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Sem chances na mídia

A mídia trata a questão ambiental só quando tem crise, crime ou tragédia

Sem chances na mídia


A mídia trata a questão ambiental só quando tem crise, crime ou tragédia


Silvestre Gorgulho


Durante o mês da Copa do Mundo a mídia mundial só teve espaço para o planeta bola. É natural. Afinal de contas, esse é o evento esportivo mais espetacular e de maior visibilidade na face da Terra. O futebol é o esporte mais popular. Por tudo isto, a Copa do Mundo virou um grande negócio social, político, econômico, cultural, financeiro e até esportivo.
Todas as mídias cobriram cada minuto das seleções, das torcidas e fizeram uma varredura ampla e irrestrita do país sede. Para se ter uma idéia do tamanho e da visibilidade do negócio Copa do Mundo, segundo a Fifa, 60% da população mundial assistiram aos jogos. E o telespectador teve onipresença garantida pelos olhos de 48 modernas câmeras de tevê e centenas de fotógrafos postados em cada uma das 64 partidas.
Pena que os gols feitos e perdidos, as lágrimas e alegrias das torcidas e a  própria cabeçada de Zidane em Marco Materazzi tiveram muito mais divulgação e repercussão do que o programa Gol Verde que a Fifa, o Pnuma/ONU e o governo alemão fizeram para tornar a Copa do Mundo um evento sustentável.
O programa Gol Verde foi criado para marcar posição em quatro áreas: água, lixo, energia e mobilidade. Klaus Toepfer, ambientalista alemão, coordenador do Gol Verde, explicou em entrevista exclusiva à Folha do Meio Ambiente, edição de maio, que pela primeira vez os cuidados com o meio ambiente foram prioridade máxima numa competição. E que os objetivos foram claros e mensuráveis: conscientizar para a reutilização, reciclagem, reúso da água e economia de energia. Tudo para neutralizar as 100 mil toneladas de dióxido de carbono geradas pelo sistema de transportes, construção e manutenção dos estádios, como também pela presença dos mais de 3 milhões de espectadores.
A idéia do programa nasceu no início da década de 90, quando a Federação Alemã de Futebol começou a pensar em sediar a Copa de 2006.  Questões ambientais ainda nem faziam parte da lista de deveres da FIFA.
Foi triste perder o hexa. Mais triste, ainda, foi ver uma seleção brasileira desestimulada. Mas triste, também, foi ver que, como sempre, a mídia trata a questão ambiental só quando tem crise, crime ou tragédia. Nunca como um processo educativo, para mudar comportamentos e padrões de consumo e de produção.
O Gol Verde não teve a chance merecida nos espaços da mídia. Parece que o processo de educação, de formação cidadã e de preservação do planeta continua sem chances.
Nem o Brasil, que se prepara para a realização de um grande evento esportivo, o PAN 2007, no Rio de Janeiro, está sabendo tirar proveito das lições do programa Gol Verde. Assim, o vexame da seleção nas quadras alemãs, será acrescido de um outro ainda maior: a absoluta falta de interesse dos governos na gestão ambiental.


SUMMARY


During the month-long World Cup event the international press had only space for the realm of football. What could be more natural, after all, this is the most spectacular and visible sporting event on the face of the earth and football is indeed the most popular sport there is, which is why the World Cup has become a major social, political, economic, cultural financial and even sporting phenomenon. 
Every type of media covers each minute of the teams and the fans and takes a sweeping look into the host country.  Just to have an idea of the size and the visibility of the event, according to the organizers, FIFA, 60% of the world’s population watches the games.  Television viewers are guaranteed complete coverage owed to the lenses of 48 modern TV cameras and hundreds of photographers posted at every single one of the 64 games.  
It is a shame that the goals won and lost, the tears and joy of the fans and even the head blow that Zidane delivered Marco Materazzi received greater coverage and comment than did the Green Goal that FIFA, the UN Pnuma and the German government had sponsored to make the World Cup a sustainable event. 
The Green Goal program was created to emphasize four areas:  water, waste, energy and mobility.  Klaus Toepfer, a German environmentalist, coordinator of the Green Goal, explained in an exclusive interview with the Folha do Meio Ambiente, in the May edition, that for the first time environmental concerns were the highest priority at any games and that the objectives were clear and measurable.  These efforts were to make the public aware of reclamation, recycling and reuse of water and energy conservation to offset the 100,000 tons of carbon dioxide generated by the transportation system, construction and maintenance of the stadiums, as well as the presence of over three million spectators.   
The idea for the program first came about in early on in the 90s when the German Football Federation began thinking about hosting the World Cup in 2006.  Environmental issues were not yet part of list of FIFA responsibilities. 
Although it was sad to see Brazil lose out on winning its sixth championship, and witness an unenthusiastic Brazilian team, it is sadder still to see the media, as usual, deal with the environmental issue only in times of crisis, crime or tragedy, and not as an educational process to change behavior, consumer habits and production standards.    
The Green Goal did not have the chance it deserved in the press and to all appearances, the educational process, building citizenship and preservation of the planet have no chance at all.  Even Brazil as it prepares to hold a major sporting event, the PAN 2007, in Rio de Janeiro, does not know how to take advantage of the lessons of the Green Goal program.  Thus, the absolute lack of interest on the part of governments in environmental management will be added to the shame of the Brazilian team on the German fields.


