Quando se fala uma besteira ao microfone, qualquer tentativa de explicá-la deixa você pior.


Há de ter muita categoria para enfrentar a Corte. Estar com o poder significa estar com quem decide. Significa estar com quem assina as portarias que podem lhe dar oportunidade de ganhar ou de perder. Não só pelo negócio em si, mas também por antecipar e desvendar o segredo de uma portaria que só será assinada amanhã e conhecida dos interessados pelo Diário Oficial de depois de amanhã. Isso vale ouro! Isso vai obrigar o nosso cortesão a ter muita tolerância pelo chá de cadeira, pelos coquetéis e pelas noitadas. Não vá naquela de responder tudo, tim-tim por tim-tim para sua esposa, quando chegar em casa. Na primeira briga ela vai contar para a irmã, que vai contar num absoluto segredo para a amiga mais íntima, que conta para a vizinha, que conta o marido que, não será por acaso, justamente aquele chefe que assina portarias e com o qual você conseguiu a informação privilegiada. Daí, a oitava regra da Corte é extremamente machista:


8 — Os homens mentiriam muito menos se a mulheres fizessem menos perguntas!


Na Corte, o agrado é meio de vida. O elogio é mais importante do que o ar que se respira. Sempre. Em qualquer situação. Um cortesão que se preza é um gentleman. Por isso, a nona regra da Corte é eficaz, mas há que ter muita experiência para implementá-la.


9 — Nunca deixe uma história ficar menos excitante. Elas devem ser enfeitadas pela arte de exagerar e até, se preciso, mentir.


Mas, se por acaso, você quiser deixar de ser um simples coadjuvante. Quiser ser um personagem, um artista de primeira grandeza na Corte, não pestaneja: entre na política. Se candidate a alguma coisa. Pode ser a deputado, senador, a governador. Coisa boa. Ai você vai precisar de dinheiro para campanha. Um segredo: nunca chegue pedindo dinheiro para ninguém. Diga, sempre, que tem um projeto político importante, precisa defender algumas idéias que valorize a responsabilidade social e cidadã. Eleito, valorize e prestigie sempre quem tem a chave do cofre. Mas lembre-se: quem tem a chave nem sempre é aquele que carrega a chave… A décima regra, é uma lição que vai além da Corte:


10 — Um bom político nunca pede dinheiro. Diz, com convicção, quanto o doador poderá ganhar com seu mandato.


Agora uma regra para quem convive com a Corte, não é político, mas está em dificuldades financeiras. Nunca chegue abrindo o jogo que os negócios vão mal e que precisa de ajuda. Pedir socorro é pedir para todo mundo sumir. Es-pan-ta! Quando a chefia é tucana ou petista, então, nem brinque. É isolamento certo. A décima-primeira regra da Corte é justamente para esses casos:


11 — Se seu negócio não vai bem, procure expandi-lo mais ainda.


A troca de poder é um perigo. Largar o poder, nem se fala. Exige mudança rápida da Capital. Aí aprende-se que a Corte é uma ilusão. É um toma lá dá cá. Não se vive na Corte só por gosto, vive-se também por obrigação e por profissão. Com o poder lá longe, se aprende a décima segunda regra da Corte:


12 — Os amigos vêm e vão. Os inimigos se acumulam.


Mas é sempre bom lembrar os velhos tempos do poder, as belas festas, as lindas damas, algumas
piscadelas, os sorrisos, os presentes, os elogios, o jogo de sedução, os ciúmes e tudo mais que fazia o poder tão afrodisíaco. Aí é que se aprende a décima-terceira lição, que não deixa de ser a lei da compensação:


13 — Cada lugar tem suas vantagens: o céu, pelo clima; e o inferno, pela vida social.


Mas o verdadeiro cortesão é sempre um autodidata. Se mira no Chalaça. Dá conselhos sobre tudo e para todos. E, de tanto dar conselhos, ele próprio cunhou a décima-quarta lição da Corte:


14 — Não adianta dar conselhos racionais a um homem em quatro situações: quando está apaixonado, quando está bêbado, quando é candidato e quando tem o poder.


Por fim, quem é da Corte está acostumado a assistir entrada e saída de governos. A entrada é sempre triunfal e a saída é sempre pelos fundos, às escondidas, melancólica. O cortesão pode até ter dúvida de quem vai passar a faixa para o eleito, mas, se acompanha esse entra e sai de governo, conhece muito bem a décima-quinta lição:


15 — Tudo que deu certo num governo será alterado pelo próximo.


