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A escalada da violência
Se há violência contra os homens, imagina contra a natureza!
A escalada da violência
Se há violência contra os homens, imagina contra a natureza!
Silvestre Gorgulho
O tempo não pára. Vôa! E o tempo vai mostrando que a vida vale pelo que se faz, pelo que se aprende, pelo que se agrega de amizades e pelo que se contribui para melhorar a qualidade de vida nossa e das pessoas que nos cercam. Quanto mais se vive, mais sabedoria acumulamos e mais oportunidades temos de construir e fazer o bem. Mas como entender essa escalada de violência no Brasil e no mundo?
Como compreender tantas guerras, tantos atentados, tantos seqüestros, tanto terrorismo e, por incrível, às vezes usando o manto sagrado de uma religião e o nome de Deus para justificar?
Crimes há contra o homem e contra a natureza. Sempre existiram e parece que sempre vão existir. Mas o que não se pode aceitar é a escalada de seu crescimento. Como explicar os requintes de crueldades com que o ser humano consegue tratar outro ser humano?
Pior, consegue tratar um outro ser humano com o qual ele não tem nenhum relacionamento, nunca viu antes e tão somente para tirar proveito, como no caso dos seqüestros?
Ainda, mais terrível: como explicar essa mesma violência com vítimas que mal conseguem falar e não podem nem entender o que está acontecendo por serem ainda crianças?
Viver em sociedade requer regras. O cidadão tem que ter direitos e deveres. Essas regras, esses direitos e deveres são feitos pelo Congresso Nacional com seus deputados e senadores. E toda orquestração é regida pelo Executivo, através dos governos municipais, estaduais e federal que têm seus organismos especializados, como polícia militar, polícia civil, detran, postos de saúde, escolas, sistema de arrecadação e agências reguladoras. As dúvidas e as demandas surgidas vão para a Justiça que, com os “olhos vendados”, deve dizer quem está certo, quem está errado e qual a pena a cumprir.
Mas aí vem a questão: a história não é bem essa e o Estado do bem vem tolerando o crescimento do “estado” do mal, do “estado” paralelo que também manda, prende, solta, julga, desafia e mata?
Como tolerar esse “estado” paralelo, extremamente organizado que governa milhões de pessoas nas periferias e nas favelas dos grandes centros urbanos brasileiros, mas têm parcerias nos palacetes dos bairros grã-finos das cidades?
Como suportar esse “estado” do mal que pressiona a sociedade, que faz suas regras e consegue se infiltrar no Estado do bem, ou seja, consegue estabelecer ligação com homens públicos, através de deputados que elegem, de policiais que corrompem, de funcionários que subornam, de juízes que seduzem e de empresários com os quais se associam?
É a tolerância e a convivência do Estado do bem com o “estado” do mal, que tomou conta das ruas brasileiras. E a questão é tão simples quanto racional: o custo/benefício do crime passou a compensar. Virou meio de vida.
O roubo a banco, passou a não compensar: o risco ficou grande, o dinheiro grosso difícil de pegar. Troca-se de setor. Investe-se em seqüestro, que pode ser até relâmpagos: risco menor e rentabilidade maior. Se o bandido for preso gasta-se mais um pouco para comprar a liberdade. Existem sempre advogados, agentes penitenciários, juízes e helicópteros de plantão. O lucro traz aperfeiçoamentos. Então forma-se uma “corporação”, bem departamentalizada, para administrar o crime: têm os que seqüestram, os que guardam o cativeiro, os que negociam e os que promovem a grande proteção jurídico-administrativa. Chega-se ao requinte de integrantes de uma mesma “corporação”, em funções diferentes, não se conhecerem. O crime se organizou. Continuando assim, chegará o dia em que lançará ações na bolsa…
Veja o caso dos mais variados tipos de crimes do colarinho branco. O caso das fraudes e do abuso do poder econômico nas campanhas políticas. Como explicar que alguns (ou muitos) políticos investem tanto dinheiro numa campanha para se elegerem deputados ou senadores, se em todo período parlamentar não vão recuperar o total investido? Das duas, as duas: ou o candidato não investe o que é seu e vitorioso será pau-mandado na tribuna, dando o voto para seu financiador; ou precisa do mandato e da força política para conseguir benesses e liberações financeiras para seus negócios. É investimento a médio prazo: Continua a questão de custo/benefício!
E os exemplos são variados: é a droga que mata, mas arrecada; é o futebol, alegria do povo, que enriquece ilicitamente dirigentes e cartolas; é a Internet que cria sites usando e abusando de crianças e mulheres; é o combustível que trouxe a máfia da falsificação para dentro do tanque de seu carro; é a televisão que ensina a matar e a explorar as virtudes e os pecados humanos; é, enfim, a igreja da esquina que chantageia seus fiéis em nome de Deus, amém!
E assim, vão se relaxando os costumes, acabando com os valores de família e, como dizia Rui Barbosa, agigantando-se os poderes dos maus. O resultado é por demais conhecido: impunidade, crimes cada vez mais audaciosos e a contabilidade a favor: o custo/benefício garante mais investimentos.
E o que tanta violência tem a ver com o meio ambiente? Tudo, caro leitor. É justamente o mesmo custo/benefício que garante o crime comum que vai garantir também a violência contra a natureza: os desmatamentos na Amazônia e na Mata Atlântica continuam acontecendo porque dão lucros; o tráfico de animais não acaba porque movimenta 10 bilhões de dólares/ano; a poluição dos rios e do solo é uma triste realidade porque há omissão e tolerância com os garimpeiros e com a falta de saneamento das cidades. Enfim, a violência ambiental pode ainda ser muito pior do que a violência comum, porque ela mata aos poucos e em maior quantidade.
E é a escalada de tanta violência que abre nossos olhos: como esperar que o ser humano faça um pacto de não agressão ao meio ambiente, que ele tenha mais atenção com a água, com a flora e com a fauna se o homem não tem respeito nem mesmo com o seu semelhante?
Albert Schweitzer tem razão: a violência prosperou e o mundo se tornou perigoso porque os homens aprenderam a dominar a natureza antes de si próprios.





Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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