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Fome Zero, Impunidade Zero!


 


Fome Zero, Impunidade Zero!


Silvestre Gorgulho


Fome! Esse é um termo extremamente usado em todas as línguas desse mundo para as mais variadas situações. Tão usado que quem tem fome de poder, fome de votos, fome de bola, fome de dinheiro ou, até mesmo, quem tem fome de notícias raramente tem a verdadeira fome: a fome de comida. A fome é uma triste realidade e a desnutrição é um dos mais complexos e sérios problemas da vida humana. Por quê? Simples, porque o mundo produz alimentos suficientes para todos, mas o desperdício, as barreiras comerciais, a defasagem cultural, a guerra, o desnível econômico, o desemprego, a falta de educação, a corrupção e a ganância de muitos acabam provocando a miséria de outros.
A verdade é que a fome é uma violação constitucional e pode ser mais do que uma ameaça ambiental. Pode ser também uma ameaça política. E aí é que está o perigo: a fome pode comprometer politicamente o terceiro pernambucano a tratar do assunto com profundidade e com repercussão mundial.


O primeiro pernambucano a debruçar-se sobre o tema foi Josué de Castro, aliás quem melhor denunciou as ameaças da fome à humanidade. Descreveu como ninguém as causas e as conseqüências dessa mazela no seu famoso livro “Geografia da Fome”, um clássico no assunto. Josué era médico, político e escritor. Por suas denúncias foi destinado a morrer no exílio, longe de sua terra natal, o Recife.
Coube a outro pernambucano, Nelson Chaves – médico e nutricionista – a estarrecer o mundo com sua tese de que estava surgindo uma sub-raça humana no Nordeste brasileiro provocada pela fome. Era o final dos anos sessenta. Chaves morreu no início dos anos oitenta dizendo que sabia que “estava carregando água em cestos” com suas denúncias, mas continuava fazendo-as, porque não se podia perder a esperança de acabar com a fome.


O fato é que a fome continua sendo um desafio maior. E o terceiro pernambucano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entrou na questão da fome para valer. Deu dimensão internacional ao problema, criou um ministério para combater o mal e jogou suas fichas políticas nesse prato extremamente indigesto. O presidente Lula sabe que todos aqueles que violam a constituição federal devem colocar as barbas de molho. E a Constituição do Brasil é clara: o artigo primeiro defende a dignidade humana; o artigo terceiro estabelece a construção de uma sociedade justa e solidária, bem como a erradicação da pobreza; e o artigo quinto, dos direitos fundamentais, assegura que ninguém pode ser submetido a tratamento desumano ou degradante.


Por isso, o Presidente – vindo de Garanhuns – anunciou aos quatro ventos que vai acabar com a fome. Sua promessa e a mobilização de seu Governo foram tão grandes e despertaram tantas expectativas que tiveram eco no Fórum Social Mundial de Porto Alegre, no Encontro de Davos e até nos campos de futebol da China. A boa intenção do Fome Zero não pode tropeçar em alguma circunstância estratégica, pontos de vaidade ou mesmo no desperdício burocrático que leve a comprometer o Programa. Comprometimento de ação significa comprometimento político.
Rogério Rocco, especialista em direito ambiental, dizia com toda autoridade: a fome não pode ser tipificada como crime, porém algumas condutas que a desencadeiam podem ser punidas como crime.
Assim, amigo leitor, além de torcer para que o programa do presidente Lula dê certo, é hora de ampliar nossos horizontes, de cada um dar sua participação e se conscientizar que, mais do que a fome de poder, de votos, de bola, de dinheiro e de notícias, chegou o momento de lembrar Cristo, em Mateus 5.6, e repetir: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de Justiça, porque serão fartos”.
Que o Programa Fome Zero mobilize o Brasil, traga resultados concretos e também desencadeie dois outros programas fundamentais para esse novo tempo: in-Justiça Zero! E – urgente, urgentíssima – Impunidade Zero!