SG

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Dia do Turismo, 27 de setembro: Brasília, uma cidade de encanto e diversidade

De janeiro a julho deste ano 3.112.597 visitaram a capital do país, entre transportes aero nacional, internacional, rodoviário e CAT

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Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

 

Brasília, a capital do Brasil, é um destino que oferece uma rica combinação de beleza, sabor e entretenimento para seus habitantes e visitantes em todas as estações do ano. De janeiro a julho deste ano, o Distrito Federal recebeu um total de 3.112.597 pessoas por meio de diversos meios de transporte, incluindo aéreo nacional, internacional, rodoviário e o Centro de Atendimento ao Turista (CAT). Em 2022, esse número alcançou 5.420.142 turistas. Desde sua inauguração em 1960, Brasília se destaca pela arquitetura moderna e icônica projetada por Oscar Niemeyer.

Entre os principais pontos turísticos visitados ao longo dos anos, destacam-se a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, o Memorial JK, o Pontão do Lago Sul, a Ponte Juscelino Kubitschek, o Museu Nacional da República, o Congresso Nacional, o Parque da Cidade Sarah Kubitschek, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o Santuário São João Bosco, o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada, a Praça dos Três Poderes, o Estádio Mané Garrincha, o Museu do Catetinho, o Jardim Zoológico de Brasília, o Parque Nacional de Brasília – Água Mineral, a Torre de TV, o Planetário de Brasília e o Museu do Catetinho. A Fundação Jardim Zoológico de Brasília, considerada um patrimônio cultural, recebeu sozinha 335.839 visitantes até julho deste ano, enquanto em 2022 recebeu 922.547 pessoas.

O Estádio Mané Garrincha, sob a gestão da Arena BRB, não apenas hospeda jogos de futebol, mas também shows e outras atrações. Em 2023, cerca de 1 milhão de pessoas já passaram pelo Complexo, enquanto no ano anterior foram 1,5 milhão de visitantes.

O Congresso Nacional recebeu 61.246 convidados de janeiro a setembro deste ano, em comparação com 64.330 em 2022. O CCBB Brasília atraiu mais de 1 milhão de visitantes desde o ano passado. O Parque Nacional de Brasília – Água Mineral registrou 198.485 visitantes em 2023. O Museu do Catetinho recebeu 25.772 visitantes este ano, enquanto no ano passado foram 29.244.

Esses números demonstram a atratividade de Brasília como um destino turístico repleto de pontos de interesse e encanto. Ronaldo Martins, coordenador do Programa de Visitação Institucional e de Relacionamento com a Comunidade, destaca que o Palácio do Congresso Nacional é um dos locais mais visitados de Brasília, atraindo turistas de todo o Brasil e do exterior.

Wilson Nobre, superintendente de Educação e Uso Público do Zoológico, enfatiza a importância dos zoológicos como destinos turísticos que encantam visitantes de todo o mundo, proporcionando uma oportunidade única de interagir com animais selvagens majestosos e explorar seus habitats.

Richard Dubois, presidente da Arena BRB, destaca que mais de um milhão de pessoas passaram pelo complexo da Arena em 2023, impulsionando diversos setores da capital, incluindo a rede hoteleira, o turismo e eventos corporativos.

A Secretaria de Turismo do DF trabalha em parceria com representantes do setor para desenvolver ações e projetos que coloquem Brasília no centro do turismo. Entre essas iniciativas estão o desenvolvimento da Lei do Turismo, a regulamentação do espaço para o Motorhome, a implementação do calendário de eventos e o retorno do festival Festa dos Estados. A cidade também está destacando novas tendências do turismo local, como o Enoturismo, o Turismo Rural, o Turismo de Aventura e o Ecoturismo.

Cristiano Araújo, secretário de Turismo, enfatiza a transformação de Brasília em uma cidade vibrante, com diversas opções para atender às expectativas de seus visitantes, desde sua cena gastronômica até a oferta de atividades de lazer e entretenimento.

