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Sem Cerimônia

Prefácio do livro “Sem Cerimônia” de Jack Correa

 


A solene e divertida realidade do Cerimonial


 Silvestre Gorgulho


 A perfeição é como verdade: luz que bate nos olhos. Que ilumina. Que mostra o caminho. Que ensina. Por isto, a perfeição – como verdade – não pode ser egoísta. Tem que ser dividida. Compartilhada. Pertence ao mundo. Todo sucesso é para ser admirado. É exemplo. A perfeição é, justamente, o aprimoramento de sucessos. Próprios e alheios. Imitar o belo, conhecer experiências positivas e buscar o correto, é caminhar em direção a mais vitórias. Ser perfeito é a utopia que faz de cada homem um pouquinho Deus.


Todo trabalho bem feito e todo sucesso garantido pertencem às futuras gerações. Deve ser propagado, admirado, aplaudido e imitado. Uma obra competente não pode ser esquecida. Quem explicou isto muito bem, foi o presidente norte–americano, Woodrow Wilson, quando sentenciou, lá pelos idos de 1915: “Nenhum trabalho bem feito é particular. Ele se torna um bem social. Faz parte do patrimônio universal”.


Assim é “Sem Cerimônia”, primeiro livro de Jack Corrêa: um profissional que soube viver e guardar ricas experiências de seu tempo na diretoria do cerimonial do governo de Minas Gerais.


O leitor tem um livro único, onde encontrará deliciosas histórias, considerações sérias e gostosíssimos causos, todos eles revestidos de acadêmicos ensinamentos. Jack Corrêa expõe o dia a dia de um dos trabalhos mais importantes em qualquer organização privada ou pública: o serviço de Relações públicas e de Cerimonial.


 O livro é uma aula perfeita: um caso verídico, bem interessante. Depois de sua avaliação acadêmica, estuda melhor a situação, dá dicas e mostra os pós e contras de cada ação. Ao mesmo tempo em que faz história, diverte. Ao mesmo tempo em que informa, ensina. Jack Corrêa mostra que um dos segredos do sucesso é a criatividade. Ela faz a diferença. Um profissional criativo vale mais que um batalhão de computadores.


 Na criatividade está a solução dos complexos problemas de planejamento ou de indesejáveis imprevistos. Ações criativas levam uma programação, por mais difícil que seja, ao sucesso. E são elas as únicas receitas para os inesperados e constrangedores desencontros que teimam acontecer na última hora, que podem salvar homens poderosos e autoridades exigentes de gafes, embaraços e vexames homéricos.


Em “Sem Cerimônia” você vai entender porque o Cerimonial e a Relações Públicas são atividades angustiantes, mas que podem, também, trazer momentos únicos de prazer. Jack Corrêa ensina como a convivência, por assim dizer, obrigatória, com pessoas poderosas e simples, feias e bonitas, ricas e pobres pode ser mais uma oportunidade de multiplicar amigos. Oportunidade de vitória e de realização profissional.


A atividade do Cerimonial e Relações Públicas extrapola a simples organização de eventos e o escalonamento de autoridades em função de sua precedência protocolar. Quando competentemente executada, esta atividade contribui diretamente para a formação de uma imagem pessoal e institucional, evitando conflitos e projetando o nome de personalidades, de eventos e de produtos. É uma das mais importantes armas da estratégia de marketing.


 Dois momentos na vida deste mineiro nascido, por acaso, em Curitiba, fizeram desta obra um ponto de referência que possibilitou ao autor reunir tantos episódios co forte conteúdo didático.


O primeiro momento foi à experiência adquirida nos quatro anos à frente do Cerimonial no Governo de Minas Gerais, no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, proporcionando uma ginástica cívica que foi percorrer mais de 500 municípios de uma Minas, que são várias, em cultura e tradição. 


O segundo momento foi à visão global adquirida a partir de Brasília, por dirigir por 11 anos o escritório da Fiat automóveis. Estes dois momentos lhe deram uma visão universal das pessoas, dos problemas e de situações, pela constante interface com a política, com empresários e consumidores, com autoridades e o povo.


 Depois desta vivência no serviço público e na iniciativa privada, seria injusto que Jack Corrêa não contasse um pouco de seu trajeto profissional. Esta foi uma missão bem sucedida, um trabalho bem feito, uma história de sucesso que não poderia ser particular. Tornou-se um bem social. Um patrimônio literário universal para outros profissionais, para outras gerações, para tantos estudantes e tantos professores que estão na busca do perfeito.


 As histórias estão aí. São oferecidas ao leitor em pitorescos casos e sábias conclusões. Os estudantes na área de Comunicação e Relações Públicas vão adorar, pois farão um verdadeiro estágio nesta leitura. Os políticos e os empresários vão ter lições importantíssimas. Histórias, casos, passagens criativas e engraçadas conclusões acadêmicas, tudo isto será um exercício ameno para aprender um pouco mais sobre as complicadíssimas relações humanas, sobre um mercado que está sempre em alta – o mercado das vaidades – e sobre um público que está sempre insatisfeito, os políticos e os leitores de nosso País.