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Dia do Turismo, 27 de setembro: Brasília, uma cidade de encanto e diversidade

De janeiro a julho deste ano 3.112.597 visitaram a capital do país, entre transportes aero nacional, internacional, rodoviário e CAT

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Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

 

Brasília, a capital do Brasil, é um destino que oferece uma rica combinação de beleza, sabor e entretenimento para seus habitantes e visitantes em todas as estações do ano. De janeiro a julho deste ano, o Distrito Federal recebeu um total de 3.112.597 pessoas por meio de diversos meios de transporte, incluindo aéreo nacional, internacional, rodoviário e o Centro de Atendimento ao Turista (CAT). Em 2022, esse número alcançou 5.420.142 turistas. Desde sua inauguração em 1960, Brasília se destaca pela arquitetura moderna e icônica projetada por Oscar Niemeyer.

Entre os principais pontos turísticos visitados ao longo dos anos, destacam-se a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, o Memorial JK, o Pontão do Lago Sul, a Ponte Juscelino Kubitschek, o Museu Nacional da República, o Congresso Nacional, o Parque da Cidade Sarah Kubitschek, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o Santuário São João Bosco, o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada, a Praça dos Três Poderes, o Estádio Mané Garrincha, o Museu do Catetinho, o Jardim Zoológico de Brasília, o Parque Nacional de Brasília – Água Mineral, a Torre de TV, o Planetário de Brasília e o Museu do Catetinho. A Fundação Jardim Zoológico de Brasília, considerada um patrimônio cultural, recebeu sozinha 335.839 visitantes até julho deste ano, enquanto em 2022 recebeu 922.547 pessoas.

O Estádio Mané Garrincha, sob a gestão da Arena BRB, não apenas hospeda jogos de futebol, mas também shows e outras atrações. Em 2023, cerca de 1 milhão de pessoas já passaram pelo Complexo, enquanto no ano anterior foram 1,5 milhão de visitantes.

O Congresso Nacional recebeu 61.246 convidados de janeiro a setembro deste ano, em comparação com 64.330 em 2022. O CCBB Brasília atraiu mais de 1 milhão de visitantes desde o ano passado. O Parque Nacional de Brasília – Água Mineral registrou 198.485 visitantes em 2023. O Museu do Catetinho recebeu 25.772 visitantes este ano, enquanto no ano passado foram 29.244.

Esses números demonstram a atratividade de Brasília como um destino turístico repleto de pontos de interesse e encanto. Ronaldo Martins, coordenador do Programa de Visitação Institucional e de Relacionamento com a Comunidade, destaca que o Palácio do Congresso Nacional é um dos locais mais visitados de Brasília, atraindo turistas de todo o Brasil e do exterior.

Wilson Nobre, superintendente de Educação e Uso Público do Zoológico, enfatiza a importância dos zoológicos como destinos turísticos que encantam visitantes de todo o mundo, proporcionando uma oportunidade única de interagir com animais selvagens majestosos e explorar seus habitats.

Richard Dubois, presidente da Arena BRB, destaca que mais de um milhão de pessoas passaram pelo complexo da Arena em 2023, impulsionando diversos setores da capital, incluindo a rede hoteleira, o turismo e eventos corporativos.

A Secretaria de Turismo do DF trabalha em parceria com representantes do setor para desenvolver ações e projetos que coloquem Brasília no centro do turismo. Entre essas iniciativas estão o desenvolvimento da Lei do Turismo, a regulamentação do espaço para o Motorhome, a implementação do calendário de eventos e o retorno do festival Festa dos Estados. A cidade também está destacando novas tendências do turismo local, como o Enoturismo, o Turismo Rural, o Turismo de Aventura e o Ecoturismo.

Cristiano Araújo, secretário de Turismo, enfatiza a transformação de Brasília em uma cidade vibrante, com diversas opções para atender às expectativas de seus visitantes, desde sua cena gastronômica até a oferta de atividades de lazer e entretenimento.

Neste Dia do Turismo, 27 de setembro, e durante todo o ano, Brasília oferece inúmeras oportunidades para conhecer ou revisitar seus pontos turísticos. Até mesmo os moradores locais, como o professor Anderson José e a secretária Keyla Freitas, encontram motivos para explorar a cidade, seja pelos museus que contam a história da capital ou pelos parques que proporcionam momentos de paz e beleza. Brasília é verdadeiramente um tesouro a ser explorado.