 

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JUCA CHAVES

APENAS UM DEPOIMENTO

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O compositor, músico, humorista e crítico, Menestrel Maldito, deixa saudades. O Brasil e a Bahia se despedem do carioca Jurandyr Czaczkes Chaves (1938-2023).
Juca Chaves fez muito sucesso com suas modinhas/sátiras durante o governo Juscelino Kubitschek.
Ele é autor de músicas que se tornaram sucesso no Brasil como “A Cúmplice”, “Menina”, “Que Saudade” e “Presidente Bossa Nova”.
Vale lembrar:
1) JK nunca censurou as sátiras de Juca Chaves. Pelo contrário, adorava suas modinhas sempre bem humoradas e criativas. Juca Chaves foi censurado durante governo militar, entre 1964 e 1985. Aí sim, ele foi perseguido, exilado e viveu alguns anos longe do Brasil, entre Portugal e Itália.
2) Em 2011, no lançamento do filme ‘JK NO EXÍLIO’, de Charles Cesconetto, aqui no Museu Nacional de Brasília, a meu convite, o Juca Chaves subiu ao palco com a filha de JK, Maria Estela, e cantou suas modinhas, abrindo com o PRESIDENTE BOSSA NOVA.
3) Nesse dia, Juca Chaves e Maria Estela Kubitschek, abriram a cerimônia com uma forte mensagem a favor da ADOÇÃO, por sinal, uma lei proposta por JK. Evidente lembrando a adoção da própria Maria Estela e das duas filhas de Juca Chaves: Maria Clara e Morena.
A filha de JK, deixou no seu FB a seguinte mensagem:
“A família do “Presidente Bossa Nova” está triste com o falecimento de Juca Chaves. O Menestrel popularizou JK com suas sátiras, sempre criativas e bem humoradas. Juca Chaves “Voou…. Voou pra bem distante…” e “a mineirinha debutante” está triste.
Maria Estela Kubitschek Lopes
Para quem quiser ouvir Juca Chaves cantando “Presidente Bossa Nova”
Fotos: Antes da exibição do filme “JK NO EXÍLIO”, no Museu Nacional de Brasília, Juca Chaves subiu ao palco e cantou várias modinhas, terminando com Presidente Bossa Nova.
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Dia Mundial da Água

Cerrado pode perder quase 34% da água até 2050

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Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma

 

O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).

Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.

A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.

“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.

Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.

“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.

Chuvas

Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.

“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.

Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.

Edição: Heloisa Cristaldo

EBC

 

 

 

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VENTO DA ARTE NOS CORREDORES DA ENGENHARIA

Lá se vão 9 anos. Março de 2014.

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No dia 19 de março, quando o Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civil do DF completava 50 anos, um vendaval de Arte, Musica, Pintura adentrou a casa de engenheiros, arquitetos e empresários e escancarou suas portas e janelas para a Cultura.
Para que o vento da arte inundasse todos seus corredores e salões, o então presidente Júlio Peres conclamou o vice Jorge Salomão e toda diretoria para provar que Viver bem é viver com arte. E sempre sob as asas da Cultura, convocou o artista mineiro Carlos Bracher para criar um painel de 17 metros sobre vida e obra de JK e a construção de Brasília. Uma epopeia.
Diretores, funcionários, escolas e amigos ouviram e sentiram Bracher soprar o vento da Arte durante um mês na criação do Painel “DAS LETRAS ÀS ESTRELAS”. O mundo da engenharia, da lógica e dos números se transformou em poesia.
Uma transformação para sempre. Um divisor de águas nos 50 anos do Sinduscon.
O presidente Julio Peres no discurso que comemorou o Cinquentenário da entidade e a inauguração do painel foi didático e profético:
“A arte de Carlos Bracher traz para o este colégio de lideranças empreendedoras, a mensagem de Juscelino Kubitschek como apelo à solidariedade fraterna e à comunhão de esforços. Bracher é nosso intérprete emocionado das tangentes e das curvas de Oscar Niemeyer e Lucio Costa. Nos lances perfomáticos de seu ímpeto criador, Bracher provocou um espetáculo de emoções nas crianças, professores, convidados, jornalistas e em nossos funcionários.
Seus gestos e suas pinceladas de tintas vivas plantaram sementes de amor à arte. As colheitas já começaram.”
Aliás, as colheitas foram muitas nesses nove anos e serão ainda mais e melhor na vida do Sinduscon. O centenário da entidade está a caminho…
Sou feliz por ter ajudado nessa TRAVESSIA.
SG
Fotos: Carlos Bracher apresenta o projeto do Painel. Primeiro em Ouro Preto e depois visita as obras em Brasília.
Na foto: Evaristo Oliveira (de saudosa Memória) Jorge Salomão, Bracher, Julio Peres, Tadeu Filippelli e Silvestre Gorgulho
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Reportagens

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