Vá ao livro, sem cerimônia, e não se arrependerá.


 Silvestre Gorgulho


Brasília, maio de 1996.


 


 


 


 


 


 


 


 

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JUCA CHAVES

APENAS UM DEPOIMENTO

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O compositor, músico, humorista e crítico, Menestrel Maldito, deixa saudades. O Brasil e a Bahia se despedem do carioca Jurandyr Czaczkes Chaves (1938-2023).
Juca Chaves fez muito sucesso com suas modinhas/sátiras durante o governo Juscelino Kubitschek.
Ele é autor de músicas que se tornaram sucesso no Brasil como “A Cúmplice”, “Menina”, “Que Saudade” e “Presidente Bossa Nova”.
Vale lembrar:
1) JK nunca censurou as sátiras de Juca Chaves. Pelo contrário, adorava suas modinhas sempre bem humoradas e criativas. Juca Chaves foi censurado durante governo militar, entre 1964 e 1985. Aí sim, ele foi perseguido, exilado e viveu alguns anos longe do Brasil, entre Portugal e Itália.
2) Em 2011, no lançamento do filme ‘JK NO EXÍLIO’, de Charles Cesconetto, aqui no Museu Nacional de Brasília, a meu convite, o Juca Chaves subiu ao palco com a filha de JK, Maria Estela, e cantou suas modinhas, abrindo com o PRESIDENTE BOSSA NOVA.
3) Nesse dia, Juca Chaves e Maria Estela Kubitschek, abriram a cerimônia com uma forte mensagem a favor da ADOÇÃO, por sinal, uma lei proposta por JK. Evidente lembrando a adoção da própria Maria Estela e das duas filhas de Juca Chaves: Maria Clara e Morena.
A filha de JK, deixou no seu FB a seguinte mensagem:
“A família do “Presidente Bossa Nova” está triste com o falecimento de Juca Chaves. O Menestrel popularizou JK com suas sátiras, sempre criativas e bem humoradas. Juca Chaves “Voou…. Voou pra bem distante…” e “a mineirinha debutante” está triste.
Maria Estela Kubitschek Lopes
Para quem quiser ouvir Juca Chaves cantando “Presidente Bossa Nova”
Fotos: Antes da exibição do filme “JK NO EXÍLIO”, no Museu Nacional de Brasília, Juca Chaves subiu ao palco e cantou várias modinhas, terminando com Presidente Bossa Nova.
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Dia Mundial da Água

Cerrado pode perder quase 34% da água até 2050

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Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma

 

O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).

Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.

A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.

“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.

Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.

“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.

Chuvas

Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.

“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.

Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.

Edição: Heloisa Cristaldo

EBC

 

 

 

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VENTO DA ARTE NOS CORREDORES DA ENGENHARIA

Lá se vão 9 anos. Março de 2014.

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No dia 19 de março, quando o Sinduscon – Sindicato das Indústrias da Construção Civil do DF completava 50 anos, um vendaval de Arte, Musica, Pintura adentrou a casa de engenheiros, arquitetos e empresários e escancarou suas portas e janelas para a Cultura.
Para que o vento da arte inundasse todos seus corredores e salões, o então presidente Júlio Peres conclamou o vice Jorge Salomão e toda diretoria para provar que Viver bem é viver com arte. E sempre sob as asas da Cultura, convocou o artista mineiro Carlos Bracher para criar um painel de 17 metros sobre vida e obra de JK e a construção de Brasília. Uma epopeia.
Diretores, funcionários, escolas e amigos ouviram e sentiram Bracher soprar o vento da Arte durante um mês na criação do Painel “DAS LETRAS ÀS ESTRELAS”. O mundo da engenharia, da lógica e dos números se transformou em poesia.
Uma transformação para sempre. Um divisor de águas nos 50 anos do Sinduscon.
O presidente Julio Peres no discurso que comemorou o Cinquentenário da entidade e a inauguração do painel foi didático e profético:
“A arte de Carlos Bracher traz para o este colégio de lideranças empreendedoras, a mensagem de Juscelino Kubitschek como apelo à solidariedade fraterna e à comunhão de esforços. Bracher é nosso intérprete emocionado das tangentes e das curvas de Oscar Niemeyer e Lucio Costa. Nos lances perfomáticos de seu ímpeto criador, Bracher provocou um espetáculo de emoções nas crianças, professores, convidados, jornalistas e em nossos funcionários.
Seus gestos e suas pinceladas de tintas vivas plantaram sementes de amor à arte. As colheitas já começaram.”
Aliás, as colheitas foram muitas nesses nove anos e serão ainda mais e melhor na vida do Sinduscon. O centenário da entidade está a caminho…
Sou feliz por ter ajudado nessa TRAVESSIA.
SG
Fotos: Carlos Bracher apresenta o projeto do Painel. Primeiro em Ouro Preto e depois visita as obras em Brasília.
Na foto: Evaristo Oliveira (de saudosa Memória) Jorge Salomão, Bracher, Julio Peres, Tadeu Filippelli e Silvestre Gorgulho
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Reportagens

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