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Em Brasília, mulheres indígenas celebram diversidade cultural e marcham por lutas comuns

Na III Marcha Nacional das Mulheres Indígenas, representantes de todos os biomas do Brasil celebram sua diversidade, denunciam violência de gênero e dizem não ao Marco Temporal.

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Marcha das Mulheres Indígenas de 2023, em Brasília — Foto: Amanda Magnani

 

O som de cantos e dos maracás ecoa de todos os lados do acampamento à medida que grupos de mulheres dos mais diferentes cantos do Brasil se aproximam da tenda principal na concentração para a III Marcha Nacional de Mulheres Indígenas. São 8h00 e o sol seco de Brasília parece realçar as cores dos mais variados trajes tradicionais.

A marcha, que foi do Complexo Cultural da Funarte, onde estavam acampadas, até o Congresso, a cerca de 5km de distância, reuniu mais de 5 mil mulheres. Ela aconteceu no último dia de um evento que, ao longo de três dias, foi marcado por celebrações e denúncias.

Sob o tema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”, indígenas de diferentes partes do Brasil tiveram a oportunidade de dar voz às demandas específicas vividas pelos povos de seus biomas.

Para o povo Kiriri, da Caatinga, a cerca de 300 km de Salvador, um dos maiores problemas é a seca e a consequente falta de segurança alimentar. “Nossa região é muito seca, e as mudanças climáticas aumentam o impacto na insegurança alimentar”, diz Fabiana Kiriri.

Ela conta que o trabalho coletivo na comunidade e a reserva de alimentos vêm como uma forma de tentar contornar o problema. Mas uma colheita suficiente depende de muitos elementos, que vão da quantidade de chuvas à presença de pragas.

“O que realmente precisamos é de um olhar especial do governo, que proponha projetos para ajudar as comunidades a terem autonomia”, defende.

Já para o povo Kaingang do Pampa, no Rio Grande do Sul, as demandas passam principalmente pelos enfrentamentos com o agronegócio e pelos arrendamentos de áreas dentro das terras indígenas, que acabam levando monoculturas e agrotóxicos para dentro a terra.

“Nós precisamos dar visibilidade às nossas lutas e sensibilizar a nossa comunidade, para que possamos encontrar estratégias para atender as demandas dos nossos territórios”, diz Priscila Gore Emílio, psicóloga do povo Kaingang.

Enquanto isso, em Santa Catarina, os Xokleng são protagonistas no debate sobre o Marco Temporal. “Nossa região foi tradicionalmente ocupada pelos povos indígenas e o nosso território já foi muito maior. Hoje, vivemos em uma área muito reduzida, mas continuamos vivendo muitas tensões e conflitos”, diz Txulunh Gakran.

Contudo, embora povos dos diferentes biomas tenham suas demandas específicas, são muitas as lutas comuns às mulheres indígenas do Brasil como um todo. Grande parte delas gira ao redor da garantia do direito ao território e ao fim da violência de gênero.

 

 

 

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HOJE, 21 DE SETEMBRO, É DIA DA ÁRVORE.

PRIMEIRA ÁRVORE PLANTADA EM BRASÍLIA

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A primeira árvore plantada, em Brasília, foi um pé de Canjerana. O presidente Juscelino Kubitschek a plantou quando da inauguração da Escola Júlia Kubitschek, a primeira de Brasília, em 1957.
Um ano depois, em 1958, JK plantou outra canjerana (cabrália canjerana), ao iniciar o trabalho de arborização de Brasília, nas casas da W3 Sul.
Agora, em 2023, temos uma cidade belamente arborizada com ipês, pequizeiros, jacarandás, jatobás, sucupiras, paineiras… Uma floresta de árvores do Cerrado, da Mata Atlântica e da Amazônia.
Até no que diz respeito a plantas, árvores e flores, Brasília é pedacinho muito representativo do Brasil. Tem tudo da flora brasileira.
Para não dizer que só falei de árvores, é bom lembrar que em julho de 1957, praticamente três anos antes da inauguração, foi feito um censo em Brasília. Era o início da epopeia da construção.
Brasília tinha 6.823 habitantes, sendo 4.600 homens e 1.683 mulheres.
Para ler a Folha do Meio Ambiente:
foto: Canjerana
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