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Os orgânicos chegaram para ficar
Produtos orgânicos deixaram de ser um simples modismo e estão entrando cada vez mais na dieta alimentar dos brasileiros
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Silvestre Gorgulho, de Brasília
Durante a 2ª Semana dos Alimentos Orgânicos, realizada em Brasília, foi assinada portaria conjunta dos Ministérios do Meio Ambiente, Agricultura e Combate à Fome no sentido de incentivar a produção e consumo dos produtos orgânicos. Após a cerimônia de abertura do encontro, houve uma mesa redonda sobre Consumo Sustentável e Alimentação Saudável. Participaram do debate Moacir Darolt (IDEC), a nutróloga Clara Brandão, o presidente do Sindicato dos Orgânicos do DF, Joe Valle, e Richard Charity, da Associação para o Desenvolvimento da Agropecuária Orgânica/Ceará. A verdade é que os produtos orgânicos deixaram de ser um simples modismo e estão entrando cada vez mais na dieta alimentar dos brasileiros.
O Brasil é o segundo maior produtor do mundo e o quinto em área plantada de produtos orgânicos. O setor já exporta cerca de 400 milhões de dólares/ano, e devido às regras das certificadoras, é responsável por grande crescimento de geração de empregos com carteira assinada.
O mercado de consumo cresce acima de 40% ao ano, segundo dados da Associação de Supermercados. “Acho que temos muito o que comemorar com a agricultura orgânica – explica Joe Valle, presidente do Sindicato dos Produtores Orgânicos do Distrito Federal e Coordenador do Movimento Mundo Orgânico. Segundo Joe Valle, que também é produtor, esse é o tipo do negócio ambientalmente correto, economicamente viável e socialmente justo”. E acrescenta Joe Valle: “Nossa luta é por um consumidor consciente de alimentos saudáveis e informações confiáveis”.
Orgânicos em Brasília
Brasília é símbolo de modernidade na arquitetura e urbanismo. Os brasilienses também se orgulham do respeito à faixa de pedestre, uma lição de cidadania para todo o país. A Capital da República foi além ao inovar em outra direção: Brasília é a primeira cidade brasileira a instalar no Ceasa um mercado de produtos voltados para a alimentação orgânica. É o Supermercado Cooperativo Orgânico.
Vale registrar outros dois fatos inéditos: o DF conta com o primeiro Sindicato dos Produtores de Orgânicos do Brasil – o Sindiorgânicos/DF, que já tem centenas de produtores rurais filiados – e também produz o primeiro programa brasileiro via Internet, “O Mundo Orgânico”, totalmente dedicado a esse tipo de agricultura orgânica. (Conferir: www.painelbrasil.tv )
Há 20 Brasília faz uma agricultura orgânica. Mas só nos últimos seis anos, com a implementação de programas específicos e com o surgimento de parcerias e de entidades que organizaram o setor, é que esse segmento se desenvolveu.
Hoje o DF produz cerca de 50 toneladas de produtos certificados com um crescimento acima de 40%/ano. “Esses empresários já vivem disso” – explica Joe Valle e acrescenta. “O último censo organizado pelo Sebrae e pela Federação da Agricultura e Pecuária do DF identificou que mais de dois mil produtores pretendem entrar na agricultura orgânica”.
Diferencial
Uma pesquisa importante foi feita pela Emater-DF, em parceria com a PUC-Brasília, e identificou que as pessoas que consomem alimentos orgânicos têm boa escolaridade, praticam esportes, têm mais de 40 anos e estão dispostas a pagar até um pouco mais pelo produto. A pesquisa mostra uma realidade no comportamente brasiliense que se repete em outras capitais do País: o grau de conscientização desses consumidores. Todos tem consciência que o alimento orgânico é livre de agrotóxico.
Outros pontos importantes revelados pela pesquisa: entre os principais consumidores, estão as mães, preocupadas com a melhor qualidade da alimentação dos filhos; também os atletas que buscam a manutenção do vigor físico; e os idosos, pela busca de uma melhor qualidade de vida.

Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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