Neste Dia do Turismo, 27 de setembro, e durante todo o ano, Brasília oferece inúmeras oportunidades para conhecer ou revisitar seus pontos turísticos. Até mesmo os moradores locais, como o professor Anderson José e a secretária Keyla Freitas, encontram motivos para explorar a cidade, seja pelos museus que contam a história da capital ou pelos parques que proporcionam momentos de paz e beleza. Brasília é verdadeiramente um tesouro a ser explorado.

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Em Brasília, mulheres indígenas celebram diversidade cultural e marcham por lutas comuns

Na III Marcha Nacional das Mulheres Indígenas, representantes de todos os biomas do Brasil celebram sua diversidade, denunciam violência de gênero e dizem não ao Marco Temporal.

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Marcha das Mulheres Indígenas de 2023, em Brasília — Foto: Amanda Magnani

 

O som de cantos e dos maracás ecoa de todos os lados do acampamento à medida que grupos de mulheres dos mais diferentes cantos do Brasil se aproximam da tenda principal na concentração para a III Marcha Nacional de Mulheres Indígenas. São 8h00 e o sol seco de Brasília parece realçar as cores dos mais variados trajes tradicionais.

A marcha, que foi do Complexo Cultural da Funarte, onde estavam acampadas, até o Congresso, a cerca de 5km de distância, reuniu mais de 5 mil mulheres. Ela aconteceu no último dia de um evento que, ao longo de três dias, foi marcado por celebrações e denúncias.

Sob o tema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”, indígenas de diferentes partes do Brasil tiveram a oportunidade de dar voz às demandas específicas vividas pelos povos de seus biomas.

Para o povo Kiriri, da Caatinga, a cerca de 300 km de Salvador, um dos maiores problemas é a seca e a consequente falta de segurança alimentar. “Nossa região é muito seca, e as mudanças climáticas aumentam o impacto na insegurança alimentar”, diz Fabiana Kiriri.

Ela conta que o trabalho coletivo na comunidade e a reserva de alimentos vêm como uma forma de tentar contornar o problema. Mas uma colheita suficiente depende de muitos elementos, que vão da quantidade de chuvas à presença de pragas.

“O que realmente precisamos é de um olhar especial do governo, que proponha projetos para ajudar as comunidades a terem autonomia”, defende.

Já para o povo Kaingang do Pampa, no Rio Grande do Sul, as demandas passam principalmente pelos enfrentamentos com o agronegócio e pelos arrendamentos de áreas dentro das terras indígenas, que acabam levando monoculturas e agrotóxicos para dentro a terra.

“Nós precisamos dar visibilidade às nossas lutas e sensibilizar a nossa comunidade, para que possamos encontrar estratégias para atender as demandas dos nossos territórios”, diz Priscila Gore Emílio, psicóloga do povo Kaingang.

Enquanto isso, em Santa Catarina, os Xokleng são protagonistas no debate sobre o Marco Temporal. “Nossa região foi tradicionalmente ocupada pelos povos indígenas e o nosso território já foi muito maior. Hoje, vivemos em uma área muito reduzida, mas continuamos vivendo muitas tensões e conflitos”, diz Txulunh Gakran.

Contudo, embora povos dos diferentes biomas tenham suas demandas específicas, são muitas as lutas comuns às mulheres indígenas do Brasil como um todo. Grande parte delas gira ao redor da garantia do direito ao território e ao fim da violência de gênero.

 

 

 

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HOJE, 21 DE SETEMBRO, É DIA DA ÁRVORE.

PRIMEIRA ÁRVORE PLANTADA EM BRASÍLIA

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A primeira árvore plantada, em Brasília, foi um pé de Canjerana. O presidente Juscelino Kubitschek a plantou quando da inauguração da Escola Júlia Kubitschek, a primeira de Brasília, em 1957.
Um ano depois, em 1958, JK plantou outra canjerana (cabrália canjerana), ao iniciar o trabalho de arborização de Brasília, nas casas da W3 Sul.
Agora, em 2023, temos uma cidade belamente arborizada com ipês, pequizeiros, jacarandás, jatobás, sucupiras, paineiras… Uma floresta de árvores do Cerrado, da Mata Atlântica e da Amazônia.
Até no que diz respeito a plantas, árvores e flores, Brasília é pedacinho muito representativo do Brasil. Tem tudo da flora brasileira.
Para não dizer que só falei de árvores, é bom lembrar que em julho de 1957, praticamente três anos antes da inauguração, foi feito um censo em Brasília. Era o início da epopeia da construção.
Brasília tinha 6.823 habitantes, sendo 4.600 homens e 1.683 mulheres.
Para ler a Folha do Meio Ambiente:
foto: Canjerana
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Reportagens

SRTV Sul, Quadra 701, Bloco A, Sala 719
Edifício Centro Empresarial Brasília
Brasília/DF
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(61) 98442-1010