Artigos
As lágrimas de março
É pau, é pedra, é o fim do caminho…
Silvestre Gorgulho
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É o copo, é a lata, é até canudinho
É plástico e mais plástico, é o fim da picada
É sujeira, é feiura, é nojeira danada
São os sujismundos de férias
Inundando o verão
Com promessas de lixo no seu coração…
Março está chegando. Tempo de lembrar da belíssima canção Águas de Março, do saudoso maestro Antônio Carlos Jobim. Com lirismo e beleza, Tom cantou os encantos da natureza quando vai fechando o verão. E é justamente quando fecha o verão, quando acabam as férias é que se pode avaliar o péssimo comportamento do brasileiro que usou e abusou dos recantos naturais. Aí, então, a hora é de cantar as Lágrimas de Março. Depois dos Reveillons, das grandes férias e dos carnavais, a natureza chora o comportamento daqueles que fazem das praias, das grutas, das dunas, das ilhas, dos lagos, dos rios e dos parques, um mar de lixo. É o fim da picada…
As praias, coitadas, localizadas nos grandes centros urbanos oferecem um espetáculo digno do Homem da Pedra, que agora, pelo visto, virou o Homem do Plástico. É garrafa e embalagens de plásticos por todos os lados, formando um círculo vicioso em proporção geométrica: os banhistas sujam, não existem lixeiras nas praias e nos parques e os administradores públicos não gerenciam a retirada do lixo. Um caos. O fim do caminho…
O ser humano tem que ter consciência de que quando ele compra um produto, esse produto lhe pertence. Para o bem e para o mau. O carro vai ajudá-lo a ir e vir, mas se não respeitar o novo Código de Trânsito, pronto, as multas também vão chegar. Ao comprar um guaraná, ele poderá deliciar-se do refrigerante, mas a embalagem é de sua responsabilidade. Virou lixo. E o lixo também lhe pertence. Assim, se cada um se responsabilizar pelo seu lixo, já não será mais o fim do caminho. Será um bom início.
Nada mais democrático do que uma praia: lá se relacionam, longe das grifes e da alta costura, o rico e o pobre, o negro e o branco, o católico e o budista. Em qualquer país. Nos reinos, nos impérios, nos socialistas e nos capitalistas. A praia é uma praça pública, onde as pessoas vão despojadas da moda. Aliás, a moda é justamente a pessoa ficar cada vez mais nua. A praia proporciona uma convivência natural, democrática. A praia iguala as pessoas. Aliás, um motivo a mais para respeitá-la, não é?
Veja só este dado: neste verão carioca os banhistas deixaram diariamente nas praias – do Leme à Barra da Tijuca – cerca de 85 toneladas de lixo. Todo o dia foram 85 mil quilos de plásticos, vidros e latinhas. Uma catástrofe ambiental provocada pelo comportamento humano. É o fim da picada…
Se o homem tem sua culpa porque suja e os governos (federal, estadual e municipal) têm sua culpa porque não promovem uma limpeza eficiente, as indústrias também têm culpa no cartório: veja o exemplo das embalagens de plástico descartáveis para refrigerantes, as chamadas “Pet”, que em nome do lucro puro e simples se esqueceu a qualidade ambiental. Antigamente era muito normal a “troca de casco” e proporcionava um reaproveitamento perfeito das embalagens. Chegou a “Pet” – que trouxe comodidade, agilidade e lucro. Mas estas vantagens foram pequenas em vista das terríveis desvantagens que elas provocaram: o lixão do plástico. As embalagens “Pets” foram para os terreiros, para os rios, para os canais e para as galerias fluviais. Resultado: quando elas não estão boiando no mar, nos rios e nos lagos, estão nos bueiros aumentando as inundações e desabamentos.
É hora de dar um basta! Aqueles que curtem a natureza, que buscam as praias, as cachoeiras, as grutas, os rios e os parques para um momento de lazer precisam se despertar para a gravidade do problema. Precisam dar o exemplo e pedir explicitamente aos freqüentadores que eles também respeitem. Não é fácil. Evidente que as questões de meio ambiente envolvem respeito à natureza. E como conseguir levar estas idéias aos humanos que não respeitam nem mesmo os seres da mesma espécie? É ou não é o fim do caminho!
Tom, você que sempre foi maior, e que agora está MAIOR ainda, nos ajude a estancar essas Lágrimas de Março… Nenhum outro país tem a riqueza natural e a exuberância do Brasil. São 4 milhões de km2 de paraísos ecológicos. Uma verdadeira nação verde que seria a sétima do mundo em extensão. Ela precisa ser respeitada e amada. Senão, amigos, não tem jeito, será mesmo o fim da picada…

